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Machado de Assis
Don Casmurro
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SECRETARIA-GERAL DA PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA
Ministro de Estado Chefe Luiz Soares Dulci
MINISTÉRIO DAS RELAÇÕES EXTERIORES
Ministro de Estado Embaixador Celso Amorim
Secretário-Geral Embaixador Samuel Pinheiro Guimarães
FUNDAÇÃO ALEXANDRE DE GUSMÃO
Presidente Embaixador Jeronimo Moscardo
A Fundação Alexandre de Gusmão, instituída em 1971, é uma fundação pública vinculada ao Ministério das
Relações Exteriores e tem a finalidade de levar à sociedade civil informações sobre a realidade internacional
e sobre aspectos da pauta diplomática brasileira. Sua missão é promover a sensibilização da opinião
pública nacional para os temas de relações internacionais e para a política externa brasileira.
Ministério das Relações Exteriores
Esplanada dos Ministérios, Bloco H
Anexo II, Térreo, Sala 1
70170-900 Brasília, DF
Telefones: (61) 3411 6033/6034/6847
Fax: (61) 3411 9125
Site: www.funag.gov.br
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Traducido del original portugués por Nicolás Extremera Tapia
Machado de Assis
Don Casmurro
Brasília, 2008
Copyright ©, Fundação Alexandre de Gusmão
Equipe técnica:
Eliane Miranda Paiva
Maria Marta Cezar Lopes
Cíntia Rejane Sousa Araújo Gonçalves
Projeto gráfico e diagramação:
Cláudia Capella e Paulo Pedersolli
Impresso no Brasil 2008
Assis, Machado de.
Don Casmurro / Machado de Assis; traducido del original portugués por Nicolás Extremera
Tapia.
– Brasília : Fundação Alexandre de Gusmão, 2008.
p.87
ISBN 978-85-7631-140-9
1. Literatura Brasileira. 2. Assis, Machado de, 1839-1908. I. Extremera Tapia, Nicolás. II.
Título.
CDU 821.134.3-3=134.2
Direitos de publicação reservados à
Fundação Alexandre de Gusmão
Ministério das Relações Exteriores
Esplanada dos Ministérios, Bloco H
Anexo II, Térreo
70170-900 Brasília – DF
Telefones: (61) 3411 6033/6034/6847/6028
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Depósito Legal na Fundação Biblioteca Nacional conforme Lei n° 10.994, de 14.12.2004.
2
PRESENTACIÓN ................................................................ 21
CAPÍTULO I
- Sobre el título ............................................................... 27
CAPÍTULO II
- Sobre el libro ................................................................ 33
CAPÍTULO III
- La denuncia ................................................................... 41
CAPÍTULO IV
- ¡Un deber amarguísimo! .............................................. 49
CAPÍTULO V
- El allegado .................................................................... 53
CAPÍTULO VI
- Mi tío Cosme ................................................................ 61
CAPÍTULO VII
- Doña Gloria ................................................................ 67
SUMARIO
CAPÍTULO VIII
- Es el momento .............................................................. 73
CAPÍTULO IX
- La ópera ........................................................................ 77
CAPÍTULO X
- Acepto la teoría ............................................................ 85
CAPÍTULO XI
- La promesa ................................................................... 89
CAPÍTULO XII
- En el porche .................................................................. 95
CAPÍTULO XIII
- Capitú ............................................................................. 103
CAPÍTULO XIV
- La inscripción ................................................................ 111
CAPÍTULO XV
- Otra voz repentina ....................................................... 115
CAPÍTULO XVI
- El administrador interino ............................................. 121
CAPÍTULO XVII
- Los gusanos ................................................................... 129
CAPÍTULO XVIII
- Un plan .......................................................................... 133
CAPÍTULO XIX
- Sin falta ......................................................................... 145
CAPÍTULO XX
- Mil padrenuestros y mil avemarías ........................... 149
CAPÍTULO XXI
- La prima Justina ........................................................... 155
CAPÍTULO XXII
- Sensaciones ajenas ....................................................... 161
CAPÍTULO XXIII
- A plazo fijo ................................................................... 165
CAPÍTULO XXIV
- Entre madre y criado ................................................... 169
CAPÍTULO XXV
- En el Paseo Público ..................................................... 173
CAPÍTULO XXVI
- Las leyes son bellas ..................................................... 183
CAPÍTULO XXVI
- En el portón .................................................................. 189
CAPÍTULO XXVII
- En la calle ..................................................................... 193
CAPÍTULO XXIX
- El Emperador ................................................................ 197
CAPÍTULO XXX
- El Santísimo ................................................................... 203
CAPÍTULO XXXI
- Las curiosidades de Capitú ......................................... 213
CAPÍTULO XXXII
- Ojos de resaca ............................................................. 221
CAPÍTULO XXXIII
- El peinado ..................................................................... 229
CAPÍTULO XXXIV
- ¡Soy un hombre! ........................................................... 235
CAPÍTULO XXXV
- El protonotario apostólico ........................................... 243
CAPÍTULO XXXVI
- Idea sin piernas e idea sin brazos ............................ 251
CAPÍTULO XXXVII
- El alma está llena de misterios .................................. 255
CAPÍTULO XXXVIII
- ¡Qué susto, Dios mío! .................................................. 261
CAPÍTULO XXXIX
- La vocación ................................................................... 265
CAPÍTULO XL
- Una yegua ..................................................................... 273
CAPÍTULO XLI
- La audiencia secreta .................................................... 277
CAPÍTULO XLII
- Capitú reflexionando .................................................... 285
CAPÍTULO XLIII
- ¿Tienes miedo? ............................................................. 291
CAPÍTULO XLIV
- El primer hijo ................................................................ 297
CAPÍTULO XLV
- Niégalo con la cabeza, lector .................................... 305
CAPÍTULO XLVI
- Las paces ....................................................................... 309
CAPÍTULO XLVII
- “La señora ha salido” .................................................. 313
CAPÍTULO XLVIII
- Juramento del pozo ..................................................... 317
CAPÍTULO XLIX
- Una vela los sábados .................................................. 323
CAPÍTULO L
- Un término medio ........................................................ 327
CAPÍTULO LI
- Entre claro y oscuro ..................................................... 333
CAPÍTULO LII
- El viejo Padua ............................................................... 337
CAPÍTULO LIII
- ¡En camino! ................................................................... 343
CAPÍTULO LIV
- Panegírico de Santa Mónica ....................................... 349
CAPÍTULO LV
- Un soneto ...................................................................... 357
CAPÍTULO LVI
- Un seminarista .............................................................. 365
CAPÍTULO LVII
- De preparación ............................................................. 371
CAPÍTULO LVIII
- El tratado ....................................................................... 375
CAPÍTULO LIX
- Convidados de buena memoria .................................. 381
CAPÍTULO LX
- Querido opúsculo ......................................................... 385
CAPÍTULO LXI
- La vaca de Homero ..................................................... 389
CAPÍTULO LXII
- Un asomo de Yago ...................................................... 399
CAPÍTULO LXIII
- Mitades de un sueño ................................................... 405
CAPÍTULO LXIV
- Una idea y un escrúpulo ............................................ 411
CAPÍTULO LXV
- El disimulo ..................................................................... 417
CAPÍTULO LXVI
- Intimidad ........................................................................ 423
CAPÍTULO LXVII
- Un pecado ..................................................................... 429
CAPÍTULO LXVIII
- Aplacemos la virtud ..................................................... 437
CAPÍTULO LXIX
- La misa .......................................................................... 441
CAPÍTULO LXX
- Después de la misa ..................................................... 445
CAPÍTULO LXXI
- Visita de Escobar .......................................................... 451
CAPÍTULO LXXII
- Una reforma dramática ............................................... 459
CAPÍTULO LXXIII
- El regidor ....................................................................... 463
CAPÍTULO LXXIV
- La presilla ...................................................................... 469
CAPÍTULO LXXV
- La desesperación .......................................................... 473
CAPÍTULO LXXVI
- Explicación ..................................................................... 477
CAPÍTULO LXXVII
- Placer de viejos dolores .............................................. 483
CAPÍTULO LXXVIII
- Secreto por secreto ...................................................... 487
CAPÍTULO LXXIX
- Vamos al capítulo ......................................................... 495
CAPÍTULO LXXX
- Vengamos al capítulo ................................................... 499
CAPÍTULO LXXXI
- Una palabra .................................................................. 507
CAPÍTULO LXXXII
- El canapé ....................................................................... 513
CAPÍTULO LXXXIII
- El retrato ........................................................................ 517
CAPÍTULO LXXXIV
- Llamado ......................................................................... 523
CAPÍTULO LXXXV
- El difunto ....................................................................... 529
CAPÍTULO LXXXVI
- ¡Amad, muchachos! ...................................................... 535
CAPÍTULO LXXXVII
- La calesa ....................................................................... 539
CAPÍTULO LXXXVIII
- Un pretexto honesto ..................................................... 545
CAPÍTULO LXXXIX
- La negativa .................................................................... 549
CAPÍTULO XC
- La polémica ................................................................... 553
CAPÍTULO XCI
- Ocurrencia que consuela ............................................ 561
CAPÍTULO XCII
- El diablo no es tan feo como lo pintan ..................... 565
CAPÍTULO XCIII
- Un amigo por un difunto ............................................ 569
CAPÍTULO XCIV
- Ideas aritméticas ........................................................... 577
CAPÍTULO XCV
- El Papa .......................................................................... 585
CAPÍTULO XCVI
- Un sustituto .................................................................... 593
CAPÍTULO XCVII
- La salida ........................................................................ 599
CAPÍTULO XCVIII
- Cinco años .................................................................... 603
CAPÍTULO XCIX
- El hijo es el retrato de su padre ................................ 609
CAPÍTULO C
- “¡Tú serás feliz, Bentiño!” ............................................ 613
CAPÍTULO CI
- En el cielo ..................................................................... 621
CAPÍTULO CII
- De casada ..................................................................... 625
CAPÍTULO CIII
- La felicidad tiene buen corazón ................................. 631
CAPÍTULO CIV
- Las pirámides ................................................................ 635
CAPÍTULO CV
- Los brazos ..................................................................... 641
CAPÍTULO CVI
- Diez libras esterlinas ................................................... 647
CAPÍTULO CVII
- Celos del mar ............................................................... 655
CAPÍTULO CVIII
- Un hijo ........................................................................... 661
CAPÍTULO CIX
- Un hijo único ................................................................ 669
CAPÍTULO CX
- Rasgos de la infancia .................................................. 673
CAPÍTULO CXI
- Contado rápidamente ................................................... 681
CAPÍTULO CXII
- Las imitaciones de Ezequiel ........................................ 685
CAPÍTULO CXIII
- Embargos de tercero .................................................... 691
CAPÍTULO CXIV
- En que se explica lo explicado .................................. 697
CAPÍTULO CXV
- Dudas sobre dudas ...................................................... 703
CAPÍTULO CXVI
- Hijo del hombre ........................................................... 709
CAPÍTULO CXVII
- Amigos próximos .......................................................... 715
CAPÍTULO CXVIII
- La mano de Sancha ..................................................... 721
CAPÍTULO CXIX
- ¡No hagas eso, querida! ............................................. 731
CAPÍTULO CXX
- Los autos ....................................................................... 735
CAPÍTULO CXXI
- La catástrofe ................................................................. 739
CAPÍTULO CXXII
- El entierro ...................................................................... 743
CAPÍTULO CXXIIII
- Ojos de resaca ............................................................. 749
CAPÍTULO CXXIV
- El discurso ..................................................................... 753
CAPÍTULO CXXV
- Una comparación ......................................................... 757
CAPÍTULO CXXVI
- Cavilando ....................................................................... 761
CAPÍTULO CXXVII
- El barbero ..................................................................... 767
CAPÍTULO CXXVIII
- Puñado de sucesos ....................................................... 771
CAPÍTULO CXXIX
- A D.ª Sancha ................................................................. 777
CAPÍTULO CXXX
- Un día… ........................................................................ 781
CAPÍTULO CXXXI
- Anterior al anterior ...................................................... 785
CAPÍTULO CXXXII
- El boceto y la pintura .................................................. 789
CAPÍTULO CXXXIIII
- Una idea ........................................................................ 797
CAPÍTULO CXXXIV
- El sábado ...................................................................... 801
CAPÍTULO CXXXV
- Otelo .............................................................................. 805
CAPÍTULO CXXXVI
- La taza de café ............................................................ 811
CAPÍTULO CXXXVII
- Segundo impulso .......................................................... 817
CAPÍTULO CXXXVIII
- Capitú que entra ........................................................... 821
CAPÍTULO CXXXIX
- La fotografía ................................................................. 827
CAPÍTULO CXL
- A la vuelta de la iglesia ............................................. 831
CAPÍTULO CXLI
- La solución .................................................................... 837
CAPÍTULO CXLII
- Una santa ...................................................................... 841
CAPÍTULO CXLIII
- El último superlativo ..................................................... 847
CAPÍTULO CXLIV
- Una pregunta tardía .................................................... 851
CAPÍTULO CXLV
- El regreso ...................................................................... 855
CAPÍTULO CXLVI
- No hubo lepra .............................................................. 863
CAPÍTULO CXLVII
- La exposición retrospectiva ......................................... 867
CAPÍTULO CXLVIII
- Bien, ¿y el resto? ......................................................... 871
Presentación
Don Casmurro
21
Joaquim Maria Machado de Assis es
considerado por muchos el escritor brasileño
más importante de todos los tiempos. El
Ministerio de la Cultura, al instituir el Año
Nacional de Machado de Assis para
conmemorar el centenario de su muerte en
2008, le ha rendido un justo homenaje con la
realización de eventos literarios en Brasil y
en el extranjero. La presente edición de Dom
Casmurro en español, destinada especialmente
a los países del Mercosur, forma parte de
esas iniciativas.
Fruto de la colaboración entre la
Secretaría General de la Presidencia de la
República de Brasil, el Ministerio de Cultura,
el Ministerio de Relaciones Exteriores y la
Fundación Alexandre de Gusmão, esta
edición ha contado con el apoyo de la
Academia Brasileña de Letras, de la cual
Machado de Assis fue uno de sus fundadores
y su primer presidente. Se basa en la idea
PRESENTACIÓN
MACHADO DE ASSIS
22
de que para acercar el Mercosur a nuestros
pueblos es necesario ampliar los horizontes
culturales de la integración regional. El libro
y la lectura son medios privilegiados para
lograr ese objetivo común, especialmente
cuando se trata de un escritor de la talla de
Machado de Assis.
Machado de Assis produjo una obra
extensa y variada, destacando en la crónica,
el teatro, la poesía y, especialmente, en la
novela. Como observa el profesor Alfredo
Bosi:
”El objeto principal de Machado de
Assis es la conducta humana. Ese
horizonte es alcanzado por medio de la
percepción de palabras, pensamientos,
obras y silencios de hombres y mujeres
que vivieron en Río de Janeiro durante el
Segundo Imperio. Las referencias locales
e históricas no sólo no son irrelevantes,
sino que son prácticamente todo para la
crítica sociológica. De todos modos late
en él casi una fuerza de universalización
que hace a Machado inteligible en
lenguas, culturas y tiempos muy diversos
de su vernáculo luso-carioca y de su
repertorio de personas y situaciones de
DON CASMURRO
23
nuestro limitado Siglo XIX fluminense
burgués…”
1
La obra de Machado de Assis ha sido
traducida al inglés, alemán, danés, español,
francés, holandés, italiano, serbio-croata,
árabe, polaco, rumano, sueco, checo y
estonio.
La presente traducción de Dom
Casmurro al español se inscribe en las
actividades del Programa Mercosur Social y
Participativo de la Presidencia Pro Tempore
brasileña del Mercosur. Instituido por el
Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, este
Programa crea, desde el lado brasileño, un
nuevo espacio de diálogo entre el gobierno
federal, las organizaciones sociales y los
movimientos populares del Mercosur. Es el
resultado de la actual etapa de la integración,
en el que la necesidad de profundizar en las
bases de una auténtica ciudadanía regional
se suma a las iniciativas de complementariedad
económica.
Ofrecer a las nuevas generaciones la
oportunidad de conocer a Machado de Assis
1
Alfredo Bosi, “Machado de Assis: O enigma do olhar”,
4ª ed., Martins Fontes, São Paulo, 2007.
MACHADO DE ASSIS
24
es una forma de promover la cultura y
celebrar la diversidad cultural del Mercosur.
Independientemente de lo que pueda ocurrir
en otras áreas, no existen asimetrías en lo
que concierne a la riqueza cultural de cada
país. Que esta iniciativa contribuya para la
difusión de la cultura como un bien social
de la integración regional.
Ministro de Estado das Relações Exteriores
Celso Amorim
Ministro de Estado Chefe da Secretaria-Geral
da Presidência da República
Luiz Soares Dulci
Ministério de Estado da Cultura
Juca Ferreira
Capítulo 1
Sobre el título
27
Sobre el título
2
Una de estas noches, cuando venía de
la ciudad al Ingenio Nuevo, me encontré en
el tren de la Central a un muchacho de aquí
del barrio a quien conozco de vista y de
saludo. Me dio la mano, se sentó a mi lado,
habló de la luna y de los ministros y acabó
recitándome sus versos. El viaje era corto y
los versos quizá no fuesen del todo malos.
Pero sucedió que como yo estaba cansado
se me cerraron los ojos tres o cuatro veces y
esto bastó para que interrumpiese la lectura
y se metiese sus versos en el bolsillo.
CAPÍTULO I
2
Esta traducción está basada en la edición de la Editora
Mérito, S.A. São Paulo, 1959, cuya nota inicial afirma:
“Tanto la fidelidad del texto del presente libro como su
forma vernácula, fijada por el cotejo de las ediciones más
autorizadas, son responsabilidad de Ary de Mesquita”.
Sería posible traducir casmurro por cazurro; ambos
adjetivos están etimológicamente emparentados según los
principales diccionarios etimológicos españoles
MACHADO DE ASSIS
28
- Continúe, dije despabilando.
- Ya he terminado, murmuró él.
- Son muy bonitos.
(Corominas) y brasileños (A. Nascentes). Semánticamente,
el propio Machado de Assis nos advierte ya en este primer
capítulo: “No consultes diccionarios. Casmurro no está
aquí en el sentido que éstos le dan, sino en el sentido de
hombre callado y ensimismado que le da el vulgo”. Para
algunos diccionarios, como el ideológico de la lengua
española de Julio Casares, ése es precisamente el único
significado que, como adjetivo, tiene en español:
‘De pocas palabras, callado y muy metido en sí’. La
semejanza no se limita sólo a los aspectos etimológico y
semántico, también es evidente su parecido fonético.
Según el parecer del Dr. Leodegário A. de Azevedo Filho,
como se desprende de la propia explicación del texto de
Machado de Assis, la palabra Casmurro no tiene aquí
función adjetiva, sino de nombre propio. Por consiguiente,
no se debe traducir el nombre propio Casmurro, y sólo se
traducirá para el español cazurro, cuando se encuentre
en función adjetiva.
En cuanto al Dom, añade Machado de Assis, por boca de
Dom Casmurro: “El Don vino por ironía, para atribuirme
humos de hidalgo”. Efectivamente, Dom, en portugués
queda restringido como fórmula de tratamiento a
monarcas, príncipes, miembros de la alta nobleza, altos
cargos eclesiásticos y como título concedido por los reyes
a quienes prestaron altos servicios a la corte. Por el
contrario, Don, en español, se antepone, como fórmula
de tratamiento, al nombre de cualquier persona con
independencia de su origen social e incluso en algunos
países hispanoamericanos se aplica al apellido jocosa o
despectivamente.
DON CASMURRO
29
Vi que hacía un gesto para sacárselos
otra vez del bolsillo, pero no pasó de ahí,
estaba molesto. Al día siguiente comenzó a
ponerme nombres desagradables y acabó
apodándome Don Casmurro. Mis vecinos, a
quienes no les gustan mis hábitos recluidos y
reservados, hicieron circular ese apodo que
finalmente se impuso. A mí no me molestó.
Les conté la anécdota a mis amigos de la
ciudad y ellos, de broma, me llaman así,
algunos en sus mensajes: “Don Casmurro, el
domingo iré a cenar contigo”; “Me voy a
Petrópolis, Don Casmurro, a la misma casa
de la Renania, a ver si dejas esa caverna del
Ingenio Nuevo y vienes a pasar quince días
conmigo”; “Querido Don Casmurro, no creas
que te dispenso mañana del teatro, ven y te
quedas a dormir aquí en la ciudad; te ofrezco
habitación, té, cama; sólo no te ofrezco
mujer”.
No consultes diccionarios. Casmurro
no está aquí en el sentido que éstos le dan,
sino en el sentido de hombre callado y
ensimismado que le da el vulgo. El Don vino
por ironía, para atribuirme humos de hidalgo.
¡Todo por dar una cabezada! Tampoco he
encontrado mejor título para mi narración y,
si no encuentro otro mejor antes de finalizar
el libro, dejaré este mismo. Mi poeta del tren
MACHADO DE ASSIS
30
acabará sabiendo que no le guardo rencor.
Y con poco esfuerzo, siendo suyo el título,
podrá pensar que la obra es suya. Hay libros
que sólo tienen eso de sus autores y algunos
ni siquiera eso.
Capítulo 2
Sobre el libro
33
Sobre el libro
Ya que he explicado el título pasaré a
escribir el libro. Antes, sin embargo, contaré
los motivos que ponen la pluma en mi mano.
Vivo solo, con un criado. La casa que
habito es mía; la hice construir de propósito,
llevado por un deseo tan particular que me
avergüenza publicarlo, pero ahí va. Un día,
hace bastantes años, caí en la cuenta de
reproducir en el Ingenio Nuevo la casa en la
que me crié, en la antigua calle de
Matacavalos, dándole el mismo aspecto y
categoría de la que ya no existe. El arquitecto
y el pintor entendieron bien las indicaciones
que les di: idéntico edificio abuhardillado,
tres ventanas en la fachada, terraza al fondo,
los mismos dormitorios y salas. En la sala
principal, las pinturas del techo y de las
paredes son más o menos iguales, unas
guirnaldas de pequeñas flores y grandes
CAPÍTULO II
MACHADO DE ASSIS
34
pájaros que las llevan en sus picos, de trecho
en trecho. En las cuatro esquinas del techo,
las figuras de las estaciones y, en el centro
de las paredes, los medallones de César,
Augusto, Nerón y Masinisa, con sus nombres
debajo… Desconozco el motivo de dichos
personajes. Cuando fuimos a vivir a la casa
de Matacavalos ya tenía esa decoración, que
procedía de la década anterior. Naturalmente
era propio de aquella época dar un sabor
clásico y poner figuras antiguas en las
pinturas americanas. El resto es también
análogo y parecido. Tengo huerto, flores,
legumbres, una casuarina, un pozo y un
lavadero. Uso loza vieja y mobiliario viejo.
Finalmente, ahora como entonces, se produce
aquí el mismo contraste entre la vida interior,
que es apática, con la exterior, que es
agitada.
Mi evidente finalidad era anudar las
dos puntas de mi vida y recuperar la
adolescencia en la vejez. Pues bien, no he
conseguido recuperar lo que fue ni lo que
fui. Como en todo, aunque el rostro sea el
mismo, la fisonomía es diferente. Si sólo me
faltasen los demás, sería aceptable; un
hombre se consuela más o menos de las
personas que pierde, pero no me hallo a mí
DON CASMURRO
35
mismo y esta laguna es lo que cuenta. Quien
aquí aparece, comparándolo mal, es
semejante al tinte con que se tiñen la barba y
el cabello, que sólo conserva la apariencia
externa como se dice en las autopsias; lo
interno no admite el tinte. Un certificado que
me atribuyese veinte años de edad podría
engañar a los extraños, como todos los
documentos falsos, pero no a mí. Los amigos
que me quedan son de fecha reciente, todos
los antiguos fueron a estudiar la geología de
los camposantos. Las amigas, algunas son
de hace quince años, otras de menos y casi
todas creen en la juventud. Dos o tres se lo
podrían hacer creer a los demás, pero el
lenguaje que hablan obliga muchas veces a
consultar los diccionarios y tanta frecuencia
cansa.
Sin embargo, vida diferente no quiere
decir vida peor, sino distinta. En ciertos
aspectos aquella vida antigua se me presenta
desposeída de muchos encantos que le hallé;
pero no es menos cierto que ha perdido
muchas espinas que la hicieron molesta y en
la memoria conservo algún recuerdo dulce y
hechicero. En realidad, salgo poco y hablo
menos. Distracciones escasas. La mayor parte
del tiempo la empleo en cultivar el huerto, el
jardín y en leer; como bien y no duermo mal.
MACHADO DE ASSIS
36
Pero como todo cansa, esta monotonía
acabó por agotarme también. Quise variar y
caí en la cuenta de escribir un libro.
Jurisprudencia, filosofía y política me vinieron
a la mente, pero no me asistieron las fuerzas
necesarias. Después pensé en hacer una
Historia de los suburbios, menos pesada que
las memorias del Padre Luís Gonçalves dos
Santos, referidas a la ciudad; sería una obra
modesta, pero exigía documentos y fechas
como preliminares, todo árido y largo.
Entonces fue cuando los bustos pintados en
las paredes comenzaron a hablarme y a
decirme que, ya que ellos no habían
conseguido reconstruirme los tiempos idos,
tomase la pluma y contase algunos. Quizá
la narración me produjese una ilusión y
viniesen las sombras a deslizarse ligeras,
como al poeta, no al del tren, sino al del
Fausto: ¿Aquí venís otra vez, inquietas
sombras…?
Me quedé tan contento con esta idea
que todavía ahora me tiembla la pluma en
la mano. Sí, Nerón, Augusto, Masinisa, y a ti
gran César, que me incitas a hacer mis
comentarios, os agradezco el consejo y voy
a verter sobre el papel las reminiscencias que
me vayan viniendo. De ese modo viviré lo que
viví y asentaré mi mano para una obra de
DON CASMURRO
37
mayor fuste. Venga, comencemos la
evocación por una célebre tarde de
noviembre que nunca he olvidado. He tenido
muchas otras, mejores y peores, pero aquella
nunca se me ha borrado del espíritu. Lo
entenderás conforme vayas leyendo.
Capítulo 3
La denuncia
41
La denuncia
Iba a entrar en la sala de visitas cuando
oí pronunciar mi nombre y me escondí detrás
de la puerta. La casa era la de la calle de
Matacavalos; el mes, el de noviembre; el año
es un tanto remoto, pero no cambiaré las
fechas de mi vida sólo para agradar a las
personas a quienes no les gustan las historias
viejas; era el año de 1857.
- D.ª Gloria, ¿persiste usted en la idea
de meter a nuestro Bentiño en el seminario?
Ya ha pasado el momento e incluso podría
surgir un problema.
- ¿Qué problema?
- Un gran problema.
Mi madre quiso saber de qué se
CAPÍTULO III
MACHADO DE ASSIS
42
trataba. José Dias, después de algunos instantes
de concentración, vino a ver si había alguien
en el pasillo; no me vio, volvió y, bajando la
voz, dijo que el problema estaba en la casa de
al lado, en la familia de los Padua.
- ¿En la familia de los Padua?
- Hace tiempo que se lo estoy
queriendo decir, pero no me atrevía. No me
parece bonito que nuestro Bentiño ande
escondiéndose por los rincones con la hija
del Tortuga, y ahí está el problema, porque
si les da por enamorarse tendrá usted que
luchar mucho para separarlos.
- No lo creo. ¿Escondiéndose por los
rincones?
- Es una manera de hablar. Con
cuchicheos, siempre juntos. Bentiño casi no
sale de allí. La muchacha es una
descerebrada, su padre hace como si no viera
nada, pero ya le gustaría que las cosas fuesen
a parar… Comprendo su actitud, usted no
cree en esos cálculos, le parece que todo el
mundo tiene un alma cándida…
- Pero, Sr. José Días, he visto a los
muchachos jugando y nunca he visto nada
DON CASMURRO
43
que me haga desconfiar. Y menos a esa edad,
Bentiño sólo tiene quince años. Capitú
cumplió catorce la semana pasada, son dos
jovenzuelos. No se olvide de que se han
criado juntos, desde la gran inundación, hace
diez años, cuando la familia Padua perdió
tantas cosas; hasta ahí se remontan nuestras
relaciones. ¿Qué voy a pensar…? Cosme,
hermano, ¿tú que crees?
Mi tío Cosme respondió con un “¡Yo
qué sé!” que, traducido en romance, quería
decir: “Son imaginaciones de José Días; los
muchachos se divierten, yo me divierto;
¿dónde está el back gamón?”
- Sí, creo que está usted equivocado.
- Puede ser, señora. ¡Ojalá tengan
razón!, pero crea que sólo he hablado
después de mucho cavilar…
- De cualquier manera, ya va siendo
hora, interrumpió mi madre; voy a tratar de
meterlo en el seminario cuanto antes.
- Bueno, ya que no ha olvidado la idea
de hacerlo cura se ha mantenido lo principal.
Bentiño tiene que cumplir los deseos de su
madre. Y además, la iglesia brasileña guarda
MACHADO DE ASSIS
44
altos destinos para él. No olvidemos que un
obispo presidió la Constituyente ni que el
padre Feijó gobernó el imperio…
- ¡Gobernó desastrosamente!, cortó mi
tío Cosme, cediendo a antiguos rencores
políticos.
- Perdón, doctor, no estoy defendiendo a
nadie, estoy citando. Lo que quiero decir es que
el clero juega todavía un gran papel en Brasil.
- Usted lo que quiere es llevarse una
paliza en el juego; ande, vaya a buscar el
back gamón. Y el muchacho, si ha de ser cura,
realmente es mejor que no comience a decir
misa detrás de las puertas. Pero, mírame,
hermana Gloria, ¿de verdad hay necesidad
de hacerlo cura?
- Es una promesa y hay que cumplirla.
- Sé que hiciste la promesa…, pero, una
promesa así…, no lo sé… Creo que, pensándolo
bien… ¿A ti qué te parece, prima Justina?
- ¿A mí?
- Ciertamente cada cual sabe mejor
que nadie lo que le conviene, continuó mi tío
DON CASMURRO
45
Cosme, y Dios sabe de todos. Sin embargo,
una promesa de tantos años… ¿Pero qué te
pasa Gloria? ¿Estás llorando? ¡Vaya por
Dios! ¿Eso es para llorar?
Mi madre se sonó sin responder. La
prima Justina creo que se levantó y fue a
hablar con ella. Luego se produjo un gran
silencio, durante el cual estuve a punto de
entrar en la sala, pero otra fuerza mayor, otra
emoción… No pude oír las palabras que mi
tío Cosme comenzó a decir. La prima Justina
le daba ánimos: “¡Prima Gloria! ¡Prima
Gloria!” José Días se disculpaba: “Si lo
hubiera sabido, no habría hablado, pero he
hablado por la veneración, por la estima, por
el afecto, para cumplir un deber amargo, un
deber amarguísimo…”
Capítulo 4
¡Un deber amarguísimo!
49
¡Un deber amarguísimo!
A José Días le encantaban los
superlativos. Era una manera de darle una
apariencia monumental a las ideas; no
habiéndolas, servía para prolongar las
frases. Se levantó para ir a buscar el back
gamón que estaba dentro de la casa. Me
pegué a la pared y lo vi pasar con sus
pantalones blancos planchados, presillas,
chaqueta y corbata de clip. Fue de los últimos
que usaron presillas en Río de Janeiro y quizá
en este mundo. Usaba pantalones un poco
cortos para que le quedasen bien lisos. La
corbata de satén negro, con un arco de acero
por dentro, le inmovilizaba el cuello; estaba
entonces de moda. La chaqueta de algodón,
prenda casera y leve, parecía en él una
chaqueta de vestir. Era delgado, chupado,
con una calva incipiente; tendría sus cincuenta
y cinco años. Se levantó con el paso pesado
de costumbre, no el vagar arrastrado de los
CAPÍTULO IV
MACHADO DE ASSIS
50
perezosos, sino un vagar calculado y
deducido, un silogismo completo, la premisa
antes de la consecuencia, la consecuencia antes
de la conclusión. ¡Un deber amarguísimo!
Capítulo 5
El allegado
53
El allegado
No siempre tenía aquel paso pesado y
rígido. También se descompasaba cuando
entraba en acción; en sus movimientos era
muchas veces rápido y ágil, tan natural de una
como de otra manera. Además, si era preciso,
se reía ampliamente con una gran risa
involuntaria, pero comunicativa, de modo que
las mejillas, los dientes, los ojos, toda su cara,
toda su persona, todo el mundo parecía reírse
con él. En los momentos graves, gravísimo.
Era nuestro allegado desde hacía
muchos años, desde cuando mi padre todavía
estaba en la antigua hacienda de Itaguaí y
yo acababa de nacer. Un día apareció allí
haciéndose pasar por médico homeópata,
llevaba un Manual y una botica. Había
entonces una epidemia de fiebres, José Días
curó al capataz y a una esclava y no quiso
recibir ninguna remuneración. Entonces mi padre
CAPÍTULO V
MACHADO DE ASSIS
54
le propuso quedarse a vivir allí con un
pequeño salario. José Días no lo aceptó,
diciendo que era justo llevar la salud a las
casas humildes.
- ¿Quién le impide ir a otros lugares?
Vaya adonde quiera, pero quédese a vivir con
nosotros.
- Volveré de aquí a tres meses.
Volvió al cabo de dos semanas,
aceptó casa y comida sin otro estipendio que
el que le quisiesen dar por benevolencia.
Cuando mi padre fue elegido diputado y vino
a Río de Janeiro con la familia, él vino
también y tuvo su aposento en el fondo de
la chácara. Un día, cuando se habían
propagado de nuevo las fiebres en Itaguaí,
mi padre le dijo que fuese a visitar a nuestros
esclavos. José Días permaneció callado,
suspiró y acabó confesando que no era
médico. Había adoptado este título para
ayudar a difundir la nueva escuela y no lo
hizo sin estudiar muchísimo, pero su
conciencia no le permitía aceptar más
enfermos.
- Pero usted los ha curado en otras
ocasiones.
DON CASMURRO
55
- Creo que sí, pero lo más acertado sería
decir que fueron los remedios recomendados
en los libros. Los remedios, ellos sí. Abajo de
Dios, ellos. Yo era un charlatán… No lo niegue
usted; los motivos de mi proceder podían ser y
eran dignos; la homeopatía es la verdad y, para
servir a la verdad, mentí; pero ha llegado el
momento de aclarar las cosas.
No fue despedido como lo pidió
entonces, mi padre ya no podía prescindir de
él. Tenía el don de ser bien aceptado y hacerse
indispensable, su ausencia se notaba como la
de una persona de la familia. Cuando mi padre
murió, el dolor que sintió fue enorme, según
me dijeron, aunque no me acuerdo. Mi madre
le quedó muy agradecida y no consintió que
dejase su habitación de la chácara; al séptimo
día, después de la misa, fue a despedirse de
ella.
- Quédese con nosotros, José Días.
- Como mande, señora.
Recibió un pequeño legado en el
testamento, unas pólizas y cuatro palabras de
reconocimiento. Copió las palabras, las
enmarcó y las colgó en su habitación, encima
de la cama. “Estos son mis mejores pólizas”,
MACHADO DE ASSIS
56
decía muchas veces. Con el tiempo,
adquirió cierta autoridad en la familia, o
al menos cierta audiencia; no abusaba y
sabía opinar obedeciendo. Al fin y al cabo
era un amigo, no diré que óptimo, pero no
todo es óptimo en este mundo. Y no le
supongas un alma sumisa; sus
amabilidades, si las tenía, procedían antes
del cálculo que de su índole. La ropa le
duraba mucho; al contrario de las personas
que se manchan enseguida la ropa nueva,
él llevaba su traje viejo cepillado y sin
arrugas, zurcido, abotonado, con una
elegancia pobre y modesta. Aunque de
manera arbitraria, era lo bastante leído
como para entretener en los saraos y en
los postres o explicar algún fenómeno,
hablar de los efectos del calor y del frío,
de los polos y de Robespierre. Contaba
muchas veces un viaje que había hecho a
Europa, y confesaba que si no fuera por
nosotros ya habría vuelto allí; tenía amigos
en Lisboa, pero decía que nuestra familia,
abajo de Dios, lo era todo para él.
- ¿Abajo o arriba?, le preguntó un día
mi tío Cosme.
- Abajo, repitió José Días lleno de
veneración.
DON CASMURRO
57
Y a mi madre, que era religiosa, le
gustó ver que ponía a Dios en su debido lugar
y sonrió asintiendo. José Días se lo agradeció
inclinando la cabeza. Me madre le daba de
vez en cuando algunas monedas. Mi tío
Cosme, que era abogado, le confiaba la
copia de papeles de autos.
Capítulo 6
Mi tío Cosme
61
Mi tío Cosme
Mi tío Cosme vivía con mi madre desde
que ella enviudó. Entonces ya era viudo como
la prima Justina, era la casa de los tres viudos.
La fortuna cambia muchas veces las
manos de naipes que reparte la naturaleza.
Formado para las serenas funciones del
capitalismo, mi tío Cosme no se enriquecía
en el foro, iba subsistiendo. Tenía su bufete
en la antigua calle de las Violas, cerca de
los juzgados, que estaban en el extinto Aljube.
Se dedicaba a lo penal. José Días no se
perdía las defensas orales de mi tío Cosme.
Era quien le ponía y le quitaba la toga, con
muchos elogios al final. En casa relataba los
debates. Mi tío Cosme, por más modesto que
quisiese ser, sonreía convencido.
Era gordo y pesado, tenía la
respiración corta y los ojos dormilones. Uno
CAPÍTULO VI
MACHADO DE ASSIS
62
de mis recuerdos más antiguos era verlo
montar todas las mañanas la caballería que
mi madre le había regalado y que lo llevaba
al despacho. El negro que la había ido a
buscar a la caballeriza, sostenía el freno,
mientras él alzaba el pie y lo posaba en el
estribo; luego venía un minuto de descanso
o de reflexión. Después se daba un impulso,
el primero; su cuerpo amenazaba con subir,
pero no subía; en el segundo impulso,
idéntico resultado. Finalmente, después de
algunos instantes demorados, mi tío Cosme
reunía todas sus fuerzas físicas y morales, se
daba un último impulso desde el suelo y esa
vez caía encima de la silla. Difícilmente la
caballería podía disimular con un movimiento
que acababa de caerle el mundo encima. Mi
tío Cosme acomodaba sus carnes y el animal
partía al trote.
Tampoco se me ha olvidado lo que me
hizo una tarde. Aunque nacido en la
plantación (desde donde vine con dos años
de edad), y a pesar de las costumbres de la
época, yo no sabía montar y les tenía miedo
a los caballos. Mi tío Cosme me agarró y me
despatarró encima del animal. Cuando me
vi en lo alto (tenía nueve años), solo y
desamparado, el suelo allí abajo, empecé a
DON CASMURRO
63
gritar desesperadamente: “¡Mamá! ¡Mamá!”
Ella acudió, pálida y trémula, pensó que me
estaban matando, me apeó y me acarició,
mientras su hermano le preguntaba:
- Gloria, ¿cómo este grandullón tiene
miedo de un animal manso?
- No está acostumbrado.
- Pues debería acostumbrarse. Y
aunque llegue a ser cura, si fuese vicario en
la plantación, sería necesario que montase a
caballo; y, aquí mismo, incluso no siendo
cura, si quiere estar a la moda, como los
demás muchachos, y no sabe montar, se
disgustará contigo, Gloria.
- Pues que se disguste; me da miedo.
- ¡Miedo! ¡Qué miedo!
La verdad es que sólo aprendí
equitación más tarde, menos por gusto que
por la vergüenza de decir que no sabía
montar. “Ahora comenzará a cortejar de
verdad”, dijeron cuando comencé las clases.
No se podría decir lo mismo de mi tío Cosme.
En él era vieja costumbre y necesidad. Ya no
estaba para enamoramientos. Cuentan que,
MACHADO DE ASSIS
64
de joven, además de ser atractivo para
muchas damas, fue un político exaltado; pero
los años le robaron la mayor parte de su
ardor político y sexual y la obesidad acabó
con el resto de sus ideas públicas y
específicas. Ahora sólo cumplía con las
obligaciones del oficio y sin amor. En las
horas de descanso pasaba el tiempo mirando
o jugando a las cartas. De vez en cuando
contaba chistes.
Capítulo 7
Doña Gloria
67
Doña Gloria
Mi madre era buena persona. Cuando
se murió su marido, Pedro de Albuquerque
Santiago, tenía treinta y un años de edad y pudo
haber regresado a Itaguaí. No quiso, prefirió
quedarse cerca de la iglesia donde mi padre
fue enterrado. Vendió la pequeña hacienda con
sus esclavos, compró algunos y los puso a
producir beneficio o los alquiló, una docena
de casas, cierto número de pólizas, y se quedó
en la casa de Matacavalos, donde había vivido
durante sus dos últimos años de casada. Era
hija de una señora de Minas, descendiente de
otra paulista, la familia Fernandes.
Así pues, en aquel año de gracia de
1857, D.ª María da Gloria Fernandes
Santiago tenía cuarenta y dos años de edad.
Era aún bonita y joven, pero, por más que la
naturaleza quisiese preservarla del paso del
tiempo, se obstinaba en esconder los restos
CAPÍTULO VII
MACHADO DE ASSIS
68
de su juventud. Vivía metida en un eterno
vestido oscuro, sin adornos, con un chal
negro, doblado en triángulo y abrochado en
el pecho con un camafeo. Los cabellos,
peinados en dos bandas, estaban recogidos
sobre la nuca con una vieja peineta de carey;
algunas veces llevaba una toca blanca
plisada. Lidiaba así, con sus zapatos de
cordobán planos y sordos, de un lado a otro,
viendo y guiando todos los servicios de la
casa entera, desde la mañana hasta la noche.
Tengo su retrato en la pared, al lado
de su marido, como en la otra casa. La pintura
está ya muy oscura, pero aún da una idea de
ambos. Sólo recuerdo de él, vagamente, que
era alto y tenía una abundante cabellera; su
retrato muestra unos ojos redondos que me
acompañan a todas partes, por efecto de la
pintura que me asustaba de niño. Su cuello
surge de una corbata negra de muchas
vueltas; el rostro completamente rasurado,
salvo una pequeña parte junto a las orejas.
El de mi madre muestra que era linda. Tenía
entonces veinte años y una flor entre los
dedos. En el cuadro parece ofrecerle la flor
a su marido. Lo que se leen en la cara de
ambos es que, si la felicidad conyugal puede
ser comparada al premio gordo, ellos la
habían ganado con un número comprado al
DON CASMURRO
69
alimón.
Concluyo que no se deben abolir las
loterías. Ningún premiado las ha acusado
jamás de inmorales así como nadie ha
tachado de mala la caja de Pandora por
guardar la esperanza en su fondo, en alguna
parte tiene que estar. Aquí tengo a los dos
bien casados de otrora, los bien amados, los
bienaventurados, que se fueron de esta vida
a la otra continuando probablemente un
sueño.
Cuando la lotería y Pandora me
hartan, alzo los ojos hacia ellos y olvido los
números sin premio y la caja fatídica. Son
retratos que equivalen a los originales. El de
mi madre, ofreciendo la flor a su marido,
parece decir: “¡Soy toda tuya, mi guapo
caballero!” El de mi padre, mirando hacia
nosotros, hace este comentario: “Vean cómo
me quiere esta joven…” No sé si sufrieron
incomodidades o disgustos: era un niño o ni
siquiera habría nacido. Después de la muerte
de él, me viene a la memoria que ella lloró
mucho; pero aquí están los retratos de ambos,
sin que la pátina del tiempo les haya quitado
la primera expresión. Son como fotografías
instantáneas de la felicidad.
Capítulo 8
Es el momento
73
Es el momento
Es el momento de volver a aquella tarde
de noviembre, una tarde clara y fresca, sosegada
como nuestra casa y el tramo de calle en que
vivíamos. Realmente fue el principio de mi vida;
todo lo que había sucedido antes había sido como
el maquillarse y vestirse de las personas que
tienen que entrar en escena, el encendido de las
luces, la afinación de los rabeles, la sinfonía…
Ahora es cuando iba yo a comenzar mi ópera.
“La vida es una ópera”, me decía un viejo tenor
italiano que vivió y murió aquí… Y un día me
explicó la definición de tal manera que me
convenció. Quizá valga la pena contarla, sólo
ocupa un capítulo.
CAPÍTULO VIII
Capítulo 9
La ópera
77
La ópera
Ya no tenía voz, pero se obstinaba en
decir que la tenía. “El desuso es lo que me
perjudica”, añadía. Siempre que llegaba de
Europa una nueva compañía, iba al
empresario y le exponía todas las injusticias
de la tierra y del cielo; el empresario cometía
una más y él salía bramando contra la
iniquidad. Se valía aún de los trucos de sus
antiguos papeles. Cuando andaba, a pesar
de ser ya viejo, parecía que cortejaba a una
princesa de Babilonia. A veces canturreaba,
sin abrir la boca, algún fragmento tanto o
más viejo que él; cantar en voz baja es
siempre posible. Venía aquí algunas veces a
cenar conmigo. Una noche, después de
mucho Chianti, me repitió la definición de
siempre y como yo le dijera que la vida tanto
podía ser una ópera como un viaje por mar
o una batalla, negándolo con la cabeza,
replicó:
CAPÍTULO IX
MACHADO DE ASSIS
78
- La vida es una ópera y una gran
ópera. El tenor y el barítono debaten con la
soprano, en presencia del bajo y de los
demás cantantes, cuando no son la soprano
y la contralto quienes debaten con el tenor,
en presencia del bajo y de los otros cantantes.
Hay coros numerosos, muchos bailes y la
orquestación es excelente…
- Pero, mi caro Marcolini…
- ¿Dónde está el problema…?
Y, después de beber un sorbo, posó
la copa y me expuso la historia de la creación
con palabras que voy a resumir.
Dios es el poeta. La música es de
Satanás, joven maestro con mucho futuro, que
aprendió en el conservatorio del cielo. Rival
de Miguel, Rafael y Gabriel, no toleraba la
prioridad que ellos tenían en la distribución
de los premios. Puede ser también que la
música, dulce y mística en demasía, de sus
condiscípulos, le fuese abominable para su
genio esencialmente trágico. Tramó una
rebelión que fue descubierta a tiempo y fue
expulsado del conservatorio. Todo habría
ocurrido sin más si Dios no hubiese escrito
un libreto de ópera, al que renunció por
DON CASMURRO
79
entender que tal género de entretenimiento
era impropio de su eternidad. Satanás se
llevó el manuscrito consigo al infierno. Con
el fin de mostrar que valía más que los demás
-y acaso para reconciliarse con el cielo-
compuso la partitura y así que la acabó se la
llevó al Padre Eterno.
- Señor, no he olvidado las lecciones
recibidas, le dijo. Aquí tenéis la partitura,
escuchadla, enmendadla, hacedla interpretar
y, si la halláis digna de esas alturas,
admitidme con ella a vuestros pies…
- No, replicó el Señor, no quiero oír
nada.
- Pero, Señor…
- ¡Nada! ¡Nada!
Satanás suplicó todavía, sin mejor
fortuna, hasta que Dios, cansado y lleno de
misericordia, consintió que la ópera se
interpretara, pero fuera del cielo. Creó un
teatro especial, este planeta, e inventó una
compañía completa, con todos sus
componentes, primarios y secundarios, coros
y danzarines.
- ¡Oíd ahora algunos ensayos!
MACHADO DE ASSIS
80
- No, no quiero saber nada de los
ensayos. Me basta con haber compuesto el
libreto, estoy dispuesto a repartir contigo los
derechos de autor.
Quizá fue un inconveniente esta
negativa, ya que por su causa surgieron
algunos desconciertos que una audición
previa y una colaboración amistosa habrían
evitado. En efecto, hay lugares en los que el
verso va hacia la derecha y la música hacia
la izquierda. No falta quien diga que
precisamente en eso está la belleza de la
composición, huyendo de la monotonía, y así
explican el trío del Edén, el aria de Abel, los
coros de la guillotina y la esclavitud. No es
raro que los mismos lances se reproduzcan
sin motivo suficiente. Ciertos temas cansan a
fuerza de repetirse. También se producen
confusiones; el compositor abusa de las
masas corales, encubriendo muchas veces el
sentido de un modo poco claro. Las partes
orquestales están tratadas sin embargo con
gran pericia. Tal es la opinión de imparciales.
Los amigos del compositor creen que
difícilmente se puede hallar otra obra tan bien
acabada. Algunos admiten ciertas rudezas y
tales o cuales lagunas, pero en el transcurso
de la ópera es probable que éstas se cubran
o expliquen, y aquéllas desaparezcan
DON CASMURRO
81
enteramente, sin que se niegue el compositor
a enmendar la obra donde crea que no se
corresponde con el pensamiento sublime del
poeta. No dicen lo mismo los amigos de éste.
Juran que el libreto fue sacrificado, que la
partitura corrompió el sentido de la letra y,
aunque sea bonita en algunas partes y
trabajada con arte en otras, es absolutamente
diferente y hasta contraria al drama. Lo
grotesco, por ejemplo, no se halla en el texto
del poeta; es una exageración para imitar
las Alegres comadres de Windsor. Este punto
es refutado por los satanistas con alguna
apariencia de razón. Dicen que en la época
en la que el joven Satanás compuso la gran
ópera, no habían nacido ni esa farsa ni
Shakespeare. Llegan a afirmar que el poeta
inglés no tuvo mayor genialidad que
transcribir la letra de la ópera, con tal arte y
fidelidad, que parece él mismo el autor de la
composición; pero evidentemente es un
plagiario.
- Esta pieza, concluyó el viejo tenor,
durará mientras dure el teatro, sin que se
pueda calcular cuándo será demolido por
conveniencia astronómica. El éxito es
creciente. Poeta y músico reciben
puntualmente sus derechos de autor, que no
son iguales, porque la regla de la división es
MACHADO DE ASSIS
82
como se dice en las Escrituras: “Muchos son
los llamados, y pocos los elegidos”. Dios
cobra en oro, Satanás en papel.
- Tiene gracia…
- ¿Gracia?, gritó con furia; pero
enseguida se calmó y replicó: - Caro
Santiago, yo no tengo gracia, le tengo horror
a la gracia. Esto que digo es la verdad pura
y última. Un día, cuando todos los libros sean
quemados por inútiles, habrá quien, puede
que un tenor, y quizá italiano, enseñe esta
verdad a los hombres. Todo es música, amigo
mío. En el principio era el do, y el do se hizo
re, etc. Este copa (y la llenaba de nuevo),
este copa es un breve estribillo. ¿No se oye?
Tampoco se oyen el palo ni la piedra, pero
todo cabe en la misma ópera…
Capítulo 10
Acepto la teoría
85
Acepto la teoría
Que sea demasiada metafísica para
un único tenor, no cabe duda; pero la pérdida
de la voz lo explica todo y hay filósofos que
son, en resumen, tenores en paro.
Yo, lector amigo, acepto la teoría de
mi viejo Marcolini, no sólo por la
verosimilitud, que muchas veces es toda la
verdad, sino porque mi vida encaja bien con
la definición. Canté un duo ternísimo, después
un trio, después un quatuor… Pero no nos
adelantemos; vayamos a la primera parte,
cuando yo llegué a saber que ya cantaba,
porque la denuncia de José Días, mi caro
lector, me la hizo principalmente a mí. Ante
mí es ante quien me denunció.
CAPÍTULO X
Capítulo 11
La promesa
89
La promesa
Apenas vi desaparecer al allegado por
el pasillo, dejé el escondrijo y corrí al porche
del fondo. No quise saber ni de las lágrimas
ni de la causa que hacía llorar a mi madre.
La causa era probablemente sus proyectos
eclesiásticos y lo que voy a contar es el motivo
de éstos, porque ya entonces era una historia
vieja; ocurrida dieciséis años atrás.
Los proyectos venían del tiempo en el
que fui concebido. Habiendo nacido muerto
su primer hijo, mi madre le pidió a Dios que
el segundo viviera y le prometió que si fuese
varón entraría en la iglesia. Quizá esperase
una hija. No le dijo nada a mi padre ni antes
ni después de darme a luz; pensaba hacerlo
cuando yo fuera a la escuela, pero enviudó
antes de eso. Viuda, sintió el terror de
separarse de mí; pero era tan devota, tan
temerosa de Dios, que buscó testigos de su
CAPÍTULO XI
MACHADO DE ASSIS
90
compromiso, confiando su promesa a
parientes y familiares. Únicamente, para que
nos separásemos lo más tarde posible, me
hizo aprender en casa las primeras letras,
latín y doctrina, con un tal padre Cabral, viejo
amigo de mi tío Cosme, que iba allí por las
noches a echar una partida.
Los plazos amplios son fáciles de
suscribir, la imaginación los hace infinitos. Mi
madre esperó a que los años fuesen pasando.
Mientras tanto, me iba acostumbrando a la
idea de la iglesia; juegos de niños, libros
devotos, imágenes de santos, las
conversaciones en la casa, todo convergía
en el altar. Cuando íbamos a misa, me decía
siempre que era para que aprendiese a ser
cura y que mirase al cura, que no quitase los
ojos del cura. En casa jugaba a celebrar misa,
un poco a escondidas, porque mi madre me
decía que la misa no era cosa de juego.
Preparábamos un altar, Capitú y yo. Ella hacía
de sacristán y alterábamos el ritual, en el
sentido de repartirnos la hostia entre
nosotros; la hostia era siempre un dulce. En
la época en que jugábamos así era muy
frecuente oír a mi vecina: “¿Hoy hay misa?”
Yo ya sabía lo que eso quería decir, respondía
afirmativamente e iba a pedir la hostia con
DON CASMURRO
91
otro nombre. Volvía con ella, preparábamos
el altar, improvisábamos el latín y
abreviábamos las ceremonias. Dominus, non
sum dignus… Esto, que yo lo tenía que repetir
tres veces, creo que sólo lo decía una, tal
era la gula del cura y del sacristán. No
bebíamos vino ni agua, no teníamos vino y el
agua nos habría quitado el sabor del
sacrificio.
Últimamente no me hablaban del
seminario, hasta el punto que yo creía que
era un asunto ya resuelto. Quince años, sin
vocación, pedían antes el seminario del
mundo que el de San José. Mi madre se
quedaba muchas veces mirándome como
alma perdida, o me agarraba la mano sin
ningún pretexto y me la apretaba mucho.
Capítulo 12
En el porche
95
En el porche
Me paré en el porche; iba atontado,
aturdido, las piernas flojas, el corazón parecía
querer salirse por la boca. No me atrevía a bajar
a la chácara y pasar al huerto vecino. Comencé
a andar de un lado a otro, deteniéndome para
no caerme y andaba de nuevo y de nuevo me
detenía. Voces confusas repetían el discurso de
José Días:
“Siempre juntos…”
“Con cuchicheos…”
“Y si se enamorasen…”
Ladrillos que pisé y repisé aquella tarde,
columnas amarillentas que me pasasteis por la
derecha o por la izquierda, según fuera o viniera,
en vosotras se quedó la mejor parte de mi crisis,
la sensación de un goce nuevo, que me
concentraba en mí mismo y luego me dispersaba
CAPÍTULO XII
MACHADO DE ASSIS
96
y me daba escalofríos y me derramaba no sé
qué bálsamo interior. A veces me sorprendía
sonriendo, con una risa de satisfacción que
desmentía la abominación de mi pecado. Y las
voces se repetían confusas:
“Con cuchicheos…”
“Siempre juntos…”
“Y si se enamorasen…”
Un cocotero, viéndome inquieto y
adivinando la causa, murmuró desde lo alto que
no era malo que los jóvenes de quince años
anduviesen por los rincones con las jóvenes de
catorce; por el contrario, los adolescentes de esa
edad no tenían otro oficio ni los rincones otra
utilidad. Era un cocotero viejo y yo creía en los
cocoteros viejos, incluso más que en los libros
viejos. Pájaros, mariposas, una cigarra que
ensayaba el estío, todos los habitantes vivos del
aire tenían la misma opinión.
¿Así que yo amaba a Capitú y Capitú me
amaba a mí? Realmente andaba pegado a sus
faldas, pero no me parecía que hubiese nada entre
nosotros que fuese de verdad secreto. Antes de que
ella fuese al colegio, todo eran travesuras de niños;
después que salió del colegio, es cierto que no
restablecimos enseguida la antigua intimidad, pero
volvió poco a poco y en el último año fue completa.
DON CASMURRO
97
Mientras, el tema de nuestras conversaciones era
el de siempre. Capitú me llamaba a veces guapo,
buen mozo, una flor; otras me tomaba las manos
para contarme los dedos. Y comencé a recordar
esos y otros gestos y palabras, el placer que sentía
cuando ella me pasaba la mano por los cabellos,
diciendo que los encontraba lindísimos. Yo, sin hacer
lo mismo con sus cabellos, decía que los suyos eran
mucho más lindos que los míos. Entonces Capitú lo
negaba con una gran expresión de desengaño y
melancolía, tanto más asombrosa cuanto sus
cabellos eran realmente admirables; entonces yo
le replicaba llamándola loca. Cuando me
preguntaba si había soñado con ella la noche
anterior, y yo le respondía que no, la oía contar
que había soñado conmigo y eran aventuras
extraordinarias, que subíamos al Corcovado por el
aire, que danzábamos en la luna o que los ángeles
venían a preguntarnos nuestros nombres para
dárselos a otros ángeles que acababan de nacer.
En todos esos sueños andábamos unidos. Los que
yo tenía con ella no eran así, sólo reproducían
nuestra familiaridad y muchas veces no pasaban
de una simple repetición del día, alguna frase, algún
suceso. Yo también se los contaba. Capitú un día
reparó en la diferencia, diciendo que los suyos eran
más bonitos que los míos; yo, después de dudar un
poco, le dije que eran como la persona que
soñaba… Se puso del color de la pitanga.
Pues, francamente, sólo ahora entendía
la emoción que me causaban esas y otras
MACHADO DE ASSIS
98
confidencias. La emoción era dulce y nueva, pero
su causa se me escapaba sin que yo la buscase
ni sospechase. Los silencios de los últimos días,
que no me sugerían nada, ahora los sentía como
señales de algo y también las medias palabras,
las preguntas curiosas, las respuestas vagas, las
atenciones, el placer de recordar la infancia.
También advertí como un suceso reciente
despertarme con el pensamiento puesto en Capitú
y escucharla en la memoria y estremecerme
cuando sentía sus pasos. Si se hablaba de ella
en mi casa, prestaba más atención que antes y,
según fuese alabanza o crítica, así me producían
un agrado o desagrado más intensos que antes,
cuando éramos solamente compañeros de
travesuras. Llegué a pensar en ella durante las
misas de aquel mes, con intervalos, es verdad,
pero también con exclusividad.
Todo esto se me daba a conocer ahora
por boca de José Días, que me había denunciado
ante mí mismo y a quien yo se lo perdonaba todo,
el mal que había dicho, el mal que había hecho y
lo que pudiera proceder de lo uno y de lo otro.
En aquel instante, la eterna Verdad no valía más
que él, ni la eterna Bondad ni las demás Virtudes
eternas. ¡Yo amaba a Capitú! ¡Capitú me amaba!
Y mis piernas andaban, desandaban, se detenían,
trémulas y convencidas de abarcar el mundo. Ese
primer palpitar de la savia, esa revelación de la
conciencia a sí misma no se me han olvidado
nunca ni me han parecido comparables a ninguna
DON CASMURRO
99
otra sensación de la misma especie. Naturalmente
por ser mías. Naturalmente también por ser las
primeras.
Capítulo 13
Capitú
103
Capitú
De repente oí una voz que llamaba
desde el interior de la casa de al lado:
- ¡Capitú!
Y en el huerto:
- ¡Dime, mamá!
Y otra vez desde la casa:
- ¡Ven aquí!
No me pude aguantar. Las piernas me
hicieron bajar los tres escalones que daban
a la chácara y caminar hacia el huerto vecino.
Era su costumbre por las tardes y también
por las mañanas. Porque las piernas también
son personas, inferiores apenas a los brazos
y se valen por sí mismas cuando la cabeza
CAPÍTULO XIII
MACHADO DE ASSIS
104
no las rige por medio de ideas. Las mías
llegaron al pie del muro. Había allí una
puerta de paso que mi madre había
mandado abrir cuando Capitú y yo éramos
pequeños. La puerta no tenía llave ni
cerradura, se abría empujando de un lado
o tirando de otro y se cerraba con el peso
de una piedra pendiente de una cuerda. Era
casi exclusivamente nuestra. De niños, nos
hacíamos visitas llamándonos por un lado y
recibiéndonos por el otro con muchas
reverencias. Cuando las muñecas de Capitú
enfermaban, el médico era yo. Entraba en
el huerto con un palo debajo del brazo, para
imitar el bastón del doctor João da Costa;
le tomaba el pulso a la enferma y le pedía
que sacase la lengua. “¡Está sorda!”,
exclamaba Capitú. Entonces yo me rascaba
el mentón como el doctor y terminaba
mandando aplicarle unas sanguijuelas o
darle un vomitivo: era el tratamiento habitual
del médico.
- ¡Capitú!
- ¡Dime, mamá!
- Deja de rayar el muro y ven aquí.
La voz de su madre estaba ahora más
cerca, como si viniera de la puerta del fondo.
DON CASMURRO
105
Quise pasar al huerto, pero las piernas, hace
poco tan andarinas, parecían ahora pegadas
al suelo. Al final hice un esfuerzo, empujé la
puerta y entré. Capitú estaba junto al muro
frontero, vuelta hacia él, grabando con un
clavo. El ruido de la puerta la hizo mirar hacia
atrás; al encontrarse conmigo se arrimó al
muro, como si quisiese esconder algo.
Caminé hacia ella; naturalmente tenía el gesto
demudado, porque ella vino hacia mí y me
preguntó inquieta:
- ¿Qué te pasa?
- ¿A mí?, nada.
- Nada, no; algo tienes.
Quise insistir en mi negativa, pero no
me encontré la lengua. Todo yo era ojos y
corazón que esta vez iba a salirse,
seguramente, por la boca. No podía apartar
los ojos de aquella criatura de catorce años,
alta, fuerte y desbordante, con un vestido de
algodón ajustado, medio desabotonado. Los
cabellos espesos, peinados en dos trenzas,
con las puntas anudadas entre sí, a la moda
de la época, le caían por la espalda. Morena,
ojos claros y grandes, nariz recta y larga,
tenía los labios finos y el mentón ancho. Las
MACHADO DE ASSIS
106
manos, a pesar de algunos trabajos rudos,
estaban cuidadas con esmero; no olían a
jabones finos ni a aguas de tocador, pero
con agua del pozo y jabón común las traía
sin mácula. Calzaba zapatos de sarga, rasos
y viejos, a los que ella misma había dado
algunos puntos.
- ¿Qué te pasa?, repitió.
- No es nada, balbucí finalmente.
Y enseguida corregí:
- Es una noticia.
- ¿Qué noticia?
Pensé en decirle que iba a entrar en
el seminario y observar la impresión que le
causaría. Si la consternaba es que yo
realmente le gustaba; si no, que no le
gustaba. Pero todo ese cálculo fue confuso
y rápido; sentí que no podía hablar
claramente, tenía ahora la vista no sé
cómo…
- ¿Entonces?
- Tú ya lo sabes…
DON CASMURRO
107
En esas miré hacia el muro, hacia el
lugar en donde ella había estado grabando,
escribiendo, agujereando, como decía su
madre. Vi unos surcos abiertos y reparé en
el gesto que hizo para ocultarlos. Quise
verlos de cerca y di un paso. Capitú me
agarró, pero, o por temer que yo acabase
huyendo o para impedirlo de otra manera,
se me adelantó corriendo y borró lo escrito.
Fue como encender en mí el deseo de leerlo.
Capítulo 14
La inscripción
111
La inscripción
Todo lo que he contado al final del capítulo
anterior fue obra de un instante. Lo que sucedió
a continuación fue todavía más rápido. Di un salto
y, antes de que ella raspase el muro, leí estos
dos nombres, grabados con el clavo y así
dispuestos:
BENTO
CAPITOLINA
Me volví hacia ella, Capitú tenía los ojos
puestos en el suelo. Luego los alzó, despacio, y
nos quedamos mirándonos el uno al otro…
Confesión de niños, tú bien merecerías dos o tres
páginas, pero quiero ser breve. En realidad ni
siquiera hablamos, el muro habló por nosotros.
No nos movimos, las manos se extendieron poco
a poco, las cuatro, tocándose, estrechándose,
fundiéndose. No anoté la hora exacta de aquel
acto. Debía haberla anotado, siento la falta de
CAPÍTULO XIV
MACHADO DE ASSIS
112
una nota escrita aquella misma noche y que yo
habría puesto aquí con los errores de ortografía
que tuviese, pero no tendría ninguno, ésa era la
diferencia entre el estudiante y el adolescente.
Conocía las reglas de la escritura, sin sospechar
las del amor; tenía orgías de latín, era virgen en
mujeres.
No nos soltamos las manos ni ellas se
dejaron caer por cansancio u olvido. Los ojos se
miraban fijamente y dejaban de mirarse y,
después de acercarse lentamente, volvían a
cruzarse los unos con los otros… Futuro cura,
estaba ante ella como ante un altar, siendo una
de sus mejillas la Epístola y la otra el Evangelio.
Su boca podía ser el cáliz; sus labios, la patena.
Faltaba decir la primera misa con un latín que
no se aprende, que es la lengua católica de los
hombres. No me tengas por sacrílego, lectora
devota; la limpieza de la intención lava lo que
pudiera haber de poco curial en el estilo.
Estábamos allí con el cielo en nosotros. Las
manos, uniendo sus nervios, hacían de dos
criaturas una sola, una sola criatura seráfica. Los
ojos continuaron diciendo cosas infinitas, las
palabras no intentaban salir de la boca, volvían
al corazón calladas como venían…
Capítulo 15
Otra voz repentina
115
Otra voz repentina
Otra voz repentina, pero esta vez una
voz de hombre:
- ¿Estáis jugando a ver quién se ríe el
último?
Era el padre de Capitú, que estaba en
la puerta del fondo, junto a su mujer. Nos
soltamos rápidamente las manos y nos
quedamos confusos. Capitú fue hasta el muro
y, con el clavo, disimuladamente, tachó
nuestros nombres escritos.
- ¡Capitú!
- ¡Dime, papá!
- No me estropees la cal del muro.
Capitú tachaba sobre lo tachado para
CAPÍTULO XV
MACHADO DE ASSIS
116
borrar bien lo escrito. Padua salió al huerto
a ver de qué se trataba, pero su hija ya había
comenzado a grabar otra cosa, un perfil que
dijo que era el retrato de su padre, pero que
podía ser tanto el suyo como el de su madre;
lo esencial era hacerlo reír. Por lo demás,
vino sin estar enfadado, todo cariñoso, pese
al gesto dudoso, o menos que dudoso, en
que nos había sorprendido. Era un hombre
bajo y grueso, piernas y brazos cortos,
espalda arqueada, de donde le vino el apodo
de Tortuga, que José Días le había puesto.
Nadie lo llamaba así en casa, solamente el
allegado.
- ¿Estabais jugando a ver quién se ríe
el último?, nos preguntó.
Miré hacia un saúco que estaba cerca,
Capitú respondió por ambos.
- Sí, señor; pero Bentiño se ríe
enseguida, no se puede contener.
- Cuando yo llegué a la puerta no se
estaba riendo.
- Ya se había reído antes, no se puede
contener. ¿Papá, quieres verlo?
DON CASMURRO
117
Y seria, fijó en mí sus ojos, invitándome
al juego. El miedo es por naturaleza serio;
yo estaba todavía bajo el efecto causado por
la aparición de Padua y no fui capaz de reír,
por más que hubiera debido hacerlo para
legitimar la respuesta de Capitú. Ésta,
cansada de esperar, desvió su mirada,
diciendo que yo no me reía esa vez porque
estaba allí su padre. Y ni siquiera entonces
me reí. Hay cosas que sólo se aprenden tarde,
es menester nacer con ellas para hacerlas
pronto. Y es mejor naturalmente pronto que
artificialmente tarde. Capitú, después de dar
dos vueltas, se fue con su madre, que
continuaba en la puerta de la casa,
dejándonos a mí y a su padre maravillados
con ella; su padre, mirándonos, me decía,
lleno de ternura:
- ¿Quién diría que esta pequeña tiene
catorce años? Parece que tenga diecisiete.
¿Tu madre sigue bien?, continuó mirándome
de frente.
- Sí, señor.
- Hace muchos días que no la veo.
Quisiera ganarle en el juego al doctor por
un palizón, pero no he podido, estoy
haciendo trabajos de la oficina en casa;
MACHADO DE ASSIS
118
escribo todas las noches como un
desesperado, se trata de informes. ¿Has visto
mi tangará amarillo? Está allí al fondo. Ahora
mismo iba a buscar la jaula, ven a verlo.
Que yo no tenía ningunas ganas, es
fácil de creer, sin que sea necesario jurarlo
por el cielo ni por la tierra. Mi deseo era ir
tras Capitú y hablarle ahora de lo que se
nos avecinaba; pero su padre era su padre y
además le gustaban especialmente los
pajarillos. Los tenía de varias especies, color
y tamaño. El patio que había en el centro de
la casa estaba rodeado de jaulas de
canarios, que cantando hacían un ruido de
todos los demonios. Intercambiaba pájaros
con otros aficionados, los compraba,
capturaba algunos, en su propio huerto,
preparando trampas. También, si
enfermaban, los cuidaba como si fueran
personas.
Capítulo 16
El administrador interino
121
El administrador interino
Padua trabajaba en una oficina
dependiente del Ministerio de la Guerra.
No ganaba mucho, pero su mujer gastaba
poco y la vida era barata. Además, la casa
en la que habitaba, abuhardillada como la
nuestra, aunque menor, era de su
propiedad. La compró con el premio gordo
que le tocó en un medio billete de lotería,
diez millones de reales. La primera idea
de Padua cuando ganó el premio fue
comprarse un caballo del Cabo, una joya
con brillantes para su mujer, una mausoleo
familiar a perpetuidad, además de mandar
traer algunos pájaros de Europa, etc.; pero
su mujer, esta D.ª Fortunata que allí está en
la puerta del fondo de la casa, de pie,
hablando con su hija; alta, fuerte, robusta,
como su hija, la misma cabeza, los mismos
ojos claros, fue quien le dijo que era mejor
comprar la casa y guardar lo que sobrase
CAPÍTULO XVI
MACHADO DE ASSIS
122
para enfrentar los grandes contratiempos.
Padua dudó mucho; finalmente tuvo que
ceder a los consejos de mi madre, a quien
D.ª Fortunata pidió ayuda. Mi madre les
ayudó no sólo en esa ocasión, un día llegó a
salvarle la vida a Padua. Escuchad, la historia
es corta.
El administrador de la oficina en la que
Padua trabajaba tuvo que irse al Norte, en
comisión de servicios. Padua, o por
disposición del reglamento, o por especial
designación, se quedó sustituyendo al
administrador con sus respectivos honorarios.
Esta mudanza de fortuna le produjo cierto
desvarío, fue antes de ganar en la lotería.
No se contentó con reformar la ropa y la
copa, se lanzó a hacer gastos superfluos, le
regaló joyas a su mujer, los días de fiesta
mataba un lechón, se le veía en los teatros,
llegó incluso a usar zapatos de charol. Viv
así veintidós meses en la creencia de una
eterna interinidad. Una tarde, entró en nuestra
casa, ansioso y trastornado, iba a perder el
puesto porque aquella mañana había llegado
el titular. Le pidió a mi madre que velase por
las infelices que iba a dejar; no podía
soportar la desgracia, iba a suicidarse. Mi
madre le habló con bondad, pero él no
atendía a razones.
DON CASMURRO
123
- ¡No, señora mía, no consentiré tal
vergüenza! Rebajar a mi familia, volver
atrás… Lo dicho, ¡me mato! No quiero
confesarle a los míos esta miseria. ¿Y los
demás? ¿Qué dirán los vecinos? ¿Y los
amigos? ¿Y el público?
- ¿Qué público, Sr. Padua? Olvídese
de eso, sea un hombre. Recuerde que su
mujer no tiene a nadie más… ¿Y qué tiene
que hacer? Pues ser un hombre… ¡Sea un
hombre, venga!
Padua enjugó sus ojos y se fue a su
casa, donde estuvo postrado algunos días,
mudo, encerrado en el dormitorio o en el
huerto, junto al pozo, como si la idea de la
muerte se cebase en él. D.ª Fortunata, lo
reprendía:
- ¿Juanito, eres un niño?
Pero, tanto lo oyó hablar de la muerte
que tuvo miedo y un día corrió a pedirle a mi
madre que le hiciese el favor de intentar
salvar a su marido que se quería matar. Mi
madre lo encontró junto al pozo y lo intimó a
que viviese. ¿Qué locura era aquella de que
iba a ser un desgraciado por causa de una
gratificación menos, por perder un empleo
MACHADO DE ASSIS
124
interino? No señor, debía ser un hombre, un
padre de familia, imitar a su mujer y a su
hija… Padua obedeció, confesó que hallaría
fuerzas para cumplir la voluntad de mi madre.
- Por voluntad mía, no; es por
imposición suya.
- Pues que sea por imposición, acepto
que sea así.
Los días siguientes continuó entrando
y saliendo de casa, pegado a la pared,
mirando al suelo. No era el mismo hombre
que se rompía el sombrero saludando al
vecindario, risueño, con la mirada alta como
antes de la administración interina. Pasaron
las semanas, la herida fue sanando. Padua
comenzó a interesarse por los asuntos
domésticos, a cuidar de los pajarillos, a dormir
tranquilo por las noches y por las tardes, a
conversar y a dar noticias de la calle. La
serenidad regresó; la alegría vino detrás, un
domingo, con dos amigos que venían a jugar
a la petanca. De nuevo se reía, bromeaba,
tenía el aspecto acostumbrado; la herida
había sanado completamente.
Con el tiempo se produjo un fenómeno
curioso. Padua comenzó a hablar de la
DON CASMURRO
125
administración interina, no sólo sin la nostalgia
de los honorarios ni la humillación de la
pérdida, sino incluso con vanidad y orgullo.
La administración pasó a ser la hégira, desde
donde contaba hacia delante y hacia atrás.
- En la época en que yo era
administrador…
O bien:
- ¡Ah, sí!, caigo en la cuenta, fue antes
de mi administración; uno o dos meses
antes… Espere, mi administración comenzó…
Eso es, mes y medio antes; fue mes y medio
antes, no más.
O incluso:
- Justamente, hacía ya seis meses que
administraba yo…
Así es el sabor póstumo de las glorias
interinas. José Días gritaba que era la
vanidad sobreviviente; pero el padre Cabral,
que todo lo relacionaba con las Escrituras,
decía que con el vecino Padua se cumplía la
lección de Elifaz a Job: “No desprecies la
corrección del Todopoderoso;(…) Él hiere y
sus manos curan”
Capítulo 17
Los gusanos
129
Los gusanos
“¡Él hiere y sus manos curan!” Cuando,
más tarde, vine a saber que la lanza de
Aquiles también curó una herida que hizo,
tuve algunas veleidades de escribir una
disertación a este respecto. Llegué a usar
libros viejos, libros muertos, libros
enterrados, a abrirlos, a compararlos,
buscando el texto y el sentido, para
encontrar el origen común al oráculo
pagano y al pensamiento israelita. Busqué
los propios gusanos de los libros, para que
me dijesen lo que había en los textos roídos
por ellos.
- Señor mío, me respondió un largo
gusano gordo, nosotros no sabemos
absolutamente nada de los textos que
roemos, ni escogemos lo que roemos, ni
amamos ni detestamos lo que roemos:
nosotros roemos.
CAPÍTULO XVII
MACHADO DE ASSIS
130
No le saqué nada más. Los demás,
como si se hubiesen pasado la palabra,
repetían la misma cantinela. Quizá ese
discreto silencio sobre los textos roídos fuese
incluso un modo de roer lo roído.
Capítulo 18
Un plan
133
Un plan
Ni su padre ni su madre estaban con
nosotros, cuando Capitú y yo en la sala de
visitas hablábamos del seminario. Con los
ojos puestos en mí, Capitú quería saber qué
noticia me afligía tanto. Cuando se la conté,
se puso del color de la cera.
- Pero yo no quiero, repuse enseguida,
no quiero ir a ningún seminario; no voy a ir,
por más que se empeñen; no voy a ir.
- Capitú al principio no dijo nada.
Apartó sus ojos de mí, los puso en sí y se
quedó ensimismada con las pupilar vagas y
sordas, la boca entreabierta, completamente
parada. Entonces yo, para dar fuerza a mis
afirmaciones, comencé a jurar que no sería
cura. Entonces yo juraba mucho y
enérgicamente, por la vida y por la muerte.
Juré por la hora de la muerte. Que la luz me
CAPÍTULO XVIII
MACHADO DE ASSIS
134
faltase en la hora de mi muerte si iba al
seminario. Capitú no parecía creérselo ni
dejar de creérselo, ni siquiera parecía oír;
era una figura de madera. Quise llamarla,
sacudirla, pero me faltó ánimo. Esa criatura
que había jugado conmigo, saltado, bailado,
creo que hasta había dormido conmigo, me
dejaba ahora con los brazos atados y
medrosos. Finalmente volvió en sí, pero tenía
la cara lívida y estalló con estas palabras
furiosas:
- ¡Beata! ¡Fanática! ¡Meapilas!
Me quedé aturdido. A Capitú le
gustaba tanto mi madre, y a mi madre ella,
que yo no podía creer tamaña explosión. Es
verdad que también le gustaba yo, y
naturalmente más, o mejor, o de otra manera,
motivo suficiente para explicar el despecho
que le producía la amenaza de la separación;
pero los improperios, ¿cómo entender que
le dirigiera palabras tan feas y principalmente
para menospreciar unas costumbres
religiosas que eran las suyas propias? Pues
ella también iba a misa e incluso mi madre
la había llevado tres o cuatro veces en nuestro
viejo carruaje. También le había regalado un
rosario, una cruz de oro y un libro de Horas
Quise defenderla, pero Capitú no me dejó,
DON CASMURRO
135
continuó llamándola beata y fanática, en voz
tan alta que tuve miedo de que la oyeran sus
padres. Nunca la había visto tan irritada
como entonces, parecía dispuesta a llamar
de todo a todos. Encajaba los dientes, negaba
con la cabeza… Yo, asustado, no sabía qué
hacer; repetía los juramentos, prometía ir
aquella misma noche a decir públicamente
en casa que por nada de este mundo iba a ir
al seminario.
- ¿Tú?, tú vas a ir.
- No pienso ir.
- Ya verás como al final irás.
Se calló otra vez. Cuando volvió a
hablar, había cambiado; no era ya la Capitú
de costumbre, pero casi. Estaba seria, sin
aflicción, hablaba bajo. Quiso saber la
conversación de mi casa; yo se la conté
entera, menos la parte que se refería a ella.
- ¿Y qué interés tiene José Días en
hacer recordar eso?, me preguntó finalmente.
- Creo que ninguno, fue sólo para
hacer daño. Es un sujeto muy malo; pero
olvídalo, que me las pagará. Cuando yo sea
MACHADO DE ASSIS
136
el dueño de la casa, el que se irá a la calle
será él, ya lo verás; no se quedará ni un
instante. Mi madre es demasiado buena, le
presta demasiada atención. Parece que
incluso lloró.
- ¿Quién, José Días?
- No, mi madre.
- ¿Por qué lloró?
- No lo sé; oí solamente que le decían
que no llorase, que no era como para llorar…
Él llegó a mostrarse arrepentido y se fue; yo
entonces, para que no me sorprendieran, dejé
el rincón y corrí hacia la terraza. ¡Pero no te
preocupes, que me las pagará!
Dije esto cerrando el puño y proferí otras
amenazas. Al recordarlas, no me veo ridículo;
la adolescencia y la infancia no son ridículas en
este particular, es uno de sus privilegios. Este
mal o este peligro comienza en la juventud, crece
en la madurez y alcanza su mayor grado en la
vejez. A los quince años, tiene incluso cierto
encanto amenazar mucho y no hacer nada.
Capitú reflexionaba. La reflexión no
era cosa rara en ella y se sabía cuándo
DON CASMURRO
137
porque entornaba los ojos con fuerza. Me
pidió algunos detalles más, las palabras de
unos y de otros y el tono en que fueron
proferidas. Como yo no le quería decir el
punto inicial de la conversación, que era ella
misma, no le pude transmitir todo el
contenido. La atención de Capitú se centraba
ahora especialmente en las lágrimas de mi
madre, no acababa de entenderlas. En medio
de esto, confesó que ciertamente no era por
maldad que mi madre quería que fuera cura;
era por la antigua promesa, que ella,
temerosa de Dios, no podía dejar de cumplir.
Me quedé tan satisfecho, viendo que tan
espontáneamente reparaba las injurias que
le habían salido poco antes del pecho, que
apreté su mano con mucha fuerza. Capitú se
relajó, riéndose; después la conversación
comenzó a apagarse y a dormitar. Habíamos
llegado hasta la ventana, un negro que iba
pregonando cocadas se paró delante de
nosotros y preguntó:
- Señorita, ¿quiere hoy una cocada?
- No, respondió Capitú.
- La cocadita está buena.
- Vete, respondió ella, sin aspereza.
MACHADO DE ASSIS
138
- Dámelas, dije acercando la mano
para llevarme dos.
Las compré, pero tuve que comérmelas
yo solo; Capitú no quiso. Me di cuenta de
que, en medio de la crisis, yo conservaba un
hueco para las cocadas, lo cual puede ser
tanto perfección como imperfección, pero no
es momento para este tipo de definiciones;
quedémonos en que mi amiga, a pesar de
equilibrada y lúcida, no quiso saber nada
de los dulces, aunque le gustaban mucho.
Por el contrario, el pregón que el negro
iba cantando, el pregón de las antiguas
tardes, tan conocido en el barrio y en nuestra
infancia:
Llora, niña, llora,
Llora, porque no tienes
Ni veinte reales.
Le había dejado una impresión
desagradable. No era por la música; ella se
la sabía de memoria y de antiguo,
acostumbraba a repetirla en nuestros juegos
pueriles, riendo, saltando, cambiando los
papeles conmigo, ya vendiendo, ya
DON CASMURRO
139
comprando un dulce ausente. Creo que la
letra, destinada a provocar la vanidad de los
niños, fue lo que ahora la había molestado,
porque después me dijo:
- Si yo fuese rica, huirías, te meterías
en un barco y te irías a Europa.
Dicho esto, escrutó mis ojos, pero creo
que ellos no le dijeron nada, o sólo le
agradecieron la buena intención. En efecto,
su sentimiento era tan amoroso que yo podía
excusar lo extraordinario de la aventura.
Como ves, Capitú, a los catorce años,
tenía ya ideas atrevidas, mucho menos que
otras que le vinieron después; pero no eran
sólo atrevidas, en la práctica se convertían
en hábiles, sinuosas, sordas, y lograban el
fin propuesto, no de un paso, sino a pasitos.
No sé si me explico bien.
Suponed un proyecto grande
ejecutado con medios pequeños. Así, para
no salirnos del deseo vago e hipotético de
mandarme a Europa, Capitú, si pudiese
cumplirlo, no me haría embarcar en el buque
y huir: extendería una fila de canoas desde
aquí hasta allí, por donde yo, pareciendo ir
a la fortaleza de la Laje en un puente
MACHADO DE ASSIS
140
movedizo, iría realmente hasta Burdeos,
dejando a mi madre en la playa
esperándome. Tal era el rasgo particular del
carácter de mi amiga; por lo que no es
extraño que, luchando contra mis proyectos
de resistencia franca, lo hiciese primero por
medios suaves, por la acción de la tenacidad,
de la palabra, de la persuasión lenta y
demorada y analizase antes a las personas
con quienes podríamos contar. Rechazó a mi
tío Cosme, era un “tranquilazo”; si no
aprobaba mi ordenación, tampoco sería
capaz de dar un paso para impedirla. La
prima Justina era mejor que él, pero mejor
que los dos sería el padre Cabral, por su
autoridad, aunque el cura no actuaría contra
la iglesia; solamente si yo le confesase que
no tenía vocación…
- ¿Puedo confesárselo?
- Sí, pero sería manifestarlo
abiertamente y lo mejor es otra cosa. José
Días…
- ¿Qué tiene que ver José Días?
- Puede ser una buena influencia.
- Pero si fue él mismo quien dijo…
DON CASMURRO
141
- No importa, continuó Capitú, ahora
dirá otra cosa. Tú le caes bien. No le hables
con timidez. Lo importante es que no tengas
miedo, hazle ver que llegarás a ser el dueño
de la casa, hazle ver que quieres y que
puedes. Dale a entender que no es ningún
favor. Elógialo, le gustan mucho los elogios.
D.ª Gloria le hace caso, pero lo principal no
es eso; es que él, teniendo que servirte,
hablará con mucha más firmeza que nadie.
- No lo creo, Capitú.
- Entonces vete al seminario.
- De eso ni hablar.
- ¿Qué perdemos con intentarlo?
Vamos a intentarlo: haz lo que te digo. D.ª
Gloria puede que cambie de decisión; si no
cambia, haremos otra cosa, meteremos
entonces al padre Cabral. ¿Ya no te acuerdas
de cómo fuiste por primera vez al teatro hace
dos meses? D.ª Gloria no quería y eso
bastaba para que José Días no insistiese;
pero como él quería ir, largó una discurso,
¿te acuerdas?
- Claro, dijo que el teatro era una
escuela de costumbres.
MACHADO DE ASSIS
142
- Justamente, tanto habló que tu madre
acabó consintiendo y pagó la entrada de los
dos… Anda, pide, manda. Mira, dile que estás
dispuesto a ir a estudiar leyes a São Paulo.
Me estremecí de placer. S. Paulo era
un frágil biombo, destinado a ser apartado
un día, en lugar de la gruesa pared espiritual
y eterna. Le prometí hablarle a José Dias en
los términos establecidos. Capitú me los
repitió, acentuando algunos como
fundamentales; me inquiría después sobre
ellos, a ver si los había entendido bien, si no
los había confundido entre sí. E insistía en
que se lo pidiese con buena cara, así como
quien pide un vaso de agua a la persona que
tiene la obligación de traérselo. Cuento estas
minucias para que se entienda mejor aquella
mañana de mi amiga; luego vendrá la tarde,
y de la mañana y de la tarde resultará el
primer día, como en el Génesis, donde se
produjeron sucesivamente siete.
Capítulo 19
Sin falta
145
Sin falta
Mientras volvía a casa se hizo de noche.
Iba deprisa, pero no tanto como para no pensar
en los términos en los que hablaría al allegado.
Formulaba la petición mentalmente, escogiendo
las palabras que diría y su tono, entre seco y
benévolo. En la chácara, antes de entrar en la
casa, las repetía para mí, después en voz alta,
para ver si eran adecuadas y si obedecían a
las recomendaciones de Capitú: “Necesito
hablar mañana, sin falta, con usted: escoja el
lugar y dígamelo.” Las proferí lentamente y más
lentamente aún las palabras sin falta, como
para subrayarlas. Las repetí otra vez y entonces
me parecieron demasiado secas, casi ríspidas
y francamente impropias de un jovenzuelo para
dirigirse a un hombre maduro. Pensé en
escoger otras y me detuve.
Finalmente me dije que las palabras
podrían servir, se trataba de decirlas en un
CAPÍTULO XIX
MACHADO DE ASSIS
146
tono que no fuera molesto. Y la prueba es
que, repitiéndolas de nuevo, me salieron casi
suplicantes. Bastaba no resaltarlas tanto ni
dulcificarlas demasiado, un término medio.
“Y Capitú tiene razón, pensé, la casa es mía,
él es un simple allegado… Es hábil, puede
muy bien trabajar para mí y desmontar el
plan de mi madre.”
Capítulo 20
Mil padrenuestros y
mil avemarías
149
Mil padrenuestros y mil avemarías
Alcé los ojos al cielo que comenzaba
a oscurecerse, pero no fue para ver si estaba
cubierto o descubierto. Era al otro cielo al
que yo elevaba mi alma; era a mi refugio, a
mi amigo. Y entonces me dije:
- Prometo rezar mil padrenuestros y
mil avemarías si José Días consigue que yo
no vaya al seminario.
La cantidad era enorme. La razón es
que yo andaba cargado de promesas
incumplidas. La última fue de doscientos
padrenuestros y doscientas avemarías si no
llovía aquella tarde de paseo por Santa
Teresa. No llovió, pero no recé las oraciones.
Desde niño me había acostumbrado a pedirle
al cielo sus favores mediante oraciones que
rezaría si los conseguía. Recé las primeras,
aplacé las demás e iban siendo olvidadas a
CAPÍTULO XX
MACHADO DE ASSIS
150
medida que se amontonaban. Llegué así al
número veinte, treinta, cincuenta. Entré en las
centenas y ahora en el millar. Era un modo
de satisfacer la voluntad divina con la cuantía
de las oraciones; además, cada promesa
nueva era hecha y prometida con la intención
de pagar la deuda antigua. ¡Pero cómo
acabar con la pereza de un alma que la
acarreaba desde la cuna y no la sentía
mermar a lo largo de su vida! El cielo me
hacía el favor y yo aplazaba el pago. Al final
me perdí en las cuentas.
- Mil, mil, repetí para mí.
Realmente, el objeto del favor era
ahora inmenso, se trataba de la salvación o
del naufragio de toda mi existencia. Mil, mil,
mil. Era precisa una cantidad que pagase
todos los atrasos. Dios muy bien podría,
irritado por los olvidos, negarse a oírme sin
mucho a cambio… Hombre grave, es posible
que estas inquietudes de juventud te enfaden,
si es que no te parecen ridículas. Sublimes
no eran. Cogité mucho en la manera de
restituir mi deuda espiritual. No veía otro
modo con el que, con sólo la intención, todo
se cumpliese, cerrando sin déficit la
escrituración de mi conciencia moral. Mandar
decir cien misas o subir de rodillas la ladera
DON CASMURRO
151
de Gloria para oír una, ir a Tierra Santa, todo
aquello que las viejas esclavas me contaban
de promesas célebres, todo me acudía sin
fijarse en mi espíritu. Era muy duro subir una
ladera de rodillas, debía herirlas a la fuerza.
La Tierra Santa estaba muy lejos. Las misas
eran numerosas, podían empeñarme otra vez
el alma…
Capítulo 21
La prima Justina
155
La prima Justina
En el porche encontré a la prima
Justina, paseando de un lado a otro. Vino al
rellano y me preguntó dónde había estado.
- Estuve aquí al lado, conversando con
D.ª Fortunata y me distraje. ¿Verdad que es
tarde? ¿Ha preguntado por mí mi madre?
- Sí, pero le he dicho que ya habías
llegado.
La mentira me asombró no menos que
la franqueza de la noticia. No es que la prima
Justina fuese remilgada, le decía francamente
a Pedro lo mal que pensaba de Pablo y a
Pablo lo mal que pensaba de Pedro; pero,
confesar que había mentido me pareció
novedoso. Era una cuarentona, delgada y
pálida, labios finos y ojos curiosos. Vivía con
nosotros gracias a mi madre y también por
CAPÍTULO XXI
MACHADO DE ASSIS
156
su interés; mi madre quería tener una señora
íntima junto a ella, mejor parienta que
extraña. Paseamos algunos minutos por el
porche alumbrado por un farol. Quiso saber
si yo no había olvidado los proyectos
eclesiásticos de mi madre y, habiéndole
respondido yo que no, me inquirió sobre la
opinión que tenía de la vida de sacerdote.
Respondí esquivo:
- La vida sacerdotal es muy bonita.
- Sí, es bonita; pero lo que te pregunto
es que si te gustaría ser cura, explicó riendo.
- A mí me gusta lo que quiera mi madre.
- Mi prima Gloria desea mucho que te
ordenes, pero aunque no lo desease, hay en
casa quien se lo mete en la cabeza.
- ¿Quién es?
- ¿Quién va a ser? ¿Quién habría de
ser? El primo Cosme no, pues le trae sin
cuidado; yo tampoco.
- ¿José Días?, concluí.
- Naturalmente.
DON CASMURRO
157
Fruncí el ceño interrogativamente como
si no supiese nada. La prima Justina completó
la noticia diciendo que incluso aquella tarde
José Días le había recordado a mi madre la
antigua promesa.
- Pudiera ser que, con el tiempo, a mi
prima Gloria se le fuera olvidando la
promesa; ¿pero cómo la puede olvidar si una
persona está siempre, dale que dale en sus
oídos, hablándole del seminario? Y los
discursos que hace, los elogios de la iglesia
y que la vida de cura es esto y aquello, todo
con esas palabras que sólo él conoce, con
esa afectación… Fíjate que es sólo para hacer
daño, porque él es tan religioso como este
farol. Pues esta es la verdad, incluso hoy
mismo ha tocado el tema. Pero no te des por
enterado… Esta tarde ha dicho cosas que no
te las puedes ni imaginar…
- ¿Pero habló con claridad? Pregunté,
a ver si ella me contaba la denuncia de mis
relaciones con la vecina.
No me lo contó, hizo sólo un gesto
como indicando que había otra cosa que no
podía decir. De nuevo me recomendó que
no me diese por enterado y recapituló todo
lo malo que pensaba de José Días, que no
MACHADO DE ASSIS
158
era poco, un intrigante, un adulador, un
especulador y, pese al barniz de educación,
un grosero. Yo, pasados algunos instantes,
dije:
- Prima Justina, ¿sería usted capaz de
una cosa?
- ¿De qué?
- Sería capaz de… Suponga que no
me gustase ser cura…, podría pedirle a mi
madre…
- Eso no, atajó inmediatamente; mi
prima Gloria tiene este asunto metido en la
cabeza y no hay nada en el mundo que la
haga cambiar de decisión: sólo el tiempo.
Cuando tú todavía eras pequeño, ella ya se
lo contaba a todos los amigos o sólo
conocidos. Pero ir yo a avivarle la memoria,
no, yo no trabajo para la desgracia de los
demás; y pedirle otra cosa, tampoco se la
pido. Si ella me consultase, quizá; si ella me
dijese: “Prima Justina, ¿que te parece?”, mi
respuesta sería: “Prima Gloria, creo que si él
quiere ser cura, que lo sea; pero, si no, lo
mejor es dejarlo.” Es lo que le diría y le diré
si algún día me consulta. Pero, ir a hablarle
sin ser llamada, eso no lo hago.
Capítulo 22
Sensaciones ajenas
161
Sensaciones ajenas
No logré nada más y terminé
arrepintiéndome de habérselo pedido: debí
haber seguido el consejo de Capitú. Entonces,
cuando yo ya iba a entrar, la prima Justina
me retuvo unos minutos, hablando del calor
y de la próxima fiesta de la Concepción, de
mis viejos oratorios y finalmente de Capitú.
No habló mal de ella; por el contrario, me
insinuó que podría llegar a ser una joven
bonita. Yo, que ya la encontraba lindísima,
hubiera gritado que era la más bella criatura
del mundo, sin miedo de haber sido
indiscreto. Sin embargo, como la prima
Justina se puso a elogiarle los modos, la
gravedad, las costumbres, el hecho de
trabajar para los suyos, el amor que le tenía
a mi madre, todo eso me animó hasta el punto
de elogiarla yo también. Cuando no era con
palabras, era con un gesto de aprobación
que le daba a cada una de sus afirmaciones
CAPÍTULO XXII
MACHADO DE ASSIS
162
categóricas, sin duda con una felicidad que
debía iluminarme la cara. No advertí que
confirmaba así la denuncia de José Días, oída
por ella aquella tarde en la sala de visitas, si
es que ella no desconfiaba ya también. Sólo
reflexioné sobre eso en la cama. Sólo
entonces sentí que los ojos de la prima
Justina, cuando yo hablaba, parecían
palparme, oírme, olerme, saborearme, hacer
el oficio de todos los sentidos. Celos no
podían ser; entre un niñato de mi edad y una
viuda cuarentona no había lugar para celos.
Es cierto que, pasado algún tiempo, modificó
los elogios a Capitú e incluso le hizo algunas
críticas, me dijo que era un poco astuta y
que no miraba a la cara; pero incluso así, no
creo que fueran celos. Creo más bien…, sí…,
sí, creo esto. Creo que la prima Justina
encontró en el espectáculo de las sensaciones
ajenas una vaga resurrección de las suyas.
También se disfruta por influjo de los labios
que narran.
Capítulo 23
A plazo fijo
165
A plazo fijo
- Necesito hablarle mañana, sin falta;
escoja el lugar y dígamelo.
Creo que a José Días le pareció
desusada esta manera de hablar. El tono no
me salió tan imperativo como yo me temía,
pero las palabras lo eran, y el no interrogar,
no pedir, no dudar, como sería propio de un
niño y de mi estilo habitual, seguro que le
dio la impresión de una persona nueva y de
una nueva situación. Sucedió en el pasillo,
cuando íbamos a tomar el té; José Días venía
andando, impregnado de la lectura de Walter
Scott que le había hecho a mi madre y a la
prima Justina. Leía con melodía y compás.
Los castillos y los parques salían más grandes
de su boca, los lagos tenían más agua y la
“bóveda celeste” contaba con algunos
millares más de estrellas centelleantes. En los
diálogos, alternaba el sonido de las voces,
CAPÍTULO XXIII
MACHADO DE ASSIS
166
que eran levemente graves o agudas,
conforme el sexo de los interlocutores, que
reproducían con moderación la ternura y la
cólera.
Al despedirse de mí, en el porche, me
dijo:
- Mañana, en la calle. Tengo que hacer
unas compras, puedes venir conmigo, se lo
pediré a tu madre. ¿Tienes clase?
- La clase ha sido hoy.
- Muy bien. No te pregunto de qué se
trata, pues tengo la certeza de que es materia
grave y pura.
- Sí señor.
- Hasta mañana.
Se hizo todo lo mejor posible. Sólo hubo
una alteración: a mi madre le pareció el día
caluroso y no consintió que yo fuese a pie;
tomamos el autobús en la puerta de casa.
- No importa. Me dijo José Días,
podemos apearnos al principio del Paseo
Público.
Capítulo 24
Entre madre y criado
169
Entre madre y criado
José Días me trataba con extremos de
madre y atenciones de criado. Lo primero
que consiguió, así que comencé a salir, fue
quitarme el paje; él se convirtió en mi paje e
iba conmigo a la calle. Se ocupaba de mis
asuntos de casa, de mis libros, de mis
zapatos, de mi higiene y de mi prosodia. A
los ocho años mis plurales carecían algunas
veces de la desinencia exacta, él la corregía;
medio en serio, para dar autoridad a la
lección; medio risueño, para obtener el
perdón por la enmienda. Ayudaba así al
maestro de primeras letras. Más tarde,
cuando el padre Cabral me enseñaba latín,
doctrina e historia sagrada, él asistía a las
lecciones, hacía reflexiones eclesiásticas y al
final preguntaba al cura: “¿No es cierto que
nuestro joven amigo aprende deprisa?” Decía
de mí que era “un prodigio”; le decía a mi
madre que había conocido en otros tiempos
CAPÍTULO XXIV
MACHADO DE ASSIS
170
a niños muy inteligentes, pero que yo los
excedía a todos, sin contar con que, para mi
edad, poseía ya cierto número de sólidas
cualidades morales. A mí, aunque no
calculase todo el valor del último elogio, me
gustaba el elogio; era un elogio.
Capítulo 25
En el Paseo Público
173
En el Paseo Público
Entramos en el Paseo Público. Algunas
caras viejas, otras enfermas o sólo
desocupadas que se diseminaban
melancólicamente por el camino que va desde
la entrada hasta la terraza. Seguimos hasta
la terraza. Andando, para darme ánimo,
hablé del jardín:
- Hace mucho que no vengo por aquí,
quizá un año.
- Perdóname, me interrumpió, no hace
ni tres meses que estuviste aquí con nuestro
vecino Padua: ¿no te acuerdas?
- Es cierto, pero fue tan de paso…
- Le pidió a tu madre que lo dejara
acompañarte y ella, que es buena como la
madre de Dios, consintió; pero escúchame,
CAPÍTULO XXV
MACHADO DE ASSIS
174
ya que hablamos de esto, no es bonito que
vayas con Padua por la calle.
- Ya he ido varias veces…
- Cuando eras más joven; de niño, era
natural, él podía pasar por criado. Pero te
estás haciendo mayor y se va tomando
confianzas. A D.ª Gloria no le va a gustar eso.
La familia Padua no es del todo mala. Capitú,
a pesar de esos ojos que le dio el diablo…
¿Has reparado en sus ojos? Son de gitana
oblicua y disimulada. Pues, pese a ellos,
podría pasar, si no fuese por la vanidad y la
adulación. ¡Oh!, ¡la adulación! D.ª Fortunata
merece estima y él no niego que sea honesto,
tiene un buen empleo, posee la casa en la
que vive, pero la honestidad y la estima no
bastan y las demás cualidades pierden mucho
valor con las malas compañías que tiene.
Padua muestra cierta tendencia hacia la gente
vulgar. En cuanto huele un hombre grosero ya
está con él. No digo esto por odio ni porque
hable mal y se ría de mí, como se rió hace
unos días de mis zapatos gastados…
- Perdón, lo interrumpí deteniéndome,
nunca oí que hablase mal de usted; por el
contrario, un día, no hace mucho, le dijo a
una persona, en mi presencia, que usted era
DON CASMURRO
175
“un hombre capaz y sabía hablar como un
diputado en las cámaras”.
José Días sonrió con placer, pero hizo
un gran esfuerzo y recuperó su expresión
seria; después replicó:
- No le agradezco nada. Otros de
mejor sangre me han favorecido con juicios
elevados. Y nada de eso impide que él sea
como te acabo de decir.
Seguimos caminando, subimos a la
terraza y miramos al mar.
- Creo que usted no desea para mí más
que el bien, dije después de unos instantes.
- ¿Qué otra cosa podría desearte,
Bentiño?
- En ese caso, le pido un favor.
- ¿Un favor? Manda, ordena, ¿de qué
se trata?
- Mi madre…
Durante algún tiempo no pude decir
el resto, que era poco y me lo sabía de
MACHADO DE ASSIS
176
memoria. José Días volvió a preguntar de qué
se trataba, me lo sonsacaba con suavidad,
me levantaba el mentón y fijaba sus ojos en
mí, ansioso también, como la prima Justina
el día anterior.
- ¿Tu madre? ¿Qué pasa con tu
madre?
- Mi madre quiere que sea cura, pero
yo no puedo ser cura, dije finalmente.
José Días se irguió con asombro.
- No puedo, continué, no menos
sorprendido que él, no tengo carácter, no me
gusta la vida de cura. Estoy dispuesto a todo
lo que quiera; mi madre sabe que hago todo
lo que me manda, estoy dispuesto a ser lo
que sea de su agrado, incluso conductor de
autobús. Cura, no; no puedo ser cura. La
carrera es bonita, pero no está hecha para
mí.
Todo ese discurso no me salió así de
golpe, naturalmente hilado, perentorio, como
pudiera deducirse del texto, sino a trozos,
mascullado, con voz un poco sorda y tímida.
No obstante, José Días lo había oído
sorprendido. Ciertamente no contaba con mi
DON CASMURRO
177
resistencia por más que fuese tímida, pero lo
que más lo asombró fue la siguiente
conclusión:
- Cuento con usted para salvarme.
Los ojos del allegado se desorbitaron,
las cejas se le arquearon y el placer que yo
pensaba darle con haberlo elegido para
protegerme no se reflejó en ninguno de sus
músculos. Toda su cara era poca para la
estupefacción. Realmente la materia del
discurso había revelado en mí un alma nueva,
yo mismo no me conocía. Pero la palabra
final tuvo un vigor único. José Días se quedó
aturdido. Cuando sus ojos volvieron a las
dimensiones normales:
- ¿Pero qué puedo hacer yo? preguntó.
- Mucho. Sabe usted que en mi casa
todos lo aprecian. Mi madre le pide consejo
muchas veces, ¿verdad? Mi tío Cosme dice
que es usted persona de talento…
- Son bondades, replicó, lisonjeado.
Son favores de personas dignas, que lo
merecen todo… ¡Ahí está! Nunca nadie me
oirá decir nada de tales personas; ¿por qué?,
porque son ilustres y virtuosas. Tu madre es
MACHADO DE ASSIS
178
una santa, tu tío un caballero perfectísimo.
He conocido familias distinguidas, ninguna
le podría ganar a la tuya en nobleza de
sentimientos. El talento que tu tío ve en mí
confieso que lo tengo, pero es sólo uno, es el
talento de saber lo que es bueno y digno de
admiración y de aprecio.
- Debería tener también el de proteger
a los amigos como yo.
- ¿En qué te puedo valer, ángel del
cielo? No puedo disuadir a tu madre de un
proyecto que es, además de una promesa,
su ambición y su sueño de largos años. Y si
pudiese, sería tarde. Incluso ayer me hizo el
favor de decir: “José Días, necesito meter a
Bentiño en el seminario.”
Inhibición no es moneda sin valor,
como parece. Si yo fuese desinhibido, sería
probable que, con la indignación que sentí,
estallase llamándole mentiroso, pero en tal
caso hubiera sido necesario confesarle que
estuve escuchando detrás de la puerta y una
acción valía por otra. Me contenté con
responderle que no era tarde.
- No es demasiado tarde, aún hay
tiempo, si usted quiere.
DON CASMURRO
179
- ¿Si yo quiero? ¿Pero qué otra cosa
quiero yo sino servirte? ¿Qué deseo sino que
seas feliz como mereces?
- Pues todavía estamos a tiempo. Mire,
no es por pereza. Estoy dispuesto a todo; si
ella quiere que yo estudie leyes, iré a São
Paulo.
Capítulo 26
Las leyes son bellas
183
Las leyes son bellas
Por la cara de José Días pasó algo
parecido al reflejo de una idea, una idea que
lo alegró extraordinariamente. Se calló unos
instantes; yo tenía los ojos puestos en él, el
había vuelto los suyos hacia la entrada de la
bahía. Pero insistió:
- Es tarde, dijo; pero, para probarte
que no es por falta de voluntad, hablaré con
tu madre. No te prometo ganar, pero sí
luchar; trabajaré con ahínco. ¿De verdad, no
quieres ser cura? Las leyes son bellas,
querido… Puedes ir a S. Paulo, a Pernambuco
o incluso más lejos. Hay buenas universidades
por ahí. Dedícate a las leyes, si ésa es tu
vocación. Hablaré con D.ª Gloria, pero no
cuentes sólo conmigo; habla también con tu
tío.
- De acuerdo, hablaré con él.
CAPÍTULO XXVI
MACHADO DE ASSIS
184
- Y encomiéndate también a Dios, a
Dios y a la Virgen Santísima, concluyó
señalando hacia el cielo.
El cielo estaba bastante oscuro. En el
aire, cerca de la playa, grandes pájaros
negros volaban en círculos, batiendo las alas
o cerniéndose y se lanzaban hasta rozar con
sus patas en el agua y volvían a ascender
para bajar de nuevo. Pero ni las sombras
del cielo ni las danzas fantásticas de los
pájaros apartaban mi espíritu de mi
interlocutor. Después de responderle que sí,
corregí:
- Dios hará lo que usted quiera.
- No blasfemes. Dios es dueño de todo;
él es, sólo por sí, la tierra y el cielo, el pasado,
el presente y el futuro. Pídele tu felicidad, que
yo no hago otra cosa… Ya que no puedes
ser cura y prefieres las leyes… Las leyes son
bellas, sin desmerecer la teología, que es lo
mejor, como la vida eclesiástica es la más
santa. ¿Por qué no puedes ir a estudiar leyes
fuera de aquí? Lo mejor es que vayas
enseguida a una universidad y al mismo
tiempo que estudias, viajas. Podemos ir juntos;
veremos tierras extranjeras, oiremos inglés,
francés, italiano, español, ruso e incluso
DON CASMURRO
185
sueco. D.ª Gloria probablemente no podrá
acompañarte; y aunque pueda y vaya, no
querrá encargarse de los asuntos, papeles,
matrículas y cuidar del hospedaje y andar
contigo de un lado para otro… ¡Oh!, ¡las leyes
son bellísimas!
- Lo dicho, ¿pedirá a mamá que no
me meta en el seminario?
- Se lo pediré, pero pedir no es
conseguir. Ángel de mi corazón, si voluntad
de servir es poder de mandar, estamos aquí,
estamos a bordo. ¡Ah!, no imaginas lo que
es Europa; ¡oh!, Europa…
Levantó la pierna e hizo una pirueta.
Una de sus ambiciones era volver a Europa,
hablaba muchas veces de eso, sin lograr
tentar a mi madre ni a mi tío Cosme, por más
que elogiase sus aires y bellezas… Hasta
ahora no había contado con esta posibilidad
de ir conmigo y quedarse allí durante la
eternidad de mis estudios.
- ¡Estamos a bordo, Bentiño, estamos
a bordo!
Capítulo 27
En el portón
189
En el portón
En el portón del Paseo un mendigo nos
pidió limosna. José Días pasó de largo, pero
yo pensé en Capitú y en el seminario y saqué
una moneda del bolsillo y se la di al mendigo.
Éste la besó; yo le pedí que rogase a Dios
por mí, a fin de que yo pudiese satisfacer
todos mis deseos.
- ¡Claro que sí, amigo mío!
- Me llamo Bento, añadí para
informarlo.
CAPÍTULO XXVII
Capítulo 28
En la calle
193
En la calle
José Dias iba tan contento que se
transformó de un hombre de momentos
graves, como era en la calle, en un hombre
flexible e inquieto. Se movía, hablaba de todo,
hacía que me parara a cada instante delante
de un escaparate o de un cartel de teatro.
Me contaba el argumento de algunas obras,
recitaba monólogos en verso. Hizo todos los
recados, pagó las cuentas, cobró los
alquileres de las casas, se compró un
vigésimo de lotería. Finalmente el hombre
rígido venció al flexible, y pasó a hablar
pausadamente, con superlativos. No me
pareció que el cambio fuese natural; temí que
hubiese cambiado la decisión pactada y
comencé a tratarlo con palabras y gestos
cariñosos hasta que tomamos el autobús.
CAPÍTULO XXVIII
Capítulo 29
El Emperador
197
El Emperador
En el trayecto encontramos al
Emperador, que venía de la Facultad de
Medicina. El autobús en el que íbamos se
detuvo como todos los vehículos; los
pasajeros descendieron a la calle y se
quitaron el sombrero hasta que pasó el coche
imperial. Cuando regresé a mi asiento, tenía
una idea fantástica, la idea de ir a hablar
con el Emperador, contarle todo y pedirle su
intervención. No le confiaría esta idea a
Capitú. “Si se lo pide su Majestad, mi madre
cederá”, pensé para mis adentros.
Vi entonces al Emperador
escuchándome, reflexionando y acabando
por decir que sí, que iría a hablar con mi
madre; yo le besaba las manos con lágrimas.
Y enseguida me encontré en casa, esperando,
hasta que oí a los batidores y al piquete de
caballería; ¡es el Emperador!, ¡es el
CAPÍTULO XXIX
MACHADO DE ASSIS
198
Emperador!, todo el mundo se asomaba a
las ventanas para verlo pasar, pero no
pasaba, el coche se detenía en nuestra
puerta, el Emperador se apeaba y entraba.
Gran alborozo en el vecindario: “¡El
Emperador ha entrado en casa de D.ª Gloria!
¿Qué será? ¿Qué no será?” Nuestra familia
salía a recibirlo, mi madre era la primera
que le besaba la mano. Entonces el
Emperador, risueño, sin entrar en la sala o
entrando –no lo recuerdo bien, los sueños
son muchas veces confusos- le pedía a mi
madre que no me obligara a ser cura y ella,
lisonjeada y obediente, le prometía que no.
- Medicina, - ¿por qué no le manda
estudiar medicina?
- Si es del agrado de su Majestad…
- Mándele estudiar medicina, es una
bonita carrera y tenemos aquí buenos
profesores. ¿Nunca ha ido a nuestra
Facultad? Es una bella Facultad. Ya tenemos
médicos de primera categoría que se pueden
hombrear con los mejores de otros países.
La medicina es una gran ciencia; basta con
dar salud a los demás, conocer sus molestias,
combatirlas, vencerlas… Usted misma habrá
visto milagros. Su marido murió, pero la
DON CASMURRO
199
enfermedad era fatal y él no se cuidaba… Es
una bonita carrera, mándelo a nuestra
Facultad. Haga eso por mí. ¿Qué te parece,
Bentiño?
- Si mi madre lo desea…
- Sí, lo deseo, hijo mío. Lo ordena Su
Majestad.
Entonces el Emperador de nuevo daba
a besar su mano y salía, acompañado de
todos nosotros; la calle llena de gente, las
ventanas repletas, un silencio de asombro;
el Emperador entraba en el coche, se
inclinaba y hacía un gesto de despedida,
diciendo: “La medicina, nuestra Facultad.” Y
el coche partía entre envidias y
agradecimientos.
Todo eso lo vi y lo oí. No, la
imaginación de Ariosto no es más fértil que
la de los niños y los enamorados, ni la visión
de lo imposible necesita más que un rincón
del autobús. Me consolé por unos instantes,
digamos minutos, hasta que se esfumó la
visión y miré las caras sin sueños de mis
compañeros.
Capítulo 30
El Santísimo
203
El Santísimo
Habrás entendido que aquel recuerdo
del Emperador respecto a la medicina no era
más que el reflejo de mi poca voluntad de
irme de Río de Janeiro. Los sueños que se
sueñan despierto son como los demás sueños,
se tejen por el patrón de nuestras
inclinaciones y de nuestros recuerdos. Valga
que fuese a S. Paulo, pero a Europa… Estaba
demasiado lejos, mucho mar y mucho tiempo.
¡Viva la medicina! Le contaría estas
esperanzas a Capitú.
- Parece que va a salir el Santísimo,
dijo alguien en el autobús. Oigo una
campana, creo que es en San Antonio de los
Pobres. ¡Pare, señor cobrador!
El cobrador de los billetes tiró de la
correa que llegaba hasta el brazo del
conductor, el autobús paró y el hombre bajó.
CAPÍTULO XXX
MACHADO DE ASSIS
204
José Días giró dos veces la cabeza con rapidez,
me agarró del brazo y me hizo bajar con él.
Acompañaríamos también al Santísimo.
Efectivamente, la campana llamaba a los fieles
para la ceremonia de los últimos sacramentos.
Ya había algunas personas en la sacristía. Era
la primera vez que me encontraba en un
momento tan solemne; obedecí, constreñido al
principio, pero inmediatamente después
satisfecho, menos por la caridad de la
ceremonia que por conseguir un papel de
adulto. Cuando el sacristán comenzó a distribuir
las hopas, entró un sujeto alocadamente; era
mi vecino Padua, que también iba a acompañar
al Santísimo. Nos vio y vino a saludarnos. José
Días hizo un gesto de desagrado y apenas le
respondió con una palabra seca, mirando hacia
el cura que se lavaba las manos. Después, como
Padua hablaba con el sacristán en voz baja,
se acercó a ellos; yo hice lo mismo. Padua le
pedía al sacristán llevar una de las varas del
palio. José Días pidió otra.
- Sólo hay una disponible, dijo el
sacristán.
- Pues es para mí, dijo José Días.
- Pero yo la he pedido primero, se
atrevió Padua.
DON CASMURRO
205
- La ha pedido primero, pero ha
llegado tarde, replicó José Días; yo ya estaba
aquí. Lleve usted una vela.
Padua, pese al miedo que le tenía al
otro, insistía en que quería la vara, todo eso
en voz baja y sorda. El sacristán halló el modo
de conciliar la rivalidad, ocupándose de
conseguir de uno de los que portaban el palio
que cediese su vara a Padua, conocido en la
parroquia al igual que José Días. Así lo hizo,
pero José Días frustró esta combinación.
Cuando ya había otra vara disponible, la
pidió para mí, “joven seminarista”, a quien
esta distinción cabía preferentemente. Padua
se puso pálido como la cera. Era poner a
prueba el corazón de un padre. El sacristán,
que me conocía de verme allí con mi madre
los domingos, preguntó con curiosidad si yo
de verdad era seminarista.
- Aún no, pero lo será, respondió José
Dias, guiñándome el ojo izquierdo, lo cual,
pese al aviso, me encolerizó.
- Bueno, se la cedo a nuestro Bentiño,
suspiró el padre de Capitú.
Yo también quise cederle la vara; me
vino a la memoria que él solía acompañar al
MACHADO DE ASSIS
206
Santísimo Sacramento para los moribundos,
llevando una vela, pero que la última vez
había conseguido una vara del palio. La
especial distinción del palio se debía a que
cubría al vicario y al sacramento; para las
velas servía cualquiera. Él mismo me lo contó
y me lo explicó, lleno de una gloria pía y
risueña. Así se entiende el alborozo con el
que había entrado en la iglesia; era su
segunda ocasión de llevar el palio, por eso
se preocupó de pedirlo inmediatamente. ¡Y
nada! Y volvía a la vela común, de nuevo la
interinidad interrumpida; el administrador
regresaba al antiguo cargo… Quise cederle
la vara; el allegado me impidió ese acto de
generosidad y le pidió al sacristán que nos
pusiese, a él y a mí, con las dos varas de
delante, abriendo la marcha del palio.
Vestidas las hopas, distribuidas y
encendidas las velas, el cura y el cáliz
preparados, el sacristán con el hisopo y la
campanilla en las manos, salió la procesión
a la calle. Cuando me vi con una de las varas,
pasando ante los fieles, que se arrodillaban,
me quedé conmovido. Padua roía la vela
amargamente. Es una metáfora, no encuentro
otra forma más viva de expresar el dolor y la
humillación de mi vecino. Por lo demás, no
pude mirarlo por mucho tiempo ni tampoco
DON CASMURRO
207
al allegado, quien, en paralelo conmigo,
alzaba la cabeza con aire de ser él mismo el
Dios de los ejércitos. Al rato, me sentí
cansado; los brazos me flaqueaban, por
fortuna la casa estaba cerca, en la calle del
Senado.
La enferma era una señora viuda,
tísica, tenía una hija de quince o dieciséis
años, que estaba llorando en la puerta de la
habitación. La joven no era hermosa, quizá
ni tuviera gracia; los cabellos le caían
despeinados y las lágrimas le hacían entornar
los ojos. No obstante, el conjunto era
expresivo y cautivaba el corazón. El vicario
confesó a la enferma, le dio la comunión y
los santos óleos. El llanto de la joven aumentó
tanto que sentí mis ojos húmedos y huí. Llegué
cerca de una ventana. ¡Pobre criatura! El
dolor era comunicativo en sí mismo;
complicado con el recuerdo de mi madre,
me dolía más y, cuando finalmente pensé en
Capitú, sentí ganas de llorar también, seguí
por el pasillo y oí a alguien que me decía:
- ¡No llores!
La imagen de Capitú venía conmigo y
mi imaginación, así como hacía poco le había
atribuido lágrimas, del mismo modo le
MACHADO DE ASSIS
208
llenaba ahora la boca de risa; la vi escribir
en el muro, hablarme, andar a mi alrededor
con los brazos en el aire; oí claramente mi
nombre, con una dulzura que me embriagó,
y su voz. Las velas encendidas, tan lúgubres
en esa situación, tenían para mí reflejos de
un brillo nupcial… ¿Brillo nupcial? No sé; era
algo opuesto a la muerte, y no veo nada
mejor que una boda. Esta nueva sensación
me dominó tanto que José Días se me acercó
y me dijo al oído, en voz baja:
- ¡No te rías así!
Me puse serio enseguida. Era el
momento de la salida. Tomé mi vara y, como
ya sabía la distancia y ahora regresábamos
a la iglesia, por lo cual el trayecto parecía
menor y sentía el peso de la vara más ligero.
Además, el sol de afuera, la animación de la
calle, los muchachos de mi edad que me
observaban llenos de envidia, las devotas que
se asomaban a las ventanas o salían a las
calles y se arrodillaban a nuestro paso, todo
me llenaba el alma de una alegría nueva.
Padua, por el contrario, iba más
humillado. Pese a haber sido sustituido por
mí, no acababa de consolarse con la vela,
con la miserable vela. Y sin embargo, había
DON CASMURRO
209
otros que también llevaban vela y sólo
mostraban la compostura del acto; no iban
animados, pero tampoco iban tristes. Se
notaba que caminaban con orgullo.
Capítulo 31
Las curiosidades de Capitú
213
Las curiosidades de Capitú
Capitú prefería cualquier cosa antes
que el seminario. En lugar de quedarse
abatida con la amenaza de una larga
separación, si tuviese éxito la idea de Europa;
se mostró satisfecha. Y cuando yo le conté
mi sueño imperial:
- No, Bentiño, dejemos tranquilo al
Emperador, replicó; quedémonos por ahora
con la promesa de José Días. ¿Cuándo dijo
que hablaría con tu madre?
- No fijó día; prometió que la vería,
que hablaría en cuanto pudiese y que me
encomendase a Dios.
Capitú quiso que le repitiese todas las
respuestas del allegado, los cambios en sus
gestos y hasta la pirueta, que apenas le había
contado. Pedía el sonido de las palabras. Era
CAPÍTULO XXXI
MACHADO DE ASSIS
214
minuciosa y atenta; la narración y el diálogo,
todo parecía rumiarlo. También se puede
decir que comprobaba, clasificaba y fijaba
en la memoria mi exposición. Esta imagen es
quizá mejor que la otra, pero la óptima de
ellas es ninguna. Capitú era Capitú, esto es,
una criatura muy particular, era más mujer
que yo hombre. Si aún no lo había dicho,
aquí queda dicho. Si lo había dicho, aquí
queda dicho también. Hay conceptos que se
deben inculcar en el alma del lector a fuerza
de repetirlos.
Era también más curiosa. Las
curiosidades de Capitú merecen un capítulo.
Eran de varia especie, explicables e
inexplicables, útiles e inútiles, graves o
frívolas; le gustaba saberlo todo. En el
colegio, donde desde los siete años había
aprendido a leer, escribir y contar, francés,
doctrina y labores de costura, no aprendió
por ejemplo a hacer bolillos; por eso quiso
que la prima Justina le enseñase. No estudió
latín con el padre Cabral, porque el cura,
después de proponérselo de broma, acabó
diciéndole que el latín no era lengua de
muchachas. Capitú me confesó un día que
por esta razón tuvo el deseo de aprenderlo.
En compensación, quiso aprender inglés con
un viejo profesor amigo de su padre y
DON CASMURRO
215
compañero de éste en la petanca, pero no
continuó con su propósito. Mi tío Cosme le
enseñó back gamón.
- Capitú, ven que te voy a ganar por
un palizón, le decía él.
Capitú obedecía y jugaba con
facilidad, con atención, no sé si decir con
amor. Un día la encontré dibujando un retrato
a lápiz, le estaba dando los últimos retoques
y me pidió que esperase para ver si guardaba
algún parecido. Era el de mi padre, copiado
del cuadro que mi madre tenía en la sala y
que aún conservo. Perfecto no era; al
contrario, los ojos le habían salido
desorbitados y los cabellos eran pequeños
círculos, unos sobre otros. Pero, sin tener
rudimentos de arte, y habiendo hecho aquello
de memoria en pocos minutos, me pareció
una obra de mucho mérito; descontadme la
edad y la simpatía. Incluso así, apuesto a que
hubiera aprendido fácilmente a pintar, como
aprendió música más tarde. Ya entonces se
interesaba por el piano de nuestra casa, viejo
trasto inútil, sólo decorativo. Leía nuestras
novelas, hojeaba nuestros libros de
grabados, quería saber de las ruinas, de las
personas, de las regiones, el nombre, la
historia, el lugar. José Días le daba esas
MACHADO DE ASSIS
216
informaciones con cierto orgullo de erudito.
Su erudición no era mucho mayor que su
homeopatía de Cantagalo.
Un día Capitú quiso saber qué eran los
retratos de la sala de visitas. El allegado se lo
explicó sumariamente, demorándose un poco
más en César, con exclamaciones y latines:
- ¡César! ¡Julio César! ¡Gran hombre!
¿Tu quoque, Brute?
Capitú no encontraba bonito el perfil
de César, pero las hazañas citadas por José
Días le provocaban gestos de admiración. Se
quedó mucho tiempo mirándolo. ¡Un hombre
que lo podía todo!, ¡que lo hacía todo! ¡Un
hombre que le regalaba a una señora una
perla valorada en seis millones de sestercios!
- ¿Y cuánto valía un sestercio?
José Días, no teniendo presente el valor
de los sestercios, respondió entusiasmado:
- ¡Es el mayor hombre de la historia!
La perla de César iluminaba los ojos
de Capitú. En esa ocasión le preguntó a mi
madre por qué ya no usaba las joyas del
DON CASMURRO
217
retrato, se refería al que estaba en la sala
junto al de mi padre; llevaba un gran collar,
una diadema y unos pendientes.
- Son joyas viudas, como yo, Capitú.
- ¿Cuándo se las puso?
- Fue en las fiestas de la Coronación.
- ¡Oh!, ¡cuénteme las fiestas de la
Coronación! Sabía lo que sus padres le
habían contado, pero naturalmente creía que
ellos no sabrían mucho más que lo que había
pasado en la calle. Ella quería información
de las tribunas de la Capilla Imperial y de
los salones de los bailes. Había nacido mucho
después de aquellas fiestas célebres. Como
había oído hablar varias veces de la
Mayoridad, insistió un día en saber lo había
sido este acontecimiento; se lo contaron y le
pareció que el Emperador había hecho muy
bien en querer ascender al trono a los quince
años. Todo era motivo para las curiosidades
de Capitú, muebles antiguos, joyas viejas,
costumbres, noticias de Itaguaí, la infancia y
la juventud de mi madre, un dicho de aquí,
un recuerdo de allí, un adagio de allá…
Capítulo 32
Ojos de resaca
221
Ojos de resaca
Todo era motivo de curiosidad para
Capitú. Hubo una ocasión, sin embargo, en
que no sé si aprendió o enseñó, o si hizo
ambas cosas, como yo. Lo contaré en el
siguiente capítulo. En éste diré solamente que,
después de algunos días del acuerdo con el
allegado, fui a ver a mi amiga; eran las diez
de la mañana. D.ª Fortunata, que estaba en
el huerto, ni siquiera esperó a que le
preguntase por su hija.
- Está en la sala, peinándose, me dijo.
Ve despacito para darle un susto.
Fui despacio, pero me traicionó el pie
o el espejo. Quizá no fue el espejo. Era un
espejito de alpaca (perdonad la modestia),
comprado a un buhonero italiano, marco
tosco, argollita de latón, colgado en la pared
entre dos ventanas. Si no fue éste, fue el pie.
CAPÍTULO XXXII
MACHADO DE ASSIS
222
Uno u otro, la verdad es que, apenas entré
en la sala, peine, cabellos, toda ella voló por
los aires; sólo le oí esta pregunta:
- ¿Hay novedades?
- No hay ninguna, le respondí; he
venido a verte antes de que llegue el padre
Cabral para la clase. ¿Cómo has dormido?
- Bien. ¿José Días todavía no le ha
dicho nada?
- Me parece que no.
- ¿Cuándo se lo dirá?
- Me dijo que hoy o mañana tocará el
tema; pero no de golpe, hablará primero por
encima y de refilón, un toque. Después,
entrará en materia. Quiere ver primero si mi
madre ha tomado la decisión…
- Tomarla, la ha tomado, interrumpió
Capitú. No se le requeriría si no fuese
necesario alguien para resolverlo ahora y
definitivamente. Dudo que José Días pueda
influir tanto; creo que hará todo lo que pueda,
si comprende que realmente no quieres ser
cura, ¿pero lo conseguirá…? A él lo tienen
DON CASMURRO
223
en cuenta; si, sin embargo… ¡Esto es un
infierno! Insístele, Bentiño.
- Le insistiré, hoy mismo hablará.
- ¿Lo juras?
- ¡Lo juro! Deja que te mire a los ojos,
Capitú.
Acababa de recordar cómo José Días
los había definido, “ojos de gitana oblicua y
disimulada”. Yo no sabía lo que era oblicua,
pero sí lo que significaba disimulada y quería
saber si se les podía llamar así. Capitú se
dejó observar y examinar. Sólo me
preguntaba qué pasaba, si es que nunca los
había visto; yo no vi nada extraordinario, el
color y la dulzura eran conocidos míos. El
detenimiento con que los contemplé creo que
le dio una idea distinta de mi intención;
imaginó que era un pretexto para mirarlos
más de cerca, con mis ojos grandes,
constantes, fijos en los suyos y a eso le
atribuyo que comenzasen a parecer más
grandes, más grandes y sombríos, con una
expresión que…
Retórica de enamorados, dame una
comparación exacta y poética para decir lo
MACHADO DE ASSIS
224
que fueron aquellos ojos de Capitú. No me
acude una imagen capaz de decir, sin merma
de la dignidad del estilo, lo que fueron y lo
que me hicieron. ¿Ojos de resaca? Eso, de
resaca. Es lo más parecido a esa nueva
peculiaridad. Tenían no sé qué fluido
misterioso y enérgico, una fuerza que
arrastraba hacia adentro como la ola que se
retira de la playa en los días de resaca. Para
que no me arrastrasen, me fijé en sus orejas,
en sus brazos, en sus cabellos esparcidos por
los hombros; pero así que miraba sus pupilas,
la ola que salía de ellas iba creciendo, hueca
y oscura, amenazando con envolverme,
arrastrarme y tragarme. ¿Cuántos minutos
pasamos en aquel juego? Sólo los relojes del
cielo habrán marcado ese tiempo infinito y
breve. La eternidad tiene sus péndulos y no
por no acabar nunca deja de querer saber
la duración de las felicidades y los suplicios.
Conocer la suma de los tormentos que ya
habrán padecido en el infierno sus enemigos
doblará su gozo a los bienaventurados del
cielo, así también la cantidad de las delicias
que habrán disfrutado en el cielo sus
contrarios aumentará los dolores de los
condenados al infierno. Este suplicio escapó
al divino Dante, pero yo no estoy aquí para
enmendar poetas. Estoy para contar que,
pasado un tiempo indeterminado, tomé
DON CASMURRO
225
definitivamente los cabellos de Capitú, ahora
con las manos, y le dije –por decir algo- que
era capaz de peinárselos, si quería.
- ¿Tú?
- Yo mismo.
- Vas a enredarme los cabellos, estoy
segura.
- Si te los enredo, tú te lo desenredarás
después.
- Vamos a verlo.
Capítulo 33
El peinado
229
El peinado
Capitú me dio la espalda, mirándose
en el espejito. Le agarré los cabellos, los
tomé todos y comencé a peinárselos con el
peine, desde la raíz hasta las últimas
puntas, que le llegaban hasta la cintura. De
pie, no me era posible: no habrás olvidado
que ella era un poquito más alta que yo,
pero tampoco hubiera podido aunque fuera
de la misma estatura. Le pedí que se
sentase.
- Siéntate aquí, es mejor.
Se sentó. “Vamos a ver al gran
peluquero”, me dijo riéndose. Continué
peinándole sus cabellos con mucho cuidado
y se los dividí en dos partes iguales para
hacerle las dos trenzas. No las hice enseguida
ni tan deprisa como pueden suponer los
peluqueros de oficio, sino despacio,
CAPÍTULO XXXIII
MACHADO DE ASSIS
230
despacito, saboreando por el tacto aquellos
hilos abundantes que formaban parte de ella.
El trabajo era torpe, a veces por negligencia,
otras a propósito para deshacer lo hecho y
rehacerlo. Mis dedos rozaban la nuca de la
muchacha o su espalda vestida de algodón y
la sensación era un deleite. Pero, al fin, los
cabellos se iban acabando, por más que yo
los quisiese interminables. No le pedí al cielo
que fuesen tan largos como los de la Aurora,
porque todavía no conocía esta divinidad que
los viejos poetas me presentaron después;
pero deseé peinarlos por todos los siglos de
los siglos, hacer dos trenzas que pudiesen
envolver el infinito un número innombrable de
veces. Si esto te parece enfático, desgraciado
lector, es que nunca peinaste a una joven,
nunca pusiste tus manos adolescentes en la
joven cabeza de una ninfa… ¡Una ninfa! Todo
yo estoy mitológico. Hace un momento,
hablando de sus ojos de resaca, llegué a
escribir Tetis; taché Tetis, tachemos ninfa;
digamos solamente una criatura amada,
palabra que abarca todas las potencias
cristianas y paganas. Finalmente acabé las dos
trenzas. ¿Dónde estaba la cinta para atarles
las puntas? Encima de la mesa, un triste trozo
de cinta sucia. Junté las puntas de las trenzas,
las uní con un lazo, retoqué la obra alargando
aquí, acortando allí, hasta que exclamé:
DON CASMURRO
231
- ¡Ya está!
- ¿Ha quedado bien?
- Mírate al espejo.
En lugar de mirarse al espejo, qué
pensáis que hizo Capitú. No os olvidéis que
estaba sentada de espaldas a mí. Capitú giró
la cabeza, hasta tal punto que fue preciso
sostenerla con mis manos; el respaldo de la
silla era bajo. Me incliné después sobre ella,
cara a cara, pero inversamente, sus ojos a la
altura de mi boca. Le pedí que levantase la
cabeza, podía marearse, hacerse daño en el
cuello. Llegué a decirle que estaba fea, pero
ni este argumento la hizo moverse.
- ¡Levántate, Capitú!
No quiso, no levantó la cabeza y nos
quedamos así, mirándonos el uno al otro,
hasta que ella juntó sus labios, yo bajé los
míos, y…
Grande fue la sensación del beso;
Capitú se levantó, rápida, yo retrocedí hasta
la pared con una especie de vértigo, sin
habla, los ojos enturbiados. Cuando se me
aclararon, vi que Capitú tenía los suyos
MACHADO DE ASSIS
232
mirando al suelo. No me atreví a decir nada;
aunque quisiese, me faltaba la lengua. Preso,
atontado, no encontraba gesto ni fuerza que
me despegase de la pared y me lanzase
sobre ella con mil palabras cálidas y
mimosas… No te mofes de mis quince años,
lector precoz. Con diecisiete, Des Grieux (y
además era Des Grieux) no era todavía
consciente de la diferencia entre los sexos.
Capítulo 34
¡Soy un hombre!
235
¡Soy un hombre!
Oímos pasos en el pasillo: era D.ª
Fortunata. Capitú reaccionó deprisa, tan
deprisa que cuando su madre llegó a la
puerta ella se estaba riendo. Ningún signo
de palidez, ninguna muestra de timidez, una
risa espontánea y clara, que ella explicó con
estas palabras alegres:
- Fíjate, mamá, cómo me ha peinado
este señor peluquero; quería terminar mi
peinado y mira lo que me ha hecho. ¡Mira
qué trenzas!
- ¿Qué les pasa?, respondió su madre,
rebosando benevolencia. Está muy bien, nadie
diría que lo ha hecho uno que no sabe peinar.
- ¿Qué dices, mamá?, ¿esto?, replicó
Capitú, deshaciéndose las trenzas, ¡Venga,
mamá!
CAPÍTULO XXXIV
MACHADO DE ASSIS
236
Y con un enfado gracioso y voluntario
que a veces tenía, agarró el peine y se
desenredó el cabello para volver a peinarse.
D.ª Fortunata la llamó tonta y me dijo que no
le hiciese caso, que no era nada, locuras de
su hija. Nos miraba con ternura. Después creo
que sospechó. Viéndome callado, confuso,
pegado a la pared, quizá pensó que había
habido entre nosotros algo más que el
peinado y sonrió con disimulo…
Como yo también quería hablar para
disimular mi estado, busqué algunas palabras
en mi interior y me acudieron de golpe, pero
atropelladamente, y me llenaron la boca sin
que pudiera salir ninguna. El beso de Capitú
me había sellado los labios. Una
exclamación, un simple artículo, por más que
empujasen con fuerza no lograban salir de
mi interior. Y todas las palabras
permanecieron en mi corazón, murmurando:
“Aquí hay uno que no hará gran carrera en
el mundo, a poco que sus emociones lo
dominen…”
Así, sorprendidos por su madre,
éramos dos en contradicción, ella encubría
con la palabra lo que yo publicaba con el
silencio. D.ª Fortunata me sacó de aquella
tribulación, diciendo que mi madre me había
DON CASMURRO
237
mandado llamar para la clase de latín; el
padre Cabral me estaba esperando. Era una
salida, me despedí y me fui por el pasillo.
Andando, oí que la madre censuraba las
maneras de su hija, pero la hija no decía
nada.
Corrí hacia mi habitación, tomé los
libros, pero no fui a la sala para la clase; me
senté en la cama, recordando el peinado y
el resto. Tenía temblores, tenía unos olvidos
en los que perdía la conciencia de mí y de
las cosas que me rodeaban, para vivir no sé
dónde ni cómo. Y recuperaba la conciencia
y veía la cama, las paredes, los libros, el
suelo, oía algún sonido de afuera, vago,
próximo o remoto, y luego lo olvidaba todo
para sentir solamente los labios de Capitú…
Los sentía entregados bajo los míos,
igualmente ofrecidos a los suyos, uniéndose
los unos a los otros. De repente, sin querer,
sin pensar, me salió de la boca esta expresión
de orgullo:
- ¡Soy un hombre!
Supuse que me habrían oído, porque
la expresión me salió en voz alta y corrí hacia
la puerta de la alcoba. No había nadie
afuera. Volví adentro y, bajito, repetí que era
MACHADO DE ASSIS
238
un hombre. Todavía ahora oigo el eco en mis
oídos. El placer que esto me causó fue
enorme. Colón no tuvo mayor placer cuando
descubrió América y perdonad la banalidad
en beneficio de la oportunidad; en efecto,
hay en cada adolescente un mundo
encubierto, un almirante y un sol de octubre.
Hice otros descubrimientos más tarde,
ninguno me deslumbró tanto. La denuncia de
José Días me había sobresaltado, la lección
del viejo cocotero también, la visión de
nuestros nombres grabados por ella en el
muro del huerto me produjo, como has visto,
un gran alborozo; pero nada de eso era
comparable con la sensación del beso.
Podían ser mentira o ilusión. Al ser verdad,
eran los huesos de la verdad, no eran su
carne ni su sangre. Las mismas manos,
tocadas, estrechadas, como fundidas, no
podían decirlo todo.
- ¡Soy un hombre!
Cuando repetí esto por tercera vez,
pensé en el seminario, pero como se piensa
en un peligro que ha pasado, un mal
abortado, una pesadilla extinguida; todos mis
nervios me dijeron que para ser un hombre
no hace falta ser cura. Mi sangre era de la
misma opinión. Otra vez sentí los labios de
DON CASMURRO
239
Capitú. Quizá abuso un poco de las
reminiscencias osculares; pero la nostalgia
es precisamente esto, el pasar y repasar las
memorias antiguas. Pero, de todas las de
aquella época creo que la más dulce fue ésta,
la más nueva, la más envolvente, la que
enteramente me reveló a mí mismo. Tengo
otras, vastas y numerosas, también dulces,
de varia especie, muchas intelectuales,
igualmente intensas. Por muy gran hombre
que llegase a ser, su recuerdo sería menor.
Capítulo 35
El protonotario apostólico
243
CAPÍTULO XXXV
El protonotario apostólico
Finalmente tomé los libros y corrí a
clase. No corrí exactamente; me paré a medio
camino, advirtiendo que debía ser muy tarde
y podrían notarme algo en el semblante.
Pensé en mentir, en alegar un vértigo que me
hubiese desmayado; pero el mal rato que le
hubiese dado a mi madre me hizo desistir.
Pensé en prometer algunas decenas de
padrenuestros; tenía, sin embargo, otra
promesa en curso y otro favor pendiente…
No, vamos a ver; fui andando, oí voces
alegres, conversaban en voz alta. Cuando
entré en la sala, nadie me censuró.
El padre Cabral había recibido en la
víspera un mensaje del internuncio; fue a
verlo y supo que, por decreto pontificio,
acababa de ser nombrado protonotario
apostólico. Esta distinción del Papa le produjo
una gran alegría a él y a todos los nuestros.
MACHADO DE ASSIS
244
Mi tío Cosme y la prima Justina repetían el
título con admiración; era la primera vez que
sonaba en nuestros oídos acostumbrados a
canónigos, monseñores, obispos, nuncios e
internuncios; ¿pero qué significaba
protonotario apostólico? El padre Cabral
nos explicó que no era tan importante el
cargo de la curia como las honras que
comportaba. Mi tío Cosme se sintió
encumbrado por ser su compañero del juego
del tresillo y repetía:
- ¡Protonotario apostólico!
Y dirigiéndose a mí:
- Prepárate, Bentiño; tú puedes llegar
a ser protonotario apostólico.
Cabral oía con placer la repetición de
su título. Estaba de pie, daba algunos pasos,
sonreía o tamborileaba sobre la tapadera
de una cajita. La longitud del título le
duplicaba la magnificencia, aunque, para
unirlo al nombre, era demasiado largo; esta
segunda reflexión la hizo mi tío Cosme. El
padre Cabral sugirió que no era necesario
decirlo por extenso, bastaba con que le
llamasen protonotario Cabral. Apostólico, se
sobreentendía.
DON CASMURRO
245
- Protonotario Cabral.
- Sí, tiene razón; protonotario Cabral.
- Mas, Sr. Protonotario -intervino la
prima Justina para irse acostumbrando al uso
del título- ¿eso lo obliga a irse a Roma?
- No, D.ª Justina.
- No, es sólo el cargo honorífico,
observó mi madre.
- Ahora bien, eso no impide –dijo
Cabral, que continuaba reflexionando- no
impide que en los casos de mayor formalidad,
actos públicos, cartas de ceremonia, etc., se
emplee el título entero: protonotario apostólico.
En el uso común, basta con protonotario.
- Justamente, asintieron todos.
José Días, que entró poco después de
mí, celebró la distinción y recordó a propósito
los primeros actos políticos de Pío IX, grandes
esperanzas de Italia; pero nadie abundó en
el asunto, el protagonista del momento y del
lugar era mi viejo maestro de latín. Yo,
recobrándome de la turbación, entendí que
debía felicitarlo también y mi elogio no le tocó
MACHADO DE ASSIS
246
menos el corazón que los demás. Me dio unos
golpecitos en la mejilla paternalmente y acabó
dándome vacaciones. Era demasiada felicidad
para sólo una hora. ¡Un beso y vacaciones!
Creo que mi rostro dijo eso mismo, porque mi
tío Cosme, tocándose la barriga, me llamó
perezoso; pero José Días truncó la alegría:
- No hay que celebrar el ocio; el latín
siempre le será necesario, aunque no acabe
siendo cura.
Conocí aquí a mi hombre. Era la
primera palabra, la semilla arrojada a la
tierra, así de pasada, como para que los
oídos de la familia se acostumbrasen. Mi
madre me sonrió, llena de amor y de tristeza,
pero respondió enseguida:
- Será cura, y un cura bonito.
- No te olvides, hermana Gloria, y
también protonotario. Protonotario
apostólico.
- El protonotario Santiago, enfatizó
Cabral.
Si la intención de mi maestro de latín
era ir acoplando el título con el nombre, no
DON CASMURRO
247
lo sé; lo que sé es que cuando oí mi nombre
ligado a tal título, me dieron ganas de soltar
un despropósito. Pero la voluntad ahora se
manifestó primero como una idea, una idea
sin lengua, que permaneció quieta y muda,
al igual que poco después otras ideas… Pero
ésas requieren un capítulo especial.
Acabemos éste diciendo que mi maestro de
latín habló durante algún tiempo de mi
ordenación eclesiástica, aunque sin gran
interés. Buscaba un asunto ajeno para
mostrarse aparentemente olvidado de su
propia gloria, pero era ésta la que lo tenía
deslumbrado en aquel momento. Era un viejo
delgado, sereno, dotado de buenas
cualidades. Tenía algunos defectos; el más
excelso era ser goloso, no era propiamente
glotón; comía poco, pero apreciaba lo fino y
lo raro y nuestra cocina, aunque sencilla, era
menos pobre que la suya. Así, cuando mi
madre le dijo que se quedase a cenar, a fin
de celebrarlo, los ojos con que aceptó eran
de protonotario, pero no eran apostólicos. Y
para agradar a mi madre, nuevamente se
refirió a mí, describiendo mi futuro
eclesiástico y quería saber si iría ahora al
seminario o el año próximo y se ofrecía a
hablar con el “señor obispo”, adornándolo
todo con “protonotario Santiago”.
Capítulo 36
Idea sin piernas e idea
sin brazos
251
Idea sin piernas e idea sin brazos
Los dejé con el pretexto de ir a jugar y
me fui otra vez a pensar en la aventura de
por la mañana. Era lo mejor que podía hacer,
sin latín e incluso con latín. Al cabo de cinco
minutos me vino a la cabeza ir corriendo a la
casa vecina, agarrar a Capitú, deshacer sus
trenzas, volver a hacerlas y terminarlas de
aquella manera peculiar, labios sobre labios.
De eso se trata, venga, de eso se trata…
¡Solamente idea! ¡Idea sin piernas! Las otras
piernas no querían correr ni andar. Sólo mucho
después comenzaron a andar lentamente y me
llevaron a casa de Capitú. Cuando llegué, la
encontré en la sala, en la misma sala, sentada
en el canapé, con el cojín de la costura sobre
la falda, cosiendo en paz. No me miró de
frente, sino a hurtadillas y con recelo, o, si
prefieres la fraseología del allegado, con una
mirada oblicua y disimulada. Sus manos se
detuvieron después de clavar la aguja en la
CAPÍTULO XXXVI
MACHADO DE ASSIS
252
tela. Yo, en el lado opuesto de la mesa, no
sabía qué hacer y de nuevo me abandonaron
las palabras que traía. Así pasamos unos
largos minutos hasta que ella dejó por
completo la costura, se levantó y me esperó.
Me acerqué y le pregunté si su madre le había
dicho algo, me respondió que no. La boca
con que me respondió era tal que creo que
me provocó un intento de aproximación. Lo
cierto es que Capitú retrocedió un poco.
Era el momento de agarrarla,
aproximarla, besarla… ¡Sólo ideas! ¡Ideas sin
brazos! Los míos se quedaron caídos y muertos.
No conocía nada de las Escrituras. Si las
hubiera conocido, probablemente el espíritu de
Satanás me hubiera hecho darle al lenguaje
místico del Cantar un sentido directo y natural.
Entonces hubiera obedecido al primer versículo:
“¡Que me bese con los besos de su boca!” Y
en lo que respecta a los brazos, que tenía
inertes, hubiera bastado cumplir el versículo 6º
del cap. II: “su mano izquierda esté debajo de
mi cabeza y su mano derecha me abrace.” Ved
ahí la cronología de los actos. Se trataba sólo
de llevarla a cabo; pero aunque hubiera
conocido el texto, el comportamiento de Capitú
era ahora tan retraído, que no sé si habría
permanecido inmóvil. Fue ella, sin embargo,
quien me sacó de aquella situación.
Capítulo 37
El alma está llena
de misterios
255
El alma está llena de misterios
- ¿Te estuvo esperando mucho tiempo
el padre Cabral?
- Hoy no he tenido clase, me ha dado
vacaciones.
Le expliqué el motivo de las
vacaciones. También le conté que el padre
Cabral había hablado de mi entrada en el
seminario, apoyando la decisión de mi madre
y dije de él cosas feas y duras. Capitú
reflexionó un poco y acabó preguntándome
si podía ir a felicitar al cura por la tarde, a
mi casa.
- Claro que puedes, pero ¿por qué a
mi casa?
- Mi padre, naturalmente, querrá ir
también, pero es mejor que él vaya a casa
CAPÍTULO XXXVII
MACHADO DE ASSIS
256
del cura, es más bonito. Yo no, que ya soy
casi moza, concluyó riendo.
Su risa me animó. Sus palabras
parecían ser una broma consigo misma, ya
que, desde por la mañana, era una mujer,
como yo era un hombre. Me hizo gracia y, lo
contaré todo, quise demostrarle que era una
moza completa. Tomé levemente su mano
derecha, luego la izquierda y me quedé así
pasmado y trémulo. Era la idea con manos.
Quise tirar de las manos de Capitú para
obligarla a acercarse a mí, pero incluso
ahora la acción no se correspondía con la
intención. Sin embargo, me sentí fuerte y
atrevido. No estaba imitando a nadie, no
convivía con muchachos que me pudiesen
enseñar lances de amor. No conocía la
violación de Lucrecia. De los romanos sabía
apenas que hablaban como el manual del
padre Pereira y que eran patricios de Poncio
Pilatos. No niego que el final del peinado de
aquella mañana había sido un gran paso en
el camino de la dinámica amorosa, pero su
actitud de entonces fue justamente la contraria
de la de ahora. Por la mañana ella había
ladeado su cabeza, pero ahora me rehuía;
no sólo en eso diferían los lances; por otro
lado, aunque parecía repetición, había
contradicción.
DON CASMURRO
257
Creo que la amenacé con abrazarla.
No lo juro, comenzaba a estar tan
alborozado que no lograba ser consciente
de todos mis actos; pero concluyo que sí,
porque ella retrocedió y quiso soltar sus
manos de las mías; después, quizá porque
no podía retroceder más, colocó uno de sus
pies delante y el otro detrás y se apartó de
mí. Este acto me obligó a asegurar sus manos
con fuerza. Su cuerpo finalmente se cansó y
cedió, pero su cabeza no quiso ceder, y,
echada para atrás, hacía inútiles todos mis
esfuerzos, porque yo ya estaba haciendo
esfuerzos, amigo lector. Como no conocía la
enseñanza del Cantar, no se me ocurrió
colocar mi mano izquierda por debajo de su
cabeza; además, este acto implica un
acuerdo de voluntades y Capitú, que ahora
se resistía, habría aprovechado mi acto para
soltarse de mi otra mano y escaparse del
todo. Permanecimos en aquel combate, sin
estrépito, porque, pese al ataque y la defensa,
no perdíamos la cautela necesaria para que
no nos oyeran desde el interior; el alma está
llena de misterios. Ahora sé que la atraía
hacia mí, continuó retirando su cabeza hasta
que se cansó, pero entonces le tocó el turno
a su boca. La boca de Capitú inició un
movimiento inverso en relación a la mía,
yendo hacia un lado, cuando yo la buscaba
MACHADO DE ASSIS
258
por el opuesto. Estuvimos en ese
desencuentro, sin que yo me atreviese un poco
más, y hubiera bastado un poco más…
Entonces oímos llamar a la puerta y
hablar en el pasillo. Era el padre de Capitú,
que volvía de la oficina un poco antes como
a veces acostumbraba. “¡Abre Nanata! ¡Abre
Capitú!” Aparentemente era la misma
situación que la de por la mañana cuando
su madre nos sorprendió, pero sólo
aparentemente; en realidad era diferente.
Considerad que por la mañana todo había
concluido y que la llegada de D.ª Fortunata
había sido un aviso para que
reaccionáramos. Ahora estábamos luchando,
presas las manos, y ni siquiera nada había
comenzado.
Oímos el cerrojo de la puerta que
daba al pasillo interno, era su madre que
abría. Yo, ya que lo estoy confesando todo,
digo aquí que no tuve tiempo de soltar la
manos de mi amiga; lo pensé, llegué a
intentarlo, pero Capitú, antes de que su padre
acabase de entrar, hizo un gesto inesperado,
posó su boca en la mía y me dio
voluntariamente lo que estaba rechazando
por la fuerza. Repito, el alma está llena de
misterios.
Capítulo 38
¡Qué susto, Dios mío!
261
¡Qué susto, Dios mío!
Cuando Padua, que venía del interior,
entró en la sala de visitas, Capitú, de pie, de
espaldas a mí, inclinada sobre la costura
como si la recogiera, preguntaba en voz alta:
- Pero, Bentiño, ¿qué quiere decir
protonotario apostólico?
- ¡Cómo estáis!, preguntó su padre.
- ¡Qué susto, Dios mío!
Ahora sí que la situación era idéntica;
aunque si cuento aquí, tal cual, los dos
episodios de cuarenta años atrás, es para
mostrar que Capitú no sólo se controlaba
en presencia de su madre sino que tampoco
se asustaba ante su padre. En medio de una
situación que me ataba la lengua, ella
manejaba la palabra con la mayor libertad
CAPÍTULO XXXVIII
MACHADO DE ASSIS
262
de este mundo. Mi convicción es que su
corazón no le latía ni más ni menos. Alegó
un susto y puso en su cara un gesto confuso;
pero yo, que lo sabía todo, vi que era mentira
y le tuve envidia. Fui luego a hablar con su
padre, que estrechó mi mano y quiso saber
por qué su hija hablaba de protonotario
apostólico. Capitú le repitió lo que yo le había
contado y opinó que su padre debía felicitar
al cura en casa de éste, ella iría a la mía. Y,
reuniendo sus utensilios de costura, siguió por
el pasillo, gritando de modo infantil:
- ¡Vamos a cenar, mamá, que ha
llegado papá!
Capítulo 39
La vocación
265
La vocación
El padre Cabral estaba en ese
primer momento de las distinciones en que
las más pequeñas felicitaciones equivalen
a odas. Luego llega el momento en que
quienes han sido distinguidos reciben los
elogios como un tributo usual, con cara
inexpresiva y sin agradecimientos. La
alegría del primer momento es la mejor;
ese estado de espíritu que ve en la
inclinación del arbusto, tocado por el
viento, una salutación de la flora universal,
trae sensaciones más íntimas y finas que
ningún otro. Cabral oyó las palabras de
Capitú con un placer infinito.
- Gracias, Capitú, muchas gracias; me
complace que también te alegres. ¿Cómo
está tu padre? ¿Y tu madre? A ti ni te
pregunto, tienes cara de vender salud. ¿Y
tus oraciones?
CAPÍTULO XXXIX
MACHADO DE ASSIS
266
A todas las preguntas iba
respondiendo Capitú bien y con prontitud. Iba
mejor arreglada y con zapatos de calle. No
entró con la familiaridad acostumbrada, se
detuvo un instante en la puerta de la sala
antes de besar la mano a mi madre y al cura.
Como en menos de cinco minutos le aplicó
dos veces el título de protonotario, José Días,
para compensar la competencia, hizo un
breve discurso en honor “al corazón paternal
y augustísimo de Pío IX”.
- Eres un gran prosista, le dijo mi tío
Cosme cuando acabó.
José Días sonrió sin pudor. El padre
Cabral confirmó los elogios del allegado, sin
sus superlativos; a lo cual éste añadió que el
cardenal Mastai evidentemente había sido
predestinado para la tiara desde el comienzo
de los tiempos. Y, guiñándome el ojo,
concluyó:
- La vocación lo es todo. El estado
eclesiástico es perfectísimo, con la condición
de que el sacerdote esté ya destinado desde
la cuna. Si no tiene vocación, hablo de
vocación sincera y real, un joven
perfectamente puede estudiar letras humanas,
que también son útiles y honradas.
DON CASMURRO
267
El padre Cabral replicó:
- La vocación es mucho, pero el poder
de Dios es soberano. A un hombre puede no
gustarle la iglesia e incluso perseguirla, pero
un buen día le habla la voz de Dios y aparece
el apóstol: véase S. Pablo.
- No disiento, pero lo que yo digo es
otra cosa. Lo que digo es que se puede muy
bien servir a Dios sin ser cura, ¿es posible o
no?
- Claro que lo es.
- ¡Pues eso!, exclamó José Días
triunfante, mirando a su alrededor. Sin
vocación no hay buen cura y en todas las
profesiones liberales se sirve a Dios, como
todos debemos.
- Perfectamente, pero la vocación no
sólo procede de la cuna.
- No, pero es la mejor.
- Un joven sin el menor interés por la
vida eclesiástica puede acabar siendo un muy
buen cura, todo es como Dios lo determina.
No me quiero poner como modelo, pero aquí
estoy yo que nací con vocación para la
MACHADO DE ASSIS
268
medicina; mi padrino, que era coadjutor de
Santa Rita, le insistió a mi padre para que
me metiese en el seminario; mi padre cedió.
Pues bien, me gustaron tanto los estudios y
la compañía de los sacerdotes que acabé por
ordenarme. Pero suponga que no hubiera
sucedido así y que yo no hubiera cambiado
de vocación, ¿qué hubiera ocurrido? Habría
estudiado en el seminario algunas materias
que es bueno conocer y que se enseñan
siempre mejor en esas instituciones.
La prima Justina intervino:
- ¿Cómo? ¿Puede uno entrar en el
seminario y salir sin ser cura?
El padre Cabral respondió que sí, que
se podía y, dirigiéndose a mí, dijo que mi
vocación era manifiesta, que mis juguetes
habían sido siempre de iglesia y que me
encantaban los oficios divinos. La prueba
nada probaba, todos los niños de mi época
eran devotos. Cabral añadió que el rector
de S. José, a quien había contado
recientemente la promesa de mi madre,
consideraba un milagro mi nacimiento; él era
de la misma opinión. Capitú, pegada a las
faldas de mi madre, no correspondía a las
miradas ansiosas que yo le enviaba; tampoco
DON CASMURRO
269
parecía escuchar la conversación sobre el
seminario y sus consecuencias, pero, sin
embargo, memorizó lo principal como vine
a saber después. Dos veces fui a la ventana,
esperando que ella también fuese y
permaneciéramos felices, solos, hasta que se
acabase el mundo, si se tenía que acabar,
pero Capitú no apareció. No se separó de
mi madre sino para irse. Era la hora del
avemaría cuando se despidió.
- Acompáñala, Bentiño, dijo mi madre,
- No hace falta, D.ª Gloria, dijo sonriendo,
conozco el camino. Adiós, Sr. Protonotario…
- Adiós, Capitú.
Yo ya había dado un paso para
atravesar la sala y claramente mi deber y mi
deseo eran atravesarla completamente,
seguir a la vecina por el pasillo, bajar a la
chácara, entrar en el huerto, darle un tercer
beso y despedirme. No me importó la
negativa, que creí simulada, y la seguí por el
pasillo; pero Capitú, que iba deprisa, se
detuvo y me hizo señas para que regresase.
No le hice caso, me acerqué a ella.
- No vengas, mañana hablaremos.
MACHADO DE ASSIS
270
- Pero yo quería decirte…
- Mañana.
- ¡Escucha!
- ¡Quédate!
Hablaba bajito, me tomó de la mano
y se llevó el dedo a los labios. Una negra,
que vino desde el interior a encender el farol
del pasillo, viéndonos en aquella situación,
casi a oscuras, se rió con simpatía y murmuró
para que lo oyésemos algo que no entendí
ni bien ni mal. Capitú murmuró que la esclava
podía había sospechado y que quizá se lo
contaría a las demás. Otra vez me insistió en
que me quedara y se retiró; yo me quedé
quieto, clavado, aferrado al suelo.
Capítulo 40
Una yegua
273
Una yegua
Al quedarme solo reflexioné un poco
y tuve una fantasía. Ya conocéis mis fantasías.
Os he contado la de la visita imperial; os
conté la de esta casa del Ingenio Nuevo,
reproduciendo la de Matacavalos… La
imaginación ha sido la compañera de toda
mi existencia, viva, rápida, inquieta, alguna
vez tímida y amiga de tartamudear, casi
siempre capaz de engullir tierras y tierras,
corriendo. Creo haber leído en Tácito que
las yeguas ibéricas concebían por el viento;
si no fue en él, fue en otro autor antiguo que
consideró oportuno conservar esa creencia
en sus libros. En ese particular mi imaginación
era una gran yegua ibérica; la menor brisa
le daba un potro, que se convertía enseguida
en caballo de Alejandro; pero dejemos las
metáforas atrevidas e impropias de mis
quince años. Contemos sencillamente el
asunto. Mi fantasía de aquel momento fue
CAPÍTULO XL
MACHADO DE ASSIS
274
confesarle a mi madre mis amores para
explicarle que no tenía vocación eclesiástica.
La conversación sobre las vocaciones me
acudía ahora completa y, a la vez que me
asustaba, me abría una puerta de salida. “Sí,
es eso, pensé; voy a decirle a mamá que no
tengo vocación y le confieso nuestros amores;
si lo pone en duda, le cuento lo que pasó el
otro día, el peinado y el resto…”
Capítulo 41
La audiencia secreta
277
La audiencia secreta
El resto me hizo quedarme algún
tiempo más en el pasillo, pensando. Vi entrar
al doctor João da Costa y se preparó
enseguida el habitual juego del tresillo. Mi
madre salió de la sala y, topándose conmigo,
me preguntó si había acompañado a Capitú.
- No, se fue sola.
- Y casi acometiéndola:
- Mamá, quiero decirte una cosa.
- ¿De qué se trata?
Muy asustada, quiso saber qué me
dolía, si la cabeza, si el pecho, si el estómago,
y me palpaba la frente para ver si tenía fiebre.
- No me pasa nada.
CAPÍTULO XLI
MACHADO DE ASSIS
278
- ¿Entonces de qué se trata?
- Mamá, se trata… Pero, escucha, mira,
es mejor después del té; luego… No es nada
malo, te asustas por todo, no es para
preocuparse.
- ¿No estás enfermo?
- No mamá.
- Eso es que has vuelto a constiparte.
Disimulas para no tomar el sudorífico, pero
estás constipado; se te nota en la voz.
Intenté reír para demostrar que no tenía
nada. Pero ni por esas me permitió aplazar la
confidencia, me agarró, me llevó a su
habitación, encendió una vela y me ordenó que
se lo contase todo. Entonces, para comenzar,
le pregunté que cuándo iría al seminario.
- El año que viene, después de las
vacaciones.
- ¿Iré para quedarme?
- ¿Cómo que para quedarte?
- ¿Que si no volveré a casa?
DON CASMURRO
279
- Volverás los sábados y en vacaciones;
es lo mejor. Cuando te ordenes cura, vendrás
a vivir conmigo.
Me sequé los ojos y la nariz. Ella me
acarició y luego quiso reprenderme, pero
creo que le temblaba la voz y me pareció
que tenía los ojos húmedos. Le dije que yo
también sentiría nuestra separación. Negó
que fuese una separación; era sólo una
ausencia a causa de los estudios, sólo los
primeros días. En poco tiempo me
acostumbraría a los compañeros y a los
profesores y acabaría gustándome vivir con
ellos.
- A mí sólo me gustas tú.
No era una frase interesada, pero
quise decírsela para hacerle creer que ella
era mi único afecto; así desviaba las
sospechas sobre Capitú. ¡Cuántas intenciones
viciosas hay que se incorporan a medio
camino en una frase inocente y pura! Se
podría sospechar que la mentira es muchas
veces tan involuntaria como la transpiración.
Por otra parte, lector amigo, repara en que
yo quería desviar las sospechas sobre Capitú,
cuando había llamado a mi madre justamente
para confirmarlas; pero las contradicciones
MACHADO DE ASSIS
280
son propias de este mundo. La verdad es que
mi madre era cándida como la primera
aurora, anterior al pecado original; ni por
pura intuición sería capaz de deducir una
cosa de la otra, esto es, no concluiría de mi
repentina oposición que, como le había dicho
José Días, yo estaba de cuchicheos con
Capitú. Se calló durante algunos instantes;
después me replicó sin imposición ni
autoridad, lo cual me fue animando a
resistirme. Por eso le hablé sobre el tema de
la vocación que se había discutido esa tarde
y le confesé que yo no la sentía.
- Pero si te gustaba tanto ser cura, dijo
ella; ¿no te acuerdas que incluso querías ir a
ver a los seminaristas de S. José salir con sus
hábitos? En casa, cuando José Días te
llamaba Reverendísimo, ¡te reías con tanto
gusto! ¿Cómo puede ser que ahora…? No
me lo creo, no, Bentiño. Y además… ¿La
vocación? La vocación viene con la
costumbre, continuó repitiendo las reflexiones
que le había oído a mi profesor de latín.
Cuando intenté replicarle, me
reprendió sin aspereza, pero con alguna
firmeza y volví a ser el hijo sumiso que había
sido siempre. Luego continuó hablando grave
y ampliamente sobre la promesa que había
DON CASMURRO
281
hecho; no me contó las circunstancias, ni la
ocasión, ni los motivos, cosas que sólo llegué
a saber más tarde. Afirmó lo principal, esto
es, que la cumpliría en pago a Dios.
- Nuestro Señor me ayudó salvando tu
existencia, no le mentiré ni le faltaré, Bentiño;
son cosas que no se hacen sin pecar y Dios,
que es grande y poderoso, no me dejaría
así, no, Bentiño; yo sé que sería castigada y
muy castigada. Ser cura es algo bueno y
santo; conoces a muchos, como el padre
Cabral, que vive feliz con su hermana; un tío
mío también fue cura y por poco no fue
obispo, dicen… Déjate de mañas, Bentiño.
Creo que los ojos que puse fueron tan
quejosos que corrigió enseguida la palabra;
maña, no, no podía ser una maña, sabía muy
bien que era su amigo y que no sería capaz
de fingir un sentimiento que no tuviese.
Indolencia es lo que quería decir, que me
dejase de indolencias, que fuera un hombre
y cumpliese con la obligación, en beneficio
de ella y para el bien de mi alma. Todas esas
y otras cosas fueron dichas un poco
atropelladamente y la voz no le salía clara,
sino velada y sofocada. Vi que su emoción
de nuevo era grande, pero no renunciaba a
sus propósitos y me aventuré a preguntarle:
MACHADO DE ASSIS
282
- ¿Y si le pidieses a Dios que te
dispensase de la promesa?
- Ni mucho menos. ¿Estás tonto
Bentiño? ¿Cómo sabría si Dios me habría
dispensado?
- Quizá en sueños, yo sueño a veces
con ángeles y santos.
- Yo también, hijo mío; pero es inútil…
Vamos, es tarde; vamos a la sala. Ha quedado
claro: el primero o el segundo mes del año
que viene irás al seminario. Lo que quiero es
que aprendas bien los libros que estás
estudiando; es bueno, tanto para ti como para
el padre Cabral. En el seminario tienen interés
en conocerte, porque el padre Cabral habla
de ti con entusiasmo.
Caminó hacia la puerta y salimos
ambos. Antes de salir, se volvió hacia mí y
casi la vi arrojarse a mis brazos y decirme
que no sería cura. Conforme se aproximaba
el momento su deseo íntimo era ya que no
fuese cura. Deseaba un modo de pagar la
deuda contraída, otra moneda que valiese
tanto o más, pero no la encontraba.
Capítulo 42
Capitú reflexionando
285
Capitú reflexionando
Al día siguiente en cuanto pude fui a
la casa vecina. Capitú se estaba despidiendo
de dos amigas que habían ido a visitarla.
Paula y Sancha, compañeras de colegio, la
primera de quince, de diecisiete la segunda;
aquélla, hija de médico; ésta, de un
comerciante de mercancías americanas.
Estaba decaída, llevaba un pañuelo en la
cabeza; su madre me contó que había sido
por causa de un exceso de lectura en la
víspera, antes y después del té, en la sala y
en la cama, hasta mucho después de media
noche y a la luz de un quinqué…
- Si hubiera encendido una vela, mamá
se hubiera enfadado. Ya estoy bien.
Y cuando se quitó el pañuelo de la
cabeza, su madre le dijo tímidamente que
era mejor que se lo pusiese de nuevo, pero
CAPÍTULO XLII
MACHADO DE ASSIS
286
Capitú respondió que no era necesario, que
ya se encontraba bien.
Nos quedamos solos en la sala; Capitú
me confirmó el relato de su madre, añadiendo
que lo había pasado mal por lo que había
oído en mi casa. También le conté lo que me
había pasado a mí, la entrevista con mi
madre, mis súplicas, sus lágrimas y,
finalmente, sus últimas palabras decisivas:
dentro de dos o tres meses iría al seminario.
¿Qué podríamos hacer ahora? Capitú me
escuchaba con atención ávida, después
sombría; cuando hube acabado, respiraba
con dificultad, como a punto de estallar en
cólera, pero se contuvo.
Hace tanto tiempo que sucedió esto
que no puedo asegurar si lloró de verdad o
si solamente se enjugó los ojos; creo que sólo
hizo esto último. Viéndole la expresión, tomé
su mano para animarla, pero yo también
necesitaba que me dieran ánimos. Caímos
en el canapé y nos quedamos mirando al
techo. Miento, ella miraba al suelo. Hice lo
mismo, cuando la vi así… Pero creo que
Capitú miraba dentro de sí misma, mientras
que yo miraba de verdad al suelo, las grietas
carcomidas, dos moscas andando y una pata
de la silla rajada. Era poca cosa, pero me
DON CASMURRO
287
sacaba de la aflicción. Cuando volví a mirar
a Capitú, vi que no se movía y me dio tal
impresión que la sacudí suavemente. Capitú
volvió en sí y me pidió que le contase otra
vez lo que había sucedido con mi madre. La
complací, atenuando el relato esta vez, para
no entristecerla. No me llames falso, llámame
compasivo; es cierto que tenía miedo de
perder a Capitú, si ella perdía todas las
esperanzas, pero me dolía verla sufrir. Ahora
bien, la verdad última, la verdad de las
verdades, es que me estaba arrepintiendo de
haber hablado con mi madre antes de que
José Días hubiera llevado a cabo su trabajo;
bien mirado, no aceptaba haber oído un
desengaño que yo daba como seguro,
aunque diferido. Capitú reflexionaba,
reflexionaba, reflexionaba…
Capítulo 43
¿Tienes miedo?
291
¿Tienes miedo?
De pronto, cesando su reflexión, fijó
sus ojos de resaca en mí y me preguntó si
tenía miedo.
- ¿Miedo?
- Sí, te pregunto que si tienes miedo.
- ¿Miedo de qué?
- Miedo de que te golpeen, de que te
encierren, de pelearte, de andar, de
trabajar….
No la entendí. Si hubiera dicho
simplemente: “¡Vámonos!” puede que yo
hubiera estado o no de acuerdo; en todo
caso, la habría entendido. Pero aquella
pregunta así, vaga, suelta, no supe captar su
significado.
CAPÍTULO XLIII
MACHADO DE ASSIS
292
- Pero…, no te entiendo. ¿De que me
golpeen?
- Sí
- ¿De qué me pegue quién? ¿Quién
me habría de pegar?
Capitú tuvo un gesto de impaciencia.
Sus ojos de resaca no se movían y parecían
aumentar. Sin preocuparme por mí y sin
querer preguntarle más, comencé a imaginar
de dónde me vendrían los golpes y por qué,
y también por qué me habrían de encerrar y
quién me habría de prender. ¡Válgame Dios!
Imaginé una mazmorra, una casa oscura e
infecta. También vi la nave presidio, el cuartel
de los Capuchinos y el Correccional. Todas
esas bellas instituciones sociales me envolvían
en su misterio, sin que los ojos de resaca de
Capitú dejasen de aumentar de tamaño hasta
el punto que me las hicieron olvidar
completamente. El error de Capitú fue no
dejarlos crecer infinitamente, sino reducirlos
a sus dimensiones normales y devolverles su
movimiento acostumbrado. Capitú volvió a ser
ella, me dijo que estaba jugando, que no
debía preocuparme y, con un gesto lleno de
gracia, me dio unos golpecitos en la mejilla
sonriendo y me dijo:
DON CASMURRO
293
- ¡Miedoso!
- ¿Yo?, pero…
- No te preocupes, Bentiño. ¿Quién
había de golpearte o encerrarte? Perdona,
hoy estoy medio loca; quiero jugar, y…
- No Capitú, no estás jugando; en este
momento ninguno de los dos tiene ganas de
jugar.
- Tienes razón, ha sido una tontería;
hasta luego.
- ¿Cómo que hasta luego?
- Me está volviendo el dolor de cabeza,
me voy a poner una rodaja de limón en las
sienes.
Hizo lo que dijo y se puso otra vez el
pañuelo en la cabeza. Enseguida me
acompañó al huerto para despedirse de mí;
pero incluso ahí nos detuvimos unos minutos,
sentados sobre el brocal del pozo. Hacía
viento y el cielo estaba encapotado. Capitú
habló de nuevo sobre nuestra separación
como de un hecho cierto y definitivo, por más
que yo, temeroso de lo mismo, buscase ahora
MACHADO DE ASSIS
294
razones para animarla. Capitú, cuando no
hablaba, dibujaba en el suelo con una vara
de bambú, narices y perfiles. Desde que
comenzó, dibujar era una de sus diversiones,
todo le servía de papel y lápiz. Como me
acordé de nuestros nombres grabados por
ella en el muro, quise hacer lo mismo en el
suelo, y le pedí la vara. No me oyó o no me
hizo caso.
Capítulo 44
El primer hijo
297
El primer hijo
- Dámela, déjame escribir una cosa.
Capitú me miró, pero de un modo que
me recordó la definición de José Días, oblicuo
y disimulado; levantó la mirada, sin levantar
los ojos. Su voz, un tanto apagada, me
preguntó:
- Dime una cosa, pero dime la verdad,
no quiero fingimientos; tienes que responder
con el corazón en la mano.
- ¿Dime, de qué se trata?
- ¿Si tuvieses que elegir entre tu madre
y yo, a quién elegirías?
- ¿Yo?
Me indicó que sí.
CAPÍTULO XLIV
MACHADO DE ASSIS
298
- Elegiría…, ¿pero por qué tengo que
elegir? Mi madre no sería capaz de
preguntarme eso.
- Ciertamente, pero yo te lo estoy
preguntando. Supón que estás en el
seminario y recibes la noticia de que voy a
morir…
- ¡No digas eso!
- …O que me muero de nostalgia si
no vienes enseguida, pero tu madre no quiere
que vengas; dime, ¿vendrías?
- Claro que vendría.
- Desobedeciendo a tu madre.
- Sí, desobedecería a mi madre.
- ¿Dejarías el seminario, a tu madre,
todo, para verme morir?
- ¡No hables de morir, Capitú!
Capitú tuvo una risita inexpresiva e
incrédula y con la vara escribió una
palabra en el suelo, me incliné y leí:
mentiroso.
DON CASMURRO
299
Todo aquello era tan extraño que no
hallé respuesta. No encontraba el motivo de
lo escrito, como no se lo encontraba a lo que
me había dicho. Si se me hubiera ocurrido
allí un insulto grande o pequeño, es posible
que lo hubiera escrito también, con la misma
vara, pero no se me ocurría nada. Tenía la
cabeza vacía. Al mismo tiempo tuve miedo de
que alguien nos pudiese oír o leer. ¿Quién, si
estábamos a solas? D.ª Fortunata había venido
en una ocasión hasta la puerta de la casa,
pero entró enseguida. Estábamos
completamente solos. Me viene a la memoria
que unas golondrinas pasaron por encima del
huerto y se fueron hacia el morro de Santa
Teresa, nadie más. A lo lejos voces vagas y
confusas, en la calle un tropel de caballerías,
del lado de la casa un canturreo de los
pajarillos de Padua. Nada más, o sólo este
hecho curioso, que el nombre escrito por ella
no sólo me espiaba desde el suelo con actitud
de escarnio, sino que incluso me pareció que
se reflejaba en el aire. Tuve entonces una idea
malvada; le dije que, a fin de cuentas, la vida
de cura no era tan mala y que yo podría
aceptarla sin mucho sufrimiento. Como
venganza, era pueril; pero yo tenía la secreta
esperanza de verla correr hacia mí deshecha
en lágrimas. Capitú se limitó a abrir
desmesuradamente los ojos y acabo diciendo:
MACHADO DE ASSIS
300
- Ser cura es bueno, sin duda; pero
mejor que cura, canónigo, por los calcetines
rojos. El rojo es un color muy bonito;
pensándolo bien, mejor canónigo.
- Pero no se puede ser canónigo sin ser
primero cura, le dije mordiéndome los labios.
- Bien; comienza por los calcetines
negros, luego vendrán los rojos. Lo que no
me quiero perder es tu primera misa; avísame
con tiempo para que me haga un vestido a
la moda, falda miriñaque con plisados
grandes… Pero quizá para entonces la moda
sea diferente. Ha de ser en una gran iglesia,
en la del Carmo o en S. Francisco.
- O en la Candelaria.
- En la Candelaria también. Todas ellas
sirven, siempre y cuando que yo asista a tu
primera misa. Tengo que causar una gran
impresión. Mucha gente se preguntará:
“¿Quién es esa joven presumida que está allí
con un vestido tan bonito?”
- “Es D.ª Capitolina, una joven que viv
en la calle de Matacavalos…”
- ¿Que vivió? ¿Vas a mudarte?
DON CASMURRO
301
- ¿Quién sabe dónde viviremos
mañana?, dijo con un leve tono de melancolía;
pero volvió enseguida al sarcasmo: y tú en el
altar, vestido con el alba, revestido con la capa
de oro, cantando… Pater noster
¡Cómo lamento no ser un poeta
romántico para decir que esto era un duelo
de ironías! Contaría mis reproches y los de
ella, la gracia de uno y la rapidez del otro, y
la sangre corriendo, y el furor en el alma,
hasta mi golpe final, que fue éste:
- Pues, sí, Capitú, oirás mi primera
misa, pero con una condición.
A lo cual respondió:
- Su Reverendísima me la puede decir.
- ¿Me prometes una cosa?
- ¿Qué cosa?
- Dime si me la prometes.
- Si no sé lo que es, no prometo nada.
- En realidad son dos cosas, continué,
porque se me había ocurrido otra idea.
MACHADO DE ASSIS
302
- ¿Dos cosas? ¿Cuáles son?
- La primera es que sólo te confesarás
conmigo, para que yo te imponga la penitencia
y te dé la absolución. La segunda es que…
- La primera está prometida, dijo ella
viéndome dudar y añadió que estaba
esperando la segunda.
Palabra que me costó y mejor que
nunca hubiera salido de mi boca, no hubiera
oído lo que oí y no escribiría aquí una cosa
que quizá encuentre incrédulos…
- La segunda…, sí…, es que… ¿Me
prometes que yo seré el cura que te case?
- ¿Qué me cases?, dijo un tanto
conmovida.
Inmediatamente después se quedó con
la boca abierta y lo negó con la cabeza.
- No, Bentiño, dijo, sería esperar
demasiado tiempo; tú no puedes ser cura
mañana, hacen falta muchos años para ser
cura… Mira, te prometo otra cosa; te prometo
que bautizarás a mi primer hijo.
Capítulo 45
Niégalo con la cabeza, lector
305
Niégalo con la cabeza, lector
Niégalo con la cabeza, lector; haz
todos los gestos de incredulidad. Tira este
libro, si el tedio no te ha obligado a hacerlo
antes; todo es posible. Pero si no lo has hecho
antes y lo haces ahora, espero que vuelvas a
tomarlo y lo abras por la primera página,
sin que por eso creas en la veracidad del
autor. Sin embargo, no hay nada más
verídico. Fue exactamente así como habló
Capitú, con tales palabras y tales modos.
Habló de su primer hijo como si fuese de su
primera muñeca.
En cuanto a mi asombro, aunque
también fue grande, apareció mezclado con
una sensación rara. Me atravesó una
corriente, aquella amenaza de un primer hijo,
el primer hijo de Capitú, su boda con otro,
por consiguiente la separación absoluta, la
pérdida, la aniquilación, todo eso me
CAPÍTULO XLV
MACHADO DE ASSIS
306
producía tal efecto que no encontré palabras
ni gestos; me quedé perplejo. Capitú sonreía,
yo veía a su primer hijo jugando en el suelo…
Capítulo 46
Las paces .......
309
Las paces
Las paces, como la guerra, se hicieron
deprisa. Si yo buscase con este libro la gloria
diría que las negociaciones partieron de mí;
pero no, las inició ella. Instantes después,
como yo estuviera cabizbajo, ella bajó
también la cabeza, aunque volviendo sus ojos
hacia arriba a fin de ver los míos. Me hice
de rogar, después quise levantarme para salir,
pero ni me levanté ni creo que me hubiera
ido. Capitú me miró fijamente con sus ojos
tan tiernos y su posición los hacía tan
suplicantes que me quedé allí; le pasé el
brazo por la cintura, ella me tocó la punta
de los dedos, y…
Otra vez apareció en la puerta de la
casa D.ª Fortunata; no sé para qué, no me
dio tiempo de retirar el brazo;
inmediatamente desapareció. Podía ser un
simple descargo de conciencia, un ritual,
CAPÍTULO XLVI
MACHADO DE ASSIS
310
como las oraciones por obligación, sin
devoción, que se dicen de golpe; a no ser
que fuese para verificar con sus propios ojos
la realidad que el corazón le decía…
Fuese lo que fuese, mi brazo continuó
estrechando la cintura de su hija y así hicimos
las paces. Lo bonito es que cada uno de
nosotros quería ahora tener la culpa y nos
pedíamos perdón recíprocamente. Capitú
alegaba insomnio, dolor de cabeza, falta de
ánimo y, finalmente, “su malhumor”. Yo, que
era muy llorón en aquel entonces, sentía los
ojos húmedos… Era amor puro, era el efecto
de los sufrimientos de mi amiguita, era la
ternura de la reconciliación.
Capítulo 47
“La señora ha salido”
313
“La señora ha salido”
De acuerdo, ya se ha acabado, dije
finalmente; pero, explícame sólo una cosa,
¿por qué me preguntaste si yo tenía miedo
de que me pegasen?
- Por nada, respondió Capitú, después
de dudar un poco… ¿Para qué insistir en eso?
- Dímelo. ¿Fue por el seminario?
- Sí; he oído decir que allí dan
palizas… ¿Verdad que no? Yo tampoco lo
creo.
La explicación me gustó, no había otra.
Si, como pienso, Capitú no decía la verdad,
forzoso es reconocer que no podía decirla y
la mentira es como esas criadas que se dan
prisa en responder a las visitas que “la señora
CAPÍTULO XLVII
MACHADO DE ASSIS
314
ha salido” cuando la señora no quiere hablar
con nadie. Hay en esa complicidad un placer
particular; el pecado en común iguala por
unos instantes la condición de las personas,
eso sin contar el placer que da ver la cara
de las visitas engañadas y su espalda cuando
se van… La verdad no salió, se quedó en
casa, en el corazón de Capitú, adormeciendo
su arrepentimiento. Yo no bajé triste ni
irritado; la criada me pareció galante,
apetecible, mejor que la señora.
Las golondrinas venían ahora en
sentido opuesto, o quizá no eran las mismas.
Nosotros sí que éramos los mismos; juntando
nuestras ilusiones, nuestros temores,
comenzando ya a juntar nuestras nostalgias.
Capítulo 48
Juramento del pozo
317
Juramento del pozo
- ¡No!, exclamé de repente.
- No, ¿qué?
Habían pasado algunos minutos de
silencio, durante los cuales reflexioné mucho
y acabé teniendo una idea; el tono de mi
exclamación, si embargo, fue tan alto que
asustó a mi vecina.
- No tiene por qué ser así, continué.
Dicen que no tenemos edad para casarnos,
que somos niños, jovenzuelos: incluso oí decir
jovenzuelos. Bien, pero dos o tres años pasan
deprisa. ¿Me juras una cosa? ¿Me juras que
te casarás sólo conmigo?
Capitú no dudó en jurarlo e incluso le
vi las mejillas rojas de placer. Me lo juró dos
veces e incluso una tercera.
CAPÍTULO XLVIII
MACHADO DE ASSIS
318
- Aunque te cases con otra, cumpliré
mi juramento y no me casaré nunca.
- ¿Qué yo me vaya a casar con otra?
- Todo puede ocurrir Bentiño. Puedes
encontrar otra joven que te quiera,
enamorarte de ella y casarte. ¿Quién soy yo
para que te acuerdes de mí entonces?
- ¡Pues yo también te lo juro! Lo juro,
Capitú, lo juro por Dios Nuestro Señor que
sólo me casaré contigo. ¿No te basta?
- Debería bastarme, dijo; no me atrevo
a pedirte más. Sí, tú me lo juras… Pero
juremos de otra manera; juremos que nos
casaremos el uno con el otro, pase lo que
pase.
Comprendéis la diferencia; era más
que la elección del cónyuge, era la afirmación
del matrimonio. La cabeza de mi amiga sabía
pensar claro y deprisa. Realmente, la fórmula
anterior era limitada, apenas exclusiva.
Podíamos acabar solterones, como el sol y
la luna, sin faltar al juramento del pozo. Esta
fórmula era mejor y tenía la ventaja de
fortalecerme el corazón contra la investidura
eclesiástica. Juramos por la segunda fórmula
DON CASMURRO
319
y nos quedamos tan felices que desapareció
todo recelo de peligro. Éramos creyentes,
teníamos al cielo por testigo. Yo ya no le temía
al seminario.
- Si se empeñan mucho, iré; pero me
haré a la idea de que es un colegio
cualquiera. No tomaré las órdenes.
Capitú temía nuestra separación, pero
acabó aceptando esta propuesta que era la
mejor. No afligiríamos a mi madre y el tiempo
correría hasta que llegara el momento en que
pudiéramos casarnos. Por el contrario, toda
resistencia al seminario confirmaría la
denuncia de José Días. Esta reflexión no fue
mía, sino de ella.
Capítulo 49
Una vela los sábados
323
Una vela los sábados
He aquí cómo, tras tantas fatigas,
llegábamos al puerto en que nos deberíamos
haber refugiado desde el principio. No nos
censures, piloto de mala muerte, no se
navegan los corazones como los otros mares
de este mundo. Estábamos contentos,
comenzamos a hablar del futuro. Yo le
prometía a mi esposa una vida sosegada y
bella, en la plantación o fuera de la ciudad.
Volveríamos aquí una vez al año. Si fuese en
los alrededores, sería lejos, donde nadie
pudiera molestarnos. La casa, en mi opinión,
no debía ser grande ni pequeña, un término
medio; le planté flores, le elegí muebles, una
calesa y un oratorio. Sí, tendríamos un
oratorio bonito, alto, de jacarandá, con la
imagen de Nuestra Señora de la Concepción.
Me detuve en esto más que en lo demás, en
parte porque éramos creyentes, en parte para
compensar que yo pensaba colgar los
CAPÍTULO XLIX
MACHADO DE ASSIS
324
hábitos; pero quedaba algo que atribuyo al
propósito secreto e inconsciente de conseguir
captar la protección del cielo. Deberíamos
encender una vela todos los sábados…
Capítulo 50
Un término medio
327
Un término medio
Meses después fui al seminario de S.
José. Si pudiese contar las lágrimas que lloré
durante el día anterior y en esa mañana,
sumarían más que todas las vertidas desde
Adán y Eva. Quizá exagere un poco; pero es
bueno ser enfático de vez en cuando, para
compensar este escrúpulo de exactitud que me
aflige. Sin embargo, si me atuviese solamente
al recuerdo de la sensación, no estaría lejos
de la verdad; a los quince años, todo es infinito.
Realmente, por más preparado que estuviera,
padecí mucho. Mi madre también padeció,
pero sufría con el alma y con el corazón;
además, el padre Cabral había encontrado un
término medio: poner a prueba mi vocación;
si, pasados dos años, yo no mostraba vocación
eclesiástica, estudiaría otra carrera.
- Las promesas se deben cumplir como
Dios manda. Suponga que Nuestro Señor le
CAPÍTULO L
MACHADO DE ASSIS
328
niega la vocación a su hijo y que las
costumbres del seminario no le producen
la satisfacción que a mí me dieron, eso
implicaría que es otra la voluntad divina…
Usted nunca le podría haber inculcado a
su hijo, antes de haber nacido, una
vocación que Nuestro Señor le hubiera
negado…
Era una concesión del cura. Le daba a
mi madre un perdón anticipado haciendo que
el perdón de la deuda procediera del
acreedor. Los ojos de mi madre brillaron,
pero su boca dijo que no. José Días, que no
había conseguido ir conmigo a Europa, se
aferró a lo más inmediato y apoyó el “arbitrio
del Sr. protonotario”; aunque le parecía que
con un año era suficiente.
- Estoy convencido, dijo, guiñándome
un ojo, que dentro de un año la vocación
eclesiástica de nuestro Bentiño se manifestará
clara y decisivamente. Ha de llegar a ser un
cura de una vez. Aunque, si no se manifestara
en un año…
Y a mí, después, en privado:
- Vete por un año, un año pasa deprisa.
Si no te gusta es que Dios no quiere, como
DON CASMURRO
329
dice el cura, y en ese caso, amiguito mío, el
mejor remedio es Europa.
Capitú me dio el mismo consejo,
cuando mi madre le anunció mi partida
definitiva para el seminario:
- Hija mía, vas a perder a tu
compañero de la infancia…
Le sentó tan bien ese trato de hija (era
la primera vez que mi madre se lo daba) que
no tuvo tiempo de entristecerse, le besó la
mano y le dijo que ya lo sabía por mí. En
privado me animó a soportarlo todo con
paciencia, para fin de año las cosas habrían
cambiado y un año pasaba deprisa. No fue
propiamente nuestra despedida. Ésta se
produjo en la víspera de la partida de un
modo que exige un capítulo especial. Lo único
que diré aquí es que, conforme nos uníamos
el uno al otro, ella se iba uniendo más a mi
madre, se hizo más asidua y tierna, vivía junto
a ella, con los ojos puestos en ella. Mi madre
era de natural simpático e igualmente
sensible y tanto se afligía como se regocijaba
con cualquier cosa. Comenzó a encontrar en
Capitú una porción de virtudes nuevas, de
cualidades finas y raras, le dio uno de sus
anillos y algunos regalos. No quiso
MACHADO DE ASSIS
330
fotografiarse, como la pequeña le pedía,
para darle su retrato; pero tenía una
miniatura, hecha a los veinticinco años y, tras
algunas dudas, decidió dársela. Los ojos de
Capitú cuando recibió el regalo eran
indescriptibles; no eran oblicuos ni de resaca,
eran directos, claros, lúcidos. Besó el retrato
con pasión, mi madre hizo lo mismo con ella.
Todo esto me recuerda nuestra despedida.
Capítulo 51
Entre claro y oscuro
333
Entre claro y oscuro
Entre claro y oscuro, todo ha de ser
breve como aquel instante. No duró mucho
nuestra despedida, fue lo más larga posible,
en la sala de visitas, antes de encender las
velas; allí nos despedimos definitivamente.
Nos juramos de nuevo que nos casaríamos
el uno con el otro y no sólo selló el contrato
un apretón de manos como en el huerto,
también se unieron nuestros labios
amorosos… Quizá borre esto en la
publicación, si para entonces pienso de otra
manera; si no, lo dejaré como está. Por ahora
lo dejaré, porque en realidad es nuestra
defensa. Lo que quiere el mandamiento divino
es que no juremos en vano por el santo
nombre de Dios. Yo no iba a mentirle al
seminario, ya que llevaba un contrato hecho
en la propia notaría del cielo. En cuanto al
sello, Dios, así como hizo las manos limpias,
también hizo los labios limpios, la malicia
CAPÍTULO LI
MACHADO DE ASSIS
334
está antes en tu cabeza perversa que en la
de aquella pareja de adolescentes… ¡Oh!,
mi dulce compañera de infancia, yo era puro
y puro permanecí y puro entré en el seminario
de S. José a buscar aparentemente el hábito
sacerdotal y antes que eso la vocación. Pero
la vocación eras tú, el hábito eras tú.
Capítulo 52
El viejo Padua
337
El viejo Padua
Ahora contaré también los adioses del
viejo Padua. Inmediatamente vino a nuestra
casa. Mi madre le dijo que fuese a hablar
conmigo a mi habitación.
- ¿Con permiso?, preguntó metiendo
la cabeza por la puerta.
Fui a darle la mano, él me abrazó con
ternura.
- ¡Que sea feliz!, me dijo. Tenga por
seguro que toda mi familia y yo tendremos
muchas nostalgias suyas. Todos le queremos
mucho, como se merece. Si le dijeran otra
cosa, no se lo crea. Son intrigas. También yo
cuando me casé fui víctima de intrigas, se las
llevó el viento. Dios es grande y descubre la
verdad. Si algún día perdiese a su madre y a
su tío, cosa que yo, por esta luz que me
CAPÍTULO LII
MACHADO DE ASSIS
338
ilumina, no deseo, porque son buenas
personas, excelentes personas, y yo
agradezco los favores recibidos… No, no soy
como otros, ciertos parásitos, venidos de
fuera para desunir a las familias, aduladores
bajos, no; soy de otra clase, no vivo comiendo
ni morando en casa ajena… ¡Aunque, a fin
de cuentas, sean los más felices!
- ¿Por qué me dirá eso?, pensé.
Naturalmente sabe que José Días habla mal
de él.
- Pero, como iba diciendo, si algún día
perdiese a sus parientes, puede contar con
nuestra compañía. No es de mucho valor,
pero el afecto es inmenso, créalo. Aunque
sea cura, nuestra casa estará a su disposición.
Sólo quiero que no me olvide; que no se olvide
del viejo Padua…
Suspiró y continuó:
- No olvide a su viejo Padua y, si tiene
algún pañuelo como recuerdo, un cuaderno
de latín, cualquier cosa, un botón de chaleco,
algo que no le sirva para nada. Lo que vale
es el recuerdo.
Tuve un sobresalto. Había envuelto en
DON CASMURRO
339
un papel un mechón de mis cabellos largos y
bonitos, cortados en la víspera. Mi intención
era dárselos a Capitú al partir, pero se me
ocurrió dárselos a su padre. Su hija sabría
quedárselos y guardarlos. Tomé el paquete y
se lo di.
- Tenga, guárdelo.
- ¡Un mechón de sus cabellos!, exclamó
Padua abriendo y cerrando el paquete.
¡Muchas gracias, muchas gracias en mi
nombre y en el de mi familia! Voy a dárselo
a mi vieja para que lo guarde, o a la pequeña,
que es más cuidadosa que su madre. ¡Qué
lindos son! ¿Cómo se puede cortar una
maravilla de ésas? ¡Déme un abrazo!, ¡otro!,
¡otro más!, ¡adiós!
Tenía los ojos de verdad húmedos;
tenía la cara de los desengañados, como
quien ha gastado en un solo billete de lotería
todas sus economías y esperanzas, y ve salir
sin premio el maldito número, ¡un número tan
bonito!
Capítulo 53
¡En camino!
343
¡En camino!
Me fui al seminario. Ahórrame las
otras despedidas. Mi madre me estrechaba
contra su pecho. La prima Justina
suspiraba. Quizá llorase poco o nada. Hay
personas a quienes las lágrimas no les
acuden enseguida o nunca, se dice que
sufren más que las demás. La prima Justina
disimulaba naturalmente sus sufrimientos
íntimos, enmendando los descuidos de mi
madre, haciéndome recomendaciones,
dando órdenes. Mi tío Cosme, cuando le
besé la mano en la despedida, me dijo
riendo:
- ¡Vete, muchacho, y vuelve papa!
José Días, compuesto y grave, no decía
nada al principio; habíamos hablado en la
víspera en su habitación, donde fui a ver si
todavía era posible evitar el seminario. Ya
CAPÍTULO LIII
MACHADO DE ASSIS
344
no, pero me dio esperanzas y principalmente
me animó mucho. Antes de un año estaríamos
a bordo. Como me pareció demasiado breve,
se justificó:
- Dicen que no es buena época para
atravesar el Atlántico; voy a enterarme; si
no, iremos en marzo o en abril.
- Puedo estudiar medicina aquí mismo.
José Días deslizó los dedos por sus
tirantes con un gesto de impaciencia, apretó
los labios hasta que finalmente rechazó la
propuesta.
- No dudaría en aprobar la idea, dijo,
si en la Facultad de Medicina no enseñasen
exclusivamente la podredumbre alópata. La
alopatía es el error de los siglos y tiene que
morir; es el asesinato, la mentira, la ilusión.
Si te han dicho que puedes aprender en la
Facultad de Medicina la parte de la ciencia
común a todos los sistemas, es verdad; el
error de la alopatía está en la terapéutica.
La fisiología, la anatomía, la patología, no
son alopáticas ni homeopáticas, pero es
mejor aprenderlo todo de una vez, con los
libros y el lenguaje de hombres cultores de
la verdad…
DON CASMURRO
345
Esto lo había dicho en la víspera en
mi habitación. Ahora no decía nada más, sólo
profería algún aforismo sobre la religión y
la familia; recuerdo éste: “Repartirlo con Dios
es también poseerlo.”
Cuando mi madre me dio el último
beso, él suspiró: “¡Escena amantísima!”. Era
la mañana de un lindo día. Los negritos
cuchicheaban, las esclavas recibían mi
bendición: “¡Su bendición, amo Bentiño! ¡No
se olvide de su Juana! ¡Su Miguelina se queda
rezando por su merced!” En la calle, José Días
insistió en las esperanzas:
- Aguanta un año, para entonces
estará todo arreglado.
Capítulo 54
Panegírico de Santa Mónica
349
Panegírico de Santa Mónica
En el seminario… ¡No!, no voy a contar
el seminario ni me bastaría un capítulo para
eso. No, amigo mío; algún día puede que
componga un breve de lo que allí vi y viví, de
las personas que traté, de las costumbres,
de todo el resto. Esta sarna de escribir,
cuando se contrae a los cincuenta años, no
se erradica nunca. En la juventud es más fácil
curarse; y sin ir más lejos, aquí mismo en el
seminario tuve un compañero que componía
versos a la manera de los de Junqueira Freire,
cuyo libro de fraile-poeta era reciente. Se
ordenó, años después me lo encontré en el
coro de S. Pedro y le pedí que me mostrase
sus nuevos versos.
- ¿Qué versos?, preguntó sorprendido.
- Los tuyos. No te acuerdas que en el
seminario….
CAPÍTULO LIV
MACHADO DE ASSIS
350
- ¡Ah!, sonrió.
Sonrió y, continuando su búsqueda en
un libro abierto de la hora en que tenía que
cantar al día siguiente, me confesó que, después
de ordenado, no había escrito más versos.
Fueron picores de juventud; se rascó, se le pasó,
estaba bien. Y me habló en prosa de una
infinidad de cosas cotidianas, la vida cara, un
sermón del padre X…, una parroquia de Minas…
Lo contrario le sucedió a un
seminarista que no acabó la carrera. Se
llamaba… No es necesario decir su nombre,
baste el asunto. Había compuesto un
Panegírico de Santa Mónica, elogiado por
algunos y leído entonces entre los
seminaristas. Consiguió licencia para
imprimirlo y se lo dedicó a San Agustín. Todo
esto son historias viejas; lo que sí es actual
es que un día, en 1882, en que fui a resolver
un asunto en una delegación de la marina,
me encontré con mi colega, convertido en jefe
de una sección administrativa. Había dejado
el seminario, había dejado las letras, se había
casado y se había olvidado de todo, menos
del Panegírico de Santa Mónica, unas
veintinueve páginas que se pasó la vida
repartiendo. Como yo necesitaba algunas
informaciones, fui a pedírselas y hubiera sido
DON CASMURRO
351
imposible encontrar una voluntad mejor ni
más dispuesta; me lo ofreció todo, claro,
cierto, copioso. Naturalmente conversamos
sobre el pasado, memorias personales, casos
de estudio, incidentes sin importancia, un
libro, una palabra, un mote, todo el antiguo
palabrerío salió afuera y nos reímos juntos y
suspiramos en compañía. Vivimos algún
tiempo de nuestro viejo seminario. O porque
eran suyos, o porque entonces éramos
jóvenes, los recuerdos traían tal poder de
felicidad que, si alguna sombra contraria
hubo entonces, no apareció ahora. Me
confesó que había perdido de vista a todos
los compañeros del seminario.
- También yo, a casi todos; una vez
ordenados, volvieron naturalmente a sus
provincias y los de aquí ocuparon parroquias
de afuera.
- ¡Buenos tiempos!, suspiró.
Y, tras algunas reflexiones, fijando en
mí sus ojos marchitos y obstinados, me
preguntó:
- ¿Conservaste mi Panegírico?
No se me ocurrió nada; intenté mover
MACHADO DE ASSIS
352
los labios, pero no tenía palabras; finalmente,
le pregunté:
- ¿Panegírico? ¿Qué panegírico?
- Mi Panegírico de Santa Mónica.
No me acordé enseguida, pero la
explicación era suficiente y, después de
unos instantes de introspección mental,
respondí que lo había conservado durante
mucho tiempo, pero las mudanzas, los
viajes…
- Te llevaré un ejemplar.
Antes de veinticuatro horas estaba en
mi casa con el folleto, un viejo folleto de
veintiséis años, amarillento, manchado por
el tiempo, pero sin falla, con una dedicatoria
manuscrita y respetuosa.
- Es el penúltimo ejemplar, me dijo;
ahora sólo me queda uno y no se lo puedo
dar a nadie.
Y al verme hojear el opúsculo:
- A ver si te acuerdas de algún pasaje,
me dijo.
DON CASMURRO
353
Veintiséis años de intervalo hacen morir
amistades más estrechas y asiduas, pero era
cortesía, casi caridad, recordar algún
fragmento; leí uno, acentuando ciertas frases
para darle la impresión de que hallaban eco
en mi memoria. Concordó en que eran
bonitas, pero prefería otras, que señaló.
- ¿Te acuerdas bien?
- Perfectamente. ¡Panegírico de Santa
Mónica! ¡Cómo me hizo remontarme a mis
años de juventud! Nunca me olvidé del
seminario, créelo. Pasan los años, los
acontecimientos se suceden y la sensaciones
también y llegan amistades nuevas, que
también se van después, como es ley de vida…
Pues, caro colega, nada me ha hecho olvidar
aquel tiempo en que convivimos, los curas,
las lecciones, los recreos…, nuestros recreos,
¿te acuerdas?, el padre Lopes, oh, el padre
Lopes…
Él, con la mirada perdida, debía estar
oyéndolo y naturalmente lo oiría, pero sólo
me dijo una palabra, e incluso así después
de algún tiempo de silencio, recuperando la
mirada, y suspiró.
- ¡Tuvo mucho éxito mi Panegírico!
Capítulo 55
Un soneto
357
Un soneto
Dichas tales palabras, estrechó mis
manos con todas las fuerzas de un generoso
agradecimiento, se despidió y salió. Me
quedé solo con el panegírico y lo que sus
hojas me trajeron a la memoria merece un
capítulo o incluso más. Antes, sin embargo, y
porque yo también tuve mi Panegírico,
contaré la historia de un soneto que nunca
hice. Era en la época del seminario y su
primer verso es el que vais a leer:
¡Oh, ¡flor del cielo!, ¡oh!, ¡flor cándida
y pura!
No sé ni cómo ni por qué me surgió
este verso de la cabeza; surgió así, estando
yo en la cama, como una exclamación suelta
y, al reparar en que tenía la medida de un
verso, pensé en componer con él alguna cosa,
un soneto. El insomnio, musa de ojos
CAPÍTULO LV
MACHADO DE ASSIS
358
desorbitados, no me dejó dormir durante una
larga hora o dos; los picores me pedían uñas
y yo me rascaba con fervor. No elegí
inmediatamente después el soneto; al
principio pensé en otra forma, tanto de rima
como de versos libres, pero al final me atuve
al soneto. Era un poema breve y adecuado.
En cuanto a la idea, el primer verso no era
todavía una idea, era una exclamación; la
idea vendría después. Así, en la cama,
cubierto con las sábanas, traté de poetizar.
Tenía el alborozo de la madre que siente a
su hijo, a su primer hijo. Iba a ser poeta, iba
a competir con aquel monje de Bahía, poco
antes revelado y entonces de moda; yo,
seminarista, contaría en verso mis tristezas
como él había contado las suyas en el
claustro. Memoricé bien el verso y se lo
repetía en voz baja a las sábanas;
francamente, me parecía bonito, y aún ahora
no me parece malo:
¡Oh, ¡flor del cielo!, ¡oh!, ¡flor cándida
y pura!
¿Quién era la flor?, Capitú,
naturalmente; pero podría ser la virtud, la
poesía, la religión, cualquier otro concepto
al que cupiese la metáfora flor, y flor del cielo.
Aguardé el resto, recitando continuamente el
DON CASMURRO
359
verso y recostado ora sobre el lado derecho,
ora sobre el izquierdo; finalmente me quedé
boca arriba, con los ojos fijos en el techo,
pero ni aun así se me ocurría nada. Entonces
reparé en que los sonetos más elogiados eran
los que concluían con llave de oro, esto es,
uno de esos versos capitales en el sentido y
en la forma. Pensé en forjar una de tales
llaves, considerando que el verso final,
saliendo cronológicamente de los trece
anteriores, con dificultad llevaría la elogiada
perfección; imaginé que tales llaves serían
fundidas antes que la cerradura. Así que me
decidí a componer el último verso del soneto
y, después de mucho sudar, me salió éste:
¡Se pierde la vida, se gana la batalla!
Sin vanidad, y hablando como si fuese
ajeno, era un verso magnífico. Sonoro, no
cabe duda. Y contenía un pensamiento, la
victoria conseguida a costa de la propia vida,
pensamiento elevado y noble. Es posible que
no fuese novedad, pero tampoco era vulgar
e incluso ahora no me explico por qué ruta
misteriosa surgió de una cabeza tan joven.
Entonces lo hallé sublime. Recité una y muchas
veces la llave de oro, después repetí los dos
versos seguidos y me dispuse a unirlos con
los doce centrales. La idea ahora, a la vista
MACHADO DE ASSIS
360
del último verso, me pareció mejor que no
fuera Capitú, sino la justicia. Era más propio
decir que, en la pugna por la justicia, se
perdería talvez la vida, pero la batalla estaba
ganada. También se me ocurrió aceptar la
batalla, en su sentido natural, y hacer de ella
la lucha por la patria, por ejemplo; en ese
caso, la flor del cielo sería la libertad. Esta
acepción, sin embargo, siendo el poeta un
seminarista, podía no adecuarse tan bien
como la primera y tardé algunos minutos en
escoger entre una y otra. Me pareció mejor
la justicia, pero finalmente acepté
definitivamente una idea nueva, la caridad, y
recité los dos versos, cada uno a su modo,
uno lánguidamente:
¡Oh, ¡flor del cielo!, ¡oh!, ¡flor cándida
y pura!
Otro con gran brío:
¡Se pierde la vida, se gana la batalla!
La impresión que tuve es que iba a salir
un soneto perfecto. Comenzar bien y acabar
bien no era poco. Para darme un baño de
inspiración, evoqué algunos sonetos célebres
y reparé en que la mayoría eran facilísimos;
los versos surgían unos de otros, con la idea
DON CASMURRO
361
en sí, tan naturalmente que no se acababa
de saber si era ella quien los había producido
o si ellos quienes la habían suscitado. Volvía
entonces a mi soneto y nuevamente repetía
el verso y esperaba el segundo, el segundo
no aparecía ni el tercero ni el cuarto; no
aparecía ninguno. Tuve algunos accesos de
rabia y más de una vez pensé en saltar de la
cama e ir a por tinta y papel; quizá,
escribiendo, los versos acudiesen, pero…
Cansado de esperar, caí en la cuenta
de alterar el sentido del último verso, con una
simple transposición de dos palabras, así:
¡Se gana la vida, se pierde la batalla!
El sentido venía a ser justamente el
contrario, pero quizá eso mismo me trajese
la inspiración. En este caso, sería una ironía:
no ejerciendo la caridad, se puede ganar la
vida, pero se pierde la batalla del cielo. Reuní
nuevas fuerzas y esperé. No tenía ventana, si
la hubiera tenido quizá le hubiera pedido una
idea a la noche. Y quién sabe si las
luciérnagas, luciendo aquí abajo, no serían
para mí como rimas de las estrellas y esta
viva metáfora no me proporcionaría los
versos esquivos, con sus consonantes y
sentidos propios.
MACHADO DE ASSIS
362
Trabajé en vano, busqué, seleccioné,
esperé, no aparecieron los versos. Con el
tiempo escribí algunas páginas en prosa y
ahora estoy componiendo esta narración, sin
encontrar dificultad para escribirla, bien o
mal. Pues, señores, nada me consuela de
aquel soneto que no hice. Pero como yo creo
que los sonetos existen hechos, como las odas
y los dramas y las demás obras de arte, por
una razón de orden metafísico, le regalo esos
dos versos al primer desocupado que los
quiera. El domingo, si está lloviendo, o en el
campo, en cualquier momento de descanso,
puede intentar ver si le sale el soneto. Todo
es darle una idea y llenar el centro que falta.
Capítulo 56
Un seminarista
365
Un seminarista
Todo me lo iba repitiendo el diablo del
opúsculo con sus letras viejas y citas latinas.
Vi surgir de aquellas páginas muchos perfiles
de seminaristas: los hermanos Albuquerques,
por ejemplo, uno de los cuales es canónigo
en Bahía, mientras que el otro cursó medicina
y dicen que descubrió un específico contra
la fiebre amarilla. Vi a Bastos, un flacucho,
que está de vicario en Meia-Ponte, si no ha
muerto ya; Luis Borges que, a pesar de cura,
se hizo político y acabó senador del
imperio… ¡Cuántas otras caras me miraban
fijamente desde las frías páginas del
Panegírico! No, no eran frías; traían el calor
de la juventud naciente, el calor del pasado,
mi propio calor. Quería leerlas otra vez,
lograba entender algún texto, tan fresco como
el primer día, aunque más breve. Era un
encanto ir a por él; a veces,
inconscientemente, doblaba la hoja como si
CAPÍTULO LVI
MACHADO DE ASSIS
366
estuviese leyendo de verdad; creo que era
cuando mis ojos llegaban a la última palabra
al final de la página, y mi mano,
acostumbrada a ayudarlos, hacía su oficio.
He aquí otro seminarista. Se llamaba
Ezequiel de Souza Escobar. Era un joven
esbelto, ojos claros, un poco huidizos, como
sus manos, como sus pies, como su habla,
como todo él. Quien no estuviese
acostumbrado a él quizá podría sentirse mal,
sin saber por donde agarrarlo. No miraba
de frente, no hablaba claro ni seguido; sus
manos no estrechaban las de los demás,
porque sus dedos, siendo delgados y cortos,
cuando la gente creía tenerlos entre los suyos,
ya no tenía nada. Lo mismo digo de sus pies,
que tan pronto estaban aquí como allá. Esa
dificultad para quedarse quieto fue el mayor
obstáculo que tuvo para adaptarse a las
costumbres del seminario. Su sonrisa era
instantánea, pero también se reía relajada y
largamente. Tenía algo menos fugaz que el
resto: la reflexión; muchas veces lo
encontrábamos, ensimismado, pensando.
Siempre nos respondía que estaba meditando
algún asunto espiritual, o bien que estaba
recordando la lección del día anterior.
Cuando entró en mi intimidad, me pedía
frecuentemente explicaciones y repeticiones
DON CASMURRO
367
pormenorizadas y tenía memoria suficiente
para guardarlas todas, incluso las palabras.
Quizá esta facultad le perjudicase otras.
Era tres años mayor que yo, hijo de un
abogado de Curitiba, emparentado con un
comerciante de Río de Janeiro que le servía
de corresponsal a su padre. Éste era un
hombre de fuertes sentimientos católicos.
Escobar tenía una hermana, que era un ángel,
según él.
- No sólo es un ángel por su belleza,
también por su bondad. No te imaginas lo
buena persona que es. Me escribe muchas
veces y te mostraré sus cartas.
De hecho, eran sencillas y afectuosas,
llenas de cariño y consejos. Escobar me
contaba interesantes historias de ella, las
cuales venían a condecir con la bondad y
con el espíritu de aquella criatura; eran tales
que me hubieran hecho capaz de casarme
con ella de no ser por Capitú. Murió poco
después. Yo, seducido por las palabras de
él, a punto estuve de contarle enseguida mi
historia. Al principio fui tímido, pero se fue
ganando mi confianza. Aquellos modos
huidizos cesaban cuando él quería y el
ambiente y el tiempo los hicieron más
MACHADO DE ASSIS
368
reposados. Escobar acabó abriéndome toda
su alma, desde la puerta de la calle hasta el
fondo del huerto. El alma de las personas,
como sabes, es una casa así dispuesta,
frecuentemente con ventanas a todas las
direcciones, mucha luz y aire puro. También
las hay cerradas y oscuras, sin ventanas, o
con pocas y enrejadas, semejantes a
conventos y a prisiones. Otrosí, capillas y
bazares, simples porches o palacios
suntuosos.
No sé cómo era la mía. Yo no era
todavía cazurro ni Don Casmurro; el recelo
me impedía la franqueza, pero como las
puertas no tenían llaves ni cerraduras,
bastaba con empujarlas y Escobar las empujó
y entró. Lo hallé aquí dentro y aquí se quedó,
hasta que…
Capítulo 57
De preparación
371
De preparación
Pero no eran sólo los seminaristas
quienes me iban surgiendo de aquellas hojas
viejas del Panegírico. Me trajeron también
sensaciones pasadas, tales y tantas que no
podría contarlas todas sin quitarle espacio
al resto. Una de esas, y de las primeras,
quisiera contarla aquí en latín. No es que la
materia no encuentre términos honestos en
nuestra lengua, que es casta para los castos
como puede ser torpe para los torpes. Sí,
lectora castísima, como diría mi finado José
Días, puedes leer el capítulo hasta el fin sin
recelo ni vergüenza.
Pero ahora meteré la historia en otro
capítulo. Por más compuesto que éste me
salga, hay siempre en este asunto alguna
cosa menos austera que pide unas líneas de
reposo y preparación. Sirva éste de
preparación. Y esto es mucho, lector amigo;
CAPÍTULO LVII
MACHADO DE ASSIS
372
el corazón, cuando examina la posibilidad
de lo que ha de venir, las proporciones de
los acontecimientos y la cantidad de ellos, se
siente vigoroso y dispuesto y el daño es
menor. Del mismo modo, si no se siente así
entonces, no se sentirá nunca. Y aquí verás
alguna que otra astucia mía; por eso, al leer
lo que vas a leer, es probable que te parezca
menos cruel de lo que esperabas.
Capítulo 58
El tratado
375
El tratado
Sucedió que un lunes, regresando yo
al seminario, vi que una señora se caía en la
calle. Mi primer gesto en tal situación debería
haber sido de pena o de risa; no fue ni una
cosa ni otra, por cuanto (y es esto lo que yo
hubiera querido decir en latín), por cuanto la
señora llevaba las medias muy lavadas y no
se las manchó, llevaba ligas de seda y no las
perdió. Varias personas acudieron, pero no
tuvieron tiempo de levantarla; ella se levantó
muy avergonzada, se sacudió, dio las gracias
y continuó por una calle próxima.
- Este gusto de imitar a las francesas de
la calle del Ouvidor, me decía José Días
andando y comentando la caída, es
evidentemente un error. Nuestras jóvenes deben
andar como siempre anduvieron, con sosiego
y paciencia y no con este tic, tic, afrancesado…
CAPÍTULO LVIII
MACHADO DE ASSIS
376
Yo casi no podía oírlo. Las medias y
las ligas de la señora destacaban por su
blancura y se enroscaban ante mí, y andaban,
se caían, se levantaban y se iban. Cuando
llegamos a la esquina, miré hacia la otra
calle, y vi, a distancia, a nuestra desastrada,
que seguía con el mismo paso, tic, tic, tic,
tic…
- Parece que no se ha hecho daño, dije
yo.
- Tanto mejor para ella, pero es
imposible que no se haya arañado las
rodillas; esa presteza es una maña…
Creo que fue “maña” lo que dijo; yo
me quedé con “las rodillas arañadas”. A
partir de allí hasta el seminario, no vi mujer
en la calle a quien no le desease una caída;
adiviné que algunas llevaban las medias
tensas y las ligas ajustadas… Quizá habría
quien no llevase medias… Pero yo las veía
con ellas… O quizá… También es posible….
Voy desgranando esto con puntos
suspensivos, para dar una idea de mis ideas,
que eran así, difusas y confusas; no digo nada
con seguridad. Tenía la cabeza caliente y mi
caminar no era seguro. En el seminario, la
DON CASMURRO
377
primera hora fue insoportable. Los hábitos
tenían aire de faldas y me recordaban la
caída de la señora. Ya no era sólo una a
quien había visto caer, todas las que había
encontrado en la calle me mostraban ahora
inesperadamente sus ligas azules; eran
azules. De noche, soñé con ellas. Una multitud
de abominables criaturas apareció andando
a mi alrededor, tic, tic… Eran bellas, unas
delgadas, otras gruesas, todas ágiles como
diablos. Desperté, intenté ahuyentarlas con
conjuros y otros métodos, pero apenas me
dormí volvieron y, con las manos enlazadas,
formaban a mi alrededor un vasto círculo de
faldas, o, encaramadas en el aire, pies y
piernas se precipitaban sobre mi cabeza. Esto
duró hasta la madrugada. No dormí más.
Recé padrenuestros, avemarías y credos y,
siendo este libro la pura verdad, es forzoso
confesar que tuve que interrumpir mas de una
vez mis oraciones para acompañar en la
oscuridad una figura a lo lejos, tic, tic, tic, tic.
Reanudaba deprisa la oración, siempre en
la mitad para recomponerla bien, como si
no hubiese habido interrupción, pero en
realidad no unía la frase nueva con la
anterior.
Como siguió el mal a lo largo de la
mañana, intenté vencerlo, pero de manera
MACHADO DE ASSIS
378
que no lo perdiese del todo. Sabios de la
Escritura, adivinad lo que podría ser. Fue esto.
No pudiendo apartar de mí aquellas
imágenes, recurrí a un pacto entre mi
conciencia y mi imaginación. Las visiones
femeninas serían en adelante consideradas
como simples encarnaciones de los vicios y
por eso mismo podrían ser observadas como
el mejor modo de templar el carácter y
ejercitarlo para los ásperos combates de la
vida. No formulé esto con palabras ni fue
necesario; el contrato se hizo tácitamente, con
alguna objeción, pero se hizo. Y durante
algunos días, era yo mismo quien evocaba
las visiones para fortalecerme y no las
rechazaba sino cuando ellas mismas se iban
de puro cansadas.
Capítulo 59
Convidados de buena memoria
381
Convidados de buena memoria
Hay reminiscencias que no descansan
antes de que la pluma o la lengua las
publiquen. Un clásico decía que renegaba
del convidado que tiene buena memoria. La
vida está llena de dichos convidados y yo
quizá sea uno de esos, aunque la prueba de
que tengo la memoria débil es exactamente
que no me acude ahora el nombre del tal
clásico; pero era un clásico y basta.
No, no, mi memoria no es buena. Al
contrario, es comparable a alguien que
hubiese vivido en hospederías, sin conservar
de ellas ni las caras ni los nombres, tan sólo
raras circunstancias. A quien vive en la misma
casa de familia, con sus eternos muebles y
costumbres, personas y afectos, se le queda
grabado todo por la continuidad y la
repetición. ¡Cómo envidio a quienes no han
olvidado el color de sus primeros pantalones!
CAPÍTULO LIX
MACHADO DE ASSIS
382
Yo no atino con el de los que me puse ayer.
Juro solamente que no eran amarillos porque
detesto ese color, pero eso mismo puede ser
olvido y confusión.
Y mejor que sea olvido que confusión;
me explico. Nada se corrige bien en los libros
confusos, pero todo se puede incluir en los
libros que tienen omisiones. Yo, cuando leo
alguno de esta casta, no lo lamento. Lo que
hago, al llegar al final, es cerrar los ojos y
evocar todo lo que no encontré en él.
¡Cuántas ideas finas se me ocurren entonces!
¡Cuántas reflexiones profundas! Los ríos, las
montañas, las iglesias que no vi en las hojas
leídas, todos se me aparecen ahora con sus
aguas, sus árboles, sus altares; los generales
sacan sus espadas que se habían quedado
en la vaina y los clarines liberan las notas
que dormían en el metal y todo marcha con
un espíritu imprevisto.
Todo se halla fuera de un libro
incompleto, lector amigo. Completo así las
lagunas ajenas; así puedes también
completar las mías.
Capítulo 60
Querido opúsculo
385
Querido opúsculo
Eso hice yo con el Panegírico de Santa
Mónica, e hice más: le añadí no sólo lo que
le faltaba de la santa, sino incluso cosas que
no eran suyas. Ya has visto el soneto, la
medias, las ligas, al seminarista Escobar y a
otros. Ahora verás el resto de lo que aquel
día me fue surgiendo de las páginas amarillas
del opúsculo.
Querido opúsculo, tú no servías para
nada, ¿pero para qué más puede servir un
viejo par de zapatillas? Sin embargo, muchas
veces hay en el viejo par de zapatillas una
especie de aroma y calor de dos pies.
Gastadas y rotas, no dejan de recordarnos
que alguien las calzaba por las mañanas, al
levantarse de la cama, o las descalzaba por
las noches al meterse en ella. Y si no vale la
comparación, porque las zapatillas son en
cierto modo una parte de la persona y
CAPÍTULO LX
MACHADO DE ASSIS
386
tuvieron el contacto con sus pies, aquí están
otros recuerdos, como la piedra de la calle,
la puerta de la casa, un silbido particular, un
pregón de mercado como aquél de las
cocadas que conté en el cap. XVIII.
Justamente, cuando conté el pregón de las
cocadas me quedé tan lleno de nostalgias
que pensé en hacérselo escribir a un amigo,
profesor de música y pegarlo en las piernas
del capítulo. Si después amputé el capítulo,
fue porque otro músico, a quien se lo mostré,
me confesó ingenuamente que no veía nada
en el texto que le produjera nostalgia. Para
que no le ocurra lo mismo a otros
profesionales que acaso me lean, lo mejor
es ahorrarle al editor del libro el trabajo y el
gasto de la impresión. Ves que no puse ni
pongo nada. Ahora creo que no basta con
que los pregones de la calle, como los
opúsculos del seminario, guarden historias,
personas y sensaciones; es necesario que la
gente los haya conocido y padecido en el
tiempo, sin lo cual todo es mudo e incoloro.
Pero vayamos al resto de lo que me
fue surgiendo de las páginas amarillas.
Capítulo 61
La vaca de Homero
389
La vaca de Homero
El resto fue mucho. Vi pasar los
primeros días de la separación, duros y
opacos, a pesar de las palabras de consuelo
que me dieron los curas y seminaristas y de
las de mi madre y mi tío Cosme, traídas por
José Días al seminario.
- Todos están nostálgicos, me dijo éste,
pero la mayor nostalgia está naturalmente
en el mayor de los corazones; ¿y cuál es?,
preguntó escribiendo la respuesta en sus ojos.
- Mi madre, le respondí.
José Días me estrechó las manos con
entusiasmo y luego describió la tristeza de
mi madre, que hablaba de mí todos los días,
casi a todas horas. Como la alababa siempre
y añadía alguna palabra relativa a las
cualidades que Dios le había dado, el orgullo
CAPÍTULO LXI
MACHADO DE ASSIS
390
de mi madre en esas ocasiones era
indescriptible; me contaba todo eso lleno de
una admiración lacrimosa. Mi tío Cosme
también se enternecía mucho.
- Ayer se produjo incluso un caso
interesante. Habiéndole dicho yo a la
Excelentísima que Dios le había dado, no un
hijo, sino un ángel del cielo, el doctor se
quedó tan conmovido que no encontró otro
modo de contener el llanto que haciéndome
uno de esos elogios en broma que sólo él
sabe hacer. No es preciso decir que D.ª Gloria
se enjugó furtivamente una lágrima. ¡Sólo una
madre! ¡Qué corazón amantísimo!
- ¿Pero Sr. José Días y mi salida de
aquí?
- Eso es asunto mío. El viaje a Europa
es lo verdaderamente necesario, pero se
puede hacer de aquí a uno o dos años, en
1859 ó 1860…
- ¡Tan tarde!
- Sería mejor que fuese este mismo año,
pero demos tiempo al tiempo. Ten paciencia,
ve estudiando, no se pierde nada con ir
sabiendo ya alguna cosa; y, además, aunque
DON CASMURRO
391
no llegues a ser cura, la vida del seminario es
útil y es bueno entrar en el mundo ungido con
los santos óleos de la teología…
En ese momento -me viene a la
memoria como si fuese hoy- los ojos de José
Días fulguraron tan intensamente que me
llenaron de asombro. Bajó los párpados
después y se quedaron así durante algunos
instantes hasta que de nuevo los levantó y
sus ojos se fijaron en la pared del patio, como
absortos en algo, si no en sí mismos; después
dejaron de mirar a la pared y comenzaron a
vagar por el patio. Podía compararlo aquí
con la vaca de Homero, andaba y gemía
alrededor de la cría que acababa de parir.
No le pregunté qué le pasaba, bien por
timidez, bien porque dos profesores, uno de
ellos de teología, venían caminando en
nuestra dirección. Al pasar junto a nosotros,
el allegado, que los conocía, los saludó con
las deferencias debidas y les pidió
informaciones mías.
- Por ahora nada se puede asegurar,
dijo uno, pero parece que dará buen
resultado.
- Justamente le decía eso ahora mismo,
replicó José Días. Espero oírle la primera
MACHADO DE ASSIS
392
misa; pero aunque no llegara a ordenarse,
no puede tener mejores estudios que los que
recibe aquí. Para el viaje de la existencia,
concluyó demorando más las palabras, irá
ungido con los santos óleos de la teología…
Esta vez fue menor el brillo de sus ojos,
no bajó los párpados ni sus pupilas se
movieron como antes. Por el contrario, todo
él era atención e interrogación; cuando
mucho, una sonrisa clara y cordial le
asomaba en los labios. Al profesor de
teología le gustó la metáfora y se lo dijo; él
se lo agradeció, explicando que eran ideas
que le surgían en el transcurso de la
conversación; no estaba escribiendo ni
orando. A mí no me gustó nada y en cuanto
los profesores se fueron, negué con la cabeza:
- No quiero saber nada de los santos
óleos de la teología; deseo salir de aquí lo
más pronto posible, o ahora mismo…
- Ahora mismo, ángel mío, no puede
ser; pero podría ocurrir mucho antes de lo
que imaginamos. ¿Quién sabe si en este
mismo año del 58? Tengo preparado un plan
y estoy pensando con qué palabras se lo
expondré a D.ª Gloria, estoy convencido de
que cederá y vendrá con nosotros.
DON CASMURRO
393
- Dudo que mi madre se embarque.
- Ya veremos. Tu madre es capaz de
todo; pero, con ella o sin ella, doy por segura
nuestra partida y no habrá esfuerzo que yo
no haga, puedes estar tranquilo. Lo que nos
hace falta es paciencia. Y no hagas nada aquí
que dé lugar a censuras o quejas; mucha
docilidad y una completa y manifiesta
satisfacción. ¿No has oído el elogio del
profesor? Eso quiere decir que te has portado
bien. Pues sigue así.
- Pero, 1859 ó 1860 es demasiado tarde.
- Será este año, replicó José Días.
- ¿De aquí a tres meses?
- O a seis.
- No, tres meses.
- De acuerdo. Tengo ahora un plan que
me parece mejor que todos los demás. Se
trata de combinar la ausencia de vocación
eclesiástica y la necesidad de cambiar de
aires. ¿Por qué no toses?
- ¿Que por qué no toso?
MACHADO DE ASSIS
394
- Ahora mismo no, pero te avisaré
cuando debas toser, cuando sea necesario,
un poquito, una tosecita seca, y falta de
apetito; yo iré preparando a la
Excelentísima… ¡Ah!, y todo esto es en su
beneficio. Ya que su hijo no puede servir a la
Iglesia como debe ser servida, el mejor modo
de cumplir la voluntad de Dios es dedicarlo
a otra cosa. El mundo también es iglesia para
los buenos…
Me pareció otra vez la vaca de
Homero, como si “este mundo también es
iglesia para los buenos” fuese otro becerro,
hermano de los “santos óleos de la teología”.
Pero no le di tiempo a la ternura materna y
repliqué…
- ¡Ah!, ¡entiendo! Aparentar que estoy
enfermo para embarcar, ¿no es eso?
José Días dudó un momento, pero
después se explicó:
- Estoy diciendo la verdad, porque,
francamente, Bentiño, hace meses que estoy
preocupado por tu pecho. No estás bien del
pecho. De pequeño tuviste unas fiebres y
ronquera… Pasaron, pero hace días que estás
con mal color. No digo que ya sea la
DON CASMURRO
395
enfermedad, pero la enfermedad puede venir
deprisa. En un momento se cae una casa. Por
eso, si aquella santa señora no quisiera venir
con nosotros, o para que venga más deprisa,
creo que una buena tos… Si la tos ha de llegar
de verdad, lo mejor es apresurarla… No te
preocupes, yo te aviso…
- Bien, pero cuando salga de aquí no
pienso embarcar inmediatamente; primero
salgo, luego pensaremos en embarcar;
embarcar se puede retrasar un año. ¿No
dicen que la mejor época es abril o mayo?
Pues en mayo. Primero dejo el seminario, de
aquí a dos meses…
Y como la palabra se me estaba
atragantando en la garganta, di un giro
rápido y le pregunté a quemarropa:
- ¿Cómo está Capitú?
Capítulo 62
Un asomo de Yago
399
Un asomo de Yago
La pregunta era imprudente en el
momento en que me ocupaba de aplazar el
embarque. Equivalía a confesar que el motivo
principal o único de mi rechazo al seminario
era Capitú, además de hacer creer
improbable el viaje. Lo comprendí en cuanto
lo dije; quise enmendarlo, pero no supe
cómo, ni él me dio tiempo.
- Está muy alegre, como siempre; es
una tontuela. Hasta que no aparezca un
presumido del vecindario que se case con
ella…
Creo que empalidecí; por lo menos,
sentí un escalofrío que me recorría todo el
cuerpo. La noticia de que ella vivía alegre,
cuando yo lloraba todas las noches, me
produjo un efecto, acompañado de unos
latidos del corazón tan violentos que todavía
CAPÍTULO LXII
MACHADO DE ASSIS
400
ahora creo oírlos. Hay algo de exageración
en esto; pero el discurso humano es así, un
compuesto de partes excesivas y partes
deficientes, que se compensan ajustándose.
Por otra parte, si entendemos que la
audiencia aquí no es de las orejas, sino de
la memoria, llegaremos a la exacta verdad.
Mi memoria oye todavía los latidos del
corazón de aquel instante. No olvides que
era la emoción del primer amor. Estuve casi
por preguntarle a José Días que me explicase
la alegría de Capitú, qué hacía, si pasaba el
tiempo riendo, cantando o saltando, pero me
contuve a tiempo y después se me ocurrió
otra idea…
Otra idea, no: un sentimiento cruel y
desconocido, puros celos, lector de mis
entrañas. Eso fue lo que me hirió al repetir
para mí las palabras de José Días: “un
presumido del vecindario”. En realidad, nunca
había pensado en semejante desastre. Vivía
tan en ella, de ella y para ella, que la
intervención de un presumido era como una
noción sin realidad; nunca se me había
ocurrido que había presumidos en el
vecindario, de varias edades y maneras,
grandes paseantes por las tardes. Ahora me
acordaba que algunos miraban a Capitú y
tan señor me sentía de ella que era como si
DON CASMURRO
401
me mirasen a mí, un simple deber de
admiración y envidia. Separados uno del otro
por el espacio y por el destino, el daño me
parecía ahora, no sólo posible, sino seguro.
Y la alegría de Capitú confirmaba la
sospecha; si ella estaba alegre es que ya salía
con otro, lo acompañaba con sus ojos por la
calle, le hablaba en la ventana, en las
avemarías, intercambiarían flores y…
¿Y… qué? Sabes qué es lo que más
intercambiarían; si no lo descubres por ti
mismo, escusado está que leas el resto del
capítulo y del libro, no encontrarás nada más,
aunque yo lo diga con todas las letras de la
etimología. Pero si lo has descubierto,
comprenderás que yo, después de
estremecerme, tuviese un deseo de atravesar
el portón, bajar el resto de la ladera, correr,
llegar a la casa de Padua, agarrar a Capitú
y conminarla a que me confesase cuántos,
cuántos, cuántos ya le había dado el
presumido del vecindario. No hice nada. Los
mismos sueños que cuento no tuvieron, en
aquellos tres o cuatro minutos, esta lógica
de movimientos y pensamientos. Estaban
descontrolados, estaban enmendados y mal
enmendados, como un dibujo truncado y
torcido, una confusión, un torbellino, que me
cegaba y ensordecía. Cuando volví en mí,
MACHADO DE ASSIS
402
José Días concluía una frase, cuyo principio
no oí y cuyo final era vago: “La preocupación
que tendrá por ti”. ¿Qué preocupación y
quién? Creí naturalmente que hablaba
todavía de Capitú y quise preguntárselo, pero
la voluntad murió al nacer como tantas otras.
Me limité a preguntarle al allegado cuándo
iría a casa a ver a mi madre.
- Tengo nostalgia de mi madre. ¿Puedo
ir esta semana?
- Ven el sábado.
- ¿El sábado? ¡Ah, sí, sí! ¡Pídale a mi
madre que vengan a buscarme el sábado!
¡El sábado! ¿Este sábado, no? Que vengan
a buscarme sin falta.
Capítulo 63
Mitades de un sueño
405
Mitades de un sueño
Esperé ansioso hasta el sábado.
Hasta entonces los sueños me perseguían
incluso despierto y no lo cuento aquí para
no alargar esta parte del libro. Sólo contaré
uno y con el menor número de palabras, o
mejor, contaré dos, porque uno nació del
otro, a no ser que ambos formen las dos
mitades de uno solo. Todo esto es oscuro,
señora lectora, pero la culpa es de vuestro
sexo que perturba tanto la adolescencia de
un pobre seminarista. Si no fuese por eso,
este libro sería quizá una simple práctica
parroquial, si yo fuese cura; o una pastoral,
si fuese obispo; o una encíclica, si fuese
papa, como me había recomendado mi tío
Cosme: “¡Anda, muchacho, vuelve papa!”
¡Ay!, ¿por qué no cumplí ese deseo?
Después de Napoleón, teniente y
emperador, todos los destinos están en este
siglo.
CAPÍTULO LXIII
MACHADO DE ASSIS
406
En lo relativo al sueño, pasó lo
siguiente. Como estaba espiando a los
presumidos del vecindario, vi a uno que
conversaba con mi amiga junto a la ventana.
Corrí al lugar, él huyó; avancé hacia Capitú,
pero no estaba sola, estaba con su padre,
secándose los ojos y mirando un triste billete
de lotería. Como esto no me pareció claro,
iba a pedirle una explicación cuando él por
sí mismo me la dio; el presumido había ido a
llevarle la lista de los premios de la lotería y
su billete no había salido premiado. Tenía el
número 4004. Me dijo que esta simetría de
los números era misteriosa y bella y que
probablemente el bombo funcionaba mal, era
imposible que no le hubiese tocado el gordo.
Mientras él hablaba, Capitú me daba con los
ojos todos los premios, grandes y pequeños.
El mayor debía ser dado con la boca. Y aquí
comienza la segunda parte del sueño. Padua
desapareció con sus esperanzas. Capitú se
inclinó hacia afuera, yo paseé los ojos por la
calle, estaba desierta. Tomé sus manos,
mascullé no sé qué palabras y me desperté
solo en el dormitorio.
El interés de lo que acabas de leer no
reside en la materia del sueño, sino en los
esfuerzos que hice para intentar dormirme
de nuevo y para volver a soñar lo mismo otra
DON CASMURRO
407
vez. Jamás de los jamases podrás saber la
energía y obstinación que empleé en cerrar
los ojos, apretarlos bien, olvidarlo todo para
poder dormir, pero no dormía. Ese mismo
esfuerzo me hizo perder el sueño hasta la
madrugada. Hacia la madrugada conseguí
conciliarlo, pero entonces ni presumidos, ni
billetes de lotería, ni premios grandes ni
pequeños: la nada de la nada vino a verme.
No soñé más aquella noche y di mal las
lecciones aquel día.
Capítulo 64
Una idea y un escrúpulo
411
Una idea y un escrúpulo
Releyendo el capítulo anterior, se me
ocurre una idea y un escrúpulo. El escrúpulo
es justamente escribir la idea, pues no la hay
más banal sobre la tierra, aunque tenga la
banalidad del sol y la luna que el cielo nos
da todos los días y todos los meses. Dejé el
manuscrito y miré las paredes. Sabes que esta
casa del Ingenio Nuevo, en sus dimensiones,
disposiciones y pinturas, es una reproducción
de mi antigua casa de Matacavalos. Otrosí,
como te dije en el capítulo II, mi objetivo de
reproducirla era anudar las dos puntas de
mi vida, cosa que no he conseguido. Pues lo
mismo me sucedió con aquel sueño del
seminario, por más que intentase dormir y
durmiese. De donde concluyo que una de las
ocupaciones del hombre es cerrar y apretar
mucho los ojos e intentar continuar a lo largo
de la noche vieja el sueño truncado de la
noche joven. Tal es la idea banal y nueva que
CAPÍTULO LXIV
MACHADO DE ASSIS
412
yo no quisiera contar aquí y que sólo
provisionalmente escribo.
Antes de concluir este capítulo, fui a
la ventana a preguntarle a la noche por qué
razón los sueños han de ser tan tenues que
se deshacen al menor abrir de ojos o girar
del cuerpo y ya no continúan. La noche no
me respondió enseguida. Estaba
deliciosamente bella, los morros
empalidecían a la luz de la luna y el espacio
moría de silencio. Como le insistí, me declaró
que los sueños ya no pertenecen a su
jurisdicción. Cuando ellos vivían en la isla que
Luciano les dio, donde ella tenía su palacio y
de donde los hacía salir con sus caras de
aspectos diversos, me hubiera podido dar
explicaciones plausibles. Pero los tiempos lo
cambiaron todo. Los sueños antiguos fueron
jubilados y los modernos habitan en el
cerebro de las personas. Éstos, aunque
quisiesen imitar a los otros, no podrían
hacerlo; la isla de los sueños, como la de los
amores, como todas las islas de todos los
mares, son ahora objeto de ambición y
rivalidad entre Europa y los Estados Unidos.
Era una alusión a las Filipinas. Como
no me gusta la política y todavía menos la
política internacional, cerré la ventana y vine
DON CASMURRO
413
a acabar este capítulo para irme a dormir.
No pido ahora los sueños de Luciano ni otros,
hijos de la memoria o de la digestión; me
basta un sueño quieto y apagado. Por la
mañana, con la fresca, seguiré contando lo
principal de mi historia y sus personajes.
Capítulo 65
El disimulo
417
El disimulo
Llegó el sábado, llegaron los demás
sábados y yo no acababa de adaptarme a
la nueva vida. Iba alternando la casa con el
seminario. Les gustaba a los curas y a los
compañeros y a Escobar más que a los
compañeros y a los curas. Pasadas cinco
semanas, casi formaba parte de mis penas y
esperanzas; Capitú me contuvo.
- ¡Escobar es muy amigo mío, Capitú!
- Pero no mío.
- Quizá llegue a serlo, me ha dicho
que vendrá a conocer a mi madre.
- No importa, no tienes derecho a
contarle un secreto que no es sólo tuyo, sino
también mío y yo no te doy permiso para
que se lo cuentes a nadie.
CAPÍTULO LXV
MACHADO DE ASSIS
418
Era justo, callé y cedí. También estuve
de acuerdo con sus objeciones cuando,
durante el primer sábado, en su casa y
después de algunos minutos de charla me
aconsejó que me fuese.
- Hoy no te quedes más aquí, vete a tu
casa que yo voy enseguida. Es natural que
D.ª Gloria quiera estar contigo mucho tiempo,
o todo, si puede.
En todo mostraba mi amiga tanta
lucidez que bien podría yo dejar de citar un
tercer ejemplo, pero los ejemplos se hicieron
para ser citados y éste es tan bueno que su
omisión sería un crimen. Fue en mi tercera o
cuarta visita a casa. Mi madre, una vez que le
hube respondido las mil preguntas que me
hizo sobre el trato que me daban, mis estudios,
mis relaciones, la disciplina, si me dolía algo,
si dormía bien, todo cuanto la ternura de las
madres inventa para cansar la paciencia de
un hijo, concluyó dirigiéndose a José Días:
- Sr. José Días, ¿aún duda usted de
que saldrá de aquí un buen cura?
- Excelentísima…
- ¿Y tú, Capitú?, interrumpió mi madre
DON CASMURRO
419
preguntándole a la hija de Padua que estaba
en la sala con ella, ¿no crees que nuestro
Bentiño será un buen cura?
- Creo que sí, señora, respondió Capitú
plena de convicción.
No me gustó la convicción. Así se lo
dije a la mañana siguiente, en su huerto,
recordándole las palabras de la víspera y
restregándole por la cara, por primera vez,
la alegría que ella había mostrado desde mi
entrada en el seminario, mientras yo me
consumía por la nostalgia. Capitú se puso
muy seria y me preguntó cómo quería que se
comportase, dado que sospechaban de
nosotros; también había tenido noches
desconsoladas y los días en su casa habían
sido tan tristes como los míos, podía
preguntárselo a su padre o a su madre. Su
madre llegó a decirle, de modo indirecto, que
no pensase más en mí.
- Con D.ª Gloria y D.ª Justina me muestro
naturalmente alegre, para que no parezca que
la denuncia de José Días es cierta. Si lo
pareciese, ellas tratarían de separarnos más y
quizá acabasen por no recibirme… A mí me
basta con nuestro juramento de que nos hemos
de casar el uno con el otro.
MACHADO DE ASSIS
420
Justamente de eso se trataba; teníamos
que disimular para matar toda sospecha y al
mismo tiempo poder gozar de toda la libertad
anterior y construir tranquilamente nuestro
futuro. Pero, el ejemplo se completa con lo
que oí al día siguiente, en el almuerzo; mi
madre, como mi tío Cosme quería saber con
qué mano bendeciría yo al pueblo en la misa,
contó que, días antes, hablando de las
jóvenes que se casan pronto, Capitú le había
dicho: “pues a mí quien me ha de casar ha
de ser el padre Bentiño, esperaré a que se
ordene”. Mi tío Cosme le rió la gracia, José
Días no hizo lo contrario, sólo la prima Justina
frunció el ceño y me miró interrogativamente.
Yo, que los había observado a todos, no pude
soportar la actitud de la prima y traté de
comer. Pero comí mal; estaba tan contento
con aquella gran simulación de Capitú que
no vi nada más y, en cuanto almorcé, corrí a
comentarle la conversación y a alabarle la
astucia. Capitú me sonrió agradecida.
- Tienes razón, Capitú, concluí; vamos
a engañar a todo el mundo.
- ¿Verdad que sí?, dijo ella con
ingenuidad.
Capítulo 66
Intimidad
423
Intimidad
Capitú iba ahora penetrando en el
alma de mi madre. Pasaban la mayor parte
del tiempo juntas, hablando de mí, a
propósito del sol y de la lluvia, o de nada;
Capitú iba allí a coser por las mañanas,
algunas veces se quedaba a cenar.
La prima Justina no acompañaba a su
parienta en aquellas cortesías, pero no
trataba del todo mal a mi amiga. Era lo
bastante sincera para decir lo que no le
gustaba de alguien, y no le gustaba nadie.
Quizá su marido, pero su marido había
muerto; en todo caso nunca existió hombre
capaz de competir con él en el afecto, en el
trabajo, en la honestidad, en las maneras y
en la agudeza de espíritu. Esta opinión, según
mi tío Cosme, era póstuma, pues en vida
tuvieron sus disputas y los últimos seis meses
los pasaron separados. Tanto mejor para su
CAPÍTULO LXVI
MACHADO DE ASSIS
424
concepto de justicia, elogiar a los muertos es
una manera de orar por ellos. Quizá mi
madre también le gustaba y si pensó algo
malo de ella fue entre sí misma y su
almohada. Se comprende que, por lo menos
en apariencia, le tuviese el debido aprecio.
No creo que ella aspirase a ningún legado;
las personas que tienen esa disposición van
más allá en los servicios prestados de lo que
sería natural, son más risueñas, más asiduas,
multiplican sus atenciones, se anticipan a los
criados. Todo eso era opuesto a la índole de
la prima Justina, hecha de acritud e
impertinencia. Como vivía de favor en casa,
se explica que no desestimase a la dueña y
callase sus resentimientos o sólo hablara mal
de ella a Dios y al diablo.
Suponiendo que estuviera resentida
con mi madre, tampoco sería una razón
añadida para que detestase a Capitú ni
necesitaría razones suplementarias. Pese a
todo, la intimidad de Capitú la hizo más
aborrecible a mi parienta. Si al principio no
la trataba mal, con el tiempo cambió sus
modos y acabó por evitarla. Capitú, atenta,
cuando empezó a no verla, preguntaba por
ella e iba en su busca. La prima Justina
toleraba esas atenciones. La vida está llena
de obligaciones que cumplimos, por más que
DON CASMURRO
425
deseemos infringirlas descaradamente.
Además, Capitú usaba de cierta magia
cautivadora; la prima Justina terminaba por
sonreír, pero agriamente, aunque a solas con
mi madre encontraba siempre algo
desagradable que decir de la joven. Cuando
mi madre enfermó de unas fiebres que la
llevaron a las puertas de la muerte, quiso que
Capitú le sirviese de enfermera. La prima
Justina, aunque eso la aliviase de cuidados
penosos, no le perdonó su intervención a mi
amiga. Un día le preguntó si no tenía nada
que hacer en su casa; otro día, riendo, le
soltó el siguiente epigrama: “No necesitas
correr tanto, lo que tenga que ser tuyo llegará
a tus manos.”
Capítulo 67
Un pecado
429
Un pecado
No sacaré por ahora de la cama a la
enferma sin contar lo que pasó conmigo. Al
cabo de cinco días, mi madre amaneció tan
trastornada que ordenó que fuesen a
buscarme al seminario. En vano mi tío Cosme:
- Hermana Gloria, te asustas sin
motivo, la fiebre pasa…
- ¡No! ¡No! ¡Que vayan a por él! Puedo
morir y mi alma no se salvará si Bentiño no
está conmigo.
- Le vamos a dar un mal rato.
- Pues no le digáis nada, pero id a
buscarlo, ya, ya, no os demoréis.
Pensaron que era delirio; pero, como
no costaba nada que me fueran a buscar,
CAPÍTULO LXVII
MACHADO DE ASSIS
430
encargaron a José Días del asunto. Entró tan
aturdido que me asustó. Le contó
privadamente al rector lo que pasaba y me
dieron permiso para irme a casa. Por la calle
íbamos callados, sin que él alterase su paso
de costumbre -la premisa antes de la
consecuencia, la consecuencia antes de la
conclusión- pero cabizbajo y suspirando, yo
temía leer en su rostro alguna noticia cruel y
definitiva. Sólo me había hablado de la
enfermedad como de un asunto irrelevante;
pero la llamada, el silencio, los suspiros
podían sugerir algo más. El corazón me latía
con fuerza, me flojeaban las piernas, más de
una vez creí que me iba a caer…
El ansia de oír la verdad se me
complicaba con el temor de saberla. Era la
primera vez que la muerte se me presentaba
tan de cerca, me envolvía, se me encaraba con
sus ojos huecos y oscuros. Cuanto más andaba
por la calle de los Barbonos, más me aterraba
la idea de llegar a casa, de entrar, de oír los
llantos, de ver un cuerpo difunto… ¡Oh! Nunca
podría explicar aquí todo lo que sentí en
aquellos minutos terribles. La calle, por más
que José Días anduviese superlativamente
despacio, desaparecía bajo mis pies, las casas
volaban de un lado a otro y una corneta, que
en ese momento sonaba en el cuartel de los
DON CASMURRO
431
Municipios Permanentes, resonaba en mis oídos
como la trompeta del juicio final.
Seguí, llegué a los Arcos, entré en la
calle de Matacavalos. La casa no se
encontraba al comienzo, sino bastante más
allá de la de los Inválidos, cerca del Senado.
Tres o cuatro veces quise interrogar a mi
compañero, sin atreverme a abrir la boca;
pero ahora ya no tenía ese deseo. Iba
solamente andando, aceptando lo peor, como
un acto del destino, como una necesidad de
la obra humana y entonces la Esperanza,
para combatir al Terror, me murmuró en el
corazón, no estas palabras, pues no articuló
nada parecido a palabras, sino una idea que
podría ser traducida por ellas. “Muerta
mamá, se acabó el seminario.”
Lector, fue como un relámpago. Tan
pronto iluminó la noche como se disipó y la
oscuridad se hizo más cerrada por el efecto
que me dejó el remordimiento. Fue una
sugestión de lujuria y egoísmo. La piedad filial
se desvaneció por un instante ante la
perspectiva de una libertad segura, por la
desaparición de la deuda y del deudor; fue
un instante, menos que un instante, el
centésimo de un instante, pero suficiente para
complicar mi angustia con el remordimiento.
MACHADO DE ASSIS
432
José Días suspiraba. En una ocasión
me miró con tanta pena que me pareció que
me había adivinado y yo quise pedirle que
no dijese nada a nadie, que yo iba a hacer
penitencia, etc. Pero la pena conllevaba tanto
amor que no podía ser la pena de mi pecado;
tendría que ser por causa de la muerte de mi
madre… Sentí una gran angustia, un nudo en
la garganta y no pude más, me eché a llorar.
- ¿Qué te pasa Bentiño?
- ¿Mi madre…?
- ¡No! ¡No! ¿Qué idea es esa? Su
estado es gravísimo, pero no está en riesgo
de muerte y Dios lo puede todo. Sécate los
ojos, que está feo que un hombrecito de tu
edad vaya llorando por la calle. No es para
tanto, unas fiebres… Las fiebres, lo mismo
que vienen con fuerza así también
desaparecen… Con los dedos no, ¿dónde
tienes el pañuelo?
Me sequé los ojos, aunque de todas
las palabras que José Días pronunció, sólo
una se me quedó en el corazón: fue aquel
gravísimo. Luego me di cuenta de que sólo
había querido decir grave, pero el uso del
superlativo agranda la boca y, por amor a
DON CASMURRO
433
la retórica, José Días hizo aumentar mi
tristeza. Si encuentras en este libro algún otro
ejemplo del mismo estilo, avísame, lector,
para que lo enmiende en la segunda edición;
no hay nada más feo que dar piernas
larguísimas a ideas brevísimas. Me sequé los
ojos, repito, y seguí andando, ansioso ahora
por llegar a casa y pedirle perdón a mi madre
por el mal pensamiento que había tenido.
Finalmente llegamos, entramos, subí trémulo
los seis peldaños de la escalera y, al cabo
de un instante, inclinado sobre la cama, oía
las palabras tiernas de mi madre que me
apretaba con fuerza las manos, diciendo:
¡hijo mío! Se estaba abrasando, sus ojos
ardían en los míos, toda ella parecía
consumida por un volcán interno. Me arrodillé
junto al lecho, pero como éste era alto me
quedé alejado de sus caricias.
- No, hijo mío, ¡levántate!, ¡levántate!
A Capitú, que estaba en la alcoba, le
gustó ver mi entrada, mis actos, palabras y
lágrimas, según me dijo luego; pero no
sospechó naturalmente todas las causas de
mi aflicción. Cuando entré en mi cuarto pensé
en decírselo todo a mi madre en cuanto ella
mejorase, pero esta idea no me incitaba, era
una veleidad pura, un acto que yo nunca
MACHADO DE ASSIS
434
haría por mucho que el pecado me doliese.
Entonces, movido por los remordimientos, me
serví una vez más de mi viejo recurso de las
promesas espirituales y le pedí a Dios que
me perdonase y salvase la vida de mi madre
y yo le rezaría dos mil padrenuestros.
Sacerdote lector, perdona este recurso; fue
la última vez que lo empleé. La crisis en la
que me encontraba, junto a la costumbre y
la fe, lo explican todo. Eran dos mil más. ¿Y
qué pasaba con los antiguos? No pagué ni
unos ni otros, pero, procediendo de almas
cándidas y verdaderas, tales promesas son
como la moneda fiduciaria: aunque el deudor
no las pague, valen por la suma que dicen
valer.
Capítulo 68
Aplacemos la virtud
437
Aplacemos la virtud
Pocos tendrían el valor de confesar el
pensamiento que tuve en la calle de
Matacavalos. Yo confesaré todo cuanto
interese a mi historia. Montaigne escribió de
sí mismo: ce ne sont pas mes gestes que
j’escris; c’est moi, c’est mon essence. Ahora
bien, sólo hay un modo de narrar la propia
esencia, es contarlo todo, lo bueno y lo malo.
Eso es lo que hago yo, a medida que me va
acudiendo y conviniendo a la construcción o
reconstrucción de mí mismo. Por ejemplo,
ahora que he contado un pecado, contaría
con mucho gusto una bella acción
contemporánea, si me acudiese, pero no me
acude; queda diferida para mejor ocasión.
No perderás con la espera, amigo mío;
al contrario, recuerdo ahora que… No sólo
las bellas acciones son bellas en todo
momento, también son posibles y probables,
CAPÍTULO LXVIII
MACHADO DE ASSIS
438
según la teoría, tan sencilla como clara, que
tengo de los pecados y de las virtudes. Se
reduce a lo siguiente: todos nacemos con un
determinado número de pecados y virtudes,
aliados matrimonialmente para compensarse
durante toda la vida. Cuando uno de esos
cónyuges es más fuerte que el otro, sólo él
guía al individuo, sin que éste, por no haber
practicado tal virtud o cometido tal pecado,
pueda considerarse exento de uno o de otro;
pero la regla es que se produzca la práctica
simultánea de los dos, con beneficio del
portador de ambos y algunas veces con
mayor resplandor de la tierra y del cielo. Es
una lástima que yo no pueda fundamentar
esto con uno o varios casos ajenos, me falta
tiempo.
Por lo que me toca, es verdad que nací
con algunos de esos matrimonios y
naturalmente todavía los poseo. En una
ocasión, aquí en el Ingenio Nuevo, una noche
con mucho dolor de cabeza, deseé que el
tren de la Central reventase lejos de mis oídos
y dejase la vía cortada durante muchas horas,
aunque muriese alguien; y al día siguiente se
me escapó el tren de aquella misma línea
porque fui a darle mi bastón a un ciego que
no traía bordón. Voilá mes gestes, voilá mon
essence.
Capítulo 69
La misa
441
La misa
Uno de los actos que mejor expresan
mi esencia es la devoción con la que corrí el
domingo siguiente a oír misa en S. Antonio
de los Pobres. El allegado quiso venir
conmigo y comenzó a vestirse, pero era tan
lento con los tirantes y las presillas que no
pude esperarlo. Además, yo quería estar solo.
Sentía la necesidad de evitar toda
conversación que me desviase el pensamiento
del fin que perseguía, que era reconciliarme
con Dios después de lo ocurrido en el capítulo
LXVII. No se trataba sólo de pedirle perdón
por mi pecado, se trataba también de
agradecerle la recuperación de mi madre y,
ya que lo digo todo, conseguir que renunciase
al cobro de mi promesa. Jehová, aunque
divino, o quizá por eso mismo, es como un
Rothschild mucho más humano y no concede
plazos, perdona las deudas íntegramente,
siempre que el deudor quiera de verdad
CAPÍTULO LXIX
MACHADO DE ASSIS
442
enmendar su vida y suspender sus gastos.
Ahora bien, yo quería precisamente eso; en
adelante no haría más promesas que no
pudiese pagar y pagaría inmediatamente las
que hiciese.
Oí misa; en el momento de la
elevación, agradecí la vida y la salud de mi
madre, después pedí perdón por mi pecado
y la liquidación de mi deuda y recibí la
bendición final del oficiante como un acto
solemne de reconciliación. Al final caí en la
cuenta de que la iglesia había establecido
en el confesionario una notaría segura y en
la confesión el más auténtico de los
instrumentos para el ajuste de cuentas
morales entre el hombre y Dios. Pero mi
incorregible timidez me cerró esta puerta
franca y tuve miedo de no encontrar las
palabras con las que contarle mi secreto al
confesor. ¡Cómo cambian los hombres! Hoy
he llegado a hacerlo público.
Capítulo 70
Después de la misa
445
Después de la misa
Recé, me persigné, cerré el misal y
caminé hacia la puerta. No había mucha gente,
pero la iglesia tampoco era grande y no pude
salir rápidamente, sino despacio. Había
hombres y mujeres, viejos y jóvenes, sedas y
algodones y probablemente ojos feos y bonitos,
pero yo no vi ni unos ni otros. Iba en dirección
a la puerta, con la ola, oyendo los saludos y
los cuchicheos. En el atrio, donde se hizo un
claro, me detuve y los miré a todos. Vi entonces
a una joven y a un hombre que salían de la
iglesia y se detuvieron y la moza me miraba
mientras hablaba con el hombre y el hombre
me miraba también mientras escuchaba a la
joven. Me llegaron estas palabras:
- ¿Pero qué quieres?
- Quisiera saber de ella, pregúntale
papá.
CAPÍTULO LXX
MACHADO DE ASSIS
446
Era la señorita Sancha, la compañera
de colegio de Capitú, que quería saber de
mi madre. Su padre vino hacia mí, le dije que
ya estaba restablecida. Después salimos, me
ofreció su casa y, como yo iba en la misma
dirección, seguimos juntos. Gurgel era un
hombre de unos cuarenta años o algo más,
con propensión a criar barriga; era muy
obsequioso, cuando llegamos a la puerta de
su casa se empeñó en que me quedase a
almorzar con él.
- Gracias, pero mi madre me está
esperando.
- Se puede enviar a un negro a decirle
que se queda usted para almorzar y que irá
más tarde.
- Vendré otro día.
La señorita Sancha, mirando a su
padre, oía y esperaba. No era fea. Sólo se
le podía notar el parecido por la nariz, que
también era gruesa en la parte final, pero
hay facciones que le quitan la gracia a unos
y se la dan a otros. Vestía con sencillez.
Gurgel era viudo y vivía para su hija. Como
había rechazado el almuerzo, me pidió que
descansase algunos minutos. No pude
DON CASMURRO
447
negarme y subí. Quiso saber mi edad, mis
estudios, mi fe y me daba consejos para el
supuesto de que llegase a ser cura; me dijo
el número de su establecimiento en la calle
de la Quitanda. Finalmente me despedí, me
acompañó al rellano de la escalera, su hija
me dio recuerdos para Capitú y para mi
madre. Desde la calle miré hacia arriba, el
hombre estaba en la ventana y me hizo un
amplio gesto de despedida.
Capítulo 71
Visita de Escobar
451
Visita de Escobar
En casa, ya le habían mentido a mi
madre diciéndole que yo había vuelto y que
me estaba cambiando de ropa.
“Ya debe haber acabado la misa de
ocho… Bentiño debería estar de regreso…
¿Le habrá ocurrido algo, hermano Cosme…?
Manden a ver qué pasa…” Repetía eso a
cada instante, pero yo entré y conmigo la
tranquilidad.
Era el día de las buenas sensaciones.
Escobar vino a visitarme y a interesarse por
la salud de mi madre. Nunca hasta entonces
me había visitado ni tampoco nuestras
relaciones eran tan estrechas como llegaron
a ser después; pero, sabiendo la razón de
mi salida, tres días antes, aprovechó el
domingo para venir a verme y preguntarme
si continuaba en peligro o no.
CAPÍTULO LXXI
MACHADO DE ASSIS
452
Cuando le dije que no, respiró.
- He estado preocupado, dijo.
- ¿Lo saben los demás?
- Creo que sí, algunos lo saben.
A mi tío Cosme y a José Días les cayó
bien el joven, el allegado le dijo que había
visto una vez a su padre en Río de Janeiro.
Escobar era muy educado y, aunque habló
más de lo que sería su costumbre, incluso así
no hablaba tanto como los jóvenes de nuestra
edad; aquel día me pareció un poco más
expansivo que lo habitual. Mi tío Cosme quiso
que cenase con nosotros. Escobar reflexionó
un instante y acabó diciendo que el
corresponsal de su padre lo estaba
esperando. Yo, acordándome de las palabras
de Gurgel, las repetí.
- Podríamos mandar a un negro a
decirle que cenas aquí y que llegarás
después.
- ¡Cuántas molestias!
- No es ninguna molestia, intervino mi
tío Cosme.
DON CASMURRO
453
Escobar aceptó y cenó. Noté que los
movimientos rápidos que tenía y dominaba
en clase también los dominaba ahora en la
sala y en la mesa. La hora que pasó conmigo
fue de franca amistad. Le mostré los pocos
libros que poseía. Le gustó mucho el retrato
de mi padre, después de algunos momentos
de contemplación me dijo:
- ¡Se nota que tenía un corazón puro!
Los ojos de Escobar, claros como ya
he dicho, eran dulcísimos; así los definió José
Días cuando se hubo ido y mantengo todavía
esta palabra, pese a los cuarenta años que
resiste. En esto no hubo exageración del
allegado. La cara afeitada mostraba una piel
blanca y lisa. La frente era un poco baja, le
llegaba al nivel del cabello casi encima de
la ceja izquierda, pero tenía siempre la altura
necesaria para no afectar a las demás
facciones ni disminuir su gracia. Realmente
tenía un rostro interesante, los labios finos y
graciosos, la nariz curva y delgada. Tenía el
hábito de encoger de vez en cuando el
hombro derecho, pero lo acabó perdiendo,
desde que uno de nosotros un día en el
seminario se lo hizo notar; fue el primer
ejemplo que vi de que una persona puede
corregir sus pequeños defectos.
MACHADO DE ASSIS
454
Nunca dejé de notar cierto placer en
que mis amigos agradasen a todo el mundo.
En casa, quedaron bien impresionados con
Escobar; la propia prima Justina opinó que
era un mozo muy agradable, a pesar… - ¿A
pesar de qué?, le preguntó José Días viendo
que no acababa la frase. No obtuvo
respuesta ni podía obtenerla, la prima Justina
probablemente no vio defecto claro o
importante en nuestro huésped; el a pesar
de era una especie de reserva por si un día
le descubría alguno o quizá era un resto de
su vieja costumbre lo que la impulsó a
restringir donde no había encontrado
restricción.
Escobar se despidió inmediatamente
después de cenar; fui a acompañarlo a la
puerta donde esperamos que llegara el
autobús. Me dijo que el establecimiento del
corresponsal estaba en la calle de los
Pescadores y que estaba abierto hasta las
nueve, él no quería demorarse. Nos
separamos con mucho afecto, desde dentro
del autobús volvió a decirme adiós con la
mano. Esperé en la puerta por si desde lejos
todavía miraba hacia atrás, pero no miró.
- ¿Quién es ese amigo tan íntimo?,
preguntó alguien desde la ventana de al lado.
DON CASMURRO
455
No es necesario decir que era Capitú.
Son cosas que se adivinan en la vida, como
en los libros, sean novelas, sean historias
verdaderas. Era Capitú quien nos espiaba
hacía rato desde detrás de la persiana, pero
ahora había abierto completamente la
ventana y había aparecido. Vio nuestra
despedida tan calurosa y llena de afecto que
quería saber quién era quién me merecía
tanto.
- Es Escobar, respondí situándome bajo
su ventana y mirando hacia arriba.
Capítulo 72
Una reforma dramática
459
Una reforma dramática
Ni yo ni tú, ni ella, ni nadie de esta
historia podría responder mejor, tan cierto
es que el destino, como todos los
dramaturgos, no anuncia las peripecias ni el
desenlace. Se producen en su momento,
cuando cae el telón, se apagan las luces y
los espectadores se van a dormir. En ese
género habría quizá algo que reformar y yo
propondría, como experimento, que las obras
comenzasen por el final. Otelo mataría así a
Desdémona en el primer acto, los tres
siguientes estarían consagrados a la acción
lenta y decreciente de los celos y el último
contendría solamente las escenas iniciales de
la amenaza de los turcos, las explicaciones
de Otelo a Desdémona y el buen consejo
del fino Yago: “Mete dinero en la bolsa.” De
este modo, el espectador, por un lado,
hallaría en el teatro la charada habitual que
los periódicos le dan, porque los últimos actos
CAPÍTULO LXXII
MACHADO DE ASSIS
460
explicarían el desenlace del primero, una
especie de concepto y, por otro lado, se iría
a la cama con una buena impresión de
ternura y amor:
Ella amó lo que me había afligido,
Yo amé su piedad.
Capítulo 73
El regidor
463
El regidor
El destino no es sólo dramaturgo, es
también su propio regidor, esto es, marca la
entrada de los personajes en escena, les
distribuye los papeles y otros objetos y ejecuta
desde dentro las señales correspondientes al
diálogo, una tempestad, un coche, un tiro.
Cuando yo era mozo, se representó en no sé
qué teatro un drama cuyo fin era el juicio
final. El personaje principal era Ashaverus,
que en el último cuadro concluía un monólogo
con esta exclamación: “¡Oigo la trompeta del
arcángel!” No se oyó ninguna trompeta.
Ashaverus, avergonzado, repitió la frase,
ahora más alto, para advertir al regidor, pero
nada. Entonces caminó hacia el fondo,
falsamente trágico, aunque lo estuviera de
facto, con el objeto de hablar entre bastidores
y decir con voz sorda: “¡el pistón!, ¡el pistón!”
El público oyó esa palabra y rompió a reír
hasta que, cuando la trompeta sonó de
CAPÍTULO LXXIII
MACHADO DE ASSIS
464
verdad y Ashaverus gritó por tercera vez que
era la trompeta del arcángel, un bromista de
la platea, corrigió desde abajo: “¡No señor,
es el pistón del arcángel!”
Así se explican mi permanencia bajo
la ventana de Capitú y el paso de un
caballero, un dandi, como decíamos
entonces. Montaba un bello caballo alazán,
firme en la silla, rienda en la mano izquierda,
la derecha en el cinto, botas de charol, figura
y postura esbeltas; la cara no me era
desconocida. Habían pasado otros y otros
los seguirían, todos iban a ver a sus novias.
Era costumbre de la época cortejar a caballo.
Relee a Alencar: “Porque un estudiante (decía
uno de sus personajes de teatro de 1858) no
puede vivir sin estas dos cosas, un caballo y
una novia”. Relee a Álvares de Azevedo. Una
de sus poesías está destinada a contar (1851)
que residía en Catumbí y que, para ver a su
novia en el Catete, había alquilado un caballo
por tres mil reales… ¡Tres mil reales!, ¡todo
se pierde en la noche de los tiempos!
Pero el dandi del caballo bayo no pasó
como los demás, era la trompeta del juicio
final y sonó a tiempo; eso hace el Destino,
que es su propio regidor. El caballero no se
contentó con pasar, sino que giró la cabeza
DON CASMURRO
465
hacia nuestro lado, el lado de Capitú y miró
hacia Capitú y Capitú hacia él; el caballo
pasaba, la cabeza del hombre se dejaba
llevar mirando hacia atrás. Tal fue el segundo
aguijón de celos que sentí. En rigor, era
natural admirar a las bellas figuras, pero
aquel sujeto acostumbraba a pasar por allí
todas las tardes; vivía en el antiguo Campo
da Aclamação y después…, y después… ¡Id
a razonar con un corazón en ascuas como
era el mío! No le dije nada a Capitú; salí de
la calle deprisa, entré por el pasillo y, cuando
quise acordar, estaba en la sala de visitas.
Capítulo 74
La presilla
469
La presilla
En la sala de visitas, mi tío Cosme y
José Días conversaban, uno sentado,
andando y parándose el otro. La imagen de
José Días me recordó lo que me había dicho
en el seminario: “Hasta que no aparezca un
presumido del vecindario que se case con
ella…” Era ciertamente una alusión al
caballero. Tal recuerdo agravó la impresión
que tuve en la calle; ¿pero no sería esa
palabra, inconscientemente guardada, lo que
me había predispuesto a creer en la malicia
de sus miradas? Tuve deseos de agarrar a
José Días por el cuello, llevarlo al pasillo y
preguntarle si había dicho la verdad o era
sólo una hipótesis; pero José Días, que se
había parado al verme entrar, continuó
andando y hablando. Yo, impaciente, quería
ir a la casa de al lado, imaginaba que Capitú
se retiraría de la ventana asustada y que no
tardaría en aparecer para preguntar y
CAPÍTULO LXXIV
MACHADO DE ASSIS
470
explicarse… Pero los dos continuaron
hablando hasta que mi tío Cosme se levantó
para ver a la enferma y José Días vino a
buscarme al vano de la otra ventana.
Hace un momento tenía deseos de
preguntarle qué había entre Capitú y los
presumidos del barrio; ahora,
imaginándome que venía justamente a
decírmelo, tuve miedo de oírlo. Quise
taparle la boca. José Días vio en mi rostro
algo distinto de mi expresión habitual y me
preguntó con interés:
- ¿Qué te pasa Bentiño?
Para no mirarlo a los ojos, los bajé.
Los ojos, al bajar, vieron que una de las
presillas de los pantalones del allegado
estaba desabrochada y, como insistió en
saber lo que me pasaba, le respondí
señalando con el dedo:
- Mire la presilla, abróchesela.
- José Días se inclinó y yo salí
corriendo.
Capítulo 75
La desesperación
473
La desesperación
Me escapé del allegado, me escapé
de mi madre no yendo a su habitación, pero
no me escapé de mí mismo. Corrí a mi cuarto
y entré buscándome. Yo me hablaba, me
perseguía, me tiraba en la cama y rodaba
conmigo y lloraba y sofocaba los sollozos
con el pico de la sábana. Juré que no iría a
ver aquella tarde a Capitú ni nunca más y
que sería cura de una vez por todas. Me veía
ya ordenado ante ella, que lloraría de
arrepentimiento y me pediría perdón, pero
yo, frío y sereno, no sentiría más que
desprecio, mucho desprecio; le daría la
espalda. La llamaría perversa. Dos veces me
sorprendí mordiéndome con los dientes,
como si la tuviese entre ellos.
Desde la cama oí su voz, pues había
venido a pasar con mi madre el resto de la
tarde y naturalmente conmigo, como otras
veces; pero por grande que fuese la agitación
CAPÍTULO LXXV
MACHADO DE ASSIS
474
que me produjo, no me hizo salir de mi
habitación. Capitú se reía alto, hablaba alto,
como si me avisase; yo continué sordo, a solas
conmigo y mi desprecio. Mi deseo era
clavarle las uñas en el cuello, hincárselas
bien, hasta ver que se le iba la vida con la
sangre…
Capítulo 76
Explicación
477
Explicación
Pasado algún tiempo estaba
sosegado, aunque decaído. Como estaba
tumbado en la cama, con la mirada en el
techo, me vino a la memoria la
recomendación de mi madre de no acostarme
después de comer para evitar una congestión.
Me levanté de golpe pero no salí del cuarto.
Capitú se reía ahora menos y hablaba más
bajo; estaría afligida con mi reclusión, pero
ni aun así me conmovió.
No comí y dormí mal. A la mañana
siguiente no estaba mejor, estaba diferente.
Mi dolor se complicaba ahora con el temor
de haber ido más allá de lo procedente, sin
haber analizado el asunto. Aunque la cabeza
me dolía un poco, simulé una molestia mayor
con el fin de no ir al seminario y hablar con
Capitú. Podría estar irritada conmigo, podría
no quererme ahora y preferir al caballero.
CAPÍTULO LXXVI
MACHADO DE ASSIS
478
Quise resolverlo todo, oírla y juzgarla;
pudiera ser que tuviese defensa y justificación.
Tenía ambas cosas. Cuando supo la
causa de mi reclusión del día anterior, me
dijo que era una gran ofensa lo que le estaba
haciendo; no podía creer que después de
nuestro intercambio de juramentos la
considerase tan liviana que pudiese creer…
Y aquí rompió en llanto e hizo un ademán de
alejarse, pero yo acudí inmediatamente, le
tomé las manos y se las besé con tanta pasión
y calor que sentí que temblaban. Se secó los
ojos con los dedos, se los besé de nuevo,
por ellos y por las lágrimas; después suspiró,
después lo negó con la cabeza. Me confesó
que no conocía al muchacho más que a otros
que pasaban por allí por las tardes a pie o a
caballo. Si lo había mirado, era precisamente
una prueba de que no había nada entre ellos;
si hubiese algo, lo natural hubiera sido
disimular.
- ¿Y qué podría haber, si él va a
casarse?, concluyó.
- ¿Se va a casar?
Se iba a casar y me dijo con quién,
con una joven de la calle de los Barbonos.
DON CASMURRO
479
Esta razón fue lo que más me convenció y
ella lo notó en mi actitud; no por ello dejó de
decir que, para evitar nuevas equivocaciones,
dejaría de asomarse a la ventana.
- ¡No!, ¡no!, ¡no!, ¡no te pido eso!
Consintió en retirar la promesa, pero
hizo otra y fue que, a la primera sospecha
por mi parte, todo habría acabado entre
nosotros. Acepté la amenaza y juré que nunca
tendría que cumplirla: había sido la primera
sospecha y la última.
Capítulo 77
Placer de viejos dolores
483
Placer de viejos dolores
Contando aquella crisis de mi amor
adolescente, siento una cosa que no sé si
explico bien y es que los dolores de aquella
calle se espiritualizaron con el tiempo hasta
tal punto que llegaron a diluirse en el placer.
Esto no está claro, pero no todo está claro
en la vida o en los libros. La verdad es que
siento un placer particular al referir ese
sufrimiento, pese a que es cierto que me
recuerda otros que no quisiera recordar por
nada del mundo.
CAPÍTULO LXXVII
Capítulo 78
Secreto por secreto
487
Secreto por secreto
De resto, en aquella misma época sentí
cierta necesidad de contarle a alguien lo que
ocurría entre Capitú y yo. No lo conté todo,
sino sólo una parte y Escobar fue quien la
escuchó. Cuando regresé al seminario, el
miércoles, lo encontré inquieto; me dijo que, si
me hubiera quedado un día más en casa, tenía
intención de ir a verme. Me preguntó con interés
qué me había pasado y si estaba del todo bien.
- Sí, me encuentro bien.
Me escuchaba clavando en mí sus ojos.
Tres días después me dijo que me estaban
encontrando muy distraído, que sería mejor
que disimulara lo más posible. También él,
por su parte, tenía razones para andar
distraído, pero intentaba estar atento.
- ¿Te lo parece?
CAPÍTULO LXXVIII
MACHADO DE ASSIS
488
- Sí, a veces parece que no oyes nada,
mirando al pasado; disimula, Santiago.
- Tengo motivos…
- Te creo, nadie se distrae por gusto.
- Escúchame, Escobar…
Yo dudé, él esperó.
- ¿De qué se trata?
- Escobar, tú eres amigo mío, yo
también soy amigo tuyo; aquí en el seminario
eres la persona que más ha llegado a mi
corazón y afuera, aparte de mi familia, no
tengo propiamente ningún amigo.
- Si yo dijese lo mismo, replicó
sonriendo, no tendría gracia; parecería que
repito lo que dices. Pero lo cierto es que aquí
no tengo relaciones con nadie, tú eres el
primero y creo que ya se han dado cuenta;
pero me da igual.
Conmovido, sentí que la voz me salía
a borbotones de la garganta.
- Escobar, ¿serías capaz de guardarme
DON CASMURRO
489
un secreto?
- Si preguntas es porque dudas y en
tal caso…
- Perdóname, es una manera de
hablar. Sé que eres una persona seria y lo
hago como si me confesase con un cura.
- Si necesitas la absolución, estás
absuelto.
- Escobar, yo no puedo ser cura. Estoy
aquí, los míos se lo creen y esperan; pero yo
no puedo ser cura.
- Ni yo, Santiago.
- ¿Tú tampoco?
- Secreto por secreto, yo también tengo
el propósito de no acabar la carrera; mi deseo
es dedicarme al comercio, pero no digas nada,
absolutamente nada; queda sólo entre
nosotros. Y no es que yo no sea religioso, soy
religioso; pero el comercio es mi pasión.
- ¿Sólo eso?
- ¿Te parece poco?
MACHADO DE ASSIS
490
Di dos vueltas y susurré la primera
palabra de mi confidencia, tan escasa y sorda
que yo mismo no la oí; sé, sin embargo, que
dije “hay una persona…” con reticencia. ¿Una
persona…? No hizo falta más para que él
me comprendiese. Una persona debía ser una
muchacha. No creas que se asombró de
verme enamorado, le pareció natural y me
clavó de nuevo la mirada. Entonces le conté
por encima lo que me estaba permitido, pero
demoradamente para darme el gusto de
regodearme en el tema. Escobar escuchaba
con interés, al final de nuestra conversación
me dijo que sería un secreto enterrado en el
cementerio. Me dio el consejo de que no me
hiciese cura. No podía llevar a la iglesia un
corazón que no era del cielo, sino de la tierra;
sería un mal cura, ni siquiera sería un cura.
Por el contrario, Dios protegía a los sinceros;
ya que sólo lo podía servir en el mundo, aquí
debía quedarme.
No calculas el placer que me dio la
confidencia que le hice. Era como una
felicidad más. Aquel corazón joven que me
oía y me daba la razón, le daba a este mundo
un aspecto extraordinario. Eran un mundo
grande y bello, la vida un camino excelente y
yo ni más ni menos que un mimado del cielo;
ésta era mi impresión. Repara en que yo no
DON CASMURRO
491
se lo conté todo, ni lo mejor; no le referí el
capítulo del peinado, por ejemplo, ni otros
así, pero lo que le conté era suficiente.
No es necesario decir que volvimos
sobre el asunto. Volvimos una y muchas veces;
yo elogiaba las cualidades morales de
Capitú, materia adecuada a la admiración
de un seminarista, su sencillez, su modestia,
su amor al trabajo y sus costumbres
religiosas. No mencionaba sus encantos
físicos ni él me preguntaba por ellos, sólo
insinué la conveniencia de que la conociera
de vista.
- Ahora no es posible, le dije la
primera semana al regresar de casa; Capitú
va a pasar unos días con una amiga de la
calle de los Inválidos. Cuando ella regrese,
tú irás allí; pero puedes ir antes, puedes ir
siempre; ¿por qué no viniste ayer a cenar
conmigo?
- No me invitaste.
- ¿Necesitas que te invite? En casa
todos se quedaron encantados contigo.
- Yo también me quedé encantado con
todos, pero, si se pueden hacer distinciones,
MACHADO DE ASSIS
492
te confieso que tu madre es una señora
adorable.
- ¿Verdad que sí?, respondí lleno de
alborozo.
Capítulo 79
Vamos al capítulo
495
Vamos al capítulo
En efecto, me gustó oírlo hablar así.
Sabes la opinión que yo tenía de mi madre.
Incluso ahora, después de interrumpir estas
líneas para mirar su retrato colgado en la
pared, creo que traía impresa en el rostro
esa cualidad. No se explica de otra manera
la opinión de Escobar que apenas había
intercambiado cuatro palabras con ella. Sólo
una bastaba para adivinarle su esencia
íntima; sí, sí, mi madre era adorable. Por más
que estuviese obligándome entonces a una
carrera que yo no quería, no podía dejar de
sentir que era adorable, como una santa.
¿Pero acaso era cierto que me
obligaba a la carrera eclesiástica? Aquí llego
a un punto que creía que se presentaría
después, tanto que ya había calculado en qué
momento le dedicaría un capítulo. Realmente,
no cabía decir ahora lo que sólo más tarde
CAPÍTULO LXXIX
MACHADO DE ASSIS
496
presumí descubrir; pero, una vez que he
tocado en el asunto, mejor es acabar con él.
Es grave y complejo, delicado y sutil, uno de
esos en que el autor tiene que atender a su
hijo y el hijo ha de oír a su autor, para que
uno y otro digan la verdad, sólo la verdad y
toda la verdad. Cabe aquí señalar que este
punto es justamente el que hace que la santa
sea más adorable, sin perjuicio (¡al contrario!)
de lo que de humano y terrenal había en ella.
Basta de prefacio al capítulo; vayamos al
capítulo.
Capítulo 80
Vengamos al capítulo
499
Vengamos al capítulo
Vengamos al capítulo. Mi madre era
temerosa de Dios; conoces eso, sus prácticas
religiosas y la fe pura que las animaba. No
ignoras que mi carrera eclesiástica era
consecuencia de una promesa hecha cuando
fui concebido.
Todo ha sido descrito oportunamente.
Otrosí, sabes que, con el fin de consolidar el
vínculo moral de su obligación, confió sus
proyectos y motivos a parientes y familiares.
La promesa, hecha con fervor, respetada con
misericordia, fue guardada por ella con
alegría en lo más íntimo de su corazón. Pienso
que le sentí el sabor de la felicidad en la
leche que me dio a mamar. Mi padre, si
viviese, es posible que hubiese alterado sus
planes y, como tenía la vocación de la
política, es probable que me hubiera
encaminado solamente a la política, aunque
CAPÍTULO LXXX
MACHADO DE ASSIS
500
los dos oficios no fuesen ni sean
irreconciliables e incluso más de un cura ha
participado en la confrontación de los partidos
y en el gobierno de los hombres. Pero mi padre
había muerto sin saber nada y ella se quedó
ante el contrato como única deudora.
Uno de los aforismos de Franklin es
que la cuaresma es corta para quien tiene
que pagar en pascua. Nuestra cuaresma no
fue más larga que las demás y mi madre,
aunque me había mandado aprender latín
y doctrina, comenzó a aplazar mi entrada
en el seminario. Es lo que se llama,
comercialmente hablando, renovar una letra.
El acreedor era archimillonario, no dependía
de aquella cuantía para comer y permitió
los aplazamientos del pago sin siquiera
aumentar la tasa de interés. Un día, sin
embargo, uno de los familiares que servían
de endosantes de la letra, habló de la
necesidad de entregar el precio convenido;
se encuentra en uno de los primeros
capítulos. Mi madre concordó y me metió
en S. José.
Ahora bien, en ese mismo capítulo, ella
vertió unas lágrimas, que se enjugó sin
explicaciones y que ninguno de los presentes,
ni mi tío Cosme, ni prima Justina, ni el
DON CASMURRO
501
allegado José Días entendieron en absoluto;
yo, que estaba detrás de la puerta, no las
entendí más que ellos. Bien analizadas, a
pesar de la distancia, se ve que eran
nostalgias anticipadas, la pena de la
separación y puede ser también (es el
principio de la historia), puede ser que fueran
el arrepentimiento de su promesa. Católica y
devota, sabía muy bien que las promesas se
cumplen; la cuestión es si es oportuno y
adecuado hacerlas todas y naturalmente se
inclinaba por la negativa. ¿Por qué la habría
de castigar Dios negándole un segundo hijo?
La voluntad divina podía ser mi vida, sin
necesidad de dedicársela ab ovo. Era un
razonamiento tardío, debería haber sido
hecho el día en el que fui concebido. En todo
caso, era una primera conclusión; pero no
bastando concluir para destruir, todo se
mantuvo y yo fui al seminario.
Una siesta de la fe habría resuelto la
cuestión a mi favor, pero la fe velaba con sus
grandes ojos ingenuos. Mi madre haría, si
pudiese, un cambio de promesa, dando parte
de sus años para conservarme consigo, fuera
del clero, casado y padre; es lo que supongo,
así como presumo que rechazó tal idea por
parecerle una deslealtad. Así la sentí siempre
en el curso de la vida cotidiana.
MACHADO DE ASSIS
502
Sucedió que mi ausencia fue enseguida
atenuada por la asiduidad de Capitú. Ésta
comenzó a hacérsele necesaria. Poco a poco
se fue persuadiendo de que la pequeña me
haría feliz. Entonces (es el final de la historia,
anunciarla), la esperanza de que nuestro
amor, siendo absolutamente incompatible con
el seminario, me llevase a no quedarme allí
ni por Dios ni por el diablo, esta esperanza
íntima y secreta, comenzó a invadir el corazón
de mi madre. En ese caso, yo rompería el
contrato sin que ella tuviese culpa. Ella se
quedaría conmigo sin que hubiera un acto
propiamente suyo. Sería como si, habiéndole
confiado a alguien la suma de una deuda
para llevársela al acreedor, el portador se
guardase el dinero y no le llevase nada. En
la vida corriente, el acto de un tercero no
exime al contratante; pero el beneficio de
contratar con el cielo es que la intención vale
como dinero.
Habrás tenido conflictos parecidos a
éste y, si eres religioso, habrás buscado
alguna vez conciliar el cielo con la tierra por
procedimientos idénticos o análogos. El cielo
y la tierra acaban conciliándose; habiendo
sido el cielo hecho en el segundo día y la
tierra en el tercero, son casi hermanos
gemelos. Como Abraham, mi madre llevó a
DON CASMURRO
503
su hijo al monte de la Visión y además la leña
para el holocausto, el fuego y el cuchillo. Y ató
a Isaac sobre el haz de leña, agarró el cuchillo
y lo alzó. En el momento crucial, oye la voz del
ángel que le ordena de parte del Señor: “No le
hagas ningún daño a tu hijo, que ya conozco
que temes a Dios”. Tal sería la esperanza secreta
de mi madre.
Capitú era naturalmente el ángel de las
Escrituras. La verdad es que mi madre no podía
tenerla ahora lejos de sí. El afecto creciente se
manifestaba por actos extraordinarios. Capitú
pasó a ser la flor de la casa, el sol de las
mañanas, la frescura de las tardes, la luna de
las noches; allí vivía horas y horas, oyendo,
hablando y cantando. Mi madre sondeaba su
corazón, escudriñaba sus ojos y mi nombre era
entre ambas como la clave de la vida futura.
Capítulo 81
Una palabra
507
CAPÍTULO LXXXI
Una palabra
Así, una vez contado lo que descubrí
después, puedo transcribir aquí unas
palabras de mi madre. Ahora se entenderá
lo que ella me dijo el primer sábado, cuando
llegué a casa y supe que Capitú estaba en la
calle de los Inválidos con la señorita Gurgel:
- ¿Por qué no vas a verla? ¿No me
dijiste que el padre de Sancha te ofreció su
casa?
- Efectivamente.
- ¿Pues entonces? Si quieres puedes
ir. Capitú debería haber regresado hoy para
acabar un trabajo conmigo, seguro que su
amiga le ha pedido que duerma allí.
- Quizá estén coqueteando con
alguien, insinuó la prima Justina.
MACHADO DE ASSIS
508
No la maté, por no tener a mano hierro
o cuerda, pistola o puñal; pero los ojos que le
clavé, si hubieran podido matar, lo habrían
suplido todo. Uno de los errores de la
Providencia fue dar al hombre únicamente los
brazos y los dientes como armas de ataque y
las piernas como armas de fuga o de defensa.
Los ojos bastarían al primer efecto. Un
movimiento suyo le haría pararse o caerse a
un enemigo o a un rival; ejercerían venganza
pronta, con el añadido de que, para desorientar
a la justicia, los mismos ojos matadores serían
ojos piadosos que se apresurarían en llorar a
la víctima. La prima Justina se escapó de los
míos; pero yo no escapé al efecto de su
insinuación y el domingo, a las once, corrí a
las calle de los Inválidos.
El padre de Sancha me recibió
desaliñado y triste. Su hija estaba enferma,
había comenzado el día anterior con una
fiebre que se iba agravando. Como quería
mucho a su hija, se imaginaba ya verla
muerta y me anunció que en tal caso se
mataría. He aquí un capítulo fúnebre como
un cementerio, muertes, suicidios y asesinatos.
Yo ansiaba un rayo de luz clara y cielo azul.
Capitú los trajo a la puerta de la sala,
viniendo a decirle al padre de Sancha que
su hija lo había mandado llamar.
DON CASMURRO
509
- ¿Está peor?, preguntó Gurgel
asustado.
- No señor, pero quiere hablarle.
- Quédate aquí un poco, le dijo él; y
dirigiéndose a mí: Es la enfermera de Sancha
y no quiere otra, ahora vuelvo.
Capitú traía señales de fatiga y
conmoción, pero en cuanto me vio se
transformó en otra, en la muchachita de
siempre, tan fresca y alegre como
asombrada. No podía creer que fuese yo.
Me habló, quiso que le hablase y
efectivamente conversamos durante algunos
minutos, pero tan bajo y contenido que ni las
paredes nos oyeron, ellas que tienen oídos.
De resto, si hubieran oído algo no habrían
entendido nada, ni ellas ni los muebles, que
estaban tan tristes como su dueño.
Capítulo 82
El canapé
513
El canapé
De ellos, sólo el canapé pareció
haber comprendido nuestra situación
moral, visto que nos ofreció los servicios
de su trenzado de rafia, con tal insistencia
que los aceptamos y nos sentamos. Data
de entonces la opinión particular que tengo
del canapé. Alía la intimidad con el decoro
y muestra toda la casa sin salir de la sala.
Dos hombres sentados en él podrían
debatir el destino de un imperio y dos
mujeres la gracia de un vestido, pero un
hombre y una mujer solamente por
aberración de las leyes naturales dirían
algo que no fuese de sí mismos. Fue lo
que hicimos Capitú y yo. Me viene a la
memoria vagamente que le pregunté si la
demora allí sería grande…
- No lo sé; la fiebre parece que cede…,
pero…
CAPÍTULO LXXXII
MACHADO DE ASSIS
514
También me viene vagamente a la
memoria que le expliqué mi visita a la calle
de los Inválidos, con la pura verdad, esto es,
por consejo de mi madre.
- ¿Por su consejo?, murmuró Capitú.
Y añadió con sus ojos, que brillaban
extraordinariamente:
- ¡Seremos felices!
Repetí estas palabras sólo con los
dedos, estrechando los suyos. El canapé, nos
viese o no, continuó prestando sus servicios
a nuestras manos enlazadas y a nuestras
cabezas juntas o casi juntas.
Capítulo 83
El retrato
517
El retrato
Gurgel volvió a la sala y le dijo a
Capitú que su hija la llamaba. Yo me levanté
deprisa y no hallé compostura, miraba entre
las sillas. Por el contrario, Capitú se levantó
con naturalidad y le preguntó si había
aumentado la fiebre.
- No, dijo él.
Ni sobresalto ni nada, ningún aire de
misterio por parte de Capitú; se volvió hacia
mí y me dijo que le diese recuerdos a mi
madre y a la prima Justina y que hasta pronto,
me dio la mano y se fue por el pasillo. Todas
mis envidias se fueron tras ella. ¿Cómo era
posible que Capitú se controlase tan
fácilmente y yo no?
- Está hecha una mujer, observó
Gurgel, mirándola también.
CAPÍTULO LXXXIII
MACHADO DE ASSIS
518
Murmuré que sí. La verdad es que
Capitú iba creciendo a toda marcha, sus
formas se redondeaban y se fortalecían con
gran intensidad; moralmente le sucedía lo
mismo. Era una mujer por dentro y por fuera,
mujer a la derecha y a la izquierda, mujer
por todos lados, de los pies a la cabeza. Su
desarrollo parecía más rápido, ahora que
la veía de vez en cuando; siempre que yo
regresaba a casa la encontraba más alta y
más hermosa, sus ojos parecían tener una
nueva reflexión y su boca un nuevo imperio.
Gurgel, mirando una pared de la sala de
donde pendía un retrato de una joven, me
preguntó si Capitú se parecía a aquel
retrato.
Una de las costumbres de mi vida ha
sido concordar siempre con la opinión
probable de mi interlocutor, siempre que el
asunto no me sea oneroso, desagradable o
impuesto. Antes de examinar si efectivamente
Capitú se parecía al retrato, fui
respondiendo que sí. Entonces él me dijo que
era el retrato de su mujer y que cuantos la
conocieron decían lo mismo. También le
parecía que sus facciones eran semejantes,
principalmente la frente y los ojos. En cuanto
al carácter, era el mismo; parecían
hermanas.
DON CASMURRO
519
- Hasta el afecto que le tiene a
Sanchiña era igual al de su madre… En la
vida hay parecidos así de raros.
Capítulo 84
Llamado
523
Llamado
En el zaguán y en la calle analicé si él
habría sospechado algo, pero me pareció
que no y eché a andar. Iba satisfecho con la
visita, con la alegría de Capitú, con los elogios
de Gurgel hasta el punto de que no reparé
enseguida en que una voz me llamaba:
- ¡Sr. Bentiño! ¡Sr. Bentiño!
Sólo después que la voz aumentó y
su dueño llegó a la puerta, me detuve y vi lo
que era y donde estaba. Estaba en la calle
de Matacavalos. La casa era una tienda de
lozas, escasa y pobre; tenía las puertas
medio cerradas y la persona que me
llamaba era un pobre hombre gris y mal
vestido.
- Sr. Bentiño, me dijo llorando; ¿sabe
que mi hijo Manduca ha muerto?
CAPÍTULO LXXXIV
MACHADO DE ASSIS
524
- ¿Ha muerto?
- Ha muerto hace media hora, el entierro
será mañana. Le he mandado recado a su
madre de usted ahora mismo y me ha hecho la
caridad de mandar algunas flores para
ponerlas en el ataúd. ¡Pobre hijo mío! Tenía
que morir y ha sido mejor que muriera, pobre,
pero pese a todo siempre duele. ¡Qué vida
tuvo…! Uno de estos días se acordó de usted y
me preguntó si estaba en el seminario…
¿Quiere verlo? Pase y véalo. Me cuesta decir
esto, pero prefiero pecar por excesivo que por
parco. Quise responder que no, que no quería
ver a Manduca e incluso tuve un intento de
huida. No era miedo; en otro momento puede
que incluso hubiera entrado con facilidad y
curiosidad, ¡pero ahora estaba tan contento!
Ver a un difunto al regresar de ver a una novia…
Hay cosas que no se ajustan ni se combinan.
La simple noticia ya era una turbación grande.
Mis ideas de oro perdieron todas el color y el
metal para tornarse ceniza oscura y fea, no
distinguí nada más. Creo que llegué a decir
que tenía prisa, pero probablemente no utilicé
palabras claras y ni siquiera humanas, porque
él, apoyado en el portal, me abría espacio con
su gesto. Y yo, sin espíritu para entrar ni huir,
dejé al cuerpo hacer lo que pudiese, el cuerpo
acabó entrando.
DON CASMURRO
525
No culpo al hombre; para él, lo más
importante de aquel momento era su hijo.
Pero tampoco me culpen a mí; para mí, lo
más importante era Capitú. El problema fue
que los dos casos coincidieron en la misma
tarde y que la muerte del uno viniese a meter
la nariz en la vida del otro. Eso es todo lo
malo. Si yo hubiera pasado antes o después,
o si Manduca hubiera esperado algunas
horas para morir, ninguna nota desagradable
hubiera interrumpido las melodías de mi
alma. ¿Por qué morirse exactamente hace
media hora? Cualquier momento es
apropiado para el óbito, se podría haber
muerto muy bien a las seis o las siete de la
tarde.
Capítulo 85
El difunto
529
El difunto
Tal fue el sentimiento confuso con el
que entré en la tienda de lozas. La tienda
era oscura y el interior de la casa tenía
todavía menos luz, ahora que las ventanas
estaban cerradas. En un lado del comedor vi
a su madre llorando; en la puerta de la
alcoba, dos niños miraban asustados hacia
dentro, con el dedo en la boca. El cadáver
yacía en la cama, la cama…
Suspendamos la pena y vayamos a la
ventana a entretener la memoria… Realmente
la escena era fea, por la muerte y por el
difunto, que era horrible… Pero eso es otra
cosa. Todo lo que veo afuera respira vida, la
cabra que rumia junto a una carroza, la
gallina que picotea en el suelo de la calle, el
tren de la Estrada Central que ruge, pita,
humea y pasa, la palmera que puja hacia el
cielo y finalmente aquella torre de iglesia, a
CAPÍTULO LXXXV
MACHADO DE ASSIS
530
pesar de no tener músculos ni follaje. Un
muchacho, que en el callejón lanza una
cometa de papel no murió ni muere, aunque
también se llame Manduca.
Cierto es que el otro Manduca era mayor
que éste, un poco mayor. Tendría dieciocho o
diecinueve años, pero tanto le atribuirías quince
como veintidós, su cara no permitía mostrar su
edad a la vista, antes bien la escondía en los
pliegues de la… Venga, digámoslo todo; está
muerto, sus parientes están muertos, si existe
alguno no lo será con tanta evidencia que se
ofenda o entristezca. Dígase todo; Manduca
padecía una cruel enfermedad, nada menos
que la lepra. Vivo era feo, muerto me pareció
horrible. Cuando vi, tendido en la cama, el triste
cuerpo de mi vecino, quedé aterrorizado y
aparté los ojos. No se qué mano oculta me
compelió a mirar otra vez, aunque de soslayo;
cedí, miré, volví a mirar, hasta que retrocedí
del todo y salí del cuarto.
- ¡Sufrió mucho!, suspiró su padre.
- ¡Pobre Manduca!, sollozaba su
madre.
Traté de salir, dije que me esperaban
en casa y me despedí. Su padre me preguntó
DON CASMURRO
531
si le haría el favor de ir al entierro; respondí
con la verdad, que no lo sabía, haría lo que
mi madre decidiese. Y salí rápidamente,
atravesé la tienda y salté a la calle.
Capítulo 86
¡Amad, muchachos!
535
¡Amad, muchachos!
Estaba tan cerca que antes de tres
minutos me encontré en casa. Me detuve en
el pasillo a tomar aliento; trataba de olvidar
al difunto, pálido y deforme, aparte de lo
que no he mencionado para no darles a estas
páginas un aspecto repugnante, pero te lo
puedes imaginar. Todo lo aparté de la vista
en pocos segundos, me bastó pensar en la
otra casa y sobre todo en la vida y en la cara
fresca y alegre de Capitú…
¡Amad, muchachos! y, principalmente,
amad a muchachas lindas y graciosas; ellas
dan remedio a los males, aroma a lo infecto,
truecan la muerte por la vida… ¡Amad,
muchachos!
CAPÍTULO LXXXVI
Capítulo 87
La calesa
539
La calesa
Había llegado al último escalón y una
idea me entró en el cerebro como si me
estuviese esperando entre los barrotes de la
cancela. Oí de memoria las palabras del
padre de Manduca pidiéndome que fuese al
entierro al día siguiente. Me detuve en el
escalón. Reflexioné un instante; sí, podía ir
al entierro, pediría a mi madre que me
alquilase un coche…
No pienses que tenía ganas de ir en
coche, aunque me gustase. De pequeño, me
viene a la memoria que iba muchas veces así
con mi madre a las visitas de amistad o
compromiso y a misa, si llovía. Era una calesa
vieja de mi padre que ella conservó todo lo
que pudo. El cochero, que era un esclavo
nuestro, tan viejo como la calesa, cuando me
veía en la puerta, vestido, esperando a mi
madre, me decía riendo:
CAPÍTULO LXXXVII
MACHADO DE ASSIS
540
- ¡Papá Juan va a llevar al señorito!
Y era raro que yo no le advirtiese:
- Juan, refrena mucho a esos animales,
ve despacio…
- A la señora Gloria no le gusta.
- ¡Pero ve despacio!
Quede claro que era para disfrutar la
calesa, no por vanidad, porque nadie podía
ver a las personas que iban dentro. Era una
vieja calesa, obsoleta, de dos ruedas,
estrecha y corta, con dos cortinas de cuero
delante que se corrían hacia los lados cuando
era necesario entrar o salir. Cada cortina
tenía un ojo de cristal por donde me gustaba
espiar afuera
- ¡Siéntate, Bentiño!
- ¡Déjame espiar, mamá!
Y de pie, cuando era más pequeño,
pegaba la cara al cristal y veía al cochero
con sus grandes botas, cabalgando sobre la
mula de la izquierda y sosteniendo las riendas
de la otra; en la mano llevaba un látigo
DON CASMURRO
541
grueso y largo. Todo incómodo, las botas, el
látigo y las mulas, pero a él le gustaba y a
mí también. Por los lados veía pasar las
casas, comercios o no, abiertas o cerradas,
con gente o sin ella, y en la calle las personas
que iban y venían o cruzaban frente a la
calesa con grandes zancadas o pasitos
cortos. Cuando había obstáculo de personas
o animales, la calesa paraba y entonces el
espectáculo era particularmente interesante;
las personas, paradas en la calzada o a la
puerta de las casas, miraban a la calesa y
hablaban entre sí, naturalmente sobre quién
iría dentro. Cuando fui creciendo en edad
imaginé que lo adivinaban y decían: “Es
aquella señora de la calle de Matacavalos
que tiene un hijo, Bentiño…”
La calesa condecía tan bien con la vida
recóndita de mi madre que cuando ya no
quedaba ninguna otra continuábamos yendo
en ella y era conocida en el barrio como “la
calesa antigua”. Al final, mi madre consintió
en dejarla, sin venderla inmediatamente;
cuando lo hizo fue sólo porque los gastos de
la cochera la obligaron. La razón para
guardarla inútil fue exclusivamente
sentimental, era un recuerdo de su marido.
Todo cuanto procedía de mi padre era
conservado como una parte suya, un resto
MACHADO DE ASSIS
542
de la persona, la misma alma integral y pura.
Pero la costumbre era hija también del
tradicionalismo que ella confesaba a los
amigos. Mi madre expresaba bien su
fidelidad a los viejos hábitos, viejas maneras,
viejas ideas, viejas modas. Tenía su museo
de reliquias, peines desusados, un trozo de
mantilla, unas monedas de cobre fechadas
en 1824 y 1825 y, para que todo fuese
antiguo, ella deseaba hacerse vieja a sí
misma; pero ya dejé dicho que en este asunto
no lograba todo lo que pretendía.
Capítulo 88
Un pretexto honesto
545
Un pretexto honesto
No, la idea de ir al entierro no
procedía del recuerdo del carruaje y sus
deleites. El origen era distinto: era porque,
acompañando al entierro al día siguiente,
no iría al seminario y le podría hacer otra
visita a Capitú un tanto más demorada. De
eso se trataba. Los recuerdos del carruaje
podían venir accesoriamente después, pero
la idea principal e inmediata fue ésa.
Volvería a la calle de los Inválidos, con el
pretexto de interesarme por la señorita
Gurgel. Contaba con que todo me saliera
bien como el otro día, Gurgel triste, Capitú
conmigo en el canapé las manos enlazadas,
el peinado…
- Voy a pedírselo a mi madre.
Abrí la cancela. Antes de atravesarla,
así como había oído en la memoria las
CAPÍTULO LXXXVIII
MACHADO DE ASSIS
546
palabras del padre del muerto, oí ahora las
de su madre y repetí a media voz:
- ¡Pobre Manduca!
Capítulo 89
La negativa
549
La negativa
Mi madre se quedó perpleja cuando
le pedí ir al entierro.
- Perder un día del seminario…
Le hice notar la amistad que Manduca
me tenía y además era gente pobre… Todo
lo que se me ocurrió decir, lo dije. La prima
Justina se inclinó por la negativa.
- ¿Crees que no debe ir?, le preguntó
mi madre.
- Creo que no. ¿Qué amistad es ésa
que nunca he visto?
La prima Justina se impuso. Cuando
le referí el caso al allegado, éste sonrió y me
dijo que el motivo oculto de la prima era
probablemente no dar al entierro “el lustre
CAPÍTULO LXXXIX
de mi persona”. Fuese lo que fuese me quedé
anonadado; al día siguiente, pensando en el
motivo, no me desagradó; más tarde le hallé
un gusto particular.
Capítulo 90
La polémica
553
La polémica
Al día siguiente pasé por la casa del
difunto sin entrar ni detenerme o, si me detuve,
fue sólo un instante más breve que éste en
que os lo cuento. Si no me engaño, anduve
incluso más deprisa, temiendo que me
llamasen como el día anterior. Ya que no iba
al entierro, mejor lejos que cerca. Fui
andando y pensando en el pobre diablo.
No éramos amigos ni nos conocíamos
demasiado. Intimidad, ¿qué intimidad podía
haber entre su enfermedad y mi salud? Tuvimos
relaciones breves y distantes. Fui pensando en
ellas, recordando algunas. Se reducían todas
a una polémica entre nosotros, dos años antes,
a propósito… Difícilmente podréis creer a qué
propósito respondió. La guerra de Crimea.
Manduca vivía en el interior de su casa,
tumbado en la cama, leyendo para distraerse.
CAPÍTULO XC
MACHADO DE ASSIS
554
Los domingos por la tarde, su padre le ponía
una camiseta oscura y lo llevaba al fondo de
la tienda, desde donde él observaba un
palmo de la calle y a la gente que pasaba.
Era todo su entretenimiento. Allí lo vi una vez
y no quedé poco asombrado; la enfermedad
le iba comiendo parte de sus carnes, los
dedos querían juntársele; su aspecto
ciertamente no era atractivo. Tendría yo de
trece a catorce años. La segunda vez que lo
vi allí, como hablamos de la guerra de
Crimea, que entonces hacía estragos y
aparecía en los periódicos, Manduca dijo que
lo aliados deberían vencer, yo le respondí
que no.
- Ya veremos, replicó. Sólo si la justicia
no triunfa en este mundo, lo cual es imposible,
y la justicia está con los aliados.
- No señor, la razón es de los rusos.
Naturalmente, seguíamos lo que
contaban los periódicos de la ciudad, que
transcribían a los de fuera, pero también
podía ser que cada uno de nosotros tuviera
una opinión propia de su temperamento. Fui
siempre un tanto moscovita en mis ideas.
Defendí los derechos de Rusia, Manduca hizo
lo mismo con los de los aliados y el tercer
DON CASMURRO
555
domingo en que entré en la tienda volvimos
de nuevo sobre el asunto. Entonces Manduca
propuso que intercambiásemos los
argumentos por escrito y el martes o el
miércoles recibí dos hojas de papel
conteniendo la exposición y defensa del
derecho de los aliados y de la integridad de
Turquía, concluyendo con esta frase profética:
“¡Los rusos no entrarán en
Constantinopla!”
La leí y me puse a refutarla. No
recuerdo ni uno sólo de los argumentos que
empleé ni quizá interese conocerlos ahora
que el siglo está expirando, pero la idea que
me quedó de ellos es que eran irrefutables.
Yo mismo le llevé mi papel. Me hicieron entrar
en la alcoba, donde él yacía tumbado en la
cama, mal cubierto por una colcha de retales.
El gusto por la polémica o cualquier otra cosa
que no alcanzo no me dejó sentir toda la
repugnancia que salía de la cama y del
enfermo, pero el placer con que le di el papel
fue sincero. Manduca, por su parte, por más
repugnante que tuviese entonces su cara, la
sonrisa que la encendió disimuló su
enfermedad física. No hay palabras propias
o ajenas que den cuenta con veracidad de la
convicción con la que recibió el papel y dijo
MACHADO DE ASSIS
556
que lo leería y me respondería; no era
exaltada ni ruidosa, no tenía afectación ni su
modestia la hubiera permitido; era sencilla,
grande, profunda, un goce infinito de victoria,
antes de conocer mis argumentos. Ya tenía
papel, pluma y tinta junto a la cama. Al cabo
de unos días recibí la réplica, no me viene a
la memoria si traía cosas nuevas o si no,
crecía su vehemencia y el final era el mismo:
“¡Los rusos no entrarán en
Constantinopla!”
Volví a replicar, y así continuó por
algún tiempo una polémica ardiente en la que
ninguno de nosotros cedía, defendiendo cada
uno a sus patrocinados con fuerza y brío.
Manduca era más extenso y enérgico que yo.
Naturalmente a mí me sobraban mil cosas
que me distraían, mis estudios, mis
diversiones, mi familia y mi propia salud que
me impulsaba a otros ejercicios. Manduca,
salvo el palmo de calle del domingo por la
tarde, tenía sólo esta guerra, tema de la
ciudad y del mundo, pero que nadie iba a
discutir con él. La casualidad le dio en mí un
adversario; él, que tenía gusto por la
escritura, se entregó al debate como a un
fármaco nuevo y radical. Las horas tristes y
largas eran ahora breves y alegres y sus ojos
DON CASMURRO
557
se olvidaron de llorar, si es que antes
lloraban. Sentí este cambio suyo en las
maneras de su padre y de su madre.
- No se imagina cómo está ahora,
desde que usted le escribe aquellos
papeles, me dijo el dueño de la tienda, una
vez, en la puerta de la calle. Habla y ríe
mucho. En cuanto que le mando a usted al
mensajero para llevarle sus papeles,
comienza a preguntar por la respuesta, si
demorará mucho y que le pregunte al
negrito cuando pase. Mientras espera, relee
periódicos y toma notas. Pero también, así
que recibe sus papeles, se lanza a leerlos
y comienza inmediatamente a escribir la
respuesta. Hay ocasiones en que no come
o come mal, tanto que quisiera pedirle una
cosa: que no los mande a la hora del
almuerzo o de la cena…
Yo me cansé primero. Comencé a
demorar las respuestas, hasta que ya no le
di ninguna; él todavía insistió dos o tres veces
después de mi silencio, pero no habiendo
recibido respuesta, quizá por fatiga o por
no molestarme, acabó del todo con sus
apologías. En la última, como en la primera,
como en todas, afirmaba la misma predicción
eterna:
MACHADO DE ASSIS
558
“¡Los rusos no entrarán en
Constantinopla!”
No entraron efectivamente ni entonces,
ni después, ni hasta ahora. ¿Pero la
predicción será eterna? ¿No acabarán
entrando algún día? Problema difícil. El
propio Manduca, para entrar en la sepultura,
pasó tres años de disolución, tan cierto es
que la naturaleza al igual que la historia no
se hacen corriendo. Su vida resistió como
Turquía; si cedió al final fue porque le faltó
una alianza como la anglo-francesa, no
pudiéndose considerar tal el simple pacto de
la medicina con la farmacia. Al final murió
como los Estados mueren; en nuestro caso
particular, la cuestión es saber no si Turquía
morirá, porque la muerte no respeta a nadie,
sino si los rusos entrarán algún día en
Constantinopla; ésa era la cuestión para mi
vecino leproso, bajo la triste, rota e infecta
colcha de retales…
Capítulo 91
Ocurrencia que consuela
561
Ocurrencia que consuela
Está claro que las reflexiones que dejo aquí
no fueron hechas entonces, camino del seminario,
sino ahora en el despacho del Ingenio Nuevo.
Entonces no hice propiamente ninguna, a no ser ésta:
que un día le serví de alivio a mi vecino Manduca.
Hoy, pensándolo mejor, creo que no sólo le serví de
alivio, sino que incluso le proporcioné felicidad. Y
la idea me consuela; ahora ya no me olvidaré más
de que le di dos o tres meses de felicidad a un pobre
diablo, haciéndole olvidar su enfermedad y el resto.
Eso pesa en la balanza de mi vida. Si hay en el otro
mundo algún premio para las virtudes sin intención,
ésta pagará uno o dos de mis muchos pecados. En
cuanto a Manduca, no creo que fuese pecado opinar
contra Rusia, pero si lo era, él estará purgando desde
hace cuarenta años la felicidad que gozó durante
dos o tres meses, de donde concluirá (ya tarde) que
hubiese sido mejor gemir solamente y abstenerse
de opinar.
CAPÍTULO XCI
Capítulo 92
El diablo no es tan feo como lo pintan
565
El diablo no es tan feo como lo pintan
Enterraron a Manduca sin mí. A
muchos otros les sucedió lo mismo sin que
yo sintiese nada, pero este caso me afligió
particularmente por la razón ya expuesta.
También sentí no sé qué melancolía al
recordar la primera polémica de mi vida,
el placer con que él recibía mis papeles y
se disponía a refutarlos, sin contar la
diversión del carruaje… Pero el tiempo
borró deprisa todas esas nostalgias y
resurrecciones. No fue sólo él, dos
personas vinieron a ayudarlo: Capitú, cuya
imagen durmió conmigo esa misma noche
y otra que contaré en el próximo capítulo.
El resto de este capítulo es sólo para pedir
que si alguien quisiera leer mi libro con
mayor atención que la que exige el precio
de este ejemplar, no deje de concluir que
el diablo no es tan feo como lo pintan.
Quiero decir…
CAPÍTULO XCII
MACHADO DE ASSIS
566
Quiero decir que mi vecino de
Matacavalos, aliñando la enfermedad con la
opinión antirrusa, le daba a la podredumbre
de sus carnes un reflejo espiritual que las
consolaba. Hay mayores consuelos
ciertamente y uno de los más excelentes es
no padecer ésa ni ninguna otra enfermedad,
pero la naturaleza es tan divina que se divierte
con tales contrastes y a los más repulsivos o
más afligidos los recompensa con una flor. Y
tal vez así brote la flor más bella; mi jardinero
afirma que las violetas, para tener un aroma
superior, necesitan estiércol de cerdo. No lo
he comprobado, pero debe ser verdad.
Capítulo 93
Un amigo por un difunto
569
Un amigo por un difunto
La otra persona que tuvo poder
obliterador fue mi colega Escobar que el
domingo, antes del mediodía, vino a verme
a Matacavalos. Un amigo suplía así a un
difunto y un amigo tal que durante cerca de
cinco minutos estuvo con mi mano entre las
suyas como si no me hubiera visto desde
largos meses:
- ¿Cenas conmigo, Escobar?
- He venido para eso.
Mi madre le agradeció la amistad que
me tenía y él le respondió con mucha
educación, aunque un tanto embarazado,
como si no tuviese la palabra pronta. Ya has
visto que no era así, las palabras le
obedecían, pero los hombres no son siempre
iguales en todos los momentos. Lo que me
CAPÍTULO XCIII
MACHADO DE ASSIS
570
dijo, en resumen, fue que me estimaba por
mis buenas cualidades y apurada educación;
en el seminario todos me apreciaban como
no podía ser menos, añadió. Insistía en la
educación, en los buenos ejemplos, “en la
dulce y extraordinaria madre” que el cielo
me dio… Todo con trémula y emocionada
voz.
Todos quedaron entusiasmados con él.
Yo estaba tan contento como si Escobar fuese
invención mía. José Días le descargó dos
superlativos, mi tío Cosme dos palizones a
las cartas, y la prima Justina no le halló tacha;
después, sí, en el segundo o tercer domingo
vino a confesarnos que mi amigo Escobar era
algo entrometido y tenía unos ojos policíacos
a los que no escapaba nada.
- Son sus ojos, expliqué.
- No digo que sean de otro.
- Son ojos reflexivos, opinó mi tío
Cosme.
- Seguramente, acudió José Días; sin
embargo, puede ser que la señora D.ª Justina
tenga algo de razón. La verdad es que una
cosa no impide la otra y la reflexión casa
DON CASMURRO
571
muy bien con la curiosidad natural. Parece
curioso, lo parece, pero…
- A mí me parece un jovencito muy
serio, dijo mi madre.
- ¡Justamente!, confirmó José Días
para no disentir de ella.
Cuando le referí a Escobar aquella
opinión de mi madre (sin contarle las otras,
naturalmente), vi que le producía un placer
extraordinario. Lo agradeció, diciendo que
eran bondades, y elogió también a mi madre,
señora grave, distinguida y joven, muy
joven… ¿Qué edad tendría?
- Más de cuarenta, respondí
vagamente, por vanidad.
- ¡No es posible!, exclamó Escobar.
¡Cuarenta años! Ni siquiera aparenta treinta,
está muy joven y bonita. A alguien le has
tenido que salir, con esos ojos que Dios te
dio; son exactamente los suyos. ¿Hace mucho
que enviudó?
Le conté lo que sabía de su vida y de
la de mi padre. Escobar escuchaba atento,
preguntando más, pidiendo explicaciones de
MACHADO DE ASSIS
572
los pasajes omisos u oscuros. Cuando le dije
que no recordaba nada de la plantación,
pues me había venido muy pequeño, me contó
dos o tres recuerdos de sus tres años de edad,
frescos todavía ahora. ¿Y no pensábamos
volver a la plantación?
- No, ya no volveremos más. Mira, aquel
negro que va pasando, es de allí. ¡Tomás!
- ¡Señorito!
Estábamos en la huerta de mi casa y
el negro estaba de servicio, se acercó a
nosotros y esperó.
- Está casado, le dije a Escobar.
¿Dónde está María?
- Está moliendo maíz.
- ¿Todavía te acuerdas de la
plantación, Tomás?
- Me acuerdo, sí señor.
- Bien, te puedes ir.
Le mostré otro, otro más y todavía otro,
éste Pedro, aquél José, aquél otro Damián.
DON CASMURRO
573
- Todas las letras del alfabeto,
interrumpió Escobar.
En efecto, eran diferentes letras y sólo
entonces me di cuenta; señalé otros esclavos,
algunos con los mismos nombres, que se
distinguían por un apellido, o de persona,
como Juan Fulo, María Gorda, o de nación,
como Pedro Benguela, Antonio
Mozambique.
- ¿Y están todos aquí en casa?, me
preguntó.
- No, algunos andan trabajando en la
calle, otros están alquilados. No sería posible
tenerlos a todos en casa. No son todos los
de la plantación, la mayoría se quedó allí.
- Lo que me sorprende es que D.ª
Gloria se acostumbrara tan pronto a vivir
en una casa de la ciudad, donde todo es
estrecho; la de allí será naturalmente
grande.
- No lo sé, pero creo que sí. Mamá
tiene otras casas más grandes que ésta, pero
dice que morirá aquí. Las otras están
alquiladas. Algunas son muy grandes, como
la de la calle de la Quitanda.
MACHADO DE ASSIS
574
- La conozco, es bonita.
- Tiene otras en Rio Comprido, en
Cidade-Nova, una en el Catete…
- No le faltarán techos, me dijo
sonriendo con simpatía.
Caminamos hacia el fondo. Pasamos
el lavadero, él se paró un instante allí mirando
la piedra de batir la ropa y haciendo
consideraciones a propósito del aseo;
después continuamos. No me viene a la
memoria cuáles fueron esas reflexiones, pero
sí recuerdo que me parecieron ingeniosas, y
que me reí, él se rió también. Mi alegría
despertaba la suya y el cielo estaba tan azul,
el aire tan claro, que la naturaleza parecía
reír también con nosotros. Son así los buenos
momentos de este mundo. Escobar confesó
ese acuerdo de lo interno con lo externo con
palabras tan finas y elevadas que me
conmovieron; después, a propósito de la
belleza moral que se ajusta a la física, volv
a hablar de mi madre, “más que un ángel”,
dijo.
Capítulo 94
Ideas aritméticas
577
Ideas aritméticas
No lo contaré todo, que fue mucho. No
sólo sabía elogiar y pensar, también calcular
deprisa y bien. Era de las cabezas aritméticas
de Holmes (2+2=4). Es inimaginable la facilidad
con que sumaba o multiplicaba de memoria.
La división, que fue siempre una de las
operaciones más difíciles para mí, era como si
nada para él: cerraba un poco los ojos, vueltos
hacia arriba y susurraba las denominaciones
de los dígitos; ya estaba resuelto. Eso lo hacía
con siete, trece, veinte dígitos. Su vocación era
tal que amaba los símbolos de las sumas y era
de la opinión que los dígitos, siendo pocos,
eran más ingeniosos que las veinticinco letras
del alfabeto.
- Hay letras inútiles y letras
dispensables, decía. ¿Qué servicio prestan
la d y la t? Tienen casi el mismo sonido. Lo
mismo digo de la b y la p, lo mismo de la s, la
CAPÍTULO XCIV
MACHADO DE ASSIS
578
c y la z, lo mismo de la k y de la g, etc. Son
ridiculeces caligráficas. Mira los números: no
hay dos que hagan el mismo trabajo; 4 es 4, y
7 es 7. Y sorprende la belleza con que un 4 y
un 7 forman esa cosa que se expresa con un
11. Ahora doblas 11 y tendrás 22; multiplicas
por el mismo número y tendrás 484, y así en
delante. Pero donde la perfección es mayor
es en el empleo del cero. El cero por sí mismo
no vale nada. Pero el oficio de este signo
negativo es precisamente aumentar. Un 5 solo
es un 5; ponle dos 00, es 500. Así el que no
vale nada hace valer mucho, cosa que no
hacen las letras repetidas, pues yo tanto
apruebo con una p como con dos pp.
Criado en la ortografía de mis padres,
me costaba oír tales blasfemias, pero no
osaba refutarlo. Sin embargo, un día proferí
algunas palabras de defensa, a lo cual
respondió que eran prejuicios y añadió que
las ideas aritméticas podían llegar hasta el
infinito con la ventaja de que eran más fáciles
de administrar. Así, yo no era capaz de
resolver en un momento un problema
filosófico o lingüístico, mientras que él podía
sumar en tres minutos cualquier cantidad.
- Por ejemplo…, hazme una prueba…,
dime una porción de números que yo no sepa
DON CASMURRO
579
ni pueda saber de antes…, mira, dime el
número de casas de tu madre y los alquileres
de cada una y si no te digo la suma total en
dos, en un minuto, me ahorcas.
Acepté la apuesta y en la semana
siguiente le llevé escritos en un papel el
número de casas y las cantidades de los
alquileres. Escobar tomó el papel, lo miró a
fin de memorizarlo y, mientras yo miraba el
reloj, él levantaba sus pupilas, cerraba sus
párpados y susurraba… ¡Oh, el viento no es
más rápido! Fue dicho y hecho; en medio
minuto me gritaba:
- Un total de 1.070.000 reales
mensuales.
Me quedé pasmado. Considera que no
eran menos de nueve casas y que los
alquileres variaban de una a otra entre 70.000
y 180.000 reales. Pues todo eso, en que yo
perdería tres o cuatro minutos, valiéndome
además de papel, Escobar lo hizo de
memoria, corriendo. Me miraba triunfalmente
y me preguntaba que si no era exacto. Yo,
para mostrarle que sí, saqué del bolsillo un
papel que traía con la suma total del dinero
y se lo enseñé; era eso mismo, ni un error:
1.070.000.
MACHADO DE ASSIS
580
- Esto prueba que las ideas aritméticas
son más sencillas y por tanto más naturales.
La naturaleza es sencilla. El arte confuso.
Me quedé tan entusiasmado con la
facilidad mental de mi amigo que no pude
dejar de abrazarlo. Estábamos en el patio,
otros seminaristas repararon en nuestra
efusión; a un cura que estaba con ellos no le
gustó.
- La modestia, nos dijo, no tolera esos
actos excesivos; podéis estimaros con
moderación.
Escobar me hizo notar que los demás
y el cura hablaban por envidia y me propuso
continuar separados. Lo interrumpí diciéndole
que no; si era envidia, peor para ellos.
- ¡Vamos a darles la castaña!
- Pero…
- Vamos a ser más amigos que hasta
ahora.
Escobar me estrechó la mano a
escondidas con tal fuerza que aún me duelen
los dedos. Es una ilusión, seguro, si no es
DON CASMURRO
581
efecto de las largas horas que vengo
escribiendo sin parar. Suspendamos la pluma
por algunos instantes.
Capítulo 95
El Papa
585
El Papa
Mi amistad con Escobar se hizo
grande y fecunda, la de José Días no quiso
ser menos. En la primera semana me dijo
éste en casa:
- Ahora vas a salir de verdad del
seminario.
- ¿Cómo?
- Espera hasta mañana. Voy a
intentarlo con ellos ya que me han llamado;
mañana, en la habitación, en el huerto, o en
la calle, yendo a misa, les cuento lo que pasa.
La idea es tan santa que no está mal en el
santuario. Mañana, Bentiño.
- ¿Pero es seguro?
- ¡Segurísimo!
CAPÍTULO XCV
MACHADO DE ASSIS
586
Al día siguiente me reveló el misterio.
En una primera impresión, confieso que me
quedé deslumbrado. Tenía un aire de
grandeza y de espiritualidad que hablaba a
mis ojos de seminarista. Era ni más ni menos
esto. Mi madre, según él creía, estaba
arrepentida de lo que había hecho y deseaba
verme afuera, pero entendía que el vínculo
moral de la promesa la prendía
indisolublemente. Procedía romperlo y para
eso servían las Escrituras y el poder de
desatar dado a los apóstoles. Así que él y yo
iríamos a Roma a pedir la absolución del
Papa… ¿Qué me parecía?
- Me parece bien, le respondí después
de algunos segundos de reflexión. Puede ser
una buena solución.
- ¡Es lo único, Bentiño, es lo único! Hoy
mismo iré a conversar con D.ª Gloria, se lo
expondré todo y podremos partir de aquí a
dos meses, o antes…
- Es mejor decírselo el domingo que
viene, déjeme pensarlo primero…
- ¡Oh, Bentiño!, interrumpió el
allegado. ¿Pensar en qué? Tú lo que
quieres… ¿Te lo digo? ¿No te enfadarás con
DON CASMURRO
587
tu viejo amigo? Tú lo que quieres es
consultárselo a una persona.
En rigor, era a dos personas, Capitú y
Escobar, pero negué a pie juntillas que
quisiese consultárselo a nadie. ¿A quién, al
rector? No sería natural que le confiase tal
asunto. No, ni al rector, ni a un profesor ni a
nadie; quería sólo tiempo para reflexionar,
una semana, el domingo le daría la respuesta,
pero desde ya le decía que la idea no me
parecía mala.
- ¿No?
- No.
- Pues decidamos hoy mismo.
- No se va a Roma corriendo.
- Quien tiene boca va a Roma, y boca
en nuestro caso es el dinero. Tú puedes
gastártelo tranquilamente en ti… En mí no
hace falta; un par de pantalones, tres
camisas, el pan diario, no necesito más. Seré
como San Pablo, que vivía de su trabajo
mientras predicaba la palabra divina. Y yo
voy, no a predicarla, sino a buscarla.
Llevaremos cartas del internuncio y del
MACHADO DE ASSIS
588
obispo, cartas para nuestro embajador,
cartas de los capuchinos… Ya sé la objeción
que se le puede oponer a esta idea; dirán
que se puede pedir la dispensa desde aquí,
desde lejos; pero, además de lo que no digo,
basta pensar que es mucho más solemne y
bonito ver entrar en el Vaticano y postrarse a
los pies del Papa al propio objeto del favor,
al levita prometido que va a pedir para su
madre ternísima y dulcísima la dispensa de
Dios. Considera la escena, tú besándole el
pie al príncipe de los apóstoles; Su Santidad,
con una sonrisa evangélica, se inclina,
interroga, oye, absuelve y bendice. Los
ángeles lo contemplan, la Virgen le
recomienda a su hijo santísimo que todos tus
deseos, Bentiño, sean satisfechos y que lo que
amas en la tierra sea igualmente amado en
el cielo…
No digo más, porque es preciso
acabar el capítulo y él no acabó su discurso.
Le habló a todos mis sentimientos de católico
y de enamorado. Vi el alma aliviada de mi
madre, vi el alma feliz de Capitú, ambas en
casa y yo con ellas y él con nosotros, todo
mediante un pequeño viaje a Roma, que yo
sólo geográficamente sabía dónde estaba;
espiritualmente también, pero no la distancia
a la que estaría de la voluntad de Capitú.
DON CASMURRO
589
Ése era el punto esencial. Si a Capitú le
parecía lejos, no iría; pero era necesario
escucharla y también a Escobar, quien me
daría un buen consejo.
Capítulo 96
Un sustituto
593
Un sustituto
Le expuse a Capitú la idea de José
Días. Me oyó atentamente y se puso triste.
- Como vayas, me dijo, me olvidarás
completamente.
- ¡Nunca!
- Me olvidarás. Dicen que Europa es
muy bonita y principalmente Italia. ¿No vienen
de allí las cantantes? Me olvidarás, Bentiño.
¿No habría otra manera? D.ª Gloria se muere
de ganas de que salgas del seminario.
- Sí, pero se considera atada por su
promesa.
A Capitú ni se le ocurría otra idea ni
acababa de gustarle ésta. De camino, me
CAPÍTULO XCVI
MACHADO DE ASSIS
594
pidió que, si acaso fuese a Roma, le jurase
que antes de seis meses estaría de regreso.
- Lo juro.
- ¿Por Dios?
- Por Dios, por todo. Juro que antes
de seis meses estaré de regreso.
- ¿Pero y si el Papa no te hubiera
eximido?
- Mando que alguien te lo diga.
- ¿Y si mintieras?
Esas palabras me dolieron mucho y no
vi la manera de replicarle. Capitú organizó
un jaleo, riendo y llamándome falso. Después
dijo creer que yo cumpliría el juramento, pero
ni aun así aceptó inmediatamente; vería si
no había otro medio y quería que yo también
indagase por mi parte.
Cuando regresé al seminario, se lo
conté todo a mi amigo Escobar que me oyó
con la misma atención y acabó con la misma
tristeza que Capitú. Sus ojos, de suyo huidizos,
casi me comieron observándome. De repente
DON CASMURRO
595
le vi en el rostro un fulgor, un reflejo de idea.
Y le oí decir con volubilidad:
- No, Bentiño, eso no es necesario. Hay
algo mejor, no digo mejor porque el Santo
Padre vale siempre más que todo, pero hay
una cosa que produce el mismo efecto.
- ¿Qué es?
- Tu madre le hizo la promesa a Dios
de darle un sacerdote, ¿no es eso? Pues bien,
que le dé un sacerdote que no seas tú. Puede
solicitar algún jovencito huérfano, hacerlo
ordenar a su costa, estaría dándole un cura
al altar, sin que tú…
- Entiendo, entiendo, de eso se trata.
- ¿No te parece?, continuó.
Consúltaselo al protonotario; él te dirá si no
es igual o, si quieres, se lo consulto yo mismo;
si duda, hablamos con el Sr. obispo.
Yo, reflexionando:
- Sí, parece que es eso; realmente la
promesa se cumple, al no perderse el cura.
Escobar observó que, por el aspecto
MACHADO DE ASSIS
596
económico, la cuestión era fácil; mi madre se
gastaría lo mismo que conmigo y un huérfano
no necesitaría grandes comodidades. Citó la
suma de los alquileres de las casas, 1.070.000
reales, además de los esclavos…
- No hay más que hablar, dije yo.
- Y saldremos juntos.
- ¿Tú también?
- Yo también. Voy a mejorar mi latín y
me voy, no asistiré a teología. Ni siquiera el
latín me es necesario; ¿en el comercio, para
qué sirve?
- In hoc signo vinces, dije riendo.
Me sentía ingenioso. ¡Oh!, cómo la
esperanza lo alegra todo. Escobar sonrió,
pareciendo gustarle la respuesta. Después
nos quedamos ensimismados, cada uno con
la mirada perdida. La suya estaba así cuando
volví a mi natural y le agradecí de nuevo el
plan sugerido, no podía haber otro mejor.
Escobar me escuchó contentísimo.
- Una vez más, dijo gravemente, la
religión y la libertad hacen buena pareja.
Capítulo 97
La salida
599
La salida
Todo se hizo de ese modo. Mi madre
dudó un poco, pero acabó cediendo, después
que el padre Cabral, habiéndole consultado
al obispo, volvió a decirle que sí, que era
posible. Salí del seminario a finales de año.
Tenía entonces algo más de diecisiete…
Aquí debería haber llegado a la mitad del libro,
pero la inexperiencia me ha hecho ir detrás de
la pluma y llego casi al final del papel con lo
mejor de la narración todavía por contar. Ahora
no hay más remedio que llevarla a grandes
zancadas, capítulo tras capítulo, pocas
enmiendas, pocas reflexiones, todo resumido.
Si esta página vale por meses, otras valdrán
por años y así llegaremos al final.
Uno de los sacrificios que le hago a
esta dura necesidad es el análisis de mis
emociones de los diecisiete años. No sé si
CAPÍTULO XCVII
MACHADO DE ASSIS
600
alguna vez tuviste diecisiete años. Si los
tuviste, debes saber que es la edad en la que
la mitad del hombre y la mitad del niño
forman un único curioso. Yo era un único
curiosísimo que diría el allegado José Días,
y no diría mal. Lo que esa cualidad
superlativa me rindió nunca podría decirlo
aquí sin caer en el error que acabo de
condenar, el análisis de mis emociones de
aquel tiempo es lo que entraba en mis planes.
Aunque hijo del seminario y de mi madre,
sentía ya debajo del recato casto ciertos
impulsos de petulancia y atrevimiento; venían
de la sangre, pero venían también de las
mozas que en la calle o en la ventana no me
dejaban vivir sosegado. Les parecía lindo y
me lo decían, algunas querían admirar mi
belleza más de cerca y la vanidad es un
principio de corrupción.
Capítulo 98
Cinco años
603
Cinco años
Venció la razón, me fui a estudiar.
Pasaron los dieciocho, los diecinueve, los
veinte, los veintiuno; a los veintidós era un
licenciado en Derecho.
Todo había cambiado a mi alrededor.
Mi madre se había decidido a envejecer;
incluso así sus cabellos blancos llegaban de
mala gana, despacio y aisladamente; la toca,
los vestidos, los zapatos rasos y sordos eran
los mismos de siempre. Ya no andaba tanto
de un lado para otro. Mi tío Cosme padecía
del corazón e iba a descansar. La prima Justina
sólo estaba más vieja. José Días también, no
tanto como para no hacerme el honor de asistir
a mi graduación y bajar conmigo de la sierra,
alegre y vigoroso, como si el licenciado fuese
él. La madre de Capitú había muerto, su padre
se había jubilado en el mismo cargo en el
que quiso dimitir de la vida.
CAPÍTULO XCVIII
MACHADO DE ASSIS
604
Escobar comenzaba a comerciar con
café, después de haber trabajado cuatro años
en una de las principales empresas de Río
de Janeiro. La prima Justina opinaba que él
había alimentado la idea de invitar a mi
madre a unas segundas nupcias; pero si tal
idea existió, conviene no olvidar la gran
diferencia de edad. Quizá él no pensase en
nada más que en asociarla a sus primeras
tentativas comerciales y de hecho, a petición
mía, mi madre le adelantó algún dinero, que
él le restituyó en cuanto pudo, no sin esta
insinuación: “D.ª Gloria es usted miedosa y
no tiene ambición.”
La separación no nos enfrió. Terció en
mi intercambio de cartas con Capitú. Desde
que la vio me animó mucho en nuestro amor.
Las relaciones que entabló con el padre de
Sancha estrecharon las que ya tenía con
Capitú e hizo que nos sirviera a ambos como
amigo. Al comienzo, a ella le costó aceptarlo,
prefería a José Días, pero José Días me
repugnaba por un resto de respeto de la
infancia. Venció Escobar; aunque
avergonzada, Capitú le entregó la primera
carta, que fue madre y abuela de las
siguientes. Ni después de casado suspendió
él el favor… Y se casó, adivina con quién,
con la buena de Sancha, la amiga de Capitú,
DON CASMURRO
605
casi hermana suya, tanto que algunas veces,
escribiéndome, se refería a ella como “su
cuñadita”. Así se forman los afectos y los
parentescos, las aventuras y los libros.
Capítulo 99
El hijo es el retrato de su padre
609
El hijo es el retrato de su padre
Mi madre, cuando regresé licenciado,
casi estalló de felicidad. Aún oigo la voz de
José Días, recordando el evangelio de San
Juan y diciendo al vernos abrazados:
- ¡Mujer, he aquí a tu hijo! ¡Hijo, he
aquí a tu madre!
Mi madre, entre lágrimas:
- Hermano Cosme, es el retrato de su
padre, ¿verdad?
- Sí, tiene algo, los ojos, la
configuración del rostro. Es su padre, un
poco más moderno, concluyó bromeando.
Y dime ahora, hermana Gloria, ¿no ha sido
mejor que no se obstinara en ser cura? Crees
que este presumido hubiera sido un buen
cura.
CAPÍTULO XCIX
MACHADO DE ASSIS
610
- ¿Cómo le va a mi sustituto?
- Va bien, se ordena el próximo año,
respondió mi tío Cosme. Tendrás que asistir
a su ordenación, yo también iré si mi señor
corazón me lo consiente. Es bueno que te
sientas en el alma de otro como si recibieses
en ti mismo la consagración.
- ¡Justamente!, exclamó mi madre. Pero
fíjate, hermano Cosme, fíjate si no es la figura
de mi difunto. Mírame, Bentiño, mírame bien.
Siempre creí que te parecías a él, ahora
mucho más. El bigote lo estropea un poco…
- Sí, hermana Gloria, el bigote
realmente…, pero se le parece mucho.
Y mi madre me besaba con una ternura
que no sé describir. Mi tío Cosme, para
alegrarla, me llamaba doctor, José Días
también, todos en casa, la prima, los esclavos,
las visitas, Padua, su hija y ella misma me
repetían el título.
Capítulo 100
“¡Tú serás feliz, Bentiño!”
613
“¡Tú serás feliz, Bentiño!”
En mi habitación, deshaciendo la
maleta y sacando el título de bachiller del
estuche, iba pensando en la felicidad y en la
gloria. Veía mi boda y mi carrera ilustre,
mientras José Días me ayudaba, callado y
diligente. Un hada invisible apareció y me
dijo con voz tan tierna como cálida: “Tú serás
feliz, Bentiño; tú vas a ser feliz.”
- ¿Y por qué no habrías de ser feliz?,
me preguntó José Días, irguiéndose y
mirándome.
- ¿Lo ha oído también?, le pregunté
incorporándome asombrado.
- ¿Oír qué?
- Que si ha oído una voz que decía
que yo seré feliz.
CAPÍTULO C
MACHADO DE ASSIS
614
- ¡Vaya por Dios! Eres tú mismo quien
lo estaba diciendo…
Incluso ahora sería capaz de jurar que
la voz era del hada; naturalmente las hadas,
expulsadas de los cuentos y de los versos, se
metieron en el corazón de las personas y
hablan desde dentro hacia afuera. A ésta,
por ejemplo, la he oído muchas veces clara
y nítida. Debe ser prima de las hechiceras
de Escocia: “¡Tú serás rey, Macbeth!”
- “¡Tú serás feliz, Bentiño!” A fin de
cuentas es la misma predicción, la misma
cantinela universal y eterna. Cuando volví de
mi asombro, oí el resto del discurso de José
Días:
- …Has de ser feliz como mereces, así
como has merecido ese diploma que está ahí,
que no te lo ha regalado nadie. Las
calificaciones que has sacado en todas las
asignaturas son prueba de eso; te he contado
ya que he oído de ti los mayores elogios de
los profesores. Además la felicidad no es sólo
la gloria, es también otra cosa… ¡Ah! No se
lo has confiado todo al viejo José Días. El
pobre José Días está ahí arrinconado, es un
fruto exprimido, no vale nada; ahora prefieres
a los jóvenes, los Escobares… No niego que
DON CASMURRO
615
es un joven muy distinguido y trabajador y
un marido de categoría; pero, en fin, los viejos
también saben amar…
- ¿Pero de qué se trata?
- ¿De qué va a ser? ¿A quién se le
oculta algo? Aquella intimidad de vecinos
tenía que acabar en esto, que es
verdaderamente una bendición del cielo,
porque ella es un ángel, un angelísimo
Perdona el error, Bentiño, ha sido una manera
de acentuar la perfección de esa joven. En
otros tiempos pensaba lo contrario; confundía
sus modales de niña con expresiones de
carácter y no me di cuenta de que esa niña
traviesa, y ya de ojos pensativos, era la flor
caprichosa de un fruto sano y dulce… ¿Por
qué no me contaste a mí también lo que todos
saben y que aquí en tu casa está más que
adivinado y aprobado?
- ¿De verdad mi madre lo aprueba?
- Pues claro. Hemos hablado sobre eso
y me hizo el favor de pedirme mi opinión.
Pregúntale lo que le dije en términos claros y
positivos, pregúntale. Le dije que no podía
desear mejor nuera, buena, discreta, capaz,
amiga de la gente…, y un ama de casa que
MACHADO DE ASSIS
616
no te digo más… Después de la muerte de su
madre se hizo cargo de todo. Padua, ahora
que se ha jubilado, lo único que hace es
cobrar su salario y dárselo a su hija. Ella
administra el dinero, paga las cuentas,
organiza los gastos, cuida de todo, comida,
ropa, luz; ya la viste el año pasado. Y en
cuanto a su hermosura, tú lo sabes mejor que
nadie…
- ¿Pero de verdad mi madre le ha
consultado sobre nuestra boda?
- Explícitamente, no; me hizo el favor
de preguntarme si Capitú sería una buena
esposa; fui yo quien en mi respuesta hablé
de nuera. D.ª Gloria no lo negó e incluso tuvo
un atisbo de alegría.
- Mi madre siempre que me escribía
me hablaba de Capitú.
- Ya sabes que se llevan muy bien y
por eso su prima está cada día más
contrariada. Quizá ahora se case antes.
- ¿La prima Justina?
- ¿No lo sabes? Son rumores
naturalmente; pero en fin, el doctor João da
DON CASMURRO
617
Costa enviudó hace pocos meses y dicen (no
lo sé, me lo contó el protonotario), dicen que
los dos están casi decididos a acabar con la
viudez casándose entre ellos. Aunque todavía
no haya nada, tampoco sería ningún
despropósito, y eso que ella ha pensado
siempre que el doctor es un saco de huesos…
Si ella es un cementerio…, comentó riendo; y
después en serio: digo esto de broma…
No escuché el resto. Oía sólo la voz
de mi hada interior que me repetía, aunque
ya sin palabras: “¡Tú serás feliz, Bentiño!” Y
la voz de Capitú me dijo lo mismo, con
palabras distintas y también la de Escobar y
ambos me confirmaron la noticia de José Días
con sus propias opiniones. En fin, mi madre,
algunas semanas después, cuando fui a
pedirle permiso para casarme, además de
su consentimiento, me hizo la misma profecía,
con las palabras propias de una madre: “¡Tú
serás feliz, hijo mío!”
Capítulo 101
En el cielo
621
En el cielo
Pues seamos felices de una vez antes
de que el lector caiga en la cuenta y harto de
esperar se vaya a distraerse a otra parte;
casémonos. Fue en 1865, una tarde de marzo,
recuerdo que llovía. Cuando llegamos al alto
de la Tijuca donde estaba nuestro nido de
novios, el cielo retuvo la lluvia y encendió las
estrellas, no sólo las ya conocidas, sino
incluso las que sólo de aquí a muchos siglos
serán descubiertas. Fue una gran cortesía y
no fue la única. San Pedro, que tiene las llaves
del cielo, nos abrió sus puertas, nos hizo
entrar y, después de tocarnos con su báculo,
recitó algunos versículos de su primera
epístola: “Vosotras mujeres sed sujetas a
vuestros maridos… No se preocupen tanto
por lucir peinados rebuscados, collares de
oro y vestidos lujosos, sino el hombre que
está escondido en lo íntimo del corazón.
Vosotros, maridos, semejantemente, habitad
CAPÍTULO CI
MACHADO DE ASSIS
622
con ellas, según ciencia, dando honor a la
mujer como a vaso más frágil, y como a
herederas juntamente de la gracia de la
vida…” Enseguida hizo un gesto a los ángeles
y ellos entonaron un fragmento del Cantar,
tan concertadamente que desmentirían la
hipótesis del tenor italiano si la interpretación
fuese en la tierra, pero era en el cielo. La
música condecía con el texto, como si
hubiesen nacido juntos, a la manera de una
ópera de Wagner. Después visitamos una
parte de aquel lugar infinito. Sosiégate que
no haré ninguna descripción ni la lengua
humana posee formas idóneas para tanto.
Al cabo, puede que todo fuese un
sueño, nada más natural a un exseminarista
que oír por todas partes el latín y las
Escrituras. Es verdad que Capitú, que no
conocía las Escrituras ni sabía latín, memorizó
algunas palabras, como éstas, por ejemplo:
“Bajo la sombra del deseado me senté.” En
cuanto a las de S. Pedro, me dijo al día
siguiente que estaba de acuerdo, que yo era
el único encaje y el único adorno que alguna
vez se pondría. A lo que respondí que mi
esposa tendría siempre los más finos encajes
de este mundo.
Capítulo 102
De casada
625
De casada
Imagina un reloj que sólo tuviese péndulo,
sin esfera, de modo que no se mostrasen las
horas. El péndulo iría de un lado a otro, pero
ningún signo externo mostraría el paso del
tiempo. Tal fue aquella semana de Tijuca.
De vez en cuando, volvíamos al
pasado y nos divertíamos recordando
nuestras tristezas y calamidades, pero eso
mismo era un modo de no salir de nosotros.
Así vivimos de nuevo nuestra larga espera
de enamorados, los años de la adolescencia,
la denuncia que está en los primeros
capítulos, y nos reíamos de José Días que
conspiró para nuestra desunión y acabó
alabando nuestro consorcio. Alguna que otra
vez hablábamos de bajar del alto de Tijuca,
pero las mañanas convenidas eran siempre
de lluvia o de sol y nosotros esperábamos un
día nublado que se obstinaba en no aparecer.
CAPÍTULO CII
MACHADO DE ASSIS
626
No obstante, me pareció que Capitú
estaba un poco impaciente por bajar.
Concordaba en quedarse, pero hablaba de
su padre y de mi madre, de la falta de noticias
nuestras, de esto y de aquello, hasta el punto
de que nos enfadamos un poco. Le pregunté
si ya estaba harta de mí.
- ¿Yo?
- Eso parece.
- Siempre serás un niño, me dijo
tomando mi cara entre sus manos y acercando
mucho sus ojos a los míos. ¿He esperado
tantos años para hartarme en siete días? No,
Bentiño; digo esto porque es realmente así,
creo que pueden estar deseosos de vernos e
imaginarse alguna enfermedad y confieso que
por mi parte me gustaría ver a mi padre.
- Pues mañana bajamos.
- No, ha de ser en un día nublado,
replicó riendo.
Le tomé la palabra y la risa, pero la
impaciencia continuó y bajamos con sol.
La alegría con que se puso su
DON CASMURRO
627
sombrero de casada y el aire de casada con
que me dio la mano para entrar y salir del
coche y el brazo para andar por la calle,
todo me mostró que la causa de la
impaciencia de Capitú eran los signos
externos de su nuevo estado. No le bastaba
estar casada entre cuatro paredes y algunos
árboles, necesitaba también del resto del
mundo. Y cuando me vi abajo, pisando las
calles con ella, parando, mirando, hablando,
sentí lo mismo. Inventaba paseos para que
me viesen, lo confirmasen y me envidiasen.
En la calle, muchos se volvían curiosos, otros
se paraban, algunos preguntaban: “¿Quiénes
son?, y un sabihondo explicaba: “Es el doctor
Santiago, que se casó hace días con aquella
joven, D.ª Capitolina, después de un largo
noviazgo desde niños; viven en Gloria, sus
familias residen en Matacavalos.” Y ambos:
“¡Es un pedazo de mujer!”
Capítulo 103
La felicidad tiene buen corazón
631
La felicidad tiene buen corazón
Pedazo de mujer es vulgar; José Días
encontró algo mejor. Fue la única persona
de abajo que nos visitó en Tijuca y nos traía
abrazos de los nuestros y palabras suyas,
pero palabras que eran verdadera música;
no las escribo aquí para ir ahorrando papel,
aunque fueron deliciosas. Un día nos
comparó a aves criadas en vanos contiguos
del tejado. Imagina el resto, las aves
exhibiendo sus alas y subiendo al cielo, pero
a un cielo ahora más ancho para poder
contenerlas también. No nos reímos; ambos
escuchábamos conmovidos y convencidos,
olvidándolo todo, desde la tarde de 1857…
La felicidad tiene buen corazón.
CAPÍTULO CIII
Capítulo 104
Las pirámides
635
Las pirámides
José Días se dividía ahora entre mí y
mi madre, alternando las cenas de Gloria
con los almuerzos de Matacavalos. Todo
marchaba bien. Pasados dos años de
casados, salvo el disgusto grande de no tener
un hijo, todo marchaba bien. Había perdido
a mi suegro, es cierto, y mi tío Cosme vivía
de milagro, pero la salud de mi madre era
buena; la nuestra excelente.
Yo era abogado de algunas casas ricas
y los procesos iban llegando. Escobar había
contribuido mucho para mis comienzos en el
foro. Habló con un abogado célebre para
que me admitiese en su bufete y me consiguió
algunas administraciones, todo
espontáneamente.
Por lo demás nuestras relaciones
familiares estaban perfectamente
CAPÍTULO CIV
MACHADO DE ASSIS
636
establecidas; Sancha y Capitú continuaban su
amistad de la escuela después de casadas,
Escobar y yo la del seminario. Ellos vivían en
Andaraí, adonde querían que fuésemos a
menudo y, no pudiendo ser tanto como
deseábamos, íbamos a cenar algunos
domingos o ellos cenaban con nosotros. Cenar
es poco. Íbamos siempre muy temprano,
después del almuerzo, para disfrutar a lo largo
del día y sólo nos separábamos a las nueve,
diez u once, lo más tarde posible. Ahora que
pienso en aquellos días en Andaraí o en
Gloria, siento que la vida y el resto no sean
tan resistentes como las Pirámides.
Escobar y su mujer vivían felices, tenían
una hijita. En una ocasión oí hablar de una
aventura del marido, cosa de teatro, con no
sé qué actriz o bailarina, pero si fue cierto
no provocó escándalo. Sancha era modesta,
su marido trabajador. Cuando un día le dije
a Escobar que sentía no tener un hijo, me
respondió:
- No te preocupes. Dios te los dará
cuando quiera, y si no, es que los quiere para
sí y será mejor que se queden en el cielo.
- Un niño, un hijo es el complemento
natural de la vida.
DON CASMURRO
637
- Vendrá, si fuere necesario.
Pero no venía. Capitú lo pedía en sus
oraciones, yo en más de una ocasión me
sorprendí rezando y pidiéndolo. Ahora no
era como cuando era niño, ahora pagaba
anticipadamente como el alquiler de una
casa.
Capítulo 105
Los brazos
641
Los brazos
Por lo demás, todo marchaba bien. A
Capitú le gustaba reír y divertirse y, en los
primeros tiempos, cuando íbamos de paseo
o a espectáculos, era como un pájaro que
saliese de la jaula. Se arreglaba con gracia
y modestia. Aunque le gustasen las joyas
como a las demás jóvenes, no quería que yo
le comprase muchas ni caras y un día se
afligió tanto que prometí no comprarle más;
pero fue por poco tiempo.
Nuestra vida era más o menos plácida.
Cuando no estábamos con la familia o los
amigos, o si no íbamos a algún espectáculo
o sarao particular (y estos eran raros),
pasábamos las noches en nuestra ventana
de Gloria, mirando el mar y el cielo, la
sombra de las montañas y de los navíos o la
gente que pasaba por la playa. A veces le
contaba a Capitú la historia de la ciudad,
CAPÍTULO CV
MACHADO DE ASSIS
642
otras le daba clases de astronomía; clases
de aficionado, que ella escuchaba atenta y
curiosa, aunque a veces dormitase un poco.
Como no sabía tocar el piano, aprendió
después de casada y en poco tiempo tocaba
en casa de los amigos. En Gloria era una de
nuestras distracciones; también cantaba, pero
poco y raramente, porque no tenía voz; un
día llegó a comprender que era mejor no
cantar y cumplió su decisión. Le gustaba
bailar y se arreglaba con esmero cuando iba
a un baile; sus brazos… Sus brazos merecen
un buen párrafo.
Eran bonitos y en la primera noche que
los llevó desnudos a un baile no creo que los
hubiera iguales en la ciudad, ni los tuyos,
lectora, que entonces serían de niña, si es
que habían nacido, aunque probablemente
estarían todavía en el mármol, de donde
proceden, o en las manos del divino escultor.
Eran los más bellos de la noche, hasta el
extremo de que me llenaron de orgullo.
Conversaba apenas con las demás personas,
sólo para verlos, aunque ellos se entrelazasen
con los de las chaquetas ajenas. Ya no fue
así en el segundo baile; en ése, cuando vi
que los hombres no se hartaban de mirarlos,
de buscarlos, casi de pedirlos y que rozaban
con ellos sus mangas negras, me quedé
DON CASMURRO
643
atormentado y enfadado. Al tercero no fui y
aquí tuve el apoyo de Escobar, a quien confié
cándidamente mis enfados; concordó
enseguida conmigo.
- Sanchiña tampoco irá, o irá con
mangas largas; lo contrario me parece
indecente.
- ¿Verdad? Pero no digas el motivo o
nos llamarán seminaristas. Capitú ya me ha
llamado así.
No por eso dejé de contarle a Capitú
la aprobación de Escobar. Sonrió y respondió
que los brazos de Sanchiña estaban mal
torneados, pero cedió rápidamente y no fue
al baile; fue a otros, pero los llevó medio
vestidos de crespón o no sé qué, que ni cubría
ni descubría enteramente, como el cendal de
Camoens.
Capítulo 106
Diez libras esterlinas
647
Diez libras esterlinas
Ya he dicho que era ahorrativa, o si
no, lo digo ahora, y no sólo con el dinero,
también con las cosas usadas, de las que se
guardan por tradición, por recuerdo o por
nostalgia. Unos zapatos, por ejemplo, unos
zapatitos rasos de tiras negras que se
cruzaban en el empeine y en el comienzo de
la pierna, los últimos que usó antes de calzar
botines, los trajo a casa y los sacaba de vez
en cuando del cajón de la cómoda, con otras
antiguallas, diciéndome que eran trozos de
niña. A mi madre, que tenía el mismo carácter,
le gustaba oír hablar y obrar así.
En lo que se refiere propiamente a las
economías de dinero, contaré un caso y
basta. Fue precisamente con ocasión de una
lección de astronomía en la playa de Gloria.
Sabes que algunas veces la hice dormitar un
poco. Una noche se perdió mirando el mar,
CAPÍTULO CVI
MACHADO DE ASSIS
648
con tal fuerza y concentración que me dio celos.
- No me escuchas, Capitú.
- ¿Yo? Te escucho perfectamente.
- ¿Qué te estaba diciendo?
- Hablabas…, hablabas de Sirio.
- ¿De qué Sirio, Capitú? Hace veinte
minutos que hablé de Sirio.
- Hablabas de…, hablabas de Marte,
enmendó enseguida.
Realmente era de Marte, pero estaba
claro que sólo había retenido el sonido de la
palabra, no el sentido. Me puse serio y me
entraron deseos de abandonar la sala;
Capitú, al percibirlo, se convirtió en la más
mimosa de las criaturas, me tomó la mano,
me confesó que había estado contando, esto
es, sumando unos dineros para descubrir una
cantidad que no encajaba. Se trataba de una
conversión de papel en oro. Al principio
supuse que se trataba de un recurso para
contentarme, pero enseguida estaba yo
calculando también, ahora con papel y lápiz
sobre las rodillas y el resultado era la
DON CASMURRO
649
diferencia que ella estaba buscando.
- ¿Pero qué libras son esas?, le
pregunté al final.
Capitú me miró riendo y replicó que la
culpa de romper el secreto era mía. Se levantó,
se fue a la habitación y regresó con diez libras
esterlinas en la mano; era el sobrante del dinero
que yo le daba mensualmente para los gastos.
- ¿Todo esto?
- No es mucho, sólo diez libras; es lo
que la avariciosa de tu mujer ha podido
conseguir en algunos meses, concluyó
haciendo tintinear el oro en la mano.
- ¿Quién ha sido el corredor?
- Tu amigo Escobar.
- ¿Y como no me ha dicho nada?
- Ha sido hoy mismo.
- ¿Ha estado aquí?
- Poco antes de que llegaras, no te lo
había dicho para que no sospecharas.
MACHADO DE ASSIS
650
Me dieron ganas de gastar el doble
del oro en algún regalo para celebrarlo, pero
Capitú me detuvo. Por el contrario, me
consultó sobre lo que deberíamos hacer con
aquellas diez libras.
- Son tuyas, respondí.
- Son nuestras, corrigió.
- Pues guárdalas.
Al día siguiente fui a ver a Escobar al
establecimiento y me reí del secreto de
ambos. Escobar sonrió y me dijo que estaba
a punto de ir a mi despacho para contármelo
todo. Su cuñadita (continuaba dándole ese
nombre a Capitú) le había hablado de ese
asunto con ocasión de nuestra última visita a
Andaraí y le dijo el motivo del secreto.
- Cuando le conté esto a Sanchiña,
concluyó él, se quedó asombrada: “¿Cómo
Capitú puede hacer economías ahora que
está todo tan caro?” – “No lo sé, sé que
consiguió diez libras.”
- A ver si ella aprende también.
- No lo creo; Sanchiña no es
DON CASMURRO
651
gastadora, pero tampoco ahorrativa; con lo
que le doy le basta, pero sólo le basta.
Yo, después de algunos instantes de
reflexión:
- ¡Capitú es un ángel!
Escobar concordó con la cabeza, pero
sin entusiasmo, como quien sentía no poder
decir lo mismo de su mujer. Así pensarías tú
también, tan cierto es que las virtudes de las
personas próximas nos dan tal o cual
vanidad, orgullo o consuelo.
Capítulo 107
Celos del mar
655
Celos del mar
Si no hubiese sido por la astronomía,
no habría descubierto tan pronto las diez
libras de Capitú; pero no vuelvo sobre ella
por eso, sino para que no creas que fue la
vanidad del profesor lo que me hizo sufrir
con la desatención de Capitú y tenerle celos
al mar. No, amigo mío. Quiero explicarte que
tuve tales celos por lo que pudiera estar en
la cabeza de mi mujer, no afuera o encima
de ella. Es sabido que las distracciones de
una persona pueden ser culpables, mitad
culpables, un tercio, un quinto, un décimo
culpables, ya que en materia de culpa la
gradación es infinita. El recuerdo de unos
simples ojos basta para mirar otros que los
recuerden y se deleiten con su recuerdo. No
es menester un pecado efectivo y mortal ni
un intercambio de notas, ni una simple
palabra, gesto, suspiro o signo aún más
pequeño y leve. Un anónimo o anónima que
CAPÍTULO CVII
MACHADO DE ASSIS
656
pase por la esquina de la calle hace que
metamos a Sirio dentro de Marte y tú sabes,
lector, la diferencia que hay entre uno y otro
en distancia y tamaño, pero en la astronomía
se pueden producir esas confusiones. Fue eso
lo que me hizo palidecer, callar y querer huir
de la sala para volver Dios sabe cuándo;
probablemente diez minutos después. Diez
minutos después, estaría yo de nuevo en la
sala, junto al piano o en la ventana,
continuando la lección interrumpida:
- Marte está a la distancia de…
¿A tan poco tiempo? Sí, a tan poco
tiempo, a diez minutos. Mis celos eran
intensos, aunque cortos; con poco lo
derribaría todo, pero con el mismo poco o
menos reconstruiría el cielo, la tierra y las
estrellas.
Lo cierto es que me sentí más amigo
de Capitú, si fuera posible; ella aun más
dulce, el aire más blando, las noches más
claras y Dios más Dios. Y no fueron
propiamente las diez libras esterlinas las que
lo produjeron ni el sentimiento de economía
que revelaban y que yo conocía, sino las
cautelas que Capitú empleó para
descubrirme un día su celo de todos los días.
DON CASMURRO
657
Escobar también se me hizo más cercano al
corazón. Nuestras visitas se fueron haciendo
más próximas y nuestras conversaciones más
íntimas.
Capítulo 108
Un hijo
661
Un hijo
Ni siquiera todo eso me saciaba la sed
de un hijo, aunque fuese un triste hijo, pálido y
delgado, pero un hijo, un hijo propio de mi
persona. Cuando íbamos a Adaraí y veíamos a
la hija de Escobar y Sancha, familiarmente
Capitusiña, por diferenciarla de mi mujer, ya que
le dieron el mismo nombre de pila, sentíamos
mucha envidia. La pequeña era graciosa y
gordita, parlanchina y curiosa. Sus padres, como
los demás padres, contaban las travesuras y
gracias de la chiquilla y nosotros, cuando
regresábamos por la noche a Gloria, íbamos
suspirando nuestras envidias y pidiéndole
mentalmente al cielo que nos las matase…
…Las envidias murieron, las
esperanzas nacieron y no tardó en venir al
mundo el fruto de ellas. No era débil ni feo,
como yo incluso había pedido, sino un
muchachote robusto y lindo.
CAPÍTULO CVIII
MACHADO DE ASSIS
662
Mi alegría, cuando nació, no sabría
expresarla; nunca la tuve igual ni creo que
pueda haberla idéntica ni que de lejos o de
cerca se le asemeje.
Fue un vértigo y una locura. No
cantaba por la calle, por vergüenza natural,
ni en casa, por no molestar a Capitú
convaleciente. Tampoco me desmayaba,
porque hay un dios para los nuevos padres.
Afuera, vivía con el alma en el niño; en casa,
con los ojos observándolo, mirándolo,
preguntándole de dónde venía y cómo se
parecía tanto a mí y otras varias tonterías sin
palabras, pero pensadas o deliradas a cada
instante. Quizá perdí algunos pleitos en el
foro por descuido.
Capitú no era menos tierna con él y
conmigo. Nos dábamos las manos el uno al
otro y, cuando no mirábamos a nuestro hijo,
hablábamos de nosotros, de nuestro pasado
y de nuestro futuro. Las horas de mayor
encanto y misterio eran las de amamantarlo.
Cuando yo veía a mi hijo chupando la leche
de su madre y toda aquella unión de la
naturaleza para la nutrición y vida de un ser
que no había sido nada, pero que nuestro
destino decidió que lo sería y nuestra
constancia y nuestro amor hicieron que
DON CASMURRO
663
llegase a ser, me quedaba como no sé decir
ni digo; positivamente no me acuerdo y
sospecho que lo que dijese sería ininteligible.
Excusad las minucias. Así que no es
preciso contar la dedicación de mi madre y
de Sancha, que también fue a pasar con
Capitú los primeros días y noches. Quise
rechazar la ayuda de Sancha, me respondió
que yo no tenía nada que ver con eso;
también Capitú, de soltera, fue a asistirla en
la calle de los Inválidos.
- ¿No te acuerdas que fuiste allí a
verla?
- Me acuerdo, pero Escobar…
- Vendré a cenar con vosotros y por
las noches vuelvo a Andaraí, ocho días y
habrá pasado todo. Cómo se nota que eres
un padre primerizo.
- Tú también, ¿dónde está la segunda?
Usábamos estas bromas en familia.
Hoy que me he refugiado en mi cazurrería,
no sé si aún existe ese lenguaje, pero debe
existir. Escobar cumplió lo que dijo, cenaba
con nosotros y se iba por la noche. Por la
MACHADO DE ASSIS
664
tarde bajábamos a la playa o íbamos al
Paseo Público, haciendo él sus cálculos y yo
mis sueños. Veía a mi hijo médico, abogado,
negociante, lo metía en varias universidades
y bancos e incluso acepté la hipótesis de que
fuera poeta. También consideré la posibilidad
de que fuera político y creí que me saldría
orador, un gran orador.
- Puede ser, replicaba Escobar; nadie
hubiera dicho lo que llegó a ser Demóstenes.
Escobar acompañaba muchas veces
mis niñerías, también interrogaba al futuro.
Llegó a hablar de la hipótesis de casar al
pequeño con su hija. La amistad existe; estuvo
toda en las manos con que estreché las de
Escobar al oír esto y en la total ausencia de
palabras con la que firmé allí el pacto; éstas
vinieron después de golpe, armonizadas con
mi corazón que latía con gran fuerza. Acepté
la idea y propuse que los encaminásemos en
esa dirección, dándoles una educación igual
y común y una infancia unida y perfecta.
Era mi intención que Escobar fuese
padrino del pequeño, la madrina debía ser y
sería mi madre. Pero la primera parte se truncó
por intervención de mi tío Cosme, quien, al
ver al niño, le dijo entre otros cariños:
DON CASMURRO
665
- Anda, recibe la bendición de tu
padrino, sinvergüenza.
Y, dirigiéndose a mí:
- No renuncio al privilegio y el bautizo
tiene que ser pronto, antes de que mi
enfermedad acabe de una vez conmigo.
Le conté discretamente el asunto a
Escobar para que me comprendiese y
disculpase, se rió y no se ofendió. Hizo más,
quiso que el almuerzo del bautismo fuese en
su chácara y así fue. Yo todavía intenté
aplazar la ceremonia por si mi tío Cosme
sucumbía primero a la enfermedad, pero
parece que ésta molestaba más que mataba.
No hubo más remedio que llevar al niño a la
pila, donde se le dio el nombre de Ezequiel;
era el de Escobar, porque yo quise suplir de
esta manera el que no fuéramos compadres.
Capítulo 109
Un hijo único
669
Un hijo único
Ezequiel, aún no había sido concebido
cuando comenzó el capítulo anterior; cuando
acabó ya era cristiano y católico. Éste está
destinado a hacer llegar a mi Ezequiel hasta
los cinco años, un muchachote bonito, con
sus ojos claros, ya inquietos, como si
quisiesen conquistar a todas las mozas del
vecindario o a casi todas.
Ahora, si consideras que él fue el único,
que no vino ningún otro, cierto o incierto,
muerto o vivo, uno solo y único, imaginarás
las preocupaciones que nos dio, los sueños
que nos quitó y los sustos que nos dieron, entre
otras, las crisis de sus dientes, la menor fiebre,
toda la existencia común de los niños. A todo
acudíamos, según cumplía y urgía, cosa que
no sería necesario decir, pero hay lectores tan
obtusos, que no entienden nada si no se les
relata todo y el resto. Vamos al resto.
CAPÍTULO CIX
Capítulo 110
Rasgos de la infancia
673
Rasgos de la infancia
El resto me ocupará todavía muchos
capítulos; hay vidas que necesitan menos y
aun así están completas y acabadas.
A los cinco y seis años, Ezequiel no
parecía desmentir mis sueños de la playa de
Gloria; al contrario, se adivinaban en él todas
las vocaciones posibles, desde ocioso hasta
apóstol. Ocioso está aquí en el buen sentido,
en el sentido de hombre que piensa y calla;
se ensimismaba a veces y en eso recordaba
a su madre de pequeña. Del mismo modo,
se inquietaba e insistía en ir a convencer a
las vecinas de que los dulces que yo le traía
eran dulces de verdad; no lo hacía antes de
hartarse de ellos, pero tampoco los apóstoles
llevaban la buena doctrina hasta que la tenían
completa en el corazón. Escobar, buen
negociante, opinaba que la causa principal
de esta otra inclinación tal vez fuese incitar
CAPÍTULO CX
MACHADO DE ASSIS
674
implícitamente a las vecinas a idéntico
apostolado cuando sus padres les trajesen
dulces y se reía de su propia broma y me
anunciaba que lo haría su socio.
Le gustaba la música no menos que
los dulces y le dije a Capitú que le sacase al
piano la melodía del pregón del negro de
las cocadas de Matacavalos…
- No me acuerdo.
- No me digas eso, no te acuerdas de
aquel negro que vendía dulces por las
tardes…
- Me acuerdo de un negro que vendía
dulces, pero no de la tonada.
- ¿No te acuerdas de la letra?
- No, ni siquiera de la letra.
La lectora, que aún se acordará de la
letra, dado que me habrá leído con atención,
se quedará sorprendida por semejante
olvido, tanto más porque le recordará las
tonadas de su infancia y adolescencia; habrá
olvidado alguna, porque no todo se queda
en la memoria. Así me replicó Capitú y no
DON CASMURRO
675
hallé respuesta. Hice, sin embargo, lo que
ella no esperaba; corrí a mis papeles viejos.
En S. Paulo, cuando yo era estudiante, le pedí
a un profesor de música que me transcribiese
la melodía del pregón; lo hizo con placer
(me bastó repetírsela de memoria) y yo
guardé el papelito, fui a buscarlo. Al poco
tiempo interrumpí, con el pedacito de papel
en la mano, una romanza que ella tocaba.
Se lo enseñé, ella tocó las dieciséis notas.
Capitú le encontró a la tonada un
sabor particular, casi delicioso, le contó al
niño la historia del pregón y lo cantaba y lo
tocaba. Ezequiel aprovechó la música para
pedirme que desmintiese la letra, dándole
algún dinero.
Hacía de médico, de militar, de actor
y de bailarín. Nunca le regalé oratorios, pero
eran habituales los caballos de madera y una
espada a la cintura. Ya no hablo de los
batallones que pasaban por la calle y que él
corría a ver, todos los niños lo hacen. Pero
no todos los niños tienen los ojos que él tenía.
En ninguno vi las ansias de placer con que
presenciaba al paso de la tropa y oía tocar
la marcha de los tambores.
- ¡Mira, papá, mira!
MACHADO DE ASSIS
676
- ¡Estoy mirando, hijo mío!
- ¡Mira el comandante! ¡Mira el
caballo del comandante! ¡Mira los soldados!
Un día amaneció tocando la corneta
con la mano, le regalé un cornetín de metal.
Le compré soldaditos de plomo, grabados
de batallas que él miraba durante mucho
tiempo, queriendo que le explicase una pieza
de artillería, un soldado caído, otro con la
espada levantada y no apreciaba a ninguno
más que al de la espada levantada. Un día
(¡ingenua edad!) me preguntó impaciente:
- Pero papá, ¿por qué no deja caer la
espada de una vez?
- Hijo mío, porque está pintado.
- Entonces, ¿por qué se pintó?
Me reí de la confusión y le expliqué que
no era el soldado quien se había pintado en el
papel, sino el grabador y tuve que explicarle
también lo que era un grabador y un grabado:
las curiosidades de Capitú, en suma.
Estos son los principales rasgos de su
infancia: uno más y acabo el capítulo. Un
DON CASMURRO
677
día, en la chácara de Escobar, vio un gato
que llevaba un ratón en la boca. El gato no
dejaba su presa ni ésta veía cómo escapar.
Ezequiel no dijo nada, se paró, se agachó, y
se quedó mirando. Al verlo tan atento, le
preguntamos de lejos qué pasaba; nos indicó
que nos callásemos. Escobar concluyó:
- Veréis que el gato ha atrapado un
ratón. Los ratones me continúan invadiendo
la casa que es un horror. Vamos a ver.
Capitú quiso también ver a su hijo; los
acompañé. Efectivamente, eran un gato y un
ratón, asunto banal, sin interés ni gracia. La
única circunstancia particular era que el ratón
estaba vivo, agitando las patas y mi pequeño
extasiado. Por lo demás, la escena duró poco.
El gato, en cuanto sintió más gente, se dispuso
a huir; el niño sin quitarle los ojos de encima,
nos hizo otra señal de silencio; el silencio no
podía ser mayor. Iba a decir religioso, taché
la palabra, pero aquí la pongo de nuevo, no
sólo por significar la totalidad del silencio,
sino también porque había en aquel
comportamiento del gato y del ratón algo que
se relacionaba con el ritual. El único rumor
eran los últimos chillidos del ratón, por lo
demás debilísimos; las patas se le movían
mal y desordenadamente. Un tanto harto, batí
MACHADO DE ASSIS
678
palmas para que el gato huyese y el gato
huyó. Los demás no tuvieron tiempo de
detenerme, Ezequiel se quedó postrado.
- ¡Papá, por favor!
- ¿Qué pasa? El gato ya se habrá
comido al ratón.
- Pues claro, pero yo quería verlo.
Los dos se rieron, incluso yo lo
encontré gracioso.
Capítulo 111
Contado rápidamente
681
Contado rápidamente
Lo encontré gracioso y no lo niego
ahora, a pesar del tiempo transcurrido, de
los sucesos ocurridos y de la simpatía que le
tengo al ratón; fue gracioso. No me pesa
decirlo; los que aman la naturaleza como ella
quiere ser amada, sin rechazos parciales ni
exclusiones injustas, no ven en ella nada
inferior. Me gusta el ratón, no me disgusta el
gato. Ya pensé en hacerlos convivir, pero vi
que son incompatibles. En verdad, uno me
roe los libros, otro el queso; pero no tengo
mucho que perdonarles, cuando incluso
llegué a perdonar a un perro que me quitó
el descanso en peores circunstancias. Contaré
el caso deprisa.
Fue cuando nació Ezequiel; su madre
estaba con fiebre, Sancha estaba siempre
junto a ella y tres perros callejeros ladraban
toda la noche. Fui en busca de la policía y
CAPÍTULO CXI
MACHADO DE ASSIS
682
fue como si buscase al lector, que sólo ahora
conoce este asunto. Entonces decidí matarlos;
compré veneno, mandé hacer tres bolas de
carne y yo mismo introduje en ella la droga.
Salí de noche, serían la una; ni la enferma ni
la enfermera podían dormir con el jaleo de
los perros. Cuando me vieron, se alejaron;
dos bajaron hacia la playa de Flamengo, uno
se quedó a corta distancia, como esperando.
Fui hacia él, silbando y chasqueando los
dedos. El diablo todavía ladró, pero, confiado
en la muestras de amistad, se fue callando,
hasta que se calló completamente. Como
continué, vino hacia mí despacio, moviendo
el rabo, que es el modo que ellos tienen de
reír; yo tenía ya en la mano las bolas
envenenadas e iba a darle una cuando
aquella risa especial, cariño, confianza, o lo
que sea, me quitó las ganas; me quedé así,
no sé cómo, afectado por la pena y guardé
las bolas en el bolsillo. Al lector quizá le
parezca que fue el olor a carne lo que indujo
al perro al silencio. No digo que no, pero
creo que no le quiso atribuir maldad a mi
proceder y se me entregó. La conclusión es
que se salvó.
Capítulo 112
Las imitaciones de Ezequiel
685
Las imitaciones de Ezequiel
Eso no lo haría Ezequiel. No fabricaría
bolas envenenadas, supongo, pero tampoco
se opondría. Lo que haría seguramente sería
ir detrás de los perros, a pedradas, hasta
donde le llegasen las piernas. Y si tuviese un
palo, iría a palos. Capitú perdía la cabeza
por aquel futuro batallador.
- No nos ha salido a nosotros, que nos
gusta la paz, me dijo ella un día, aunque mi
padre de joven era también así; mamá me lo
contaba.
- Sí, no saldrá marica, repliqué; yo sólo
le encuentro un defecto, le gusta imitar a los
demás.
- ¿Imitar qué?
- Imitar los gestos, las maneras, las
CAPÍTULO CXII
MACHADO DE ASSIS
686
actitudes; imita a la prima Justina, imita a José
Días; ya le he notado incluso un parecido con
los pies de Escobar y con los ojos…
Capitú se quedó pensando y
mirándome y al final me dijo que sería
necesario corregirlo. Ahora reparaba en que
realmente era un hábito de su hijo, pero le
parecía que era sólo imitar por imitar, como
les ocurre a muchas personas mayores que
copian las maneras de los demás, y para que
no fuese más allá…
- Tampoco vamos a mortificarlo.
Siempre habrá tiempo de corregirlo.
- Ciertamente, voy a intentarlo. Tú
tampoco eras así, cuando te enfadabas con
alguien…
- Cuando me enfadaba, estoy de
acuerdo; venganzas de niño.
- Si, pero no me gustan las imitaciones
en casa.
- ¿Ya entonces te gustaba yo?, le dije
dándole un golpecito en la cara.
La respuesta de Capitú fue una risa
DON CASMURRO
687
dulce de escarnio, una de esas risas que no
se describen, que como mucho se pintan;
después estiró los brazos y los lanzó sobre
mis hombros, tan llenos de gracia que
parecían (¡vieja imagen!) un collar de flores.
Yo hice lo mismo con los míos y lamenté que
no hubiese allí un escultor que transportara
dicha actitud a un trozo de mármol. Sólo
brillaría el artista, es cierto. Cuando una
persona o un grupo salen bien, nadie quiere
saber nada del modelo, sino de la obra, y la
obra es lo que permanece. No importa,
nosotros sabríamos que éramos nosotros.
Capítulo 113
Embargos de tercero
691
Embargos de tercero
Por hablar de esto, es natural que me
preguntes si, siendo antes tan celoso de ella,
no continué siéndolo a pesar de mi hijo y de
mis años. Sí señor, continué siéndolo.
Continué hasta el extremo de que el menor
gesto me atormentaba, la más ínfima palabra,
cualquier insistencia; muchas veces sólo la
indiferencia bastaba. Llegué a tener celos de
todo y de todos. Un vecino, su pareja de vals,
cualquier hombre, joven o maduro, me
llenaba de terror o desconfianza. Es cierto
que a Capitú le gustaba ser admirada y el
medio más adecuado a tal fin (me lo dijo un
día una señora) es mirar también y no hay
forma de mirar sin mostrar que se mira.
Creo que yo le gustaba a la señora
que me dijo esto y naturalmente fue por no
encontrar por mi parte correspondencia a sus
afectos por lo que me explicó de aquella
CAPÍTULO CXIII
MACHADO DE ASSIS
692
manera sus ojos insistentes. Otros ojos me
buscaban también, no muchos, pero no digo
nada sobre ellos, habiendo además
confesado al principio mis aventuras
venideras, aunque todavía eran venideras.
En aquella época, por más mujeres bonitas
que viese, ninguna recibiría la mínima parte
del amor que le tenía a Capitú. A mi propia
madre le bastaba con la mitad. Capitú era
todo y más que todo, no vivía ni trabajaba si
no era pensando en ella. Íbamos juntos al
teatro; sólo recuerdo haber ido dos veces
sin ella, en beneficio de un actor y a un
estreno de ópera al que ella no fue porque
estaba enferma, pero quiso a la fuerza que
yo fuese. Era tarde para regalarle el palco a
Escobar; salí, pero regresé al final del primer
acto. Encontré a Escobar en la puerta del
pasillo.
- Venía a hablar contigo, me dijo.
Le expliqué que había ido al teatro y
que había vuelto preocupado por Capitú que
se había quedado en casa enferma.
- ¿Enferma de qué?, preguntó Escobar.
- Se quejaba de la cabeza y del
estómago.
DON CASMURRO
693
- Entonces me voy. Venía para aquel
asunto de los embargos…
Eran unos embargos de tercero; había
ocurrido un incidente importante y, como él
había cenado en la ciudad, no quiso volver
a su casa sin contarme de qué se trataba,
pero después de lo ocurrido me lo contaría
más tarde…
- No, hablemos ahora, pasa; ella
puede estar mejor. Si está peor, te vas.
Capitú estaba mejor e incluso bien. Me
confesó que sólo había tenido un dolor de
cabeza sin importancia, pero había simulado
alguna gravedad para que yo fuese a
divertirme. No hablaba con alegría, lo que
me hizo sospechar que mentía para no
asustarme, pero juró que era la pura verdad.
Escobar sonrió y me dijo:
- Mi cuñadita está tan enferma como
tú y yo. Vamos a los embargos.
Capítulo 114
En que se explica lo explicado
697
En que se explica lo explicado
Antes de ir a los embargos,
expliquemos todavía un punto que ya quedó
explicado, pero no bien explicado. Has visto
que le pedí (Cap. XC) a un profesor de música
de S. Paulo que me escribiese la melodía de
aquel pregón de dulces de Matacavalos. En
sí la materia es irrelevante y no merece un
capítulo, cuanto menos dos; pero hay
materias tales que aportan enseñanzas
interesantes, cuando no agradables.
Expliquemos lo explicado.
Capitú y yo habíamos jurado no
olvidar jamás aquel pregón; fue en un
momento de gran ternura y el notario divino
sabe las cosas que se juran en tales
momentos, él que las registra en los libros
eternos.
- ¿Lo juras?
CAPÍTULO CXIV
MACHADO DE ASSIS
698
- Lo juro, dijo ella extendiendo
teatralmente el brazo.
Aproveché el gesto para besarle la
mano, estaba todavía en el seminario.
Cuando fui a S. Paulo, un día que quise
recordar la tonada, vi que la estaba olvidando
completamente; conseguí recordarla y fui
corriendo al profesor, que me hizo el
obsequio de escribirla en el pedacito de
papel. Hice esto para no faltar al juramento.
¿Pero creerás que, cuando lo buscaba entre
los papeles viejos, aquella noche de Gloria,
tampoco me acordaba ya de la tonada ni de
la letra? Me las di de cumplidor del juramento
y ese fue mi pecado; olvidar, cualquiera
olvida.
En realidad, nadie sabe si ha de
mantener o no un juramento. ¡Cosas futuras!
Por consiguiente, nuestra constitución política,
transfiriendo el juramento a la afirmación
simple, es profundamente moral. Acabó con
un pecado terrible. Faltar al compromiso es
siempre infidelidad, pero a alguien que tenga
más temor de Dios que de los hombres no le
importará mentir, de vez en cuando, mientras
que no condene su alma al purgatorio. No
confundan purgatorio con infierno, que es el
eterno naufragio. El purgatorio es una casa
DON CASMURRO
699
de empeños que presta sobre todas las
virtudes, a interés alto y plazo corto. Pero los
plazos se renuevan, hasta que un día una o
dos virtudes medianas pagan todos los
pecados grandes y pequeños.
Capítulo 115
Dudas sobre dudas
703
Dudas sobre dudas
Vamos ahora a los embargos… ¿Y por
qué tenemos que ir a los embargos? Dios
sabe lo que cuesta escribirlos, cuanto más
contarlos. Del caso nuevo que Escobar me
traía sólo digo lo que dije entonces, esto es,
que no valía nada.
- ¿Nada?
- Casi nada.
- Entonces vale algo.
- Para reforzar las razones que ya
tenemos, vale menos que el té que vas a tomar
conmigo.
- Es tarde para tomar el té.
- Lo tomaremos deprisa.
CAPÍTULO CXV
MACHADO DE ASSIS
704
Lo tomamos deprisa. Durante ese
tiempo, Escobar me miraba desconfiado,
como si pensase que yo rechazaba el
nuevo caso para ahorrarme escribirlo;
pero tal sospecha no condecía con nuestra
amistad.
Cuando salió referí mis dudas a
Capitú; ella las disipó con el fino arte que
poseía, un modo, una gracia, únicamente
suya, capaz de disipar las mismas tristezas
de Olimpio.
- Sería el asunto de los embargos,
concluyó; y si él vino hasta aquí, a esas horas,
es que está preocupado con la demanda.
- Tienes razón.
Las palabras tiran unas de otras, hablé
de otras dudas. Yo era entonces un pozo de
dudas; croaban dentro de mí como
verdaderas ranas, hasta el extremo de que
me quitaban el sueño algunas veces. Le dije
que mi madre me estaba empezando a
parecer un tanto fría y distante con ella. ¡Pues
también aquí se mostró el fino arte de Capitú!
- Ya te he dicho lo que es, cosas de
suegra. Mamaíta tiene celos de ti; en cuanto
DON CASMURRO
705
pasen y las nostalgias aumenten, volverá a
ser lo que era. Así que note la falta de su
nieto…
- Pero me ha parecido fría también con
Ezequiel. Cuando viene conmigo, mamá ya
no le hace las mismas fiestas.
- ¿Estará enferma?
- ¿Y se fuéramos a cenar con ella
mañana?
- Vamos… No… Pues vamos.
Fuimos a cenar con mi vieja. Ya la
podía llamar así, aunque sus cabellos no
fuesen del todo blancos y su rostro estuviese
comparativamente fresco; era una especie de
juventud quincuagenaria o de ancianidad
juvenil, como prefieras… Pero nada de
melancolías; no quiero hablar de sus ojos
húmedos, a la llegada y a la partida. Participó
poco en la conversación. No es que fuera
diferente de lo acostumbrado. José Días
habló del casamiento y sus encantos, de la
política, de Europa, de la homeopatía; mi tío
Cosme de sus molestias; la prima Justina del
vecindario, o de José Días, una vez que éste
salió de la sala.
MACHADO DE ASSIS
706
Cuando regresamos, por la noche,
vinimos a pie, hablando de mis dudas. Capitú
nuevamente me aconsejó que esperásemos.
Las suegras eran todas así, llegaba un día y
cambiaban. Conforme me hablaba se
exacerbaba su ternura. De allí en adelante
fue cada vez más dulce conmigo; no iba a
esperarme a la ventana para no despertarme
los celos, pero cuando subía, veía en lo alto
de la escalera, entre los barrotes de la
cancela, la cara deliciosa de mi amiga y
esposa, risueña como en toda nuestra
infancia. Ezequiel a veces estaba con ella; lo
habíamos acostumbrado a que viera el ósculo
de llegada y partida y él me llenaba la cara
de besos.
Capítulo 116
Hijo del hombre
709
Hijo del hombre
Tanteé a José Días sobre la nueva
actitud de mi madre, se quedó asombrado.
No había nada ni podía haber nada, tantos
eran los elogios incesantes que él oía “a la
bella y virtuosa Capitú”.
- Ahora, cuando los oigo, entro también
en el coro; pero al principio me quedaba
avergonzadísimo. Para quien llegó, como yo,
a renegar de este casamiento, es duro
confesar que es una verdadera bendición del
cielo. ¡Cuán digna señora nos salió la niña
traviesa de Matacavalos! Su padre nos separó
un poco, mientras no nos conocíamos, pero
todo acabó bien. Pues sí señor, cuando D.ª
Gloria elogia a su nuera y comadre…
- ¿Entonces mi madre?…
- ¡Perfectamente!
CAPÍTULO CXVI
MACHADO DE ASSIS
710
- ¿Pero por qué hace tanto tiempo que
no nos visita?
- Creo que ha estado más achacada
de sus reumatismos. Este año ha hecho mucho
frío… Imagina su sufrimiento, ella, que se
pasaba el día entero andando, obligada
ahora a estarse quieta, junto a su hermano,
que también tiene su enfermedad…
Quise manifestarle que tal razón
explicaría la interrupción de las visitas, pero no
su frialdad cuando íbamos a Matacavalos; pero
no llevé tan lejos mi intimidad con el allegado.
José Días pidió ver a nuestro “profetita” (llamaba
así a Ezequiel) y le hizo las fiestas de costumbre.
Esta vez habló a la manera bíblica (había estado
el día anterior hojeando el libro de Ezequiel,
según supe después) y le preguntaba: “¿Cómo
va eso, hijo del hombre?” “¿Dime, hijo del
hombre, dónde están tus juguetes?” “¿Quieres
comer dulces, hijo del hombre?”
- ¿De qué hijo del hombre está usted
hablando?, preguntó Capitú irritada.
- Es la manera de hablar de la Biblia.
- Pues no me gusta, replicó ella con
aspereza.
DON CASMURRO
711
- Tienes razón, Capitú, concordó el
allegado. No te imaginas hasta qué punto la
Biblia está llena de expresiones crudas y
groseras. Yo hablaba así para variar… ¿Tú
cómo estás, ángel mío? Ángel mío, ¿cómo
camino yo por la calle?
- No, interrumpió Capitú; ya le estoy
quitando esa costumbre de imitar a la gente.
- Pero tiene mucha gracia; a mí,
cuando me imita, me parece que soy yo
mismo en pequeñito. El otro día llegó a hacer
un gesto de D.ª Gloria tan bien que ella le
dio un beso en pago. Venga, ¿cómo ando
yo?
- No, Ezequiel, dije yo, mamá no
quiere.
A mí también me parecía feo ese
hábito. Algunos gestos ya le iban quedando
más repetidos, como el de las manos y los
pies de Escobar; últimamente, incluso había
copiado su modo de mover la cabeza cuando
hablaba y de echarla atrás cuando reía.
Capitú lo reñía. Pero el crío era travieso como
el diablo; apenas comenzamos a hablar de
otra cosa, saltó en medio de la sala,
diciéndole a José Días:
MACHADO DE ASSIS
712
- Tú andas así.
No pudimos dejar de reír, yo más que
nadie. La primera persona que se puso seria,
que lo reprendió y lo llamó, fue Capitú.
- No me gusta eso, ¿me oyes?
Capítulo 117
Amigos próximos
715
Amigos próximos
Para entonces Escobar había dejado
Andaraí y había comprado una casa en
Flamengo, casa que todavía vi hace unos
días, cuando me dieron ganas de probar si
las sensaciones antiguas estaban muertas o
solamente adormecidas; no puedo explicarlo
bien, porque los sueños, cuando son pesados,
si no fuese por la respiración, confunden vivos
con difuntos. Yo respiraba un poco, pero
puede que fuese por causa del mar algo
agitado. En fin, pasé, encendí un puro y me
encontré en el Catete; había subido por la
calle de la Princesa, una calle antigua… ¡Oh
calles antiguas!, ¡oh casas antiguas!, ¡oh
piernas antiguas! Todos nosotros éramos
antiguos y no es necesario decir que en el
mal sentido, en el sentido de viejo y acabado.
Vieja es la casa, pero no le habían
cambiado nada. Ni siquiera sé si todavía
CAPÍTULO CXVII
MACHADO DE ASSIS
716
tiene el mismo número. No digo qué número
para que no vayáis a indagar y a rebuscar
en la historia. No es que Escobar viva todavía
allí o viva siquiera; murió poco después, de
un modo que contaré. Mientras vivió, ya que
estábamos tan próximos, teníamos por así
decir una sola casa, yo vivía en la de él, él en
la mía, y el trozo de playa entre Gloria y
Flamengo era como un camino de uso propio
y particular. Me hacía pensar en las dos casas
de Matacavalos, con su muro de por medio.
Un historiador de nuestra lengua, creo
que João de Barros, pone en boca de un rey
bárbaro una frase dudosa; cuando los
portugueses proponían levantar a su lado una
fortaleza, decía el rey que los buenos amigos
debían estar lejos unos de los otros, no cerca,
para que no se enfadasen como las aguas
del mar que batían furiosas en la roca que
desde allí divisaban. Que la sombra del
escritor me perdone si yo dudo de que el rey
dijese esa frase ni que sea verdadera.
Probablemente fue el mismo escritor quien
se la inventó para embellecer el texto, y no
lo hizo mal, porque es bonita; realmente es
bonita. Yo creo que entonces el mar batía en
la piedra como es su costumbre desde Ulises
y desde antes. Ahora, que la comparación
sea verdadera, apuesto a que no.
DON CASMURRO
717
Seguramente hay enemigos contiguos, pero
también hay amigos próximos y de corazón.
Y el escritor olvidaba (salvo si aún no era de
su época), olvidaba el adagio: ojos que no
ven, corazón que no siente. No podíamos
tener ahora más cerca nuestros corazones.
Nuestras mujeres vivían una en casa de otra,
pasábamos las noches aquí o allí
conversando, jugando o mirando al mar. Los
dos pequeños pasaban días a veces en
Flamengo, a veces en Gloria.
Cuando reparé en que podía suceder
entre ellos lo que había sucedido entre Capitú
y yo, todos lo encontraron razonable, y
Sancha añadió que incluso ya se iban
pareciendo. Yo expliqué:
- No, es porque Ezequiel imita los
gestos de los demás.
Escobar concordó conmigo e insinuó
que algunas veces los niños que se frecuentan
mucho acaban pareciéndose entre sí. Asentí
con la cabeza, como me sucedía en los
asuntos que yo no sabía ni bien ni mal. Todo
era posible. Lo cierto es que ellos se querían
mucho y podrían acabar casados, pero no
acabaron casados.
Capítulo 118
La mano de Sancha
721
La mano de Sancha
Todo acaba, lector; es una vieja
perogrullada, a la que se puede añadir que
no todo lo que dura, dura mucho tiempo. Esta
segunda parte no encuentra seguidores
fácilmente; por el contrario, la idea de que
un castillo de aire dura más que el mismo
aire de que está hecho, difícilmente se borrará
de la mente y es bueno que así sea, para
que no se pierda la costumbre de esas
construcciones casi eternas.
Nuestro castillo era sólido, pero un
domingo… En la víspera habíamos pasado
la noche en Flamengo, no sólo los dos
matrimonios inseparables, sino también el
allegado y la prima Justina. Entonces Escobar,
hablándome por la ventana, me dijo que
fuésemos allí a cenar al día siguiente;
necesitábamos hablar en familia de un
proyecto, un proyecto para los cuatro.
CAPÍTULO CXVIII
MACHADO DE ASSIS
722
- ¿Para los cuatro? Una contradanza.
- No, no eres capaz de adivinar de
qué se trata ni te lo voy a decir. Ven mañana.
Sancha no apartaba sus ojos de
nosotros durante la conversación al lado de
la ventana. Cuando su marido se fue, vino a
hablar conmigo. Me preguntó de que
estábamos hablando, le dije que de un
proyecto que yo desconocía, ella me pidió
que le guardase el secreto y me reveló de
qué se trataba: un viaje a Europa dentro de
dos años. Me lo dijo de espaldas al interior
de la casa, casi suspirando. El mar batía con
gran fuerza en la playa, había resaca.
- ¿Vamos a ir todos? Pregunté
finalmente.
- Naturalmente.
Sancha levantó la cabeza y me miró
con tanto placer que a mí, gracias a sus
relaciones con Capitú, me hubiera sido
indiferente besarla en la frente. Sin embargo,
los ojos de Sancha no invitaban a expresiones
fraternales, parecían calientes y buscaban
intimidad, decían otra cosa y no pasó mucho
tiempo sin que se apartasen de la ventana,
DON CASMURRO
723
donde yo me quedé, pensativo, mirando el
mar. La noche era clara.
Desde allí mismo busqué junto al piano
los ojos de Sancha; los encontré en el camino.
Se pararon los cuatro y se quedaron unos
frente a otros, esperando que los otros
pasasen, pero no pasaban. Es lo que ocurre
entre dos obstinados en la calle. La prudencia
nos separó, yo volví a mirar hacia afuera. Y
colocado así comencé a escarbar en mi
memoria si alguna vez la había mirado con
la misma expresión, pero me quedé en la
duda. Tuve una sola certeza, y es que un día
pensé en ella como se piensa en una bella
desconocida que pasa; pero entonces podría
ocurrir que ella, adivinándolo… Quizá el
simple pensamiento se me hubiese
manifestado exteriormente y ella me hubiese
huido irritada o retraída, pero ahora por una
fuerza irresistible… Irresistible; esta palabra
fue como una bendición del cura en la misa,
que las personas reciben y repiten para sí
mismas.
- El mar mañana estará como para
desafiar a cualquiera, dijo la voz de Escobar,
junto a mí.
- ¿Te atreverás mañana a bañarte?
MACHADO DE ASSIS
724
- Me he bañado con mares peores y
mucho peores. No te imaginas lo que es el
mar en un momento tempestuoso. Es
necesario nadar bien como yo y tener estos
pulmones, dijo golpeándose el pecho, y estos
brazos; toca.
Le palpé los brazos, como si fuesen
los de Sancha. Me cuesta esta confesión, pero
no puedo suprimirla; sería amputar la verdad.
No sólo los palpé con esa idea, sino que
incluso sentí otra cosa: los encontré mas
gruesos y fuertes que los míos y los envidié,
añádele a eso que sabían nadar.
Cuando salimos, volví a hablarle con
los ojos a la dueña de la casa. Su mano
estrechó la mía con fuerza y se demoró más
que de costumbre.
La modestia pedía entonces, como
ahora, que yo viese en aquel gesto de Sancha
una sanción al proyecto de su marido y un
agradecimiento. Así debería ser, pero una
corriente singular que me estremeció el
cuerpo mudó la conclusión que he escrito.
Sentí aún los dedos de Sancha estrechando
los míos. Fue un instante de vértigo y de
pecado. Pasó deprisa en el reloj del tiempo,
cuando me acerqué el reloj al oído
DON CASMURRO
725
funcionaban sólo los minutos de la virtud y la
razón.
- …Una señora deliciosísima, concluyó
José Días un discurso que venía haciendo.
- ¡Deliciosísima!, repetí con algún
ardor, que moderé inmediatamente,
corrigiéndome: Realmente, ¡una bonita
noche!
- Como deben ser todas las de esa
casa, continuó el allegado. Aquí afuera no,
aquí el mar está enojado, escucha.
Se oía el mar fuerte, como ya se oía
desde dentro de la casa, la resaca era grande
y a distancia se veían crecer las olas. Capitú
y la prima Justina, que iban delante, se
detuvieron en una de las curvas de la playa y
continuamos conversando los cuatro, pero yo
apenas conversaba. No había manera de
olvidar completamente la mano de Sancha
ni las miradas que intercambiamos. Ahora
les encontraba esto, ahora aquello. Los
instantes del diablo se intercalaban en los
minutos de Dios y el reloj fue así marcando
alternativamente mi perdición y mi salvación.
José Días se despidió de nosotros en la
puerta. La prima Justina se quedó a dormir
MACHADO DE ASSIS
726
en nuestra casa; se iría al día siguiente,
después del almuerzo y de la misa. Yo me
recogí en mi despacho, donde permanecí más
que de costumbre.
El retrato de Escobar, que yo tenía allí
junto al de mi madre, me habló como si fuese
su propia persona. Combatí sinceramente los
impulsos que traía de Flamengo, rechacé la
figura de la mujer de mi amigo y me llamé
desleal. Además, ¿quién me afirmaba que
hubiese alguna intención de ese tipo en el
gesto de la despedida y en los anteriores?
Todo podía relacionarse con el interés de
nuestro viaje. Sancha y Capitú eran tan
amigas que sería un placer más para ellas ir
juntas. Aun cuando hubiese alguna intención
sexual, ¿quién me probaría que no era más
que una sensación fulgurante, destinada a
morir con la noche y el sueño? Hay
remordimientos que no nacen de otro pecado
ni tienen mayor duración. Me aferré a esta
hipótesis que se conciliaba con la mano de
Sancha, que yo sentía de memoria dentro de
mi mano, caliente y demorada, estrechada y
estrechando…
Sinceramente, yo me encontraba mal
entre mi amigo y aquella atracción. La timidez
puede que fuese otra causa de aquella crisis;
DON CASMURRO
727
no sólo el cielo nos da nuestras virtudes, la
timidez también, sin contar el acaso, pero el
acaso es un mero accidente; su mejor origen
es el cielo. Sin embargo, como la timidez viene
del cielo, que nos da la complexión, la virtud,
hija de ella, tiene genealógicamente la misma
sangre celestial. Así hubiera reflexionado yo,
si hubiera podido; pero al principio vagué
sin rumbo. Pasión no era, ni inclinación.
¿Sería capricho? Al cabo de veinte minutos
era nada, enteramente nada. El retrato de
Escobar pareció hablarme, vi su gesto franco
y sencillo, negué con la cabeza y fui a
acostarme.
Capítulo 119
¡No hagas eso, querida!
731
¡No hagas eso, querida!
La lectora que es mi amiga y ha abierto
este libro con el fin de descansar de la
cavatina de ayer para el vals de hoy, al ver
que bordeamos un abismo, quiere cerrarlo
de golpe. No hagas eso querida; cambiaré
de rumbo.
CAPÍTULO CXIX
Capítulo 120
Los autos
735
Los autos
A la mañana siguiente me desperté
libre de las abominaciones del día anterior;
las llamé alucinaciones, tomé café, hojeé los
periódicos y fui a estudiar unos autos. Capitú
y la prima Justina habían salido para la misa
de nueve en Lapa. La figura de Sancha
desapareció completamente en medio de las
alegaciones de la parte contraria, que yo iba
leyendo en los autos, alegaciones falsas,
inadmisibles, sin fundamento en la ley ni en
la jurisprudencia. Vi que era fácil ganar la
demanda; consulté a Dalloz, Pereira y
Sousa…
Sólo una vez miré el retrato de Escobar.
Era una bella fotografía hecha un año antes.
Estaba de pie, chaqueta abotonada, la mano
izquierda en el respaldo de una silla, la
derecha en el pecho, la mirada a lo lejos
hacia la izquierda del espectador. Tenía garbo
CAPÍTULO CXX
MACHADO DE ASSIS
736
y naturalidad. El marco que le hice poner no
ocultaba la dedicatoria, escrita debajo, no
en el reverso: “A mi querido Bentiño de su
querido Escobar. 20-4-70.” Estas palabras me
refrendaron los pensamientos de aquella
mañana y destruyeron los recuerdos del día
anterior. En aquel tiempo mi vista era buena
y podía leerlas desde el lugar en el que
estaba. Volví a los autos.
Capítulo 121
La catástrofe
739
La catástrofe
En lo mejor de ellos, oí pasos
precipitados en la escalera, el timbre sonó,
sonaron palmas, golpes en la cancela, voces,
acudieron todos, acudí yo mismo. Era un
esclavo de la casa de Sancha que me
llamaba:
- Vaya allí…, señor nadando, señor
muriendo.
No dijo nada más, o yo no oí el resto.
Me vestí, le dejé recado a Capitú y corrí a
Flamengo.
Por el camino fui adivinando la verdad.
Escobar se fue a nadar como solía hacer, se
atrevió un poco más lejos que de costumbre
a pesar del mar bravío, fue atrapado y murió.
Las canoas que acudieron apenas pudieron
recuperar su cadáver.
CAPÍTULO CXXI
Capítulo 122
El entierro
743
El entierro
La viuda… Os ahorro las lágrimas de
la viuda, las mías, las de las otras personas.
Salí de allí cerca de las once; Capitú y la
prima Justina me esperaban, una con el
aspecto abatido y estupefacto, la otra apenas
fastidiada.
- Id a acompañar a la pobre Sanchiña
que yo me ocuparé del entierro.
Así lo hicimos. Quise que el entierro
fuese pomposo y la afluencia de los amigos
fue numerosa. Playa, calles, plaza de Gloria,
todo eran coches, muchos de ellos
particulares. Como la casa no era grande,
no podían caber todos; muchos estaban en
la playa, hablando del desastre, señalando
el lugar en el que Escobar había fallecido,
oyendo referir la llegada del cadáver. José
Días oyó también hablar de los negocios del
CAPÍTULO CXXII
MACHADO DE ASSIS
744
finado, divergiendo algunos en la valoración
de sus bienes, pero estando de acuerdo en
que el pasivo debía ser pequeño. Elogiaban
las cualidades de Escobar. Algunos discutían
sobre el reciente gobierno de Rio Branco;
estábamos en marzo de 1871. Nunca se me
ha olvidado ni el mes ni el año.
Como había resuelto hablar en el
cementerio, escribí algunas líneas y se las
mostré a José Días en casa y las encontró
realmente dignas del difunto y de mí. Me pidió
el papel, recitó lentamente el discurso,
sopesando las palabras y confirmó su
primera opinión; por Flamengo se difundió
la noticia. Algunos conocidos vinieron a
preguntarme:
- ¿Hablará usted?
- Diré cuatro palabras.
Pocas más serían. Las había escrito
con recelo de que la emoción me impidiese
improvisar. En el tílburi en el que anduve una
o dos horas no hacía más que recordar la
época del seminario, mis relaciones con
Escobar, nuestra simpatía, nuestra amistad,
comenzada, continuada y nunca interrumpida,
hasta que un lance de la fortuna hizo que se
DON CASMURRO
745
separaran para siempre dos criaturas que
prometían estar por mucho tiempo unidas.
De vez en cuando me secaba los ojos. El
cochero aventuró dos o tres preguntas sobre
mi estado de ánimo; sin sonsacarme nada,
continuó su trabajo. Llegando a casa vertí
aquellas emociones sobre el papel, ése sería
mi discurso.
Capítulo 123
Ojos de resaca
749
Ojos de resaca
Finalmente llegó la hora del responso
y de la partida. Sancha quiso despedirse de
su marido y la desesperación de aquel
acontecimiento nos consternó a todos.
Muchos hombres también lloraban; las
mujeres, todas. Sólo Capitú, amparando a la
viuda, parecía dominarse a sí misma.
Consolaba a la otra, quería sacarla de allí.
La confusión era general. En medio de ella,
Capitú miró algunos instantes hacia el
cadáver, con la mirada tan fija, tan
apasionadamente fija, que no es de extrañar
que se le saltasen algunas lágrimas pocas y
calladas…
Las mías cesaron enseguida. Me quedé
mirando las de ella; Capitú se las secó
deprisa, mirando furtivamente hacia la gente
que estaba en la sala. Redobló las caricias a
su amiga e intentó llevársela, pero el cadáver
CAPÍTULO CXXIIII
MACHADO DE ASSIS
750
parecía también retenerla. Hubo un momento
en que los ojos de Capitú miraron al difunto
como los de la viuda, sin su llanto ni sus
palabras, pero grandes y abiertos, como la
ola del mar allí afuera, como si quisiese
tragarse también al nadador de la mañana.
Capítulo 124
El discurso
753
El discurso
- Vamos, ya es el momento…
Era José Días que me conminaba a
cerrar el ataúd. Lo cerramos y yo agarré una
de las argollas; estalló el clamor final. Palabra
que, cuando llegué a la puerta, vi el sol claro,
una multitud de personas y coches, las cabezas
descubiertas, tuve uno de esos impulsos que
nunca se llevan a cabo: tirar a la calle el ataúd,
difunto incluido. En el coche le dije a José Días
que se callase. En el cementerio tuve que
repetir la ceremonia de la casa, desatar las
correas y ayudar a llevar el féretro a la
sepultura. Imagina lo que me costó. Bajado el
cadáver a la sepultura, me trajeron la cal y la
pala; conoces eso, habrás ido a más de un
entierro, pero lo que no sabes ni puede saber
ninguno de tus amigos, lector, o cualquier otro
extraño, es la crisis que me afectó cuando vi
todos los ojos clavados en mí, los pies quietos,
CAPÍTULO CXXIV
MACHADO DE ASSIS
754
los oídos atentos y, al cabo de algunos
instantes de silencio total, un susurro vago,
algunas voces interrogativas, señales, y
alguien, José Días, que me decía al oído:
- Habla ya.
Era el discurso. Querían el discurso.
Tenían derecho al discurso anunciado.
Maquinalmente me metí la mano en el bolsillo,
saqué el papel y lo leí a trompicones, no todo,
ni seguido ni claro; la voz me parecía que
entraba en lugar de salir, las manos me
temblaban. No era sólo la emoción nueva lo
que me producía eso, era el propio texto, los
recuerdos del amigo, las nostalgias
confesadas, los elogios a su persona y a sus
méritos; todo lo que yo estaba obligado a
decir y decía mal. Al mismo tiempo, temiendo
que me adivinasen la verdad, luchaba por
esconderla bien. Creo que pocos me oyeron,
pero la actitud general fue de comprensión y
de aprobación. Me estrechaban la mano con
solidaridad; algunos decían: “¡Muy bonito!”,
¡muy bien!, ¡magnífico! A José Días le pareció
que la elocuencia había estado a la altura de
la piedad. Un hombre, que me pareció
periodista, me pidió permiso para llevarse el
manuscrito e imprimirlo. Sólo mi gran
turbación pudo negar un obsequio tan sencillo.
Capítulo 125
Una comparación
757
Una comparación
Príamo se creía el más infeliz de los
hombres por besar la mano de quien mató a
su hijo. Homero lo relata y es un buen autor,
a pesar de contarlo en verso, pero hay
narraciones exactas en verso y hasta en malos
versos. Compara tú la situación de Príamo
con la mía; yo acababa de alabar las virtudes
del hombre que había recibido, difunto,
aquellos ojos… Es imposible que algún
Homero no sacase de mi situación mucho
mejor partido; o cuanto menos, igual. No
digas que nos faltan Homeros por el motivo
apuntado por Camoens; no señor, es cierto
que nos faltan, pero es porque los Príamos
buscan la sombra y el silencio. Las lágrimas,
si las tienen, se las enjugan detrás de la
puerta, para que sus caras aparezcan limpias
y serenas; sus discursos son más de alegría
que de melancolía y todo ocurre como si
Aquiles no hubiera matado a Héctor.
CAPÍTULO CXXV
Capítulo 126
Cavilando
761
Cavilando
Poco después de salir del cementerio
rompí mi discurso y tiré los pedazos por la
portezuela, pese a los esfuerzos de José Días
para impedirlo.
- No sirve para nada, le dije, y, como
puedo tener la tentación de darlo a imprimir,
ya está destruido de una vez. No sirve, no
vale nada.
José Días me demostró largamente lo
contrario, después elogió el entierro y por
último hizo el panegírico del muerto, un alma
grande, espíritu activo, corazón recto, amigo,
buen amigo, digno de la esposa amantísima
que Dios le había dado…
En ese momento del discurso, lo dejé
hablar solo y comencé a cavilar conmigo
mismo. Lo que cavilé fue tan oscuro y confuso
CAPÍTULO CXXVI
MACHADO DE ASSIS
762
que no me permitió hacer pie. En Catete
mandé parar el coche y le dije a José Días
que fuese a buscar a las señoras a Flamengo
y las llevase a casa, yo iría a pie.
- Pero…
- Voy a hacer una visita.
El motivo era acabar de cavilar y tomar
una decisión que fuera adecuada al
momento. El coche iría más deprisa que las
piernas; éstas irían pausadas o no, yo podía
aflojar el paso, parar, desviarme del camino
y dejar que la cabeza cavilase libremente.
Fui andando y cavilando. Ya había
comparado el gesto de Sancha en la víspera
con la desesperación de aquel día, eran
irreconciliables. La viuda era realmente
amantísima. Así se desvaneció completamente
la ilusión de mi vanidad. ¿No me pasaría lo
mismo con Capitú? Traté de recuperar sus
ojos, la posición en que la vi, la aglomeración
de personas que tenía naturalmente que
imponerle el disimulo, si hubiese algo que
disimular. Lo que aquí se expresa por orden
lógico y deductivo, había sido antes una
barahúnda de ideas y sensaciones, gracias
a las sacudidas del coche y a las
interrupciones de José Días. Ahora, sin
DON CASMURRO
763
embargo, razonaba y recordaba claramente
y bien. Concluí que lo que me ofuscaba
todavía y me hacía desvariar como siempre
era la antigua pasión.
Cuando llegué a esta conclusión final,
llegaba también a la puerta de mi casa, pero
volví hacia atrás y subí otra vez la calle del
Catete. ¿Eran las dudas que me atormentaban
o la necesidad de preocupar a Capitú con
mi gran retraso? Pongamos que eran las dos
causas; anduve un largo espacio hasta que
me sentí sosegado y me dirigí a casa. Daban
las ocho en una panadería.
Capítulo 127
El barbero
767
El barbero
Cerca de casa había un barbero que
me conocía de vista, amaba el rabel y no
tocaba del todo mal. En el momento en que
iba pasando, interpretaba no sé qué pieza.
Me paré a oírlo en la calzada (todo son
pretextos para un corazón angustiado), él me
vio y continuó tocando. No atendió a un
cliente ni después a otro, que fueron allí, pese
a la hora y a ser domingo, a confiarles sus
caras a la navaja. Los perdió sin perder una
nota; estaba tocando para mí. Esta
consideración me hizo llegar explícitamente
a la puerta del establecimiento, mirándolo
de frente. En el fondo, levantando la cortina
de algodón que cerraba el interior de la casa,
vi aparecer a una moza trigueña, vestido
claro, flor en el pelo. Era su mujer; creo que
me descubrió desde dentro y vino a
agradecerme con su presencia el favor que
yo le hacía a su marido. Si no me equivoco,
CAPÍTULO CXXVII
MACHADO DE ASSIS
768
llegó a decirlo con los ojos. En cuanto a su
marido, tocaba ahora con más calor; sin ver
a su mujer, sin ver a sus clientes, pegaba la
cara al instrumento, pasaba el alma al arco
y tocaba, tocaba…
¡Divino arte! Ya se iba formando un
grupo, dejé la puerta del establecimiento y
vine andando a casa; seguí por el pasillo y
subí las escaleras sin estrépito. Nunca se me
ha olvidado el caso de este barbero, o por
estar ligado a un momento grave de mi vida,
o por la siguiente máxima que los
compiladores pueden sacar de aquí e insertar
en los compendios de escuela. La máxima es
que la gente olvida despacio las buenas
acciones que practica, aunque realmente no
las olvida nunca. ¡Pobre barbero!, perdió dos
barbas aquella noche, que eran su pan del
día siguiente, todo para ser oído por un
transeúnte. Supón ahora que éste, en vez de
irse como yo me fui, se quedase en la puerta
a oírlo y a enamorarle a su mujer; mientras
que él, todo arco, todo rabel, tocaría
desesperadamente. ¡Divino arte!
Capítulo 128
Puñado de sucesos
771
Puñado de sucesos
Como iba diciendo, subí la escaleras
sin estrépito, empujé la cancela, que estaba
apenas ajustada y me encontré a la prima
Justina y a José Días jugando a las cartas en
el saloncito próximo. Capitú se levantó del
canapé y se me acercó. Su rostro era ahora
sereno y puro. Los otros suspendieron el
juego y todos hablamos del desastre y de la
viuda. Capitú censuró la imprudencia de
Escobar y no disimuló la tristeza que le
producía el dolor de su amiga. Le pregunté
por qué no se había quedado con Sancha
esa noche.
- Hay mucha gente allí; de todos
modos me ofrecí, pero no quiso. También le
dije que era mejor que se viniese aquí y
pasase unos días con nosotros.
- ¿Tampoco quiso?
CAPÍTULO CXXVIII
MACHADO DE ASSIS
772
- Tampoco.
- Pero la vista del mar debe serle
penosa, todas las mañanas, ponderó José
Días, y no sé cómo podrá…
- Pero pasará; ¿habrá algo que no
pase?, interrumpió la prima Justina.
Y en torno a esta idea comenzamos un
intercambio de palabras, Capitú salió para
ver si el niño dormía. Al pasar frente al espejo,
se arregló los cabellos tan demoradamente
que parecería afectación si no supiésemos que
era muy femenina. Cuando regresó traía los
ojos enrojecidos; nos dijo que, al mirar al niño
durmiendo, había pensado en la hijita de
Sancha y en la aflicción de la viuda. Y sin
preocuparse por nadie ni reparar en si había
algún criado me abrazó y me dijo que, si
quería preocuparme por ella, sería mejor que
primero me preocupara por mi vida. José Días
halló la frase “lindísima” y le preguntó a Capitú
por qué no hacía versos. Intenté suscitar una
discusión sobre el asunto y así acabamos la
noche.
Al día siguiente, me arrepentí de haber
rasgado el discurso, no porque quisiese darlo
a imprimir, sino porque era un recuerdo del
DON CASMURRO
773
finado. Pensé en reconstruirlo, pero sólo hallé
frases sueltas, que, una vez juntas, no tenían
sentido. También pensé en hacer otro, pero
era ya difícil y podía ser sorprendido en falso
por quienes me habían oído en el cementerio.
En cuanto a recoger los pedacitos de papel
tirados a la calle, era tarde, estarían ya
barridos.
Inventarié los recuerdos de Escobar,
libros, un tintero de bronce, un bastón de
marfil, un pájaro, el álbum de Capitú, dos
paisajes del Paraná y otros. Él también poseía
recuerdos míos. Pasábamos la vida así,
intercambiando recuerdos y regalos, ya en
los cumpleaños, ya sin una razón en especial.
Todo eso me empañaba los ojos… Llegaron
los periódicos del día: daban la noticia del
desastre y de la muerte de Escobar, sus
estudios y sus negocios, sus cualidades
personales, la simpatía de los comerciantes
y también hablaban de los bienes que había
dejado, de su mujer y de su hija. Todo eso
fue el lunes. El martes se abrió el testamento,
que me nombraba segundo albacea; el
primero le cabía a su mujer. No me dejaba
nada, pero las palabras que me había escrito
en carta aparte eran sublimes de amistad y
estima. Capitú esta vez lloró mucho, pero se
recompuso enseguida.
MACHADO DE ASSIS
774
Testamento, inventario, todo anduvo
casi tan deprisa como aquí quedó dicho. Al
cabo de poco tiempo, Sancha se retiró a casa
de sus parientes en Paraná.
Capítulo 129
A D.ª Sancha
777
A D.ª Sancha
A D.ª Sancha le pido que no lea este
libro; o, si lo hubiese leído hasta aquí, que
abandone el resto. Basta cerrarlo; mejor sería
quemarlo, para no tener la tentación de abrirlo
otra vez. Si, a pesar del aviso, quisiera seguir
hasta el final, la culpa es suya; no respondo
por el daño que sufra. El que ya le haya hecho,
al contar los sucesos de aquel sábado, acabó
desde que los acontecimientos, y yo con ellos,
desmentimos mi ilusión; pero lo que desde
ahora la alcance, eso es indeleble. No, amiga
mía, no leas más. Ve envejeciendo sin marido
ni hija, yo hago lo mismo, y es lo mejor que
uno puede hacer después de la juventud. Un
día iremos desde aquí hasta la puerta del cielo,
donde nos encontraremos renovados, como
las plantas nuevas, come piante novelle,
Rinovellate di novelle fronde.
El resto en Dante.
CAPÍTULO CXXIX
Capítulo 130
Un día…
781
Un día…
Un día Capitú quiso saber lo que me
hacía estar callado y disgustado. Y me
propuso ir a Europa, Minas, Petrópolis, una
serie de bailes, mil de esos remedios
aconsejados a los melancólicos. Yo no sabía
qué responderle; rechacé las diversiones.
Como insistió, le repliqué que mis negocios
marchaban mal. Capitú sonrió para
animarme. ¿Y qué pasaba porque anduviesen
mal? Volverían a marchar bien y hasta
entonces venderíamos las joyas y los objetos
de algún valor e iríamos a residir en algún
callejón. Viviríamos sosegados y olvidados,
después saldríamos de nuevo a la superficie.
La ternura con que me lo dijo era como para
conmover a las piedras. Pues ni por esas. Le
respondí secamente que no era preciso
vender nada. Me quedé callado y disgustado.
Me propuso jugar a las cartas o a las damas,
un paseo a pie, una visita a Matacavalos; y,
CAPÍTULO CXXX
MACHADO DE ASSIS
782
como yo no aceptaba nada, se fue a la sala,
abrió el piano y comenzó a tocar; yo
aproveché su ausencia, agarré el sombrero
y salí.
…Perdón, pero este capítulo debería
ir precedido de otro en el que contase un
incidente, ocurrido pocas semanas antes, dos
meses después de la partida de Sancha. Voy
a escribirlo; podría anteponerlo a éste, antes
de mandar el libro a la imprenta, pero cuesta
mucho alterar los números de las páginas;
se queda así, después la narración seguirá
directa hasta el final. Además, es corto.
Capítulo 131
Anterior al anterior
785
Anterior al anterior
El caso es que mi vida era otra vez
dulce y plácida, el despacho de abogado me
rendía bastante. Capitú estaba más bella,
Ezequiel iba creciendo. Comenzaba el año
de 1872.
- ¿Has reparado en que Ezequiel tiene
en los ojos una expresión rara?, me preguntó
Capitú. Sólo he visto dos personas así, un
amigo de mi padre y el difunto Escobar. Mira,
Ezequiel; mira fijamente, así, vuélvete hacia
papá, no necesitas girar los ojos, así…
Era después de cenar; estábamos
todavía en la mesa, Capitú jugaba con su
hijo, o él con ella, o el uno con el otro, porque
en verdad se querían mucho, pero también
es cierto que él me quería todavía más a mí.
Me aproximé a Ezequiel, vi que Capitú tenía
razón; eran los ojos de Escobar, pero no me
CAPÍTULO CXXXI
MACHADO DE ASSIS
786
parecieron raros por eso. A fin de cuentas
no habría más de media docena de
expresiones en el mundo y muchas
semejanzas se darían naturalmente. Ezequiel
no entendió nada, miró sorprendido hacia
ella y hacia mí y al final me abrazó:
- ¿Papá, vamos a pasear?
- De acuerdo, hijo mío.
Capitú, indiferente a ambos, miraba
ahora hacia el otro lado de la mesa; pero,
cuando le dije que, en belleza, los ojos de
Ezequiel se parecían a los de su madre,
Capitú sonrió, moviendo la cabeza con un
aire que nunca vi en ninguna mujer,
probablemente porque nunca me gustaron
tanto las demás. Las personas valen por el
afecto que se les tiene y de ahí que maese
Pueblo sacara aquel adagio de que quien
ama lo feo, bonito le parece. Capitú tenía
media docena de gestos únicos en la tierra.
Aquél me entró muy dentro del alma. Así
queda explicado que yo corriese hacia mi
esposa y amiga y le cubriese la cara de besos,
pero este otro incidente no es estrictamente
necesario para la comprensión del capítulo
pasado y de los futuros; quedémonos en los
ojos de Ezequiel.
Capítulo 132
El boceto y la pintura
789
El boceto y la pintura
No sólo los ojos, también las restantes
facciones, la cara, el cuerpo, la persona
entera, se iban definiendo con el tiempo. Eran
como un boceto primitivo que el artista va
rellenando y coloreando poco a poco y la
figura comienza a ver, sonreír, palpitar, a casi
hablar, hasta que su familia cuelga el cuadro
en la pared, en memoria de lo que fue y ya
no puede ser. Aquí podía ser y era. La
costumbre fue muy útil contra el resultado del
cambio; pero el cambio se hizo, no a la
manera del teatro; se hizo como la mañana
que apunta vagarosa, primero la posibilidad
de que se pueda leer una carta, después se
lee la carta en la calle, en la casa, en el
despacho, sin abrir las ventanas; la luz
filtrada por la persianas basta para distinguir
las letras. Leí la carta, mal al principio y no
toda, después fui leyendo mejor. La rehuía,
es cierto, me metía el papel en el bolsillo,
CAPÍTULO CXXXII
MACHADO DE ASSIS
790
corría a casa, me encerraba, no abría las
cristaleras, llegaba a cerrar los ojos. Cuando
nuevamente abría los ojos y la carta, la letra
era clara y la noticia clarísima.
Escobar venía así surgiendo de la
sepultura, del seminario y de Flamengo para
sentarse conmigo en la mesa, recibirme en
la escalera, besarme en el despacho por la
mañana o pedirme por la noche la bendición
de costumbre. Todas esas acciones eran
repulsivas; yo las toleraba y las practicaba
para no descubrirme a mí mismo y al mundo.
Pero lo que pudiese disimularle al mundo no
me lo podía disimular a mí, que vivía más
cerca de mí que nadie. Cuando la madre o
el hijo no estaban conmigo mi desesperación
era grande y yo juraba matarlos a ambos,
ya de golpe, ya despacio, para dividir por el
tiempo de su muerte todos los minutos de mi
vida ensombrecida y amargada. Cuando, sin
embargo, volvía a casa y veía en lo alto de
la escalera a la criaturita que me quería y
me esperaba, me quedaba desarmado y
difería el castigo de un día para otro.
Lo que ocurría entre Capitú y yo en
aquellos días sombríos, no se notará aquí,
por ser tan pequeño y repetido y ya tan
distante que no se podría contar sin omisión
DON CASMURRO
791
ni cansancio. Pero diré lo principal. Y lo
principal es que nuestras tormentas eran
ahora continuas y terribles. Antes de haber
descubierto aquella mala tierra de la verdad,
tuvimos otras de corta duración; no tardaba
el cielo en volverse azul, el sol claro y el mar
sereno, por donde abríamos nuevamente las
velas que nos llevaban a las islas y costas
más bellas del universo, hasta que otro golpe
de viento lo desbarataba todo y nosotros,
capeándolo, esperábamos otra bonanza, que
no era tardía ni vacilante, antes bien, total,
próxima y firme.
Discúlpame estas metáforas; huelen al
mar y a la marea que dieron muerte a mi
amigo y comblezo Escobar. Huelen también
a los ojos de resaca de Capitú. Así, aunque
siempre fui hombre de tierra, cuento esa parte
de mi vida como un marino contaría su
naufragio.
Ya entre nosotros sólo faltaba
pronunciar la última palabra; la leíamos, sin
embargo, uno en los ojos del otro, vibrante y
decisiva y siempre que Ezequiel venía hacia
nosotros no hacía más que separarnos.
Capitú me propuso meterlo en un colegio y
que sólo viniese los sábados; al niño le costó
mucho aceptar esa situación.
MACHADO DE ASSIS
792
-¡Quiero ir con papá! ¡Papá tiene que
venir conmigo!, gritaba.
Yo mismo lo llevé un día por la
mañana. Un lunes. Era en la antigua plaza
de Lapa, cerca de nuestra casa. Lo llevé a
pie, de la mano, como había llevado el ataúd
del otro. El pequeño iba llorando y haciendo
preguntas a cada paso, si volvería a casa y
cuándo y si iría a verlo…
- Vendré.
- ¡No vendrás!
- ¡Sí!
- ¡Júralo, papá!
- Que sí.
- No has dicho que lo juras.
- Lo juro.
Y allí lo llevé y lo dejé. La ausencia
temporal no cortó el mal y todo el fino arte
de Capitú, para al menos atenuarlo, fue como
si nada; yo me sentía cada vez peor. La propia
situación nueva agravó mi pasión. Ezequiel
DON CASMURRO
793
vivía ahora más tiempo lejos de mi vista; pero
su regreso los fines de semana, o por la falta
de costumbre que yo tenía, o porque el tiempo
iba pasando y completando la semejanza,
era el regreso de un Escobar más vivo y
clamoroso. Incluso la voz, en poco tiempo,
ya me parecía la misma. Los sábados
procuraba no cenar en casa y entrar cuando
ya estuviese dormido; pero no me escapaba
el domingo, en el despacho, cuando me
encontraba entre periódicos y pleitos.
Ezequiel entraba bullicioso, expansivo, lleno
de risas y de amor, porque el demonio del
niño cada vez se moría más por mí. Yo, a
decir verdad, sentía ahora una aversión que
apenas podía ocultarles ni a ella ni a los
demás. No pudiendo encubrir enteramente
esta disposición moral, intentaba no
encontrármelo, o hacerlo lo menos que
pudiese; o tenía tanto trabajo que me
obligaba a encerrarme en el despacho, o
salía el domingo para ir a pasear por la
ciudad y sus arrabales mi mal secreto.
Capítulo 133
Una idea
797
Una idea
Un día –era un viernes- no pude más.
Cierta idea que se ensombrecía en mí, abrió
sus alas y comenzó a batirlas de un lado a
otro, como hacen las ideas que quieren salir.
Que fuera viernes creo que fue casualidad,
pero también puede haber sido a propósito;
fui educado en el terror a ese día, oí cantar
baladas en casa, llegadas del campo y de la
antigua metrópoli, en las cuales el viernes
era día aciago. No obstante, no habiendo
almanaques en el cerebro, es probable que
la idea no batiese sus alas más que por la
necesidad que sentía de salir al aire y a la
vida. La vida es tan bella que la propia idea
de la muerte necesita llegar primero a ella,
antes de verse cumplida. Ya me vas
entendiendo, lee ahora otro capítulo.
CAPÍTULO CXXXIIII
Capítulo 134
El sábado
801
El sábado
La idea salió finalmente del cerebro.
Era de noche y no pude dormir por más que
la ahuyentase de mí. Nunca una noche se
me hizo tan corta. Amaneció cuando pensaba
que no serían más de la una o las dos. Salí,
creyendo dejar la idea en casa; vino conmigo.
Aquí afuera tenía el mismo color oscuro, las
mismas alas trémulas y, aunque volase con
ellas, era como si estuviera fija; yo la llevaba
en la retina, no porque me encubriese las
cosas externas, sino porque las veía a través
de ella, con el color más pálido que de
costumbre y sin que se demorasen.
No me viene bien a la memoria el resto
del día. Sé que escribí algunas cartas, compré
una sustancia, que no digo para no despertar
el deseo de probarla. La farmacia quebró,
es verdad; el dueño se hizo banquero y el
banco prospera. Cuando me hallé con la
CAPÍTULO CXXXIV
MACHADO DE ASSIS
802
muerte en el bolsillo, sentí tanta alegría como
si acabase de ganar el premio gordo, o
incluso mayor, porque el premio de la lotería
se gasta y la muerte no se gasta. Fui a casa
de mi madre, con el fin de despedirme, a
título de visita. O de verdad o por ilusión,
todo allí me pareció mejor ese día, mi madre
menos triste, mi tío Cosme olvidado de su
corazón, la prima Justina de su lengua. Pasé
una hora en paz. Llegué a olvidarme del
proyecto. ¿Qué necesitaba para vivir? No
dejar jamás aquella casa, o prender ese
momento a mí mismo…
Capítulo 135
Otelo
805
Otelo
Cené fuera. Por la noche fui al teatro.
Representaban justamente Otelo, que yo no
había visto ni leído nunca; conocía sólo el
argumento y aprecié la coincidencia. Vi las
grandes furias del moro a causa de un
pañuelo -¡un simple pañuelo!- y aquí doy
materia a la meditación de los psicólogos de
este y de otros continentes, pues no me pude
hurtar a la observación de que un pañuelo
bastó para encender lo celos de Otelo y crear
la más sublime tragedia de este mundo. Los
pañuelos se han perdido, hoy son necesarias
las propias sábanas; algunas veces ni
sábanas hay y sirven sólo las camisas. Tales
eran las ideas que me iban pasando por la
cabeza, imprecisas y turbulentas, a medida
que el moro seguía convulso y Yago destilaba
su calumnia. En los intervalos no me levantaba
del asiento, no me quería exponer a
encontrarme algún conocido. Las señoras se
CAPÍTULO CXXXV
MACHADO DE ASSIS
806
quedaban casi todas en los palcos mientras
los hombres iban a fumar. Entonces me
preguntaba a mí mismo si alguna de aquellas
no habría amado a alguien que yaciese
ahora en el cementerio y se me ocurrían otras
incoherencias hasta que subía el telón y
continuaba la obra. El último acto me mostró
que no yo, sino Capitú, debía morir. Oí las
súplicas de Desdémona, sus palabras
amorosas y puras y la furia del moro y la
muerte que éste le dio entre los aplausos
frenéticos del público.
- Y era inocente, iba yo diciendo calle
abajo; ¿qué haría el público si ella de verdad
fuese culpable, tan culpable como Capitú?
¿Y qué muerte le daría el moro? Una
almohada no bastaría; serían precisos sangre
y fuego, un fuego intenso y vasto, que la
consumiese del todo y la redujese a polvo, y
el polvo sería lanzado al viento como eterna
extinción…
Vagué por las calles el resto de la
noche. Comí, es cierto, un casi nada, pero lo
suficiente para aguantar hasta por la
mañana. Vi las últimas horas de la noche y
las primeras del día, vi los últimos paseantes
y los primeros barrenderos, las primeras
carrozas, los primeros ruidos, los primeros
DON CASMURRO
807
albores, un día que venía después de otro y
que me vería irme para nunca más volver.
Las calles por las que caminaba me huían
como por sí mismas. No volvería a
contemplar el mar de Gloria ni la sierra de
los Orgãos, ni la fortaleza de Santa Cruz ni
las demás. La gente que pasaba no era tanta
como en los días normales de la semana,
pero ya era numerosa e iba a algún trabajo,
que repetiría después; yo ya no repetiría nada
más.
Llegué a casa, abrí la puerta despacito,
subí de puntillas y me metí en el despacho;
iban a dar las seis. Saqué el veneno del
bolsillo, me quedé en mangas de camisa y
escribí todavía una carta, la última, dirigida
a Capitú. Ninguna de las otras era para ella;
sentí la necesidad de decirle algo para que
le quedaran remordimientos por mi muerte.
Escribí dos textos. El primero lo quemé por
ser largo y confuso. El segundo contenía sólo
lo necesario, claro y breve. No le recordaba
nuestro pasado, ni las dificultades habidas,
ni ninguna alegría; le hablaba sólo de
Escobar y de la necesidad de morir.
Capítulo 136
La taza de café
811
La taza de café
Mi plan fue esperar al café, disolver
en él la droga e ingerirla. Hasta entonces,
no habiendo olvidado del todo la historia de
Roma, me vino a la memoria que Catón, antes
de matarse, leyó y releyó un libro de Platón.
No tenía a Platón conmigo, sino un tomo
mutilado de Plutarco, donde se narraba la
vida del célebre romano, que me bastó para
ocupar aquel escaso tiempo y, para imitarlo
en todo, me tumbé en el canapé. No se
trataba sólo de imitarlo en eso, tenía
necesidad de infundir en mí su valor, así como
él había necesitado de los sentimientos del
filósofo para morir intrépidamente. Uno de
los males de la ignorancia es no tener este
recurso de última hora. Hay mucha gente que
se mata sin él, y noblemente expira; pero creo
que mucha más gente pondría fin a sus días
si pudiese hallar esa especie de cocaína
moral de los buenos libros. No obstante,
CAPÍTULO CXXXVI
MACHADO DE ASSIS
812
queriendo huir de cualquier sospecha de
imitación, caigo en la cuenta de que, para
que no fuera encontrado junto a mí el libro
de Plutarco ni fuera dada la noticia en las
revistas con el color de los pantalones que
yo llevaba puestos, decidí ponerlo
nuevamente en su lugar, antes de beber el
veneno.
El camarero trajo el café. Me levanté,
guardé el libro y fui hasta la mesa donde
había dejado la taza. Ya había rumores en
la casa; era el momento de acabar con mi
vida. La mano me tembló al abrir el papel en
que llevaba la droga envuelta. Aun así, tuve
ánimo para vaciar la sustancia en la taza y
comencé a remover el café, los ojos perdidos,
la memoria en Desdémona inocente; el
espectáculo de la víspera venía a
entrometerse en la realidad de la mañana.
Pero la fotografía de Escobar me dio el ánimo
que me venía faltando; allí estaba, con la
mano en el respaldo de la silla, mirando a lo
lejos…
- Acabemos con esto, pensé.
Cuando iba a beberlo, pensé si no
sería mejor esperar a que Capitú y el niño
saliesen de misa; lo bebería después, sería
DON CASMURRO
813
mejor. Así decidido, comencé a pasear por
el despacho. Oí la voz de Ezequiel en el
pasillo, lo vi que entraba y corría hacia mí
gritando:
- ¡Papá!, ¡papá!
Lector, se produjo aquí un hecho que
no describo por haberlo olvidado por
completo, pero créete que fue bello y trágico.
Efectivamente, la figura del pequeño me hizo
retroceder hasta darme de espaldas con la
estantería. Ezequiel se abrazó a mis rodillas
y se puso de puntillas como queriendo subir
y darme el beso de costumbre; y repetía,
tirando de mí:
- ¡Papá!, ¡papá!
Capítulo 137
Segundo impulso
817
Segundo impulso
Si no hubiera mirado a Ezequiel, es
probable que no estuviese aquí escribiendo
este libro, porque mi primer impulso fue
correr hacia el café y beberlo. Llegué a
agarrar la taza, pero el pequeño me besaba
la mano como de costumbre y su imagen y
su gesto me dieron otro impulso que me
cuesta relatar aquí; pero, venga, dígase todo.
Aunque me llamen asesino, no seré yo quien
los desdiga o contradiga; mi segundo impulso
fue criminal. Me incliné y le pregunté a
Ezequiel si ya había tomado café.
- Ya, papá; voy a misa con mamá.
- Toma otra taza, media sólo.
- ¿Y tú?
- Mandaré traer más; ¡anda, bebe!
CAPÍTULO CXXXVII
MACHADO DE ASSIS
818
Ezequiel abrió la boca. Le di la taza,
tan trémulo que casi lo derramé, pero
dispuesto a obligarlo a que se la tomase a
la fuerza, en el caso de que el sabor le
repugnase, o la temperatura, porque el café
estaba frío… Pero no sé qué sentí que me
hizo retroceder. Puse la taza sobre la mesa y
me encontré besando locamente la cabeza
del pequeño.
- ¡Papá!, ¡papá!, exclamaba Ezequiel.
- ¡No, no, yo no soy tu padre!
Capítulo 138
Capitú que entra
821
Capitú que entra
Cuando levanté la cabeza me encontré
con la figura de Capitú ante mí. He aquí otra
situación que parecerá de teatro y es tan
natural como la primera, puesto que madre e
hijo iban a misa y Capitú no salía sin hablar
conmigo. Era un modo de hablar seco y breve;
la mayoría de las veces yo ni la miraba. Ella
me miraba siempre, esperando.
Esta vez, al topármela, no sé si serían
mis ojos, pero Capitú me pareció lívida. Se
produjo uno de aquellos silencios que, sin
mentir, se pueden llamar de un siglo, tal es la
extensión del tiempo en las grandes crisis.
Capitú se recuperó, le dijo al niño que saliera
y me pidió una explicación…
- No hay nada que explicar, le dije.
- Todo; no entiendo tus lágrimas ni las
CAPÍTULO CXXXVIII
MACHADO DE ASSIS
822
de Ezequiel. ¿Qué os ha pasado?
- ¿No has oído lo que le he dicho?
Capitú respondió que había oído
llantos y rumor de palabras. Yo creo que lo
había oído todo claramente, pero confesarlo
hubiera sido perder la esperanza del silencio
y la reconciliación, por eso negó la audiencia
y confirmó únicamente la vista. Sin contarle
el episodio del café, le repetí las palabras
del final del capítulo.
- ¿Cómo?, preguntó como si oyera mal.
- Que no es hijo mío.
Grande fue la estupefacción de Capitú
y no menor la indignación que le siguió, tan
naturales ambas que hubieran hecho dudar
a los primeros testigos de vista de nuestro
foro. Ya he oído que los hay para distintos
casos, cuestión de precio; yo no lo creo, sobre
todo porque quien me lo contó acababa de
perder una demanda. Pero haya o no testigos
de alquiler, el mío era verdadero; la propia
naturaleza juraba por sí misma y yo no quería
dudar de ella. Así que, sin atender al lenguaje
de Capitú, a sus gestos, al dolor que la
retorcía, a nada, repetí las palabras dichas
DON CASMURRO
823
dos veces con tal resolución que la hicieron
venirse abajo. Después de algunos instantes,
me dijo:
- Sólo se puede explicar tal injuria por
la sincera convicción; sin embargo, tú que
eras tan celoso de mis menores actos, nunca
revelaste la menor sombra de desconfianza.
¿De dónde te ha venido esa idea?
Cuéntamelo, continuó viendo que yo no
respondía nada, cuéntamelo todo; después
de lo que he oído, puedo oírlo todo, no puede
haber mucho más. ¿Qué te ha provocado
ahora esa convicción? Anda, Bentiño, ¡habla!,
¡habla! Échame de aquí, pero antes dilo todo.
- Hay cosas que no se dicen.
- Que se dicen sólo a medias; pero ya
que has empezado, dímelo todo.
Se había sentado en una silla junto a
la mesa. Podía estar un tanto confusa, su porte
no era de acusada. Le pedí una vez más que
no insistiese.
- No, Bentiño, o me cuentas el resto
para que yo me defienda, si crees que tengo
defensa, o desde ya te pido la separación:
¡no puedo más!
MACHADO DE ASSIS
824
- La separación está decidida,
repliqué, tomándole la palabra. Sería mejor
que la hiciéramos con medias palabras o en
silencio; cada uno se iría con su herida. Pero
ya que insistes, ahí va todo lo que te puedo
decir, y es todo.
No se lo dije todo; no pude aludir a
los amores de Escobar sin nombrarlo. Capitú
no pudo dejar de reír, con una risa que siento
no poder reproducir aquí; después, con un
tono a la vez irónico y melancólico:
- ¡Hasta los difuntos! ¡Ni los muertos
escapan a tus celos!
Se ajustó la capa y se levantó. Suspiró,
creo que suspiró, mientras que yo, que no
pedía otra cosa más que su plena
justificación, le dije no sé qué palabras
adecuadas a ese fin. Capitú me miró con
desdén y murmuró:
- Sé el motivo; es la casualidad del
parecido… La voluntad de Dios lo explicará
todo… ¿Te ríes? Es natural; a pesar del
seminario, no crees en Dios; yo creo… Pero
no hablemos de eso; es mejor no decir nada
más.
Capítulo 139
La fotografía
827
La fotografía
Palabra que estuve a pique de creer
que era víctima de una gran turbación, una
fantasmagoría de alucinado; pero la entrada
repentina de Ezequiel gritando: -”¡Mamá,
mamá, es la hora de ir a misa!” me restituyó
la conciencia de la realidad. Capitú y yo,
involuntariamente, miramos la fotografía de
Escobar y después uno al otro. Esta vez su
confusión se hizo confesión pura. Éste era
aquél; tendría que haber por fuerza una
fotografía del pequeño Escobar que sería
nuestro pequeño Ezequiel. De palabra, sin
embargo, no confesó nada; repitió sus últimas
palabras, tiró del niño y salieron para ir a
misa.
CAPÍTULO CXXXIX
Capítulo 140
A la vuelta de la iglesia
831
A la vuelta de la iglesia
Al quedarme solo, hubiera sido natural
tomar el café. Pero no señor, había perdido
el gusto por la muerte. Aunque la muerte era
una solución, yo acababa de encontrar otra,
tanto mejor cuanto que no era definitiva y
dejaba la puerta abierta a la reparación, si
tuviese que haberla. No he dicho perdón, sino
reparación, esto es, justicia. Sea cual fuere
la razón del acto, rechacé la muerte y esperé
el regreso de Capitú. Éste fue más demorado
que de costumbre; llegué a temer que hubiera
ido a casa de mi madre, pero no lo hizo.
- Le he confiado a Dios todas mis
amarguras, me dijo Capitú al volver de la
iglesia; he oído dentro de mí que nuestra
separación es inevitable y estoy a tu disposición.
Me lo dijo encubriendo sus ojos, como
escrutando una actitud mía de negativa o de
CAPÍTULO CXL
MACHADO DE ASSIS
832
aplazamiento. Contaba con mi debilidad o
incluso con la incertidumbre que yo podría
tener de la paternidad, pero le falló todo.
¿Acaso había en mí un hombre nuevo, uno
que aparecía ahora, descubierto tras nuevas
y fuertes impresiones? En tal caso se trataría
de un hombre apenas encubierto. Le respondí
que lo pensaría y que haríamos lo que yo
pensase. En verdad os digo que todo estaba
pensado y hecho.
En el intervalo, había evocado las
palabras del finado Gurgel, cuando me
mostró en su casa el retrato de su mujer,
parecido a Capitú. Tienes que acordarte de
ellas; si no, relee el capítulo, cuyo número
no pongo aquí porque ya no me acuerdo,
pero no está lejos. Se limitan a decir que hay
algunas semejanzas inexplicables… A lo
largo del día y en los siguientes, Ezequiel
venía a verme al despacho y las facciones
del pequeño daban una idea clara de las
del otro, o yo me iba fijando más en ellas. A
la vez me recordaban episodios vagos y
remotos, palabras, encuentros e incidentes,
todo aquello a lo que mi ceguera no le puso
malicia y a lo que mis viejos celos le faltaron.
Aquella vez que los encontré solos y callados,
un secreto que me hizo reír, una palabra de
ella soñando, todas esas reminiscencias iban
DON CASMURRO
833
viniendo ahora, tan atropelladamente que me
aturdieron… ¿Y por qué no los estrangulé
aquel día cuando desvié los ojos de la calle
donde estaban dos golondrinas posadas en
un hilo telegráfico? Adentro, mis otras dos
golondrinas estaban posadas en el aire, unos
ojos fijos en los otros, pero tan cautelosos
que se apartaron enseguida, diciéndome una
palabra amiga y alegre. Les conté el amorío
de las golondrinas de afuera y lo encontraron
gracioso; Escobar declaró que, para él, sería
mejor si las golondrinas en lugar de posadas
en el hilo de alambre, estuvieran en la mesa
del comedor, cocidas. “Nunca he comido sus
nidos, continuó, pero deben ser buenos si los
chinos así lo inventaron.” Y nos quedamos
hablando de los chinos y de los clásicos que
hablaron de ellos, mientras Capitú,
confesando que la enojábamos, se fue a otros
menesteres. Ahora me acordaba de todo
cuanto entonces me parecía nada.
Capítulo 141
La solución
837
La solución
Esto es lo que hicimos. Juntos, nos
fuimos a Europa, no a pasear ni a ver nada
nuevo ni viejo; nos quedamos en Suiza. Una
profesora de Rio Grande, que vino con
nosotros, se quedó en compañía de Capitú,
enseñándole su lengua materna a Ezequiel,
que aprendió el resto en las escuelas del
país. Organizada así la vida, regresé al
Brasil.
Al cabo de algunos meses, Capitú
comenzó a escribirme cartas, a las que
respondí breve y secamente. Las suyas eran
sumisas, sin odio, quizá afectuosas y
finalmente nostálgicas; me pedía que fuese
a verla. Un año después embarqué, pero no
la busqué y repetí el viaje con el mismo
resultado. A mi regreso, quienes se
acordaban de ella querían noticias y yo se
las daba como si acabase de estar con ella;
CAPÍTULO CXLI
MACHADO DE ASSIS
838
naturalmente hacía los viajes con la intención
de simular eso mismo y engañar a la opinión
pública. Un día, finalmente…
Capítulo 142
Una santa
841
Una santa
Entiéndase que si en los viajes que hice
a Europa José Días no vino conmigo no fue
porque le faltase voluntad; se quedaba
haciendo compañía a mi tío Cosme, casi
inválido, y a mi madre, que había envejecido
deprisa. También él estaba viejo, aunque
fuerte. Subía a bordo para despedirse de mí
y las palabras que me decía, los gestos con
su pañuelo, sus propios ojos que se secaba,
eran tales que me conmovían también. La
última vez no subió a bordo.
- Suba…
- No puedo.
- ¿Tiene miedo?
- No, no puedo. Ahora, adiós, Bentiño,
no sé si me verás más; creo que me voy a la
CAPÍTULO CXLII
MACHADO DE ASSIS
842
otra Europa, a la eterna…
No se fue enseguida, mi madre
embarcó primero. Busca en el cementerio de
S. João Batista una sepultura sin nombre, con
esta única inscripción: Una santa. Allí está.
Mandé hacer la inscripción con algunas
dificultades. Al escultor le pareció rara; el
administrador del cementerio le consultó al
vicario de la parroquia, éste alegó que las
santas están en los altares y en el cielo.
-Pero, perdón, interrumpí, no quiero
decir que en esa sepultura esté una
canonizada. Mi idea es dar con esa palabra
una definición terrenal de todas las virtudes
que la finada poseía en vida. Tanto es así
que, siendo la modestia una de ellas, deseo
conservarla póstuma, no escribiendo su
nombre.
- Sin embargo, el nombre, la filiación,
las fechas…
- ¿A quién le importarán las fechas,
filiación ni nombres cuando yo me haya
muerto?
- ¿Quiere decir que es una santa
señora, no es eso?
DON CASMURRO
843
- Justamente. El protonotario Cabral,
si estuviese vivo, confirmaría ahora mismo lo
que le digo.
- No contradigo la verdad, dudo sólo
de la manera de expresarla. ¿Conoció usted
al protonotario?
- Sí señor. Era un sacerdote modelo.
- Buen canonista, buen latinista, pío y
caritativo, continuó el vicario.
- Y poseía algunas habilidades
sociales, le dije; en mi casa siempre oí que
era un compañero insigne en el back
gamón
- ¡Tenía muy buena mano para los
dados!, suspiró lentamente el vicario. ¡Una
mano de maestro!
- ¿Entonces, le parece que…?
- Ya que no hay otro sentido ni podría
haberlo, sí señor, se admite…
José Días asistió a estas diligencias
con gran melancolía. Al final, cuando salimos,
me habló mal del cura, le llamó meticuloso.
MACHADO DE ASSIS
844
Sólo lo disculpaba porque no había conocido
a mi madre, ni él ni los demás hombres del
cementerio.
- No la conocieron, si la hubieran
conocido hubieran mandado esculpir
santísima.
Capítulo 143
El último superlativo
847
El último superlativo
No fue el último superlativo de José Días.
Tuvo otros que no vale la pena escribir aquí,
hasta que llegó el último, el mejor de ellos, el
más dulce, el que le dio a su muerte un amago
de vida. Entonces ya vivía conmigo; aunque mi
madre le había dejado un pequeño recuerdo,
vino a decirme que, con legado o sin él, no se
separaría de mí. Tal vez su esperanza fuese
enterrarme. Se escribía con Capitú, a quien le
pedía que le mandase el retrato de Ezequiel;
pero Capitú iba aplazando el envío de correo
en correo, hasta que él no pidió nada más, a
no ser el afecto del joven estudiante; le pedía
también que no dejase de hablarle a Ezequiel
del viejo amigo de su padre y de su abuelo,
“destinado por el cielo a amar la misma
sangre”. Así preparaba los cuidados de la
tercera generación; pero la muerte llegó antes
que Ezequiel. La enfermedad fue rápida.
Mandé llamar a un médico homeópata.
CAPÍTULO CXLIII
MACHADO DE ASSIS
848
- No, Bentiño, dijo; basta con uno
alópata; en todas las escuelas se muere.
Además fueron ideas de juventud que el
tiempo se llevó; me convierto a la fe de mis
padres. La alopatía es el catolicismo de la
medicina…
Murió sereno, después de una agonía
corta. Poco antes oyó decir que el cielo estaba
lindo y pidió que abriésemos la ventana.
- No, el aire puede hacerle daño.
-¿Qué daño? El aire es vida.
Abrimos la ventana. Realmente había
un cielo azul y claro. José Días se incorporó
y miró hacia afuera; después de algunos
instantes dejó caer la cabeza murmurando:
¡Lindísimo! Fue la última palabra que profirió
en este mundo. ¡Pobre José Días! ¿Por qué
he de negar que lloré por él?
Capítulo 144
Una pregunta tardía
851
Una pregunta tardía
Así lloren por mí todos los ojos de los
amigos y amigas que dejo en este mundo,
pero no es probable. Me he hecho olvidar.
Vivo lejos y salgo poco. No es que haya
ligado efectivamente las dos puntas de mi
vida. Esta casa del Ingenio Nuevo, aunque
reproduzca la de Matacavalos, apenas me
recuerda la otra, y si me la recuerda es más
por efecto de la comparación y la reflexión
que del sentimiento. Esto ya lo había dicho.
Me preguntarán por qué razón,
teniendo la auténtica casa vieja en la misma
calle antigua, no impedí que la demoliesen y
vine a reproducirla en ésta. La pregunta debió
ser hecha al comienzo, pero ahí va la
respuesta. La razón es que, apenas murió mi
madre, queriendo yo irme allí, hice primero
una larga visita de inspección durante
algunos días y toda la casa me desconoció.
CAPÍTULO CXLIV
MACHADO DE ASSIS
852
En el huerto, el lentisco, la pitanga, el pozo,
el balde viejo y el lavadero nada sabían de
mí. La casuarina era la misma que yo había
dejado al fondo, pero el tronco, en lugar de
recto como antes, tenía ahora un aire de signo
de interrogación; naturalmente se sorprendía
del intruso. Paseé los ojos por el aire,
buscando algún pensamiento que hubiera
dejado allí y no hallé ninguno. Al contrario,
el follaje comenzó a susurrar algo que no
entendí enseguida y parece que era la cantiga
de las mañanas nuevas. Junto a esa música
sonora y jovial, oí también el gruñir de los
cerdos, especie de mofa concentrada y
filosófica.
Todo me era extraño y hostil. Dejé que
demoliesen la casa y más tarde, cuando vine
al Ingenio Nuevo, caí en la cuenta de hacer
esta reproducción según las explicaciones
que le di al arquitecto, conforme conté en su
momento.
Capítulo 145
El regreso
855
El regreso
Fue ya en esta casa cuando un día,
mientras me vestía para almorzar, recibí una
tarjeta con este nombre:
EZEQUIEL A. DE SANTIAGO
- ¿Está ahí?, le pregunté al criado.
- Sí señor; está esperando.
No fui inmediatamente; lo hice esperar
diez o quince minutos en la sala. Sólo después
caí en la cuenta que procedía tener cierto
alborozo y correr, abrazarlo, hablarle de su
madre. Su madre, creo que aún no he dicho
que estaba muerta y enterrada. Ciertamente;
reposa en la vieja Suiza. Acabé de vestirme
de prisa. Cuando salí del cuarto adopté un
aire paternal, un padre entre tierno y rudo,
medio Don Casmurro. Al entrar en la sala,
CAPÍTULO CXLV
MACHADO DE ASSIS
856
encontré a un muchacho, de espaldas,
mirando el busto de Masinisa pintado en la
pared. Llegué cauteloso y no hice ruido. No
obstante, oyó mis pasos y se giró deprisa.
Me reconoció por los retratos y corrió hacia
mí. No me moví; era ni más ni menos mi
antiguo y joven compañero del seminario de
S. José, un poco más bajo, menos voluminoso
y, salvo los colores, que eran vivos, el mismo
rostro de mi amigo. Vestía a la moderna,
naturalmente, y sus maneras eran diferentes,
pero el aspecto general reproducía a la
persona muerta. Era el mismo, el exacto, el
verdadero Escobar. Era mi comblezo; era el
hijo de su padre. Vestía de luto por su madre;
yo también vestía de negro. Nos sentamos.
- Papá, no te diferencias de los últimos
retratos, me dijo.
Su voz era la misma de Escobar, su
acento afrancesado. Le expliqué que realmente
poco difería de lo que era y comencé un
interrogatorio para tener que hablar menos y
dominar así mi emoción. Pero esto mismo le
animaba la cara y mi colega del seminario iba
resurgiendo cada vez más del cementerio. Helo
aquí, ante mí, con la misma risa y mayor
respeto; total, la misma gentileza y la misma
gracia. Ansiaba verme. Su madre le había
DON CASMURRO
857
hablado mucho de mí, elogiándome
extraordinariamente como el hombre más puro
del mundo, el más digno de ser querido.
- Murió bonita, concluyó.
- Vamos a almorzar.
Si piensas que el almuerzo fue amargo,
te equivocas. Tuvo sus momentos
desagradables, es verdad; al comienzo me
dolió que Ezequiel no fuese realmente mi hijo,
que no me completase y continuase. Si el
joven le ha salido a su madre, yo acabaría
creyéndolo todo, tanto más fácilmente cuanto
que parecía haberme dejado el día anterior,
evocaba la niñez, escenas y palabras, su ida
al colegio…
- ¿Papá, te acuerdas todavía de cuando
me llevaste al colegio?, preguntó riendo.
- ¡Cómo no me voy a acordar!
- Era en Lapa; yo iba desesperado y
tú no parabas, me dabas cada tirón y yo con
las piernecitas… Sí señor, acepto.
Acercó la copa al vino que yo le
ofrecía, lo bebió de un trago y continuó
MACHADO DE ASSIS
858
comiendo. Escobar también comía así, con
la cara metida en el plato. Me contó su vida
en Europa, sus estudios, particularmente los
de arqueología que era su pasión. Hablaba
de la antigüedad con amor, contaba Egipto y
sus millares de siglos sin perderse en las
cifras; tenía la cabeza aritmética de su padre.
A mí, aunque la idea de la paternidad del
otro me resultase ya familiar, no me gustaba
su resurrección. A veces cerraba los ojos para
no ver sus gestos ni nada, pero el diablote
hablaba y reía y el difunto hablaba y reía
por él.
No teniendo más remedio que
quedarme con él, me convertí en un padre
de verdad. La idea de que pudiese haber
visto alguna fotografía de Escobar, que
Capitú por descuido llevase consigo, no se
me ocurrió ni, si se me hubiera ocurrido,
hubiera persistido. Ezequiel creía en mí como
en su madre. Si estuviese vivo José Días,
vería en él a mi propia persona. La prima
Justina quiso verlo; pero, como estaba
enferma, me pidió que lo llevase a visitarla.
Conocía a aquella parienta. Creo que el
deseo de ver a Ezequiel era con el fin de
verificar en el joven el boceto que quizá
había visto en el niño. Sería un último regalo;
lo paré a tiempo.
DON CASMURRO
859
- Está muy mal, le dije a Ezequiel que
quería verla, cualquier emoción puede
provocarle la muerte. Iremos a verla cuando
esté mejor.
No fuimos, la muerte se la llevó a los
pocos días. Ella descansa en el Señor o como
sea. Ezequiel le vio la cara en el ataúd y no
la reconoció, ni hubiera podido, de tan
diferente que la hicieron los años y la muerte.
En el camino del cementerio le iban viniendo
a la memoria un montón de cosas, una calle,
una torre, un trozo de playa y todo era para
él motivo de alegría. Ocurría así siempre que
volvía a casa al final del día; me contaba los
recuerdos que le iban viniendo de las calles
y de las casas. Se sorprendía de que muchas
fueran las mismas que él había dejado, como
si las casas muriesen niñas.
Al cabo de seis meses, Ezequiel me
habló de un viaje a Grecia, a Egipto y a
Palestina, un viaje científico, promesa hecha
a unos amigos.
- ¿De qué sexo?, le pregunté riendo.
Sonrió avergonzado y me respondió
que las mujeres eran criaturas tan de la moda
y tan del día que nunca entenderían una ruina
MACHADO DE ASSIS
860
de treinta siglos. Eran dos colegas de la
universidad. Le prometí medios y le di
enseguida los primeros dineros necesarios.
Me dije a mí mismo que una de las
consecuencias de los amores furtivos del
padre era que yo pagase las arqueologías
del hijo; mejor que se contagiase de la
lepra… Cuando esta idea me atravesó el
cerebro, me sentí tan cruel y perverso que
agarré al joven y quise estrecharlo entre mis
brazos, pero retrocedí; lo miré después como
se mira a un hijo de verdad; los ojos con que
me miró fueron tiernos y agradecidos.
Capítulo 146
No hubo lepra
863
No hubo lepra
No hubo lepra, pero hay fiebres por
todas esas tierras humanas, sean viejas o
nuevas. Once meses después, Ezequiel murió
de unas fiebres tifoideas y fue enterrado en
las inmediaciones de Jerusalén, donde los dos
amigos de la universidad le levantaron un
túmulo con esta inscripción, sacada del
profeta Ezequiel, en griego: “Tú eras perfecto
en tus caminos.” Me mandaron ambos textos,
griego y latino, el dibujo de la sepultura, la
cuenta de los gastos y el resto del dinero que
él llevaba; hubiera pagado el triple por no
volver a verlo.
Como quise verificar el texto, consulté
mi Vulgata y vi que era exacto, pero tenía
además un complemento: “Tu eras perfecto
en tus caminos, desde el día de tu creación.”
Paré y me pregunté en silencio: “¿Cuándo
habría sido el día de la creación de Ezequiel?”
CAPÍTULO CXLVI
MACHADO DE ASSIS
864
Nadie me respondió. He aquí un misterio más
para añadir a los muchos de este mundo.
Pese a todo, cené bien y fui al teatro.
Capítulo 147
La exposición retrospectiva
867
La exposición retrospectiva
Ya sabes que mi alma, por más
lacerada que haya sido, no se quedó en un
rincón como una flor pálida y solitaria. No
le di ese colorido o descolorido. Viví lo
mejor que pude sin que me faltasen amigas
que me consolasen de la primera.
Caprichos de poca duración, es verdad. Me
dejaban como personas que asisten a una
exposición retrospectiva y, o se hartaban
de verla, o mermaba la luz de la sala. Sólo
una de esas visitas tenía coche en la puerta
y cochero de librea. Las otras venían
modestamente, calcante pede y, si llovía,
iba yo a buscar un coche a la plaza y las
despachaba con grandes despedidas y
mayores cortesías.
- ¿Llevas el catálogo?
- Sí, hasta mañana.
CAPÍTULO CXLVII
MACHADO DE ASSIS
868
No volvían más. Yo me quedaba en la
puerta esperando, iba hasta la esquina,
vigilaba, consultaba el reloj y no veía nada
ni a nadie. Entonces, si aparecía otra visita,
le daba el brazo, entrábamos, le mostraba
los paisajes, los cuadros históricos o de
género, una acuarela, un pastel, un gouache,
y también ésta se cansaba y se iba con el
catálogo en la mano…
Capítulo 148
Bien, ¿y el resto?
871
Bien, ¿y el resto?
Ahora bien, ¿por qué ninguna de esas
caprichosas me hizo olvidar a la primera
amada de mi corazón? Quizá porque
ninguna tenía los ojos de resaca, ni los de
gitana oblicua y disimulada. Pero no es este
propiamente el resto del libro. El resto es
saber si la Capitú de la playa de Gloria ya
estaba dentro de la de Matacavalos, o si ésta
se transformó en aquélla a causa de algún
suceso. Jesús, hijo de Sirac, si supiese de mis
primeros celos, me diría, como en su cap. IX,
vers. I: “No tengas celos de tu mujer, para
que no te engañe con la malicia que aprenda
de ti.” Pero yo creo que no y tú concordarás
conmigo; si te acuerdas bien de Capitú niña,
has de reconocer que una estaba dentro de
la otra, como la fruta dentro de su piel.
Y bien, sea cual sea la solución,
persiste una cosa, y es la suma de las sumas
CAPÍTULO CXLVIII
MACHADO DE ASSIS
872
o el resto de los restos, a saber, que mi
primera amiga y mi mayor amigo, tan
cariñosos ambos y también tan queridos,
quiso el destino que acabasen juntándose y
engañándome… ¡La tierra les sea leve! Vamos
a la Historia de los suburbios.
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