
PEDAGOGIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO FUNDAMENTAL
UNIDADE 3 I AS TEORIAS EDUCACIONAIS CRÍTICAS: FUNDAMENTOS E PROPOSTAS PEDAGÓGICAS
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Em nossa disciplina, a nossa preocupação recai sobre
a escola (ou educação escolar). Então, vamos dedicar nossa
atenção à educação formal.
A educação é um fenômeno próprio dos seres humanos.
Isso signica que nos educamos para trabalhar e, no processo
de trabalho, somos educados, pois nele aprendemos. E para
socializarmos os conhecimentos advindos desse processo
criamos mecanismos, formas de ensinar.
Ora, mas se nos ativermos à produção de ideias, valores
símbolos, entre outros, podemos identicar especicidades, pois,
no âmbito do trabalho não-material, notamos diferenças, por
exemplo, entre um professor e um artista. Sobre isso, esclarece-
nos Saviani (2008):
Importa, porém, distinguir, na produção não-
material, duas modalidades. A primeira refere-
se àquelas atividades em que o produto se
separa do produtor, como no caso dos livros
e objetos artísticos. Há, pois, neste caso,
um intervalo entre a produção e o consumo,
possibilitado pela autonomia entre o produto
e o ato de produção. A segunda diz respeito
às atividades em que o produto não se separa
do ato de produção. Nesse caso, não ocorre o
intervalo antes observado; o ato de produção
e o ato de consumo imbricam-se. É nessa
segunda modalidade do trabalho não-material
que se situa a educação (p. 12).
Com o auxílio de nosso autor, aprendemos qual é a
natureza da educação, ou seja, aquilo que a torna possível, bem
como a forma especíca de trabalho que ela é.
Precisamos, ainda, identicar a sua especicidade, isto
é, captar outras determinações do fenômeno. Torná-lo menos
abstrato. Sigamos, então, com a análise.
Se a educação é um trabalho não-material, ela é, então,
relacionada a ideias, valores, hábitos, atitudes, habilidades etc.
Porém, a relação estabelecida é interessada, ou seja, cabe à
educação “pedagogizar” esses elementos – ideias, valores,
hábitos etc. –, a m de que os homens os assimilem.
Ao tratar da especicidade desse
processo, Saviani (2008) nos trouxe
importantes reexões:
(...) o processo de produção da
existência humana implica, pri-
meiramente, a garantia da sua
subsistência material com a con-
seqüente produção, em escalas
cada vez mais amplas e comple-
xas, de bens materiais; tal proces-
so nós podemos traduzir na rubri-
ca “trabalho material”. Entretanto,
para produzir materialmente, o
homem necessita antecipar em
idéias os objetivos da ação, que
signica que ele representa men-
talmente os objetivos reais. Essa
representação inclui o aspecto de
conhecimento das propriedades
do mundo real (ciência), de valo-
rização (ética) e de simbolização
(arte). Tais aspectos, na medida
em que são objetos de preocu-
pação explícita e direta, abrem a
perspectiva de uma outra cate-
goria de produção que pode ser
traduzida pela rubrica “trabalho
não-material”. Trata-se aqui da
produção de idéias, conceitos, va-
lores, símbolos, hábitos, atitudes,
habilidades. Numa palavra, trata-
se da produção do saber, seja
do saber sobre a natureza, seja
do saber sobre a cultura, isto é,
o conjunto da produção humana.
Obviamente, a educação situa-se
nessa categoria do trabalho não-
material (p.12).