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Vanessa Faria Viana
AS VOGAIS MÉDIAS PRETÔNICAS EM PA DE MINAS:
Um caso de variação lingüística
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Letras da Pontifícia Universidade
Católica de Minas Gerais, como requisito parcial
para obtenção do título de Mestre em Lingüística e
Língua Portuguesa.
Orientador: Prof. Dr. Marco Antônio de Oliveira
Belo Horizonte
2008
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2
FICHA CATALOGRÁFICA
Elaborada pela Biblioteca da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais
Viana, Vanessa Faria
V614.v As vogais médias pretônicas em Pará de Minas: um caso de variação
lingüística. / Vanessa Faria Viana. – Belo Horizonte, 2008.
143f.: II.
Orientador: Marco Antônio de Oliveira.
Dissertação (Mestrado) - Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais.
Programa de Pós-Graduação em Letras.
1. Língua portuguesa – Vogais – Pará de Minas (MG). 2. Lexicografia. I.
Oliveira, Marco Antônio de. II. Pontifícia Universidade Católica de Minas
Gerais. Programa de Pós-Graduação em Letras. III. Título.
CDU: 806.90-44
1
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Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais
Programa de Pós-Graduação em Letras
Dissertação intitulada “As vogais médias pretônicas em Pará de Minas: um caso de
variação lingüística”, de autoria da mestranda Vanessa Faria Viana, aprovada pela
comissão examinadora constituída pelos seguintes professores:
__________________________________________________________
Prof. Dr. Mário Alberto Perini – UFMG
.
__________________________________________________________
Profa. Dra. Arabie Bezri– PUC Minas
__________________________________________________________
Prof. Dr. Marco Antônio de Oliveira (Orientador) – PUC Minas
Prof. Dr. Hugo Mari
Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Letras
PUC-MG
Belo Horizonte, ____ de ________________ de 2008.
4
Aos meus pais, pelo amor, carinho e incentivo em todas as horas.
Ao Emerson, pelo amor, companheirismo e pela paciência.
AGRADECIMENTOS
A Deus.
Ao meu orientador, professor Marco Antônio de Oliveira, pela seriedade profissional,
pelo compromisso, pela paciência e, sobretudo, por ter depositado seu tempo, seus
esforços e seus conhecimentos a favor do meu engrandecimento intelectual.
Aos meus colegas da s-graduação, especialmente à Darinka e à Lúcia Fulgêncio,
pelas discussões, pelos ensinamentos, pela ajuda com os dados e incentivos.
A todos aqueles que foram meus informantes, agradeço pela educação e pela
disponibilidade em contribuir para a ciência.
Aos funcionários da PUC Minas, pelo tratamento sempre atencioso e cordial.
Aos meus professores, por me ensinarem que eu posso ir sempre um pouco além.
Ao professor Hugo, pelo carinho e pela paciência.
Aos meus diretores, coordenadores e colegas de trabalho, em especial à Rosa
Helaine, pelo apoio e pela confiança durante a realização deste trabalho.
Aos meus alunos, por me estimularem na busca do aprimoramento intelectual.
À historiadora Ana Maria Campos, pelas informações dadas.
À minha família e à família Reis, pelo apoio e pela confiança.
Aos meus primos e tios, maternos e paternos, em especial à Tia Marina, que sempre
estiveram próximos. em qualquer situação.
Ao meu avô, José Alves Faria.
Aos meus pais, Eciladei e Vera, aos meus irmãos, Ramon e Lúcia, e ao meu esposo
Emerson, pelo amor que sempre tiveram por mim, pela paciência quando eu estava
impaciente.
Aos meus amigos, pelo apoio e constante incentivo.
Enfim, agradeço a todos que contribuíram, direta e indiretamente, para a realização
deste trabalho.
Língua Portuguesa
Última flor do Lácio, inculta e bela,
És, a um tempo, esplendor e sepultura...
Olavo Bilac
RESUMO
Nesta dissertação, examinei o comportamento das vogais médias pretônicas (e) e
(o) no dialeto do município de Pará de Minas, Minas Gerais. O estudo selecionou 36
informantes estratificadamente distribuídos por sexo, faixa etária, escolaridade,
classe social e estilo. Baseando-me na Teoria Sociolingüística Quantitativa, mostrei
os contextos estruturais e sociais que favorecem ou não o processo de alteamento e
o processo de abaixamento das vogais médias em posição pretônica. Em ambos os
processos existem itens lexicais que aparecem num mesmo contexto, em duas
composições fonéticas; itens lexicais que não variam mesmo em ambiente tido como
favorecedor da alteração e itens lexicais que variam mesmo em ambiente tido como
desfavorecedor da alteração. Evidenciei, assim, uma questão lexical que foi
investigada na concepção de mudança lingüística do modelo da Difusão Lexical.
Palavras-chave: Vogais médias pretônicas, alteamento, abaixamento, itens lexicais,
Difusão Lexical
ABSTRACT
It was analyzed in this dissertation the variable phonetic realization of middle pre-
stressed vowels (e) and (o) with the dialect of Pará de Minas city, state of Minas
Gerais. The study selected 36 speakers divided by sex, age group, schooling and
social classes besides the factor speech style in order to analyze the vowel raising
and lowering process, having as a theoretical model the quantitative sociolinguistic.
There are in both process lexical items where the considerable variables are noticed
in a same phonetic context and even so they show differentiated realizations: there
are lexical items in which these vowels don’t present variation even in a phonetic
environment where this change is benefited, and there are lexical items that present
variation even in a phonetic environment where this change is disadvantaged. These
facts suggest a lexical control of raising and/or lowering process of middle pre-
stressed vowels as anticipate by the Lexical Diffusion.
Key-words: Middle pre-stressed vowels, raising, lowering, lexical items, Lexical
Diffusion
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 – Mapa de Pará de Minas (MG) ............................................... 36
FIGURA 2 – Exemplos de alteamento na escrita ...................................... 114
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Valores totais de ocorrências..........................................................
63
Tabela 2 – Nasalidade...................................................................................... 64
Tabela 3 – Atonicidade.................................................................................... 65
Tabela 4 – Vogal Tônica – posição.................................................................. 65
Tabela 5 – Vogal tônica – altura....................................................................... 65
Tabela 6 – Vogal tônica – Nasalidade.............................................................. 65
Tabela 7 – Estrutura da sílaba .........................................................................
66
Tabela 8 – Presença de Onset ........................................................................
66
Tabela 9 – Distância da vogal tônica................................................................ 67
Tabela 10 – Contexto precedente.....................................................................
67
Tabela 11 – Contexto precedente – ponto 1.....................................................
68
Tabela 12 – Contexto precedente – ponto 2.....................................................
68
Tabela 13 – Contexto precedente – Modo........................................................
68
Tabela 14 – Estado da glote do contexto precedente..................................... 68
Tabela 15 – Contexto seguinte......................................................................... 69
Tabela 16 – Contexto seguinte – ponto 1......................................................... 69
Tabela 17 – Contexto seguinte – ponto 2......................................................... 70
Tabela 18 – Contexto seguinte – Modo............................................................ 70
Tabela 19 – Estado da glote do contexto seguinte...........................................
70
Tabela 20 – A classe da palavra...................................................................... 71
Tabela 21 – Fatores relevantes no processo de alteamento............................
73
Tabela 22 – Fatores relevantes no processo de abaixamento......................... 77
Tabela 23 – Nasalidade.................................................................................... 79
Tabela 24 – Atonicidade................................................................................... 79
Tabela 25 – Vogal Tônica – posição................................................................ 80
Tabela 26 – Vogal tônica – altura..................................................................... 80
Tabela 27 – Vogal tônica – Nasalidade............................................................ 80
Tabela 28 – Estrutura da sílaba .......................................................................
81
Tabela 29 – Presença de Onset.......................................................................
81
Tabela 30 – Distância da vogal tônica.............................................................. 81
Tabela 31 – Contexto precedente.....................................................................
82
Tabela 32 – Contexto precedente – ponto 1.....................................................
82
Tabela 33 – Contexto precedente – ponto 2.....................................................
82
Tabela 34 – Contexto precedente – Modo........................................................
82
Tabela 35 – Estado da glote do contexto precedente...................................... 83
Tabela 36 – Contexto seguinte......................................................................... 83
Tabela 37 – Contexto seguinte – ponto 1......................................................... 84
Tabela 38 – Contexto seguinte – ponto 2......................................................... 84
Tabela 39 – Contexto seguinte – Modo............................................................ 84
Tabela 40 – Estado da glote do contexto seguinte ..........................................
85
Tabela 41 – A classe da palavra.......................................................................
85
Tabela 42 – Fatores relevantes no processo de alteamento............................
86
Tabela 43 – Fatores relevantes no processo de abaixamento......................... 92
Tabela 44 – Indivíduo....................................................................................... 98
Tabela 45 – Sexo..............................................................................................
99
Tabela 46 – Faixa etária................................................................................... 100
Tabela 47 – Escolaridade................................................................................ 101
Tabela 48 – Classe social.................................................................................
101
Tabela 49 – Estilo............................................................................................. 101
Tabela 50 – Fatores relevantes no processo de alteamento........................... 102
Tabela 51 – Fatores relevantes no processo de abaixamento......................... 104
Tabela 52 – Indivíduo....................................................................................... 105
Tabela 53 – Sexo..............................................................................................
107
Tabela 54 – Faixa etária................................................................................... 107
Tabela 55 – Escolaridade................................................................................. 108
Tabela 56 – Classe social.................................................................................
108
Tabela 57 – Fatores relevantes no processo de alteamento............................
109
Tabela 58 – Fatores relevantes no processo de abaixamento......................... 110
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 – Tendência geral da realização das vogais pretônicas................... 28
Quadro 2 – Informantes selecionados.............................................................. 39
Quadro 3 – Grupo de informantes inicialmente proposto para este estudo..... 43
Quadro 4 – Grupo de informantes reais para este estudo............................... 44
Quadro 5 – Codificação das variáveis estruturais............................................ 58
Quadro 6 - Codificação das variáveis não estruturais..................................... 60
LISTA DE ABREVIATURAS
PB – Português Brasileiro
IDHM – Índice de Desenvolvimento Humano Municipal
PNUD – Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
CVC – Consoante-vogal-consoante
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO............................................................................................... 16
2 VARIAÇÃO E MUDAA: Labov, os neogramáticos e a difusão lexical
..........................................................................................................................
18
3 O CASO EM QUESTÃO ............................................................................... 24
3.1 Os processos fonológicos que atuam sobre as vogais do Português
Brasileiro...........................................................................................................
24
3.2 Tendência geral da realização das vogais médias pretônica no
Português Brasileiro........................................................................................
27
3.3 Análises variacionistas sobre as vogais médias pretônicas................ 28
4 O CONTEXTO SOCIAL................................................................................. 33
4.1 A História,a Geografia e a Economia da cidade de Pará de Minas....... 33
4.2 As áreas selecionadas e seus informantes............................................ 38
5 METODOLOGIA............................................................................................ 40
5.1 O modelo teórico- metodológico da Sociolingüística ........................... 41
5.2 A coleta e seleção dos dados...................................................................
41
5.3 O tratamento dos dados........................................................................... 45
5.3.1 O material lingüístico e as codificações............................................. 46
5.3.1.1 Variáveis dependentes....................................................................... 46
5.3.1.2 Variáveis independentes ................................................................... 47
5.3.1.2.1 Variáveis estruturais........................................................................... 47
5.3.1.2.2 Variáveis não estruturais ................................................................... 54
5.3.2 O programa computacional................................................................... 61
5.3.3 A caracterização das variáveis............................................................. 61
6 ANÁLISES DOS RESULTADOS................................................................... 63
6.1 Análises estruturais.................................................................................. 64
6.1.1 A análise estrutural do (o)..................................................................... 64
6.1.1.1 As porcentagens iniciais.................................................................... 64
6.1.1.2 O cálculo probabilístico ..................................................................... 72
6.1.1.2.1 O cálculo probabilístico no processo de alteamento.......................... 72
6.1.1.2.2 O cálculo probabilístico no processo de abaixamento....................... 77
6.1.2 Análise estrutural do (e)......................................................................... 78
6.1.2.1 As porcentagens iniciais ................................................................... 79
6.1.2.2 O cálculo probabilístico ..................................................................... 85
6.1.2.2.1 O cálculo probabilístico no processo de alteamento.......................... 86
6.1.2.2.2 O cálculo probabilístico no processo de abaixamento ...................... 91
6.1.3 Resultados e conclusões.......................................................................
93
6.2 Análises não estruturais........................................................................... 98
6.2.1 Análises não estruturais do (o)............................................................. 98
6.2.2 Análises não estruturais do (e)............................................................. 105
6.2.3 Conclusão............................................................................................... 111
CONSIDERAÇÕES FINAIS.............................................................................. 113
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................. 116
ANEXOS............................................................................................................
119
17
1 INTRODUÇÃO
Sabe-se que trazemos no nosso modo de usar a língua marcas de nossa
identidade geográfica. Todos falamos Português, porém, de região para região,
existem diferenças de pronúncia, de vocabulário e de sintaxe. Isso ocorre porque as
línguas constituem realidades dinâmicas, sujeitas à transformação nos eixos do
tempo e do espaço. Assim, “estruturas e palavras que existiam antes não ocorrem
mais ou estão deixando de ocorrer, ou, então, ocorrem modificadas em sua forma,
função e/ou significado” (FARACO, 1991a, p.10).
Os fenômenos fonéticos são os que demonstram mais rapidamente as etapas
de evolução lingüística, assim como são os que mais claramente revelam as
diferenças dialetais dentro de uma mesma língua. Esses fenômenos têm suscitado
grande número de indagações e, por conseguinte, uma produção científica
crescente.
Dentre os fenômenos lingüísticos que caracterizam as variações dialetais, a
realização das vogais médias pretônicas é fato que representa muito bem a
diversidade lingüística e constitui objeto de estudo desta dissertação.
Nesta pesquisa, buscarei verificar em que medida traços lingüísticos e/ou
sociais atuam no fenômeno da variação das vogais dias pretônicas, na fala da
comunidade urbana de Pará de Minas. Sabe-se que os pará-minenses ora articulam
as vogais médias /o/ e /e/ como vogais altas [u] e [i], pulícia e ricibo, por exemplo;
ora como vogais médias fechadas [o] e [e], socorro e cerveja; e ora, também, como
baixas abertas [] e [ε], c
légio, rεmédio.
Tendo em vista esse comportamento na fala pará-minense, característica
essencial ao trabalho a ser desenvolvido, estabeleço seu objetivo central: descrever
o fenômeno da variação nas vogais médias pretônicas, discutindo-o através das
análises dos dados coletados.
A variação das vogais médias pretônicas tem sido, desde muito tempo, tema
de debates, especialmente para os estudiosos da fonologia do Português Brasileiro.
Esse fenômeno encontra referência em análises mais antigas, como Nascentes
(1953). As análises mais atuais, como Bisol (1981), Viegas (1987), Callou et al.
(1991), Barbosa (1991), Bortoni et al. (1992), Oliveira (1992), Oliveira (2006), entre
outras, serão apresentadas nesta dissertação, assim como uma discussão dedicada
18
aos modelos dos Neogramáticos e da Difusão Lexical, abordando os principais
pressupostos de ambos, as diferenças entre eles e as contribuições que trouxeram
para a teoria da variação lingüística.
Os capítulos que compõem esta dissertação apresentam-se, quanto à
distribuição de conteúdos, da seguinte maneira: o segundo capítulo se dedica aos
modelos dos Neogramáticos e o da Difusão Lexical, abordando os principais
pressupostos de ambos, as diferenças entre eles e as contribuições que trouxeram
para a teoria da mudança lingüística. Esse capítulo fornece pressupostos teóricos
que servirão para a fundamentação da análise e interpretação dos resultados.
O terceiro capítulo tece considerações acerca do sistema vocálico do
Português Brasileiro e das análises, variacionistas ou não, que tratam do fenômeno
da variação nas vogais médias pretônicas do Português Brasileiro, tema deste
trabalho. É neste capítulo que se encontra a revisão da literatura existente.
No quarto capítulo, apresento o quadro social do município de Pará de Minas,
onde esta pesquisa se realizou, e, também, os aspectos relativos à História e à
Geografia pará-minense. Esse capítulo apresenta os dados estatísticos do município
relativos à classe social e renda, à escolaridade, à faixa etária e ao sexo, parâmetros
não estruturais envolvidos na análise desta pesquisa.
O quinto capítulo destina-se à metodologia empregada na execução da
pesquisa de campo, bem como às justificativas para que os parâmetros estruturais e
não estruturais fossem selecionados. Coleta, seleção e tratamento dos dados são
etapas descritas na metodologia, assim como o material lingüístico, as codificações
e a caracterização das variáveis.
O sexto capítulo apresenta a análise e a interpretação de todas as realizações
observadas para as vogais dias, anterior e posterior, em posição pretônica.
Nesse capítulo, fase quantitativa da pesquisa, apresento, em forma de tabelas, os
resultados obtidos através do programa computacional GOLDVARB 2006.
O sétimo capítulo, a Conclusão, faz uma retomada dos pontos mais salientes
discutidos anteriormente, correlacionando-os com os pressupostos teóricos
pertinentes. A Conclusão é seguida das referências bibliográficas e anexos.
19
2 VARIAÇÃO E MUDANÇA: Labov, os neogramáticos e a difusão Lexical
“A existência de variação e de estruturas heterogêneas nas comunidades
de fala investigadas está de fato provada.“ ( LABOV, 1972a, p.203 ).
Contra a tendência tradicional de considerar a língua um objeto de estudo
isolado de seu uso, a partir da década de 60, Willian Labov, em seus trabalhos – um
sobre a comunidade da ilha de Martha’s Vineyard, no litoral de Massachusetts, e o
outro sobre a estratificação social do inglês em New York desenvolveu um modelo
de descrição e interpretação da variação lingüística conhecido como Sociolingüística
Variacionista ou Teoria da Variação.
Para Labov (1972a), a Sociolingüística Variacionista concebe a língua como
um sistema heterogêneo e a variação e mudança lingüística são inseparáveis desse
sistema. Além disso, ele considera que o aparente caos gerado pela variação é
influenciado por fatores internos ao sistema e por fatores de natureza social (idade,
sexo, ocupação, origem étnica e atitude). Assim, o estudo da variação lingüística
tem como objetivo determinar quais fatores são os responsáveis pela variação e
pela mudança numa determinada língua e que fatores sociais são responsáveis pela
propagação da mudança.
Tendo como objeto de estudo da análise variacionista a comunidade de fala,
e com o propósito de mostrar que a variação lingüística é favorecida por fatores
internos e implementada socialmente, Labov (1972a) apresenta dois tipos de
mudanças: as mudanças from below e mudanças from above. O autor estabelece
que as mudanças from below são mudanças sonoras regulares, resultantes “de uma
transformação gradual de uma característica fonética simples de um fonema em um
espaço fonético contínuo.” Labov (1972a, p.). Afirma ainda que as mudanças from
above são mudanças resultantes “da substituição abrupta de um fonema por outro
em itens que contenham esse fonema.” Labov (1972a, p.).
O modelo Neogramático, proposto por um grupo de lingüistas da Escola de
Leipzig, nas últimas décadas do século XIX, concebeu a evolução fonética como
resultante da atuação mecânica de forças físicas e psíquicas. Essa escola criou uma
teoria acerca da mudança sonora e, foi a partir dessa nova teoria que a lingüística
pôde “pretender o título de ciência, enfileirando-se, pela segurança dos seus
processos, ao lado da Física, da Biologia, etc.”, segundo Coutinho (1969a, pág. 37) .
20
Na perspectiva desenvolvida pelos neogramáticos, a mudança lingüística
atinge todo o léxico, abruptamente, e não permite exceções. Essa perspectiva tem
suas principais idéias na crença de que as ‘leis’ da evolução fonética agem de
maneira absolutamente regular, atribuindo as exceções apenas à analogia e aos
empréstimos lingüísticos. Os neogramáticos pautavam-se pelo princípio de que a
língua é regulada por uma série de leis, ou seja, a idéia básica era a de que a língua,
como atividade humana, é regulada por princípios que deveriam ser investigados
dentro das regras gerais que governam o comportamento humano.
Nessa perspectiva, o léxico não exerce influência nas mudanças, pois as
mudanças ocorrem no som. Se um som muda, ele deve mudar em todos os itens,
sem seleção lexical. Assim, na regra AB/C D (lê-se A torna-se B no ambiente
CD, em que A é o segmento que sofrerá mudança, B o segmento no qual A
transformou-se e C e D o ambiente fonológico da mudança) todo A vai virar B no
contexto CD. Com isso (1) todos os membros de uma comunidade determinada
modificariam seu comportamento de forma regular; (2) todos os fonemas que
estivessem no mesmo ambiente fonético alterar-se-iam do mesmo modo. Seja no
nível do indivíduo, seja no nível do som, a mudança, como os neogramáticos
concebiam-na, atinge sistematicamente o mesmo elemento, em idênticas
ocorrências e condições.
Implementada a mudança, as exceções aparentes ao caráter necessário das
leis fonéticas eram explicadas ou por empréstimos ou por analogia. Emprestando
dos gregos o conceito de analogia, os neogramáticos utilizaram esse expediente
para dar conta das anomalias ( ou resíduos ) causadas pelas mudanças sonoras.
Para eles, a analogia restaura o equilíbrio entre forma e função, que foi destruído
pela mudança sonora. “Haveria, assim, uma espécie de paradoxo: a mudança
fônica, que é regular, pode gerar irregularidades gramaticais; e a analogia, que é
irregular (isto é, não se aplica em todos os casos em que poderia) gera
regularidade.” (FARACOb,1998, p.30-2).
Outro recurso adotado como explicação das irregularidades de determinadas
mudanças foi o empréstimo. Para os neogramáticos, vocábulos tomados de
empréstimos de outras línguas não sofrem ação da mudança, preservando, pois, a
forma antiga.
Segundo Coutinho (1969b, p 134-37), os neogramáticos são os responsáveis
pelo “caráter de constância” conferido às leis fonéticas. Essas leis têm como
21
propriedade a regularidade das transformações que provocam e a conseqüente
possibilidade de generalização das mesmas, sendo assim entendidas por muitos
como “princípios absolutos”.
O movimento neogramático teve, desde sempre, caráter polêmico. O
radicalismo com que encaravam os fatos lingüísticos, principalmente no que diz
respeito às mudanças sonoras, foi bastante criticado.
Dentre as críticas destacam-se: a) desconsideração da língua como um
objeto dinâmico e social, no qual exceções e irregularidades são esperadas; b)
considerações apenas dos aspectos fonéticos na análise da mudança sonora; c)
explicação das exceções à mudança sonora como conseqüência exclusiva do
empréstimo ou da analogia; d) visão da mudança sonora como sendo apenas
foneticamente gradual, ou seja, o som afetado vai sendo transformado paulatina e
regularmente na medida em que todas as palavras que contêm esse som são
atingidas.
Apesar das muitas oposições documentadas na literatura, os neogramáticos
tiveram o mérito de aliar uma perspectiva histórico-científica da linguagem aos
resultados do método-comparatista então vigente. Seus princípios inauguraram uma
nova visão dos estudos, encadeando os fatos históricos numa ordem natural e
confirmando determinadas correspondências entre idiomas.
Os “jovens” estudiosos foram os primeiros a criar procedimentos rígidos e
científicos para a reestruturação lingüística e trouxeram, com isso, princípios mais
rigorosos ao fazer lingüístico.
De todos os debates por que passou o modelo neogramático, o mais acirrado
foi, e ainda é, o que coloca, de um lado, os neogramáticos e, de outro, os léxico-
difusionistas.
Como destacado acima, a tônica do pensamento neogramático se baseava
fundamentalmente no princípio da regularidade e na analogia, centrando o foco da
mudança sonora no campo da fonética e da fonologia. Para os neogramáticos as
mudanças são operadas sem exceção e condicionadas unicamente por fatores de
natureza sonora.
Diferentemente, a Difusão Lexical que surgiu em meados da década de 70,
baseada principalmente nos trabalhos de Wang, Chen e Cheng sobre o chinês, e
posteriormente ampliada por outros estudiosos como Krishnamurti (1978), Labov
(1981), Phillips(1984), Chen e Wang (1975), Oliveira (1992) e outros, tenta dar conta
22
das regularidades predizendo que as mudanças sonoras não são foneticamente
graduais e lexicalmente abruptas, mas exatamente o contrário. Para os difusionistas,
as mudanças são foneticamente abruptas e gradualmente implementadas no léxico
das línguas. Assim, uma mudança ocorre inicialmente em algumas palavras e
propaga-se para outras palavras com estrutura semelhante. Em alguns casos, a
difusão lexical deixa algumas palavras permanentemente sem ter alteração sonora;
em outros casos, a mudança atinge todas as palavras da língua que,
potencialmente, poderiam sofrer a mudança sonora. Dessa maneira, os difusionistas
deslocam o foco da mudança da unidade sonora para a unidade morfo-lexical.
A tese difusionista é fortemente reforçada por três argumentos: 1) inúmeras
exceções a determinadas mudanças fonéticas não podem ser explicadas
unicamente por analogia e/ou empréstimos; 2) muitos processos fonológicos não
são explicados somente por condicionamentos sonoros, mas por vários fatores,
incluindo os de natureza sócio-geográfico-cultural; e 3) nem todos os vocábulos que
contêm o som em mudança são afetados simultaneamente e da mesma maneira.
Com isso, inicia-se uma polêmica: “In the evolution of sound systems, is the
basic unit of change the word or the sound?” (LABOV, 1981b, p. 268).
A base da discussão, levantada por Labov (1981b), encontra-se entre duas
correntes do pensamento lingüístico: a corrente neogramática e a corrente
difusionista, comentadas acima. O autor, diante do paradoxo existente entre o
modelo Neogramático e o modelo da Difusão Lexical, constata a “co-ocorrência” de
ambos os modelos: “both are right, but both cannot be right" (LABOV,1981b, p. 269).
Labov (1981b) assume uma postura intermediária entre os dois modelos.
Para o autor, algumas mudanças dão-se de acordo com o modelo neogramático e
outras dão-se de acordo com o modelo difusionista. O lingüista, analisando a
mudança vocálica na Filadélfia, destaca que muitas características trazidas pelos
dados aproximaram-no de uma abordagem neogramática, mas analisando a cisão
do short-a, evidências demonstraram, claramente, um caso de Difusão Lexical. Para
resolver esse paradoxo, ele propõe: “Nós localizamos a regularidade neogramática
nas regras de reajustes fonéticos (low-level output rules), e a difusão lexical na
redistribuição de classe de palavras abstratas em outras classes abstratas.”
(LABOV, 1981b, p. ). Ainda Labov (1981b) expõe que os termos abrupto e gradual
são os responsáveis pelo paradoxo e se referem ao modo de se encarar a mudança,
ou seja, difusionistas e neogramáticos enxergam o mesmo movimento – ser abrupto,
23
ser gradual de dois pontos diferentes. Assim, para os difusionistas as mudanças
sonoras são lexicalmente graduais e foneticamente abruptas, isto é, afetam algumas
palavras espeficas e, então, estendem-se, paulatinamente, para outras formas.
Para os neogramáticos, são lexicalmente abruptas e foneticamente graduais, ou
seja, as mudanças sonoras atingem ao mesmo tempo todas as palavras que contêm
o ambiente fonético que as condiciona.
Oliveira (1991a) assume uma postura radical acreditando que
“não existem mudanças sonoras neogramáticas, [apesar de, a longo prazo,
existirem] resultados neogramáticos. [Para ele], a palavra e o o som, é
que é a unidade básica de mudança [e] todas as mudanças sonoras são
lexicalmente implementadas, [assim as mudanças lingüísticas
acontecem pelo modelo difusionista].” (OLIVEIRA, 1991ª, p. )
Oliveira (1991a), assumindo tal postura, contraria a proposta neogramática e
importantes teóricos, como Labov. O autor, para tanto, parte de constatações
empíricas, baseando-se em dados reais, e apresenta argumentações como:
a) existem mudanças que não se enquadram dentro do modelo
neogramático; b) casos que parecem ser, por algum critério teórico, de
natureza neogramática. Mas, numa observação mais detalhada, esses
casos acabam se revelando como sendo de natureza difusionista. Contudo
não conheço nenhum caso que tenha sido analisado, inicialmente, como
sendo de difusão lexical e que, sob observação mais detalhada, tenha se
revelado como sendo de natureza neogramática; c) há casos que não
apresentam, hoje, nenhum condicionamento lexical (ou seja, são
regulares), mas que apresentam condicionamento lexical no passado; d) se
os neogramáticos não tinham nenhum controle da transição de X para Y
numa mudança do tipo X Y/Z, como podemos garantir que esta mudança
não tenha sido lexicalmente implementada? (OLIVEIRA, 1991a, p.).
Também para Oliveira (1992b) uma palavra que possua os traços [+ Comum],
[- Elaborado] e [+ Contexto Fonético Natural para inovação] é afetada primeiro pela
mudança. Assim, ele mostra que não é o contexto fonético um condicionador de
inovações; ele é, antes, um “respaldo local para a fixação da inovação em
determinados itens lexicais” (OLIVEIRA, 1992b, p. ), pois mesmo palavras que não
possuam condicionamento fonético são influenciadas pelo traço [+ Comum].
Oliveira (1992b) utiliza exemplos relativos à monotongação [ou] [o], ou
seja, qualquer ditongo [ou] pode virar [o] como outro
otro, falou
falo, entre outros.
“Contudo, a redução do ditongo não se em palavras como Ourinhos, Rebouças,
Moscou, Gouveia ou Couto, todas elas [-Comum].” (OLIVEIRA, 1992b, p.37).
24
Outros exemplos sustentam e comprovam a difusão lexical, como os de
Mollica (1992)
1
. Investigando os fenômenos do queísmo (queda da preposição ‘de’
no contexto ‘de que’), como em ‘ter certeza de que’/’ter certeza que’, e do
dequeísmo (inserção de ‘de’ no contexto ‘que’), como em ‘acredito que’/’acredito de
que’, a autora verifica que o modelo da Difusão Lexical conta da variação
sintática. Ela chama a atenção para os fatores [+ formal] e [+freqüente] que fazem
com que determinados itens lexicais sejam afetados. O processo de queísmo
ocorreu em palavras que receberam os traços [-formal] e [+freqüente] e o dequeísmo
junto a palavras com traços [+formal] e, portanto, [-freqüente].
Também Gonçalves (1992)
2
, estudando os fenômenos de aférese e prótese
do /a/ em dados como ‘guentar’ e ‘assujeitar’, confirma o princípio da Difusão
Lexical: dados mais freqüentes são também os mais afetados pelos dois fenômenos,
sendo os menos freqüentes mais resistentes à mudança.
Este capítulo centra-se na oposição de duas opiniões diferentes, a de Labov
(1981b) e a de Oliveira (1991a). Apesar de as duas possuírem um caráter
difusionista, a proposta de Labov assume que ambos os modelos possam estar
corretos, porém operando em níveis diferentes, e, dessa forma, admite os preceitos
difusionistas em parte. para Oliveira (1991a), todas as mudanças difundem-se
pelo léxico de forma gradual, ou seja, dão-se de palavra em palavra, como prevê o
modelo difusionista. Nessa perspectiva, a regularidade de hoje é o resultado de uma
mudança que se difundiu pelo léxico, e que apenas cria uma falsa aparência de
que essa mudança se deu abruptamente.
Abordei aqui uma parte da problemática envolvendo as concepções desses
modelos quanto às variações lingüísticas e pretendo, neste trabalho, saber se
ambos os modelos, que são de fato antagônicos, podem realmente ser conciliados,
como propôs Labov (1981b), ou se apenas um está correto, e “não existem
mudanças sonoras neogramáticas”, como propôs Oliveira (1991a, p. ).
1
Mollica, 1992, p.37, citado por Suckow, 2007.
2
Gonçalves, 1992, p.71, citado por Suckow, 2007
25
3 O CASO EM QUESTÃO
3.1 Os processos fonológicos que atuam sobre as vogais do Português
Brasileiro
No Português Brasileiro existe um grande número de processos fonológicos
que atuam sobre as vogais, decorrentes tanto de fatores prosódicos e fonotáticos
quanto de fatores morfológicos.
Para melhor compreendermos esses processos é importante ter em mente
algumas noções que se referem ao quadro vocálico do Português Brasileiro.
Para Câmara Júnior (1970), em referência às vogais, a realidade da língua
oral é muito mais complexa do que a entender o uso aparentemente simples e
regular das cinco letras latinas (a,e,i,o,u) usadas na escrita.
Para as vogais portuguesas, a presença do que se chama acento, ou
particular força expiratória (intensidade), associada secundariamente a uma
ligeira elevação da voz (tom), é que constitui a posição ótima para
caracterizá-las. A posição tônica nos em sua plenitude e maior nitidez
(desde que se trace do registro culto formal) os traços distintivos vocálicos.
Desta sorte, a classificação das vogais como fonemas tem de partir da
posição tônica. Daí se deduzem as vogais distintivas portuguesas.
(CÂMARA, Júnior, 1970, p.30-31)
Assim, na posição tônica, há sete fonemas, como mostra o esquema abaixo
Não-arredondadas Arredondadas
Altas /i/ /u/
Médias /e/ /o/ grau
Médias
/ ε /
/
/ grau
Baixa /a/
Anterior Central posterior
Fonte: Câmara Jr. , 1970, p. 33.
Nessa posição, encontram-se preservados os contrastes fonêmicos que
permitem a distinção entre itens lexicais. No caso das vogais médias, o fonema / e /
se distingue de /
ε /, por exemplo, em palavras como trop[ε]ço (verbo) e trop[e]ço
26
(substantivo), assim como o fonema /o/ se distingue de /
/ como em esf[
]rço
(verbo) e em esf[o]rço (substantivo).
Essa situação é diferente em posição pretônica. As vogais [e,o] perdem o
contraste em relação a /ε,
/ e uma palavra não se diferenciará de outra pela
utilização desta ou daquela vogal média.Utilizar mais as médias baixas que as
médias altas nessa posição apenas ilustra casos de variação. Em função dessa
perda de contraste, ocorre um processo fonológico denominado ’neutralização’.
Através desse processo o sistema vocálico reduz-se para cinco fonemas.
Não-arredondadas Arredondadas
Altas /i/ /u/
Médias /e/ /o/ grau
Baixa /a/
Anterior Central Posterior
Fonte: Câmara Jr. , 1970, p. 34.
Em posição postônica não final, nova redução do sistema vocálico em
função do alçamento de /o/ para /u/ em palavras como pérulas e ídulos. Assim, o
sistema fica reduzido aos quatro fonemas colocados a seguir:
Não-arredondadas Arredondadas
Altas /i/ /u/
Médias /e/ /.. / grau
Baixa /a/
Anterior Central Posterior
Fonte: Câmara Jr. , 1970, p. 34.
E, em posição postônica final, ocorre a maior redução. A vogal [e] alça para [i]
como em leit[i], verd[i] e a vogal [o] alça para [u] como em bonit[u]; assim, o sistema
passa a ter apenas três vogais distintas, conforme esquema abaixo:
Não-arredondadas Arredondadas
Altas /i/ /u/
Baixa /a/
Anterior Central Posterior
Fonte: Câmara Jr. , 1970, p. 34.
27
Dentre esses sistemas, para esta pesquisa interessam as vogais médias
pretônicas, responsáveis por situações de variação em todos os dialetos do
Português Brasileiro. Em função disso, a descrição de alguns processos fonológicos
comuns às pretônicas é essencial, uma vez que os mesmos irão se interpondo
durante a análise dos dados que será realizada. São eles:
Neutralização vocálica: A neutralização é um conceito advindo da
fonologia de Praga. Entende-se por neutralização a perda de um traço
distintivo, sendo que nesse processo dois fonemas são reduzidos a
uma unidade fonológica, como se por exemplo em caf[ε]
caf[e]teira, b[ε]lo b[e]leza
3
. Nesses exemplos, o traço distintivo que
separa em duas unidades /e/ e /ε/, assim como / o/ e //, é perdido na
posição pretônica; ou seja, ocorre neutralização entre as vogais médias
de 1
º
e 2
º
graus, sendo conservadas as médias de 2
º
grau. Para Callou
e Leite (2000)
4
, a neutralização é “um processo pelo qual dois ou mais
fonemas que se opõem em determinado contexto deixam de fazê-lo em
outro.”
Harmonia vocálica: A harmonia vocálica, que também é constatada
na posição pretônica, refere-se à assimilação
5
das vogais médias
pretônicas à altura da vogal da sílaba nica imediatamente seguinte
tônica. Dessa forma, o processo da harmonia vocálica pode elevar as
vogais ( como em medida ~ midida ) ou abaixá-las (como em novεla ~
n
vεla), de acordo com a altura da vogal propulsora do processo.
Alteamento: O processo de alteamento, também chamado de
alçamento, é um fenômeno bastante comum no Português do Brasil.
Caracteriza-se pela modificação do traço [- alto] para [+ alto] nas
vogais dias pretônicas /e/ e /o/, que se realizam como vogais altas
[i] e [u] (menino ~ minino, coruja ~ curuja, tomate~tumate,
comadre~cumadre e senhora~sinhora) .
Viegas (1987a) apresenta o seguinte comentário:
3
Cf. Bisol (1996, p. 161).
4
Callou e Leite, 2006, p. 76.
5
A assimilação pode ser entendida como o processo através do qual um segmento assume um ou
mais traços de um segmento vizinho.
28
inicialmente esse fenômeno me pareceu um processo de harmonização
vocálica [assimilação do traço de altura, conforme veremos na seção 2.6]:
viludo, butina, aprindi, bunito, etc. Há, no entanto, uma série de palavras
em que o processo de alçamento não poderia ser assim explicado:
muleque, custela, cumeço, sinhora, milhor, simestre, ciroulas, etc. Outros
fatores estão, pois, influenciando o alçamento.(VIEGAS, 1987, p. 45).
A autora faz ainda a seguinte observação: “a oposição /e/ x /i/ está muitas
vezes neutralizada em posição pretônica (seria ~ siria), outras vezes estes fonemas
aparecem em oposição distintiva nesta posição: peru x piru, porção x purção.”
E, por fim, Viegas (1987, p.45) conclui que “a regra de alçamento de [e] atua
em contextos diferentes da regra de alçamento de [o]: ondular, ostensivo, mas
istava etc.”
3.2 Tendência geral da realização das vogais médias pretônicas no Português
Brasileiro
Antenor Nascentes, pautando-se na variação das vogais médias pretônicas
para explicitar diferenças dialetais, afirma:
a maior diferença entre as pronúncias [do Norte e do Sul] está nas vogais e
na entonação. A pronúncia nortista admite muitos casos de vogal aberta
antes do acento tônico. Exemplo: sétembro, mórena. Na pronúncia carioca,
assim como na sulista em geral, existem vogais abertas antes do acento
nos seguintes casos: quando se trata de diminutivos, ’zinha, pézinho,
pózinho, quando se trata de compostos, exemplo: cajá-manga, cipó-
chumbo; quando se trata de advérbios em –mente derivados de adjetivos
com vogal tônica aberta, exemplo: belamente, fortemente.
(NASCENTES,1953, p.)
6
.
A divisão dialetal da Língua Portuguesa no território brasileiro, elaborada por
Nascentes, sofreu várias críticas, porém nenhuma delas discutia o fato de o falar
nortista caracterizar-se por vogais pretônicas abertas e o sulista caracterizar-se por
vogais pretônicas fechadas.
Cardoso (1999)
7
, para reforçar a idéia de que existem diferenças regionais no
que diz respeito às pretônicas brasileiras, faz uma reunião de vários trabalhos que
6
Nascentes, 1953 citado por Yacovenco, 1993, p. 1-2.
7
Cardoso, 1999 citado por Marques, 2006, p.35.
29
abordam diversas localidades do Brasil (Amazonas, Pará, Acre, Ceará, Natal,
Paraíba, Pernambuco, Sergipe, Bahia, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo,
Paraná, Rio Grande do Sul e Mato grosso do Sul) e apresenta, como no quadro
abaixo, a tendência geral da pronúncia das vogais pretônicas /e/ e /o/ nas diversas
regiões brasileiras.
Região Estados Vogais Baixas Vogais Médias
Amazonas ε /
Pará ε / e / o
NORTE
Acre ε /
Ceará ε /
Rio Grande do Norte ε /
Paraíba ε /
Pernambuco ε /
Alagoas ε /
Sergipe ε /
NORDESTE
Bahia ε /
Minas Gerais ε / e / o
Rio de Janeiro e / o
SUDESTE
São Paulo e / o
Paraná e / o
SUL
Rio Grande do Sul e / o
CENTRO-OESTE Mato Grosso do Sul e / o
QUADRO 1 : Tendência geral da realização das vogais pretônicas /e/ e /o/ no PB
Fonte: Marques, 2006, p.36.
Assim, percebe-se que a variação das vogais médias pretônicas é um fato
lingüístico importante para a diferenciação das diversas áreas dialetais do
Português, bem como para a descrição do sistema vocálico da Língua Portuguesa
do Brasil.
3.3 Análises variacionistas sobre as vogais médias pretônicas
A variação na realização das vogais médias pretônicas desencadeou
inúmeras discussões teóricas que envolveram e envolvem diversos e importantes
teóricos.
30
Autores como Leda Bisol (1981), Viegas (1987, 2001), Callou et al. (1991),
Bortoni et al. (1992), Oliveira (1992, 2006), Yacovenco (1993), Freitas (2001),
Oliveira e Lee (2003), Lee (2006), Marques (2006), dentre outros, preocuparam-se
em descrever o fenômeno da variação das vogais médias pretônicas. Os trabalhos
desses autores, alguns expostos a seguir, possuem caráter variacionista e baseiam-
se em corpora de dados colhidos em exposições orais de informantes de
comunidades lingüísticas específicas.
Leda Bisol (1981) estudou a harmonização vocálica que atua sobre as médias
pretônicas do dialeto gaúcho, em posição interna do tipo consoante-vogal-cosoante
(CVC). A amostra utilizada foi representativa da fala popular e da fala culta, cujos 44
indivíduos eram de cinco grupos sociolingüisticamente distintos monolíngues
metropolitanos (representantes da fala popular e da fala culta, estes últimos com
nível superior); bilíngües de uma área de colonização alemã (fala popular); bilíngües
de uma área de colonização italiana (fala popular); e monolíngues de uma área de
uma área de fronteira com o Uruguai (fala popular).
A análise quantitativa realizada por Bisol (1981) revelou o uso moderado da
regra de elevação nesse dialeto, confirmando a predominância da realização
fechada das vogais médias pretônicas.
As variáveis lingüísticas que se mostraram relevantes nesse estudo foram: a
vogal alta da sílaba seguinte (perdição~pirdição, procissão~prucissão); a nasalidade,
que foi favorável ao alteamento da média anterior, mas desfavorável ao da média
posterior (acendido~acindido); as consoantes palatais, labiais e velares, cujos efeitos
se apresentaram da seguinte maneira: as palatais favoreceram o alteamento de /e/ e
/o/ na posição seguinte (melhor~milhor, sonhar~sunhar), as labiais favoreceram a
elevação da média posterior, principalmente em posição precedente
(boneca~buneca, política~pulítica), e as velares favoreceram a elevação da média
anterior tanto em posição precedente quanto seguinte (querido~quirido,
segunda~sigunda); outra variável relevante foi o caráter átono permanente da média
pretônica no paradigma derivacional, que se mostrou fator favorável à elevação das
médias (menino, meninice~minino, mininice; formiga, formigueiro~furmiga,
furmigueiro); e a presença de sufixos, especialmente -inho, -zinho e -íssimo que
funcionaram como inibidores da regra de harmonização vocálica (molinha, pezinho,
belíssimo).
31
Além dessas variáveis, os resultados de Leda Bisol (1981) também
apontaram como relevante o fator social etnia, identificando os metropolitanos como
o grupo que mais eleva as vogais médias, ainda que num índice moderado.
Em seu estudo sobre o alçamento das vogais médias pretônicas no Português
Brasileiro, Viegas (1987) investigou o fenômeno em duas regiões de Belo Horizonte.
A autora apresentou em suas conclusões regras variáveis. Como exemplo, pode-se
destacar a regra de harmonização vocálica, que aponta o fato de a presença da
vogal alta na sílaba tônica provocar o alçamento variável das vogais médias altas /e/
e /o/.
Apesar de grande parte dos exemplos favorecer a interpretação da variação
sob a ótica neogramática do condicionamento fonético, nem todos os casos
apontados pela autora puderam ser justificados sob tal perspectiva. É o caso, por
exemplo, das palavras tomate e tomada. Tomate apresentou o alçamento da vogal
média [o] para a vogal alta [u], propiciando a ocorrência t[u]mate; por outro lado, a
palavra tomada, que tem o mesmo contexto fonético, não apresentou nenhum caso
de alçamento vocálico.
A autora demonstrou ainda a relevância do fator semântico na implementação
da mudança em questão. Assim, segundo Viegas (1987), itens lexicais menos
prestigiados favoreciam a implementação da regra de alçamento das vogais médias
pretônicas. Como exemplo, cita palavras como Português (a disciplina) e purtuguês
(em “piada de purtuguês”), Sentido (ordem militar) e sintido, porção, (usado,
normalmente, em restaurantes, mas não é usual em casa, no dia-a-dia) e purção
(usado para designar muita quantidade) e ainda Peru (país, inclusive escrito com
letra maiúscula) e piru (ave) . Segundo sua hipótese, em todos os exemplos citados
os primeiros itens seriam resistentes à mudança porque carregariam elevado
prestígio social, enquanto a segunda realização possuiria caráter depreciativo.
Ampliando os estudos variacionistas sobre esse fenômeno, Bortoni et al.
(1992a) procederam à investigação do alçamento das vogais médias junto ao dialeto
emergente de Brasília. A pesquisa apontou contextos fonéticos relevantes para a
implantação da regra do alçamento vocálico. De acordo com a pesquisa, as vogais
altas [i, u] favoreciam o alçamento das vogais médias por intermédio da regra de
harmonização vocálica. No entanto, apesar de a maioria das palavras presentes no
corpus ter sido influenciada pelos fatores estruturais, ocasionando o alçamento, nem
32
todas as vogais pretônicas se elevaram. Como exemplo tem-se a palavra vestibular,
em que nunca ocorre alçamento.
Outro fator apontado por Bortoni et al. (1992a) como favorecedor da
implementação da regra do alçamento seria a presença da vogal média [e] em
sílaba pretônica inicial travada por fricativa. Tal regra justifica a realização da palavra
vestido como v[i]stido, conforme aparece no corpus coletado pelas pesquisadoras.
No entanto, a palavra vestibular, que apresenta igualmente a vogal média [e] em
sílaba pretônica inicial travada por fricativa, não é atingida pelo alçamento, e é
pronunciada pelos informantes como v[e]stibular, com a vogal média alta [e]
aparecendo de forma categórica. Sendo assim, pode-se pensar que a
implementação da mudança sonora em questão ocorre gradualmente.
Oliveira (1992b), levando em consideração dados levantados por Viegas
(1987a), propôs-se a examinar se a elevação das vogais médias pretônicas seria um
fenômeno neogramático ou de difusão lexical. O autor começou por analisar o
condicionamento fonético da regra concluída por Viegas. Para o alçamento do /o/,
considerou como ambientes favorecedores uma consoante obstruinte precedente e
uma consoante nasal seguinte. As consoantes sonorantes precedentes foram
consideradas ambientes desfavorecedores. Para o /e/, foram ambientes
favorecedores uma vogal alta seguinte, a ausência de segmento precedente quando
a sílaba pretônica é travada por alveolar fricativa ou a vogal pretônica é nasal e uma
sonorante na sílaba seguinte. Os fatores desfavorecedores foram uma obstruinte
precedente e vogal [-alta] na sílaba seguinte.
Em seguida, Oliveira (1992b) comparou duas listas de palavras: a primeira,
com palavras em que a vogal média foi categoricamente realizada no dialeto de Belo
Horizonte comício, tomada, pomar, cometa, bonina, mendigo, semente, medita,
preciso (adjetivo), sensível, etc. –, e a segunda, onde a vogal alta foi categórica
cumida, tumate, pumada, cumeço, bunito, mintira, simestre, midida, priciso (verbo),
sintia , etc. Viu que, num mesmo ambiente fonético, algumas vogais alçavam em
determinados itens, mas não alçavam em outros itens. Assim, Oliveira (1992b)
constatou a ausência de regularidade fonética e concluiu que estava diante de um
caso de Difusão Lexical: a mudança sonora é lexicalmente gradual.
33
Boa parte desses estudos confirmam a tese de Nascentes (1953a)
8
, a
respeito da divisão entre os falares do Sul e os falares do Norte. Os primeiros seriam
caracterizados pela ocorrência das médias pretônicas fechadas, e os falares do
norte seriam caracterizados pela ocorrência das médias pretônicas abertas. Outros
acreditam que existem variações em um mesmo dialeto e em uma mesma palavra.
8
Nascentes (apud , Yacovenco, 1993, p. 1-2.)
34
4 O CONTEXTO SOCIAL
4.1 A História, a Geografia e a Economia da cidade de Pará de Minas
Pará de Minas localiza-se a oeste da região central do Estado de Minas
Gerais, sendo cortada pelos rios Paraopeba, Pará e São João, pertencentes à bacia
do São Francisco. No período colonial, esses rios, bem como muitos outros,
serviram de canal de penetração para aventureiros, que vinham em busca de pedras
e metais preciosos.
A origem da atual cidade de Pa de Minas data do final do século XVII,
época em que aumentou a circulação de bandeiras na região, devido à grande
quantidade de ouro existente nas minas de Pitangui, área compreendida entre os
Rios Pará, Paraopeba e São João.
Um pequeno povoado estabeleceu-se em um ponto de pouso dos viajantes e
suas comitivas, às margens do Ribeirão Paciência. Nele se fixou o mercador
português Manuel Batista, que segundo a lenda tinha o apelido de “Pato-Fofo”, em
função de ser baixo e gordo. Manuel Batista estabeleceu-se em uma fazenda que
passou a explorar. A casa onde residiu é considerada a primeira edificação da
cidade, e hoje abriga o Museu Histórico de Pa de Minas. Em decorrência do
apelido de Manuel Batista, o lugar ficou conhecido com PATAFUFIO ou PATAFUFO,
corruptelas de “Pato Fofo”.
O marco inicial de nossa história verifica-se na ocasião da elevação de
Pitangui à categoria de Vila de Nossa Senhora da Piedade de Pitangui, em 6 de
fevereiro de 1715, uma vez que o povoado de Patafufo pertencia a Pitangui.
Afirma o historiador Teóphilo de Almeida (1959a) que a mais antiga notícia
oficial sobre o povoado aparece na Provisão Episcopal de 3 de julho de 1772,
“instituindo uma capela no lugar do Patafufio, da freguesia do Pitangui, com a
invocação que escolheram os moradores.”
De acordo com Teóphilo de Almeida (1959a), em 1800, um viajante se refere
brevemente ao arraial como um “pequeno núcleo de povoação que cuidava de
plantações e tecidos de algodão”. (ALMEIDA, 1959a, p. ). Em 1804, em Carta
Geográfica da Capitania de Minas Gerais, aparece o nome do “Arraial do Patafufio”.
35
Segundo o trabalho de Teóphilo de Almeida (1959a), os mapas paroquiais de
1826 indicam que a Vila e Freguesia de Nossa Senhora do Pilar de Pitangui
compreendia oito capelas filiais, dentre elas a de Nossa Senhora da Piedade de
Patafufo, com 314 fogos ou casas e 1.646 almas ou habitantes.
Por volta de 1823, aportou nessa região um mestre-escola, o Sr. João
Ezequiel Pereira, para ensinar as primeiras letras ao sexo masculino porque às
mulheres ensinava-se a coser, lavar, fazer rendas, etc. Em 27 de março de 1828 foi
criada a primeira escola pública do curso primário no Arraial do Patafufo, e em 27 de
julho de 1830 foi nomeado o Sr. Joaquim da Rocha Ribeiro para a função de
professor de primeiras letras.
Por Decreto Imperial de 1832, o Curato de Patafufo passou a integrar a
Paróquia de Mateus Leme, e em 1836 foi incorporado à Freguesia de Pitangui pela
Lei nº. 50, de 8 de abril. Exatamente dez anos depois, em 8 de abril de 1846, foi
criada a paróquia com a denominação de Nossa Senhora da Piedade do Patafufio,
através da Lei nº. 312.
Com a implantação do Império, o então presidente da Província de Minas
Gerais, Sr. Bernardino José de Queiroga, elevou o Arraial de Patafufio à categoria
de vila, através da Lei Provincial nº. 386, de 9 de outubro de 1848. O arraial foi
desmembrado de Pitangui e passou a compreender os distritos de Santana e
Mateus Leme. No entanto, essa promoção viria a ser cancelada em 1850, porque os
moradores não construíram, no prazo previsto, a casa da Câmara e a Cadeia,
retornando-se à situação anterior.
Satisfeitas as exigências legais, em 8 de junho de 1858, a Lei Provincial nº.
882 veio a restaurar a Vila, alterando também o seu nome para Vila do Pará, e o da
paróquia para Nossa Senhora da Piedade do Pará. A Vila do Pa foi instalada em
20 de setembro de 1859.
Em decorrência de acirradas disputas políticas entre os chamados “cascudos”
(conservadores) e “chimangos” (liberais), a Lei Provincial nº. 1889, de 15 de julho de
1872, suprimiu novamente o município do Pará, incorporando seu território ao de
Pitangui.
Dois anos depois, em 23 de dezembro de 1874, foi restabelecida novamente
a Vila do Pará, através da Lei nº. 2.081, ficando definitivamente seu território
desligado do de Pitangui. A reinstalação da Vila do Pará ocorreu em 25 de março de
1876, em sessão solene na Câmara Municipal.
36
Em 13 de novembro de 1891, pela Lei nº. 11, foi criada definitivamente a
Comarca do Pará, instalada em 7 de junho de 1892.
Em 5 de novembro de 1877, através da Lei nº. 2416, a Vila do Pará foi
elevada à categoria de cidade, sob a denominação de Cidade do Pará.
Por força da Lei nº. 806 de 22 de setembro de 1921, o município passou a
denominar-se PARÁ DE MINAS. A cidade deve seu nome ao maior rio do município,
o Pará. O topônimo pará significa, em tupi-guarani, “rio volumoso”, “o colecionador
de águas”; e a expressão de minas, que completa o nome Pará de Minas, funciona
apenas como um aditivo que serve para distinguir o município mineiro do Estado do
Pará.
Nas duas últimas décadas do século XIX, o grande marco na evolução da
cidade foi a construção do Hospital Nossa Senhora da Conceição do Pará,
inaugurado em janeiro de 1885. Conforme Almeida (1959a, p.), época
9
indicava que
“a única riqueza do município era a atividade agropecuária e algum comércio, mas
havia na cidade, desde 1864, um médico.”
O final do século XIX e início do século XX foram palcos de importante
processo modernizador do município. É de 1893 o surgimento do serviço de
iluminação pública. Nesse processo, a indústria têxtil ocupa posição destacada.
Outro setor industrial importante para a vida da cidade teve seu início em 1927,
quando foi estabelecida a primeira fábrica de laticínios.
O progresso alcançava também os serviços de comunicação e transportes. O
telégrafo chegou a Pará de Minas em 1909, enquanto a ferrovia alcançou essa
cidade em 1912.
Segundo Ana Maria Campos, historiadora e funcionária do museu de Pade
Minas, em meados do século XX, a cidade assistia à moderna residência do
Governador do Estado, Benedito Valadares, ficar pronta na atual avenida
Presidente Vargas –, assim como à Praça de Esportes, à Fábrica-Escola Benjamim
Ferreira Guimarães no local onde, atualmente, é a Cooperativa Mista
Agroindustrial dos Produtores Rurais de Pará de Minas, Coopará e ao grandioso
prédio do Ginásio São Francisco – atual Escola Estadual Fernando Otávio. No
centro, a Maternidade Odete Valadares também era concluída. Em Belo Horizonte, o
conjunto arquitetônico da Pampulha era inaugurado com grande repercussão. O
clima construtivo imperava. O mundo comemorava o término da Segunda Grande
9
Citado em Teóphilo de Almeida, 1959.
37
Guerra, enquanto no Brasil Getúlio Vargas era deposto da Presidência em outubro
de 1945, possibilitando a redemocratização do País. Foi esse ambiente de otimismo
que criou as condições favoráveis para a expansão da cidade de Pará de Minas.
Pará de Minas, com relação à economia, é bastante eclética. rios setores
mantêm a da cidade como, por exemplo, o setor xtil, as indústrias de
transformação, siderúrgicas e o abate de aves.
A cidade pode ser acessada por duas rodovias federais que convergem
diretamente para ela: a BR-352 (Abaeté / Martinho Campos / Pitangui / Pará de
Minas ) e a BR- 262, que liga Belo Horizonte ao Triângulo Mineiro. As rodovias
estaduais que se dirigem diretamente à cidade são a MG-431 e a LMG-818.
Com uma extensão de 582 km
2
, sendo 60 km
2
de área urbana e 522 km
2
de
área rural, Pará de Minas é dividida em seis distritos (Córrego do Barro, Carioca,
Ascensão, Torneiros, Bom Jesus do Pará e Tavares de Minas), vinte povoados
(Trindade, Floresta, Muquém, Costas, Matinha, Mata dos Pimentas, Paivas, Bom
Sucesso, Sobrado, Caetano Preto, Palmital, Meireles, Braz Correia, Penhas, Limas,
Córrego das Pedras, Aparição, Guardas, Ponte de Tábua e Paraíso) e cinqüenta e
seis bairros, conforme mapa abaixo:
FIGURA 1 – Mapa dos bairros da cidade de Pará de Minas
Fonte: Lista SABE 2007
38
Conforme os dados que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísitica
(IBGE) expõe no último censo, Pará de Minas tem uma população de 79.852
habitantes, sendo 73.007 habitantes da área urbana e 6.845 da área rural.
Caracterizando esta comunidade quanto ao sexo, 49,08% da população é masculina
e 50,92% é feminina, sendo 21.698 homens residentes e com rendimento e 16.120
mulheres residentes e com rendimento.
Quanto à faixa etária, a maior parte da população de Pará de Minas é
composta por pessoas que possuem de 20 a 50 anos, totalizando 33.963 habitantes.
Em seguida aparecem 27.761 crianças e adolescente de 0 a 20 anos e um terceiro
grupo reúne 11.383 pessoas residentes com mais de 50 anos.
Quanto à escolaridade são 28.624 matriculados no ensino fundamental, 7.258
no ensino médio e 1.845 no ensino superior. E ainda, 59.495 pessoas têm mais de
10 anos de idade, 3.041 são pessoas sem instrução e/ou com menos de um ano de
estudo, 10.035 pessoas têm o rendimento de um salário mínimo, 26.019 de dois a
dez salários mínimos, 1.209 de dez a vinte salários e apenas 555 recebem mais de
vinte salários.
No período 1991-2000, o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal
(IDH-M) de Pará de Minas cresceu 11,4%, passando de 0,728 em 1991 para 0,811
em 2000. O fator que mais contribuiu para esse crescimento foi a educação, com
índice de 39,5% de crescimento, seguido pela longevidade, com índice de 35,9%, e
depois pela renda, com índice de 24,6%. Segundo a classificação do Programa das
Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), o município está entre as regiões
consideradas de alto Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) maior que 0,8).
Comparativamente com outros municípios do Brasil, Pará de Minas apresenta uma
posição de destaque no ranking dos municípios: ocupa a 356ª posição, sendo que
5.151 municípios (93,6%) estão em situação pior ou igual a Pará de Minas, e
somente 355 municípios (6,4%) estão em melhor situação. Comparativamente a
outros municípios do Estado, Pará de Minas ocupa a 23ª posição, sendo que 22
municípios (2,6%) estão em situação melhor e 830 municípios (97,4%) estão em
situação pior ou igual.
39
4.2 As áreas selecionadas e seus informantes
Partindo de estudos, conversas com historiadores e observação empírica a
respeito da formação dos bairros de Pade Minas, foi delimitada a área central da
cidade para a coleta dos dados que serviram de base para esta pesquisa.
Os dados históricos revelam que a região central, além de mais prestigiada, é
a mais antiga da cidade e mantém um caráter principalmente lingüístico
tradicionalista e conservador. Com base em tais informações, e tentando identificar
os informantes mais característicos, foram selecionados para a coleta de dados os
bairros Centro, Nossa Senhora de Lourdes, Antigo Segredo, Coração de Jesus,
Várzea e Nossa Senhora das Graças.
Todos esses bairros, como mencionado, são de formação antiga: o bairro
Várzea, por exemplo, teve sua formação com a chegada do transporte ferroviário em
1912, e o bairro Nossa Senhora das Graças expandiu-se com a construção das
fábricas de tecidos em 1940, sendo habitado, principalmente, por operários.
Afirma a historiadora Ana Maria Campos que
a regulação do trabalho em 1943, instituída por Getúlio Vargas, atraiu os
trabalhadores para o emprego formal e a migração do campo para a cidade
acentuou-se. Buscavam o trabalho nas três fábricas de tecido de Pará de
Minas (CAMPOS, XXXX, ).
Nos bairros selecionados, vê-se o predomínio de construções residenciais
antigas, exceto no Centro, onde predominam prédios e um comércio desenvolvido e
diversificado.
Entre os habitantes das áreas delimitadas selecionaram-se 36 informantes.
Na seleção dos informantes, foram consideradas as variáveis Sexo, Idade,
Escolaridade e Classe Social.
Algumas dificuldades foram encontradas durante a realização desta pesquisa.
Uma delas foi achar informantes com menos de 50 anos, analfabetos e de classe
média, por isso apenas 33 células foram preenchidas. Outra dificuldade encontrada
foi fazer algumas gravações com mais de quarenta minutos cada. Em duas
entrevistas isso não foi possível, assim foram necessários dois informantes numa
mesma célula.
40
O quadro abaixo apresenta os informantes que constituíram a amostragem
utilizada neste trabalho.
1.Indivíduo 2. Sexo 3. Faixa Etária 4. Escolaridade 5. Classe Social
A Masculino Até 25 anos Ensino médio Média
B Feminino Até 25 anos Ensino médio Média
C Masculino Até 25 anos Ensino Superior Média
D Feminino Até 25 anos Ensino Superior Média
E Masculino Até 25 anos Analfabeto Trabalhadora
F Feminino Até 25 anos Analfabeto Trabalhadora
G Masculino Até 25 anos Ensino médio Trabalhadora
H Masculino Até 25 anos Ensino médio Trabalhadora
I Feminino Até 25 anos Ensino médio Trabalhadora
J Masculino Até 25 anos Ensino Superior Trabalhadora
K Feminino Até 25 anos Ensino Superior Trabalhadora
L Feminino De 30 a 50 anos Analfabeto Média
M Masculino De 30 a 50 anos Ensino médio Média
N Feminino De 30 a 50 anos Ensino médio Média
O Masculino De 30 a 50 anos Ensino Superior Média
P Masculino De 30 a 50 anos Ensino Superior Média
Q Feminino De 30 a 50 anos Ensino Superior Média
R Masculino De 30 a 50 anos Analfabeto Trabalhadora
S Feminino De 30 a 50 anos Analfabeto Trabalhadora
T Masculino De 30 a 50 anos Ensino médio Trabalhadora
U Feminino De 30 a 50 anos Ensino médio Trabalhadora
V Masculino De 30 a 50 anos Ensino Superior Trabalhadora
X Feminino De 30 a 50 anos Ensino Superior Trabalhadora
Z Masculino Acima de 60 anos Analfabeto Média
Y Feminino Acima de 60 anos Analfabeto Média
W Masculino Acima de 60 anos Ensino médio Média
1 Feminino Acima de 60 anos Ensino médio Média
2 Masculino Acima de 60 anos Ensino Superior Média
3 Feminino Acima de 60 anos Ensino Superior Média
4 Masculino Acima de 60 anos Analfabeto Trabalhadora
5 Feminino Acima de 60 anos Analfabeto Trabalhadora
6 Masculino Acima de 60 anos Ensino médio Trabalhadora
7 Feminino Acima de 60 anos Ensino médio Trabalhadora
8 Masculino Acima de 60 anos Ensino Superior Trabalhadora
9 Feminino Acima de 60 anos Ensino Superior Trabalhadora
QUADRO 2 : Os informantes selecionados
Busquei, com este capítulo, fornecer uma visão geral da comunidade
lingüística em que esta pesquisa realizou-se.
41
5 METODOLOGIA
5.1 O modelo teórico- metodológico da Sociolingüística
“[...] o modelo teórico-metodológico da
sociolingüística parte do objeto bruto, não polido, não
aromatizado artificialmente.” (TARALLO, l985a, p.
18).
O objeto da Sociolingüística, de maneira simplificada, é o estudo da língua
falada, observada, descrita e analisada em situações reais de uso.
Encarada como uma subárea da Lingüística que estuda as línguas no interior
da comunidade de fala, a Sociolingüística realiza em sua investigação uma
correlação entre aspectos do sistema lingüístico e aspectos do sistema social,
focalizando a variação lingüística, entendida como um princípio geral e universal das
línguas, expostas às descrições e análises.
Dois parâmetros sicos descrevem as variedades lingüísticas: a variação
geográfica ou diatópica e a variação social ou diastrática. A variação geográfica ou
diatópica está relacionada às diferenças lingüísticas distribuídas no espaço físico,
observáveis entre falantes de origens geográficas distintas. A variação social ou
diastrática, por sua vez, relaciona-se a um conjunto de fatores têm a ver com a
referentes à identidade dos falantes e também à organização sociocultural da
comunidade de fala.
É possível identificar variáveis internas e externas à língua. As variáveis
internas à língua incluem os fatores fono-morfo-sintáticos, os semânticos, os
discursivos e os lexicais; e as variáveis externas incluem os fatores inerentes ao
indivíduo (como sexo, idade e etnia), os fatores sócio-geográficos (como região,
escolaridade, renda, profissão e classe social) e os fatores contextuais (como o grau
de formalidade da situação de uso da língua).
A Sociolingüística oferece diferentes modelos teórico-metodológicos para a
análise da variação e das mudanças lingüísticas. Entre eles está o modelo da Teoria
Quantitativa da Variação ou Sociolingüística Quantitativa, proposto por Labov, em
42
1966. A presente pesquisa baseia-se na Teoria da Variação para analisar as
possibilidades de realização das vogais médias pretônicas.
O estudo das vogais médias pretônicas mostrou que três processos que
podem atuar sobre a realização desses fonemas: (a) o processo de abaixamento,
que produz as vogais [ε] e []; (b) o processo de manutenção, que acarreta [e] e [o]
e (c) o processo de alteamento, que faz com que as vogais realizem-se como [i] e
[u].
Sendo o presente trabalho de base Sociolingüística, é meu objetivo
determinar em que condições ocorrem as diversas realizações de (e) e (o), isto é,
pretendo estabelecer quais são os fatores lingüísticos e sociais que determinam a
ocorrência das variações das vogais dias pretônicas no Português Brasileiro de
Pará de Minas.
5.2 A coleta e seleção dos dados
A escolha dos informantes para esta pesquisa foi baseada nos seguintes
critérios:
a) ser pessoa nascida na cidade de Pará de Minas, dela moradora da cidade
de Pará de Minas ou nela residente desde criança, e pelo menos vinte
anos, considerando-se esse tempo o suficiente para a adoção de uma língua
local;
b) ser pessoa residente na área central de Pará de Minas, em um dos
seguintes bairros: Nossa Senhora de Lourdes, Segredo, Centro, Tabatinga,
Várzea e Nossa Senhora das Graças;
c) estar na faixa etária jovem ou adulta;
d) estar disposto a realizar entrevista gravada.
Foi usada a técnica de entrevistas gravadas individualmente, pois segundo
Labov (1972a, p.209)
10
, “o único meio para obter dados bons e suficientes a respeito
10
“[...] The only way to obtain sufficient good data on the speech of any one person is through an
individual, tape-recorded interview: that is though the most obvious kind of systematic observation”.
No texto em português, tradução nossa.
43
da fala de uma pessoa é através da entrevista gravada individualmente: esse é o
tipo mais óbvio de observação sistemática.”
As entrevistas, que constituem a fonte de dados deste trabalho, foram
realizadas nas residências dos informantes ou no seu local de trabalho. Na maioria
das vezes, foram marcadas previamente, havendo, dessa forma, um contato prévio
com o informante, porém, em algumas ocasiões foram realizadas no primeiro
contato, quando este se dava de forma amigável e o informante concordava ou
mesmo sugeria a realização da entrevista naquele momento. //
Realizadas em forma de perguntas, as entrevistas basearam-se em assuntos
do cotidiano dos informantes, como a sua infância, histórias pessoais, relatos sobre
a cidade, vida social, opiniões políticas, profissão, lazer, religião e sonhos, sempre
objetivando provocar um estilo de fala espontâneo. Os assuntos não foram
exatamente os mesmos para todos os informantes, pois almejando descontração,
quando eu notava a predileção por determinado assunto, esse tópico era mais
explorado. Em alguns casos, parte da entrevista ocorreu em linguagem mais tensa,
própria da situação de entrevista gravada, ou seja, as pessoas conversavam um
pouco constrangidas, sem desenvoltura, pois a entrevista, por mais que eu tenha
buscado deixar o informante à vontade, não perdia, para este, o caráter de
formalidade.
Trinta e três informantes participaram do “acervo de informações para fins de
confirmação ou rejeição de hipóteses antigas sobre a língua” (TARALLO, 1986b, p.),
estratificadamente distribuídos por sexo, faixa etária, escolaridade e classe social,
como mostra o quadro abaixo:
44
Células Sexo Idade Classe Social Escolaridade (1)
Analfabeto (1)
Ensino Médio (1)
Classe Baixa
(3)
Ensino Superior (1)
Analfabeto (1)
Ensino Médio (1)
Idade <25 anos
(6)
Classe Média
(3)
Ensino Superior (1)
Analfabeto (1)
Ensino Médio (1)
Classe Baixa
(3)
Ensino Superior (1)
Analfabeto (1)
Ensino Médio (1)
Idade 30-50
(6)
Classe Média
(3)
Ensino Superior (1)
Analfabeto (1)
Ensino Médio (1)
Classe Baixa
(3)
Ensino Superior (1)
Analfabeto (1)
Ensino Médio (1)
Sexo Masculino
(18)
Idade >60 anos
(6)
Classe Média
(3)
Ensino Superior (1)
Analfabeto (1)
Ensino Médio (1)
Classe Baixa
(3)
Ensino Superior (1)
Analfabeto (1)
Ensino Médio (1)
Idade <25 anos
(6)
Classe Média
(3)
Ensino Superior (1)
Analfabeto (1)
Ensino Médio (1)
Classe Baixa
(3)
Ensino Superior (1)
Analfabeto (1)
Ensino Médio (1)
Idade 30-50
(6)
Classe Média
(3)
Ensino Superior (1)
Analfabeto (1)
Ensino Médio (1)
Classe Baixa
(3)
Ensino Superior (1)
Analfabeto (1)
Ensino Médio (1)
Células (36)
Sexo Feminino (18)
Idade >60 anos
(6)
Classe Média
(3)
Ensino Superior (1)
QUADRO 3 : Grupo de informantes inicialmente proposto para este estudo
Pode-se notar que o grupo de indivíduos, inicialmente, propôs-se proposto
para este estudo previa 36 informantes socialmente estratificados, mas critérios de
seleção não preenchidos, correspondentes às faixas etárias de menos de 25 anos e
de 30 a 50 anos, com informantes da classe média e analfabetos, reduziram a
quantidade para 33 informantes, como mostra o quadro 4 :
45
Células Sexo Idade Classe Social Escolaridade (1)
Analfabeto (1)
Ensino Médio (1)
Classe Baixa
(3)
Ensino Superior (1)
Analfabeto (0)
Ensino Médio (1)
Idade <25 anos
(5)
Classe Média
(2)
Ensino Superior (1)
Analfabeto (1)
Ensino Médio (1)
Classe Baixa
(3)
Ensino Superior (1)
Analfabeto (0)
Ensino Médio (1)
Idade 30-50
(5)
Classe Média
(2)
Ensino Superior (1)
Analfabeto (1)
Ensino Médio (1)
Classe Baixa
(3)
Ensino Superior (1)
Analfabeto (1)
Ensino Médio (1)
Sexo Masculino
(16)
Idade >60 anos
(6)
Classe Média
(3)
Ensino Superior (1)
Analfabeto (1)
Ensino Médio (1)
Classe Baixa
(3)
Ensino Superior (1)
Analfabeto (0)
Ensino Médio (1)
Idade <25 anos
(5)
Classe Média
(2)
Ensino Superior (1)
Analfabeto (1)
Ensino Médio (1)
Classe Baixa
(3)
Ensino Superior (1)
Analfabeto (1)
Ensino Médio (1)
Idade 30-50
(6)
Classe Média
(3)
Ensino Superior (1)
Analfabeto (1)
Ensino Médio (1)
Classe Baixa
(3)
Ensino Superior (1)
Analfabeto (1)
Ensino Médio (1)
Células (33)
Sexo Feminino (17)
Idade >60 anos
(6)
Classe Média
(3)
Ensino Superior (1)
QUADRO 4 : Grupo de informantes reais para este estudo
As entrevistas, algumas gravadas com um pen-drive gravador, outras
utilizando um gravador Panasonic RN 202, coletadas no período de dezembro de
2006 a maio de 2007, variaram de 30 a 40 minutos. Foram transcritas
ortograficamente e ouvidas pelo menos três vezes. Em uma primeira e segunda
audição, foram levantados todos os itens que continham uma vogal dia pretônica
(e) ou (o). No caso de um determinado item ocorrer mais de uma vez, a produção foi
analisada e codificada mais de uma vez (essas codificações serão melhor descritas
46
na seção 5.3.1). Uma terceira volta às entrevistas gravadas foi necessária para que
se fizesse a classificação do estilo de fala (formal versus informal) dos diversos itens
selecionados. De cada informante foram selecionadas, aproximadamente,
quinhentas ocorrências de vogais dias pretônicas, o que totalizou um corpus de
17.188 dados.
5.3 O tratamento dos dados
O pressuposto básico do estudo da variação é o princípio de que a
heterogeneidade lingüística não é aleatória, mas regulada por um conjunto de regras
variáveis. Essas regras variáveis podem ser internas ao sistema lingüístico ou
externas a ele. No primeiro caso estão as regras que envolvem fatores de natureza
estrutural, inerentes à própria composição da língua; no segundo caso estão
condições de ordem social ou geográfica, por exemplo.
A Sociolingüística Variacionista utiliza técnicas de análise quantitativa que
evidenciam a importância dos contextos sociais e lingüísticos na variação. O modelo
teórico-metodológico, partindo da freqüência dos dados coletados, extrai
regularidades e tendências, e fornece a probabilidade de uma determinada variante
lingüística específica no caso desta pesquisa, as alterações relativas às vogais
médias pretônicas – ocorrer em determinadas situações lingüísticas. Segundo Labov
(1994c, p. 25), “a teoria da probabilidade para os dados, permite-nos extrair
regularidades mais gerais que controlam a variação em uma comunidade.”
11
Assim, utilizo neste estudo o modelo teórico-metodológico proposto por
William Labov, rotulado por alguns de “sociolingüística quantitativa”, por operar com
números e dar um tratamento estatístico aos dados coletados. Trata-se, portanto, de
um trabalho lingüístico de probabilidade, com uma perspectiva difusionista pautada
na investigação do comportamento do indivíduo e também na composição do item
léxico.
11
“[...] probability theory to the data allows us to extract higher-order regularities that govern variation
in the community”. No texto em português, tradução nossa.
47
5.3.1 O material lingüístico e as codificações
Como mencionado, as gravações foram transcritas ortograficamente. Num
segundo momento, foram selecionados os itens que possuíam vogal média
pretônica, e, posteriormente, esses itens foram codificados de acordo com os
ambientes fonológicos, morfológicos e sociais que atuavam sobre eles,
coerentemente com o caráter variacionista desta pesquisa.
Uma análise variacionista permite identificar a relação entre a produção de
uma variante associada probabilisticamente a algum fator lingüístico ou social. A
variação é, a priori, um processo motivado por um conjunto de fatores identificáveis
estatisticamente e, portanto, não é aleatório. A variável sociolingüística é, por sua
vez, dependente de outras variáveis e é, por isso, chamada variável dependente. As
variáveis que influenciam a variável dependente são chamadas de variáveis
independentes.
5.3.1.1 Variáveis dependentes
As variáveis dependentes são as vogais médias pretônicas (e) e (o).
Conforme observado, as vogais médias (e) e (o) têm um comportamento
variável, apresentando as formas variantes [e] e [o] (identificadas como manutenção
das dias), [i] e [u] (identificadas como alteamento), e [ε] e [] (identificadas como
abaixamento). Foram levantados os seguintes casos:
a) na série das vogais anteriores, em que a variável dependente é a vogal
média pretônica (e), ocorrem as seguintes variantes:
[ε] abaixamento [e] manutenção [i] alteamento
P[ε]reba s[e]cr[e]taria m[i]nino
b) na série das vogais posteriores, em que a variável dependente é a vogal
média pretônica (o), ocorrem as seguintes variantes:
[ ] abaixamento
[o] manutenção [u] alteamento
c[ ]légio
[o]itenta c[u]nversa
48
5.3.1.2 Variáveis independentes
As variáveis independentes podem ser caracterizadas como grupos de fatores
que atuam sobre as variáveis dependentes. As variáveis independentes são de dois
tipos: estruturais e não estruturais.
5.3.1.2.1 Variáveis estruturais
São elas:
Nasalidade;
Atonicidade;
Vogal tônica - Posição;
Vogal tônica – Altura;
Vogal tônica – Nasalidade;
Estrutura da sílaba;
Presença de onset;
Distância da vogal tônica;
Contexto precedente;
Contexto precedente – Ponto 1;
Contexto precedente – Ponto 2;
Contexto precedente – Modo;
Estado da glote do segmento precedente;
Contexto seguinte;
Contexto seguinte – Ponto 1;
Contexto seguinte – Ponto 2;
Contexto seguinte – Modo;
Estado da glote do segmento seguinte;
Classe da palavra.
A seleção dessas variáveis estruturais, utilizadas como possíveis
condicionadores do alçamento, foi delimitada tomando-se como suporte outros
estudos sobre esse mesmo assunto, já desenvolvidos anteriormente.
49
O exposto abaixo demonstra os grupos de fatores considerados como
variáveis estruturais e alguns exemplos pertencentes a cada grupo.
a) Nasalidade
O primeiro grupo de fatores diz respeito às vogais nasais e orais a serem
estudadas, pois através de observações anteriores, pode-se verificar que as vogais
têm comportamentos diferentes conforme sua nasalidade. Pode-se notar, por
exemplo, que as vogais nasais, em posição inicial, podem tender à manutenção ou
alteamento. Assim, é importante saber se o segmento é nasal ou oral.
Exemplos
Vogais pretônicas
Nasalidade
/e/ /o/
Oral Escola Colégio
Nasal Vendia Consórcio
b) A Atonicidade
Este grupo de fatores analisa a importância de, no processo derivacional, a
vogal média permanecer átona ou adquirir atonicidade. Dessa forma, foram criados
os seguintes fatores:
Exemplos
Vogais pretônicas
Atonicidade
/e/ /o/
Átona permanente Moto
Átona secundária Pezinho MotoCross
Verbo Chegava Coloca
c) A vogal tônica
Através desse grupo pode-se observar a influência de cada tipo de vogal
tônica alta, média e baixa sobre uma seqüência de vogais. Em seus estudos, Bisol
(1981a) aponta o seguinte: “a tonicidade, embora se apresente como fator favorável
50
não é um requisito da regra, pois ficou claramente posto que a vogal alta não
imediata não exerce influência sobre a vogal média.” (BISOL, 1981, p. 114).
Para Bisol (1981, p.115), “é natural a regra de assimilação que atinge sons
vizinhos e não natural a que pula uma sílaba para afetar terceiras”. Essa
constatação explica a ocorrência de mentira ~ mintira e a não-ocorrência do
alteamento no caso de nostalgia ~ * nustalgia.
Os fatores a serem pesquisados de forma relacionada com a vogal tônica são
os seguintes:
Exemplos
Vogal pretônica
Vogal tônica
/e/ /o/
Anterior menino Biblioteca
Central Fernanda Namorada
Posição
Posterior professora Procura
Alta menino Procura
Média Fernanda Namorada
Altura
Baixa remédio Colega
Oral escola Namorar
Nasalidade
Nasal Fernanda Rosana
Supõe-se que esse grupo de fatores relaciona-se intimamente com as
variáveis dependentes, isto é, a vogal tônica alta deve influenciar o alteamento; a
vogal tônica baixa pode atuar sobre o abaixamento, assim como inibir a de elevação;
e a vogal tônica média, por sua vez, pode estar relacionada à manutenção.
d) A estrutura da sílaba
Os fatores deste grupo são apresentados a seguir:
51
Exemplos
Vogal pretônica
Estrutura da sílaba
/e/ /o/
Aberta Geometria Otávio
Travamento
Travada Estágio Português
Com onset
Menino
Vontade
Onset Sem onset
escola Hospital
Assim como apresentado por Viegas (1987, p. 60), com esta codificação é
possível obter a análise do travamento da nasal de forma diferenciada do
travamento por fricativa. A vogal nasal – ou, em outras palavras, a sílaba travada por
nasal parece ter um comportamento diferente da vogal passível de nasalização
(seguida de consoante nasal na sílaba consecutiva) com relação ao alçamento, que
se observa por exemplo no par pomada ~ pumada.
e) A distância da vogal tônica
Como esta pesquisa analisa o comportamento das vogais em posição anterior
ao acento, a vogal tônica se apresenta como um elemento relevante na análise, uma
vez que é o referencial para a determinação da vogal sob exame.
Com esse grupo pretendo observar a influência da contigüidade da vogal
pretônica em relação à tônica. As distâncias examinadas entre a pretônica e a tônica
foram codificadas como no quadro apresentado a seguir. Para uma melhor
identificação da distância relativa, a tônica foi assinalada com o negrito e a pretônica
focalizada foi destacada com o sublinhado.
Exemplos
Vogais pretônicas
Distância
/e/ /o/
Distância 1
Centenário Consoante
Distância 2
Centenário Consoante
Distância 3
Desenvolvimento Colonização
Distância 4
Desenvolvimento Colonização
A distância 1 marca a posição mais próxima entre a vogal pretônica e a
tônica, isto é, entre as duas vogais não existe outra sílaba; a distância 2 apresenta
uma sílaba separando a vogal pretônica da acentuada; a distância 3 apresenta duas
52
sílabas afastando a vogal pretônica da tônica; e na distância 4 a separação é de três
sílabas entre as vogais.
f) Contexto precedente
Os segmentos adjacentes ao fenômeno observado são indispensáveis para a
análise da atuação do ambiente fonético. Para os neogramáticos, faz-se importante
analisar o papel do ambiente fonético na variação das vogais médias pretônicas,
investigando na atuação do fenômeno a possibilidade de sua participação e a
possível interferência de cada segmento que precede e de cada segmento que
sucede a vogal sob exame.
Conforme demonstrado em estudos anteriores como, por exemplo, em Bisol
(1981), Callou e Leite (1986b), Viegas (1987), entre outros, a atuação das
consoantes precedentes é relevante no comportamento das vogais pretônicas, uma
vez que cria condições diferenciadas quanto ao modo e ao ponto de articulação. O
quadro abaixo mostra as várias possibilidades relacionadas ao modo e ao ponto de
articulação das consoantes que antecedem as vogais pretônicas:.
53
Exemplos
Vogal pretônica
Contexto Precedente
/e/ /o/
Vogal poedeira Preocupar
Consoante Depois Eleitoral
Pausa Exemplo Horizonte
Contexto precedente
Semivogal
Maioria
Anterior Semana Adolescência
Posterior Geralmente Gostar
Vogal
Preocupar
Semivogal
Maioria
Contexto precedente
Ponto 1
Pausa
Exemplo Horizonte
Coronal Federal Professora
Não coronal Federal Convivência
Pausa Exemplo Horizonte
Vogal
Preocupar
Contexto precedente
Ponto 2
Semivogal
Maioria
Vogal
Preocupar
Semivogal
Maioria
Pausa Exemplo Horizonte
Oclusiva Pessoal Gostava
Fricativa Gerente Solidão
Lateral Televisão Psicologia
Nasal Mensagem Remoção
Contexto precedente
Modo
Tepe Revisão Professora
No Português Brasileiro, as consoantes oclusivas (cujo modo é produzido
com uma interrupção total da passagem da corrente de ar egressa dos pulmões e
uma liberação brusca dessa corrente) são as bilabiais /p/ e /b/, alveolares /t/ e /d/ e
velares /k/ e /g/. As fricativas (cujo modo de articulação é aquele ocasionado por
uma obstrução parcial da corrente de ar e uma liberação do ar pelo centro da boca,
havendo uma leve fricção) são as labiodentais /v/ e /f/, as alveolares /s/ e /z/, as
alveopalatais /s/ e /z/ e a glotal /h/. A lateral alveolar (em que a corrente de ar
parcialmente impedida é expelida pela parte lateral da boca, que a ngua se
posiciona no centro, impossibilitando que o ar tenha essa saída) é a consoante / λ /.
As nasais (em que a corrente de ar é totalmente obstruída na boca e liberada nas
fossas nasais, sendo bruscamente liberada na boca) são a nasal bilabial /m/ e a
54
nasal alveolar /n/. Por fim aparece o tepe /r/ (que tem uma rápida obstrução da
passagem da corrente de ar através da boca).
g) O estado da glote
Nesse grupo dois fatores, vozeado e desvozeado, que serão considerados
como possíveis influenciadores na modificação dos sons subseqüentes. Quando o
estado da glote é vozeado (ou sonoro) as cordas vocais vibram durante a produção
do som; quando o estado da glote é desvozeado (ou surdo) não há vibração das
cordas vocais.
Assim, considera-se a presença ou ausência de vibração na glote no som
imediatamente precedente à vogal pretônica. Têm-se, então, os seguintes casos:
Exemplos
Vogais pretônicas
Estado da glote
/e/ /o/
Surdo chegar Português
Sonoro dezenove Gostar
Contexto
precedente
Pausa
exemplo Horizonte
Surdo terceiro Professores
Contexto seguinte
Sonoro Leandro Psicologia
h) O contexto seguinte
A consideração quanto ao tipo de consoante que ocorre posteriormente a um
fonema é indispensável, não no presente caso, mas em qualquer investigação
lingüística que focaliza um objeto fonológico.
As consoantes que se seguem às vogais médias pretônicas foram definidas
com os mesmos fatores estabelecidos para a consoante antecedente,
acrescentando-se ao grupo a nasal palatal //. Assim, tem-se:
55
Exemplos
Vogal pretônica
Contexto Seguinte
/e/ /o/
Vogal Leandro Toalha
Consoante Depois Concurso
Contexto seguinte
Semivogal
feioso Oitava
Anterior Pedal Tomar
Posterior Serrana Português
Vogal Leandro Toalha
Contexto seguinte
Ponto 1
Semivogal
Oitava
Coronal Dezenove Gostar
Não coronal Ferreira Preocupar
Vogal Leandro Toalha
Contexto seguinte
Ponto 2
Semivogal
Oitava
Vogal Leandro Toalha
Semivogal
Oitava
Oclusiva Chegar Trocar
Fricativa Terceira Gostei
Lateral Televisão Adolescência
Nasal arremessada Comigo
Contexto seguinte
Modo
Tepe experiências Horizonte
i) A classe da palavra
Para examinar de forma ampla o efeito do componente morfológico sobre o
comportamento das vogais médias pretônicas, foram definidos os seguintes fatores
para a variável “classe de palavra”:
Exemplos
Vogais pretônicas
Classe morfossintática
/e/ /o/
Nominal gerente Solidão
Verbal chegar Conversar
Outros enquanto Porque
Prefixos Reeleito Cooperativa
5.3.1.2.2 Variáveis não estruturais
A Teoria Sociolingüística Variacionista entende que a análise de uma
determinada língua deve partir do princípio de que o sistema lingüístico não é
uniforme, existindo, portanto, fatores de diversas ordens intervenientes na produção,
56
como diferença de sexo, faixa etária, escolaridade, classe social e grau de
formalidade do discurso. Esses fatores são entendidos como variáveis não
estruturais, uma vez que são externos à própria estrutura da língua. Dentre essas
variáveis, aquelas de caráter eminentemente social (como sexo, idade,
escolaridade e classe social) e uma variável de caráter individual (estilo).
Nesta pesquisa foram isolados grupos de fatores não estruturais que se
mostram relevantes no contexto da cidade de Pará de Minas.
São eles:
1- indivíduo (número de informantes);
2- sexo (masculino e feminino);
3- faixa etária (< 25 anos, 30 a 50 anos, > 60anos );
4- escolaridade (analfabeto, ensino médio, ensino superior);
5- classe social (classe média, classe baixa);
6- estilo (formal, informal).
Cada um desses fatores possui sua especificidade.
O grupo de fatores masculino e feminino reflete diferenças fonéticas e
fonológicas que poderiam ocorrer mais freqüentemente ligadas a determinado sexo.
Os fatores relativos à variável “faixa etária” procuram evidenciar a evolução de
um determinado fenômeno lingüístico ao longo do tempo. Para Tarallo (1986b, p. 47)
“o fator faixa etária é de extrema importância”, [pois] “se o uso da variante
mais inovadora for mais freqüente entre os jovens, decrescendo conforme a
idade dos outros informantes, você terá presenciado uma situação de
mudança em progresso”.
12
Também para Labov (1972a) a mudança lingüística origina-se em um grupo
da comunidade de fala, em seguida se espalha para os outros membros desse
grupo e, assim, é levada adiante por gerações sucessivas. Estudos feitos por Labov
sobre a pronúncia retroflexa do /r/ pós-vocábulo em Nova Iorque e em Martha’s
Vineyard, Massachussets (EUA) (1966d), e outros sobre a centralização dos
ditongos /ay/ e /aw/ (1963e) evidenciam a tendência dos mais jovens em privilegiar
as pronúncias mais inovadoras, enquanto os mais velhos tendem a utilizar mais as
12
Em casos de mudanças em progresso, uma das formas variantes tende a desaparecer e é
substituída por outra ou outras ao longo do tempo.
57
formas conservadoras. Assim, a comparação da linguagem de pessoas de
diferentes idades pode revelar diferentes estágios de uma língua, como afirma
Labov (1972a) .
Neste estudo, os informantes são divididos em três grupos: (a) os jovens,
entendidos como aqueles que possuem menos de vinte e cinco anos; (b) a faixa
etária intermediária, que compreende os falantes entre trinta a cinqüenta anos; e por
fim, (c) o grupo dos idosos, que compreende pessoas com idade superior a sessenta
anos. Espero aqui, através do comportamento da variável em cada faixa etária,
indicar se o fenômeno é estável ou se está em processo de mudança.
O fator escolaridade, segundo Kemps (1981), revela-se como um poderoso
condicionante na escolha de variantes lingüísticas. Trabalhos sociolingüísticos
confirmam a grande tendência observada de que falantes de nível universitário
apliquem mais as formas padrão do que os falantes de outros níveis escolares.
Neste trabalho, a variável relativa ao nível de escolaridade foi dividida em três níveis:
analfabeto, ensino médio e ensino superior.
Devo salientar que a variável “escolaridade” foi responsável pelo não
preenchimento de três células. Não foram encontrados na região central de Pará de
Minas informantes que preenchessem as seguintes categorias:
informantes masculino e feminino, com menos de 25 anos, de classe
média, analfabeto;
informante masculino de trinta a cinqüenta anos, analfabeto, classe média.
A classe social foi estratificada em dois níveis: classe média e classe baixa. A
inserção de um informante em cada uma dessas categorias levou em conta fatores
como renda, casa própria, carro e outros bens de consumo. Segundo Labov
(1972a), o poder de mudança do grupo social está associado ao seu prestígio e ao
contato que cada grupo possui com os diversos outros grupos sociais.
Também foi observado nesta pesquisa o grau de formalidade do discurso.
Como demonstrado em vários estudos, as formas estigmatizadas, isto é, aquelas
que se afastam da norma de prestígio, ocorrem mais freqüentemente quando o
informante encontra-se despreocupado com seu desempenho lingüístico. À medida
que o discurso encontra-se mais fluente e o falante mais descontraído, deixa de
existir o cuidado com a fala e passa-se de um discurso formal para um discurso
informal.
Neste trabalho são consideradas duas classificações de estilo:
58
o primeiro estilo é denominado formal e compreende a fala usada pelo
informante no início da entrevista, nas respostas curtas dadas às
perguntas do entrevistador e nas narrativas ou colocações em que o
entrevistado preocupa-se com o gravador, elabora a fala, hesita,
reestrutura a sentença, soletra ou repete a interferência do entrevistador;
o segundo estilo é denominado informal e nele estão classificadas as
palavras ditas pelo informante quando se encontra descontraído,
mostrando-se mais à vontade e envolvido emocionalmente com as
narrativas.
É interessante observar o que a variação em termos de estilo significa. Se
determinada pessoa muda a sua linguagem, dependendo da situação ou do
contexto social, isso quer dizer que o ambiente e qualquer implicação relativa ao
contexto interferem na sua linguagem. Os valores sociais que a pessoa interiorizou
são expressos através da sua linguagem. Sendo assim, fica evidenciada a
relevância da consideração da variável “estilo” na investigação sobre a fala dos
pará-minenses.
59
1- VARIÁVEIS DEPENDENTES
1- Abaixamento
2- Manutenção
3- Alteamento
VARIÁVEIS INDEPENDENTES
2- NASALIDADE
O: Oral
N: Nasal
3- ATONICIDADE
V: Verbos
P: Permanente
S: Secundária
4- VOGAL TÔNICA - POSIÇÃO
A: Anterior
C: Central
P: Posterior
5- VOGAL TÔNICA - ALTURA
A: Alta
M: Média
B: Baixa
6- VOGAL TÔNICA - NASALIDADE
O:Oral
N: Nasal
7- ESTRUTURA DA SÍLABA
A: Aberta
T: Travada
8- PRSENÇA DE ONSET
O: com onset
N: sem onset
9- DISTÂNCIA DA VOGAL TÔNICA
1: Distância 1
2: Distância 2
3: Distância 3
4: Distância 4
10- CONTEXTO PRECEDENTE
V: Vogal
C: Consoante
P: Fronteira Morfológica
11- CONTEXTO PRECEDENTE – PONTO 1
A: Anterior
O: Posterior
V: Vogal
P: Fronteira Morfológica
S: Semivogal
12- CONTEXTO PRECEDENTE – PONTO 2
C: Coronal
N: Não coronal
P: Fronteira Morfológica
V: Vogal
S: Semivogal
13- CONTEXTO PRECEDENTE – MODO
V: Vogal
P: Fronteira Morfológica
O: Oclusiva
F: Fricativa
L: Lateral
N: Nasal
T: Tepe
S: Semivogal
14- ESTADO DA GLOTE DO SEGMENTO
PRECEDENTE
S: Surdo
Z: Sonoro
P: Fronteira Morfológica
15- CONTEXTO SEGUINTE
V: Vogal
C: Consoante
S: Semivogal
16- CONTEXTO SEGUINTE – PONTO 1
A: Anterior
O: Posterior
V: Vogal
S: Semivogal
17- CONTEXTO SEGUINTE – PONTO 2
C: Coronal
N: Não coronal
V: Vogal
S: Semivogal
18- CONTEXTO SEGUINTE – MODO
V: Vogal
O: Oclusiva
F: Fricativa
L: Lateral
N: Nasal
T: Tepe
S: Semivogal
19-ESTADO DA GLOTE DO SEGMENTO
SEGUINTE
S: Surdo - Z: Sonoro
20- CLASSE DE PALAVRA
N: Nominal
V: Verbal
O: Outros
P: Prefixos
QUADRO 5 : Codificação das variáveis estruturais
60
Exemplo da uma codificação estrutural
(3OPPBOTN1PPPPPCACFSN iscola
Decodificando o exemplo acima, temos:
3 - na primeira posição a variável dependente indicando o alteamento da
pretônica;
A seguir, variáveis independentes, com codificação alfanumérica:
O – vogal pretônica oral;
P – vogal pretônica permanente;
P – vogal tônica posterior;
B – vogal tônica baixa;
O – vogal tônica oral;
T – sílaba travada;
N – sílaba sem onset;
1 – distância de uma sílaba da vogal tônica com a pretônica;
P – não há contexto precedente;
P – não há contexto precedente – ponto 1;
P – não há contexto precedente – ponto 2;
P – não há contexto precedente – Modo;
P – não há segmento surdo ou sonoro precedente;
C – consoante em contexto seguinte;
A – consoante anterior em contexto seguinte;
C – consoante coronal em contexto seguinte;
F – consoante fricativa em contexto seguinte;
S – segmento surdo em contexto seguinte;
N – classe nominal.
61
Variável Dependente
1 abaixamento
2 manutenção
3 alteamento
Variável Independente
Variáveis não-estruturais
1- Indivíduo
a informante 3
b informante 4
c informante 5
d informante 6
e informante 7
f informante 8
g informante 9
h informante 9
i informante 10
j informante 11
k informante 12
l informante 14
m informante 15
n informante 16
o informante 17
p informante 17
q informante 18
r informante 19
s informante 20
t informante 21
u informante 22
v informante 23
x informante 24
z informante 25
y informante 26
w informante 27
1 informante 28
2 informante 29
3 informante 30
4 informante 31
5 informante 32
6 informante 33
7 informante 34
8 informante 35
9 informante 36
2- Sexo
h homem
m mulher
3- Faixa etária
1 até 25 anos
2 30 a 50 anos
3 mais de 60 anos
4- Escolaridade
a Analfabeto
m Ensino médio
s Ensino Superior
5- Classe Social
m Classe média
t Classe trabalhadora baixa
6- Estilo
f formal
i informal
Quadro 6 : Codificações das Variáveis Não Estruturais
Exemplo de uma codificação não estrutural
(3 X m 2 s t i) iscola
62
A codificação acima pode ser lida do seguinte modo: na primeira posição,
como já mencionado, a variável dependente significando o alteamento, a partir daí: o
indivíduo (X), sexo feminino (f), de trinta a cinqüenta anos (2), escolaridade superior
(s), classe trabalhadora baixa, pronunciou iscola num estilo informal (i).
Os ambientes estruturais foram separados, propositalmente, dos ambientes
não estruturais, de forma a facilitar a manipulação dos dados e permitir o
cruzamento de informações.
Foi criado um arquivo de TOKENS para o (e) e seus prováveis ambientes
estruturais favorecedores, outro arquivo de TOKENS para as ocorrências de (e) e
seus ambientes não estruturais. Assim foi feito também para o (o). No total foram
compostos quatro arquivos de TOKENS.
5.3.2 O programa computacional
Nesta pesquisa, como instrumento para análise quantitativa, utilizou-se o
programa estatístico GOLVARBGoldvarb 2006. Esse programa, fornece freqüências
e probabilidades sobre os fenômenos estudados, permitindo o tratamento estatístico
de dados variáveis, realizado através de modelos matemáticos.
5.3.3 A caracterização das variáveis
Esta pesquisa, como mencionado, estuda a variação das vogais médias
pretônicas, ou seja, a elevação do seu traço de altura (e) ~ /i/ e (o) ~ /u/ e/ou o
abaixamento das mesmas (e) ~ /ε/ e (o) ~ // no dialeto da cidade de Pará de
Minas.
Assim como afirma Viegas (1987, p. 44), quanto ao alteamento, “este
fenômeno é bastante comum no Português e caracteriza, por vezes, diferenças
dialetais.” E ainda:
este é um fenômeno variável, ou seja, não pode ser expresso através de
regras categóricas, pois há variação (às vezes, temos vogal média, outras
63
vezes vogal alta): minino, meninge, cumida, comício, seria, siria,
acumpanhou, acompanhou. (VIEGAS, 1987, p. 44)
Essa afirmação é válida tanto para o dialeto da região metropolitana de Belo
Horizonte, conforme afirma Viegas (1987), quanto para o dialeto de Pará de Minas.
Neste trabalho, procuro compreender quais são os ambientes favorecedores e
desfavorecedores do alçamento das vogais médias pretônicas, sabendo que “o uso
de variantes lingüísticas é determinado por um padrão de normas sociais e
estilísticas” (Labov)
13
. Assim como em qualquer pesquisa de cunho sociolingüístico,
estão envolvidas variáveis dependentes, isto é, aquelas que ocorrem em todos os
dados referentes à realização das pretônicas, e também as variáveis independentes,
isto é, aquelas que se referem a ambientes que atuam sobre as regras variáveis.
13
Labov apud Fonseca e Neves (1974, p.50) apud Yacovenco (1993, p. 31).
64
6 ANÁLISES E RESULTADOS
Neste capítulo será observada a relação entre a variável dependente e as
independentes, isto é, será feita a análise da distribuição percentual e dos índices
probabilísticos das realizações de alteamento, manutenção e abaixamento pelos
fatores estruturais e não estruturais.
Na primeira parte do capítulo, seção 6.1, trato da análise dos fatores
estruturais, separando o (e) e (o). Na segunda parte, a seção 6.2, analiso a
influência dos fatores não estruturais, também separando em duas subseções: uma
para o (e), outra para o (o). Dentro das subseções, primeiro farei uma análise
percentual. O percentual é um cálculo absoluto, considera apenas determinada
proporção em determinado contexto, sem ponderar as outras proporções dos outros
contextos; por isso, aprofundarei o estudo utilizando o cálculo probabilístico, esse
que me dará indicará, com um maior grau de certeza os ambientes favorecedores e
desfavorecedores das variações. Em seguida, apresento os resultados e uma
conclusão.
No presente estudo, selecionei 17.188 dados do corpus dos entrevistados
pará-minenses, sendo 10.679 dados para a análise do (e) e 6.509 para análise do
(o).
Na fala desses pará-minenses, três foram as realizações de cada uma das
pretônicas pesquisadas, como mostra a tabela 1.
TABELA 1
Valores totais de ocorrências
Pretônicas Realizações Número de dados Total
(i) 4.012
(e) 6.647
Anteriores
/e/
(ε)
20
10.679
(u) 1.622
(o) 4.714
Posteriores
/o/
() 173
6.509
Esses dados foram submetidos ao programa de análise estatística e
probabilística GOLDVARB 2006, realizando-se rodadas stepping up e rodadas
stepping down, com o objetivo de selecionar os fatores que favoreceram e/ou
inibiram as variações.
65
6.1 Análises Estruturais
6.1.1 Análise estrutural do (o)
6.1.1.2 As porcentagens iniciais
Dos 6.509 dados de realizações (u), (o), (), 6.336 referem-se ao processo
de alteamento. Destes, 74,4% são de vogais posteriores médias /o/ e 25,6% são de
vogais posteriores altas /u/. Quanto ao processo de abaixamento, são 4.887 dados,
sendo 95,5% das ocorrências com vogais posteriores médias e apenas 3,5% são
vogais posteriores médias baixas //.
As tabelas a seguir, tomando cada um dos grupos de fatores isoladamente,
demonstrarão, em termos de porcentagem, o comportamento dos diversos fatores.
TABELA 2
Nasalidade
Alteamento Manutenção Manutenção Abaixamento
Nasalidade
oco % oco % oco % oco %
Oral 1451
27,8
3774
72,2
3774
95,6
173
4,4
Nasal 171
15,4
940
84,6
940
100
0
0
As vogais pretônicas orais são mais propensas à manutenção, porém
passíveis de variação: 27,8% das ocorrências com pretônica oral altearam e 4,4%
abaixaram. Entre as nasais, que também favorecem a manutenção, não
aconteceram variações para o abaixamento, pois não vogais nasais abertas em
Português. Conforme Yacovenco (1993, p.81) “a regra de abaixamento, por sua vez,
deve ser desconsiderada quando o segmento for nasal”.
66
TABELA 3
Atonicidade
Alteamento Manutenção Manutenção Abaixamento
Atonicidade
oco % oco % oco % oco %
Verbo 607
21,8
2173
78,2
2173
99,9
3
0,1
Permanente 928
32,5
1930
67,5
1930
93,4
136
6,6
Secundária 87
12,5
611
87,5
611
94,7
34
5,3
Essa tabela demonstra que a manutenção é mais utilizada quando a vogal
pretônica oral posterior é uma átona secundária. As pretônicas permanentes o as
mais propensas à variação, tanto para o alteamento (32,5%) quanto para o
abaixamento (6,6%). Quanto aos verbos, pode-se constatar que também influenciam
a manutenção, ao passo que 21,8% altearam e apenas três (coloca, coloco e
coloca) abaixaram. O abaixamento dos verbos coloca e coloco mostra que quando a
tônica é aberta há uma tendência geral para que a pretônica seja aberta. Para Lee e
Oliveira (2003, p.) “a vogal tônica dia aberta dispara a Harmonia Vocálica”, o que
não quer dizer que todos os casos são assim, exemplo: bun eca.
TABELA 4
Vogal tônica - Posição
Alteamento Manutenção Manutenção Abaixamento
Vogal tônica – Posição
oco % oco % oco % oco %
Anterior 1276
39,6
1947
60,4
1947
93,1
145
6,9
Central 263
11,4
2038
88,6
2038
99,9
3
0,1
Posterior 83
10,2
729
89,8
729
96,7
25
3,3
TABELA 5
Vogal tônica – Altura
Alteamento Manutenção Manutenção Abaixamento
Vogal tônica – Altura
oco % oco % oco % oco %
Alta 447
36,4
782
63,6
782
95,7
35
4,3
Média 831
32,9
1697
67,1
1697
99,8
4
0,2
Baixa 344
13,3
2235
86,7
2235
94,3
134
5,7
TABELA 6
Vogal tônica - Nasalidade
Alteamento Manutenção Manutenção Abaixamento
Vogal tônica – Nasalidade
oco % oco % oco % oco %
Oral 1414
28,4
3570
71,6
3570
96,4
133
3,6
Nasal 208
15,4
1144
84,6
1144
96,6
40
3,4
67
As três tabelas acima mostram porcentagens da vogal tônica em função da
posição, altura e nasalidade. Esses números serão importantes, posto que estejam
relacionados à harmonia vocálica, isto é, à influência da vogal tônica sobre a
pretônica.
Quanto à posição, as palavras com vogais tônicas posteriores possuem um
índice bastante alto para manutenção da pretônica fechada (89,8%), assim como as
vogais tônicas centrais (88,6%). Nas vogais tônicas anteriores, encontramos os
maiores percentuais passíveis de variação: 39,6% das ocorrências altearam e 6,9%
abaixaram.
Quanto à altura, Bisol (1981, p.111) diz que a vogal alta “empresta
variavelmente sua articulação alta à vogal média da sílaba imediatamente
precedente, abrangendo, por vezes, outras vogais da palavra, à medida que vão
criando contextos apropriados”. Isso é percebido no percentual 36,4% para o
alteamento das palavras com vogais tônicas altas.
Quanto à oposição oral x nasal, observa-se que as vogais tônicas orais o
as que mais apresentam freqüências altas para o alteamento da pretônica (o),
exibindo um índice de 28,4%.
Nota-se que na variação [o~u], a manutenção apresenta os maiores índices
percentuais quando a vogal tônica é posterior, baixa e nasal. para o alteamento,
os maiores índices percentuais relacionam-se à vogal tônica anterior, alta, oral.
Na variação [o~], a manutenção é favorecida quando a vogal tônica é
central, média e nasal, enquanto as vogais tônicas anteriores, baixas e orais
influenciam o processo de abaixamento.
TABELA 7
Estrutura da sílaba
Alteamento Manutenção Manutenção Abaixamento
Estrutura da sílaba
oco % oco % oco % oco %
Aberta 1029
20
4119
80
4119
96
173
4
Travada 593
49,9
595
50,1
595
100
0
0
TABELA 8
Presença de Onset
Alteamento Manutenção Manutenção Abaixamento
Presença de Onset
oco % oco % oco % oco %
Com onset 1606
28,1
4102
71,9
4102
96
172
4
Sem onset 16
2,5
612
97,5
612
99,8
1
0.2
68
As tabelas 7 e 8 mostram se a estrutura da sílaba e a presença de onset
influenciam ou não variações.
Na tabela 7, constata-se que as sílabas travadas são as que mais favorecem
o alteamento (49,9%), mas também são as que não permitem abaixamento (0%).
Na tabela 8, as sílabas com onset são as mais propensas à variação, exibindo
índices 28,1% no alteamento e 4% no abaixamento.
Em sua tese, Viegas (1987, p 84) comprova que para acontecer o alçamento
a vogal (o) deve estar em sílaba que possua consoante à esquerda e
não pode ser seguida ou precedida por semivogal. Se a vogal
candidata ao alçamento for nasal, não deve estar em sílaba travada
por fricativa, por exemplo, constante, mas não cunstante.
TABELA 9
Distância da vogal tônica
Alteamento Manutenção Manutenção Abaixamento
Distância da vogal tônica
Oco % oco % oco % Oco %
Distância 1 1241
29,4
2973
70,6
2973
95,1
153
4,9
Distância 2 366
20,8
1391
79,2
1391
98,6
20
1,4
Distância 3 13
4,9
255
95,1
255
100
0
0
Distância 4 2
2,1
95
97,9
95
100
0
0
A partir da tabela 9, observa-se que quanto menor a distância da vogal tônica,
maior a variação da pretônica e, quanto maior a distância da vogal nica, menor a
variação da pretônica. As pretônicas vizinhas às sílabas tônicas têm os maiores
percentuais de alçamento e abaixamento, conseqüentemente, têm o menor
percentual de manutenção. À medida que o distanciamento entre nica e pretônica
aumenta, o percentual de manutenção também aumenta. Assim como em Viegas
(1987a), também os meus dados que apresentam uma distância muito grande entre
a vogal pretônica (o) e a sílaba tônica, normalmente, estão associados à presença
de sufixo: pulicial, guvernador, puliticamente.
As distâncias 3 e 4 apresentam manutenção categórica no processo de
abaixamento.
TABELA 10
Contexto Precedente
Alteamento Manutenção Manutenção Abaixamento
Contexto Precedente
oco % Oco % oco % oco %
Consoante 1606
28,1
4101
71,9
4101
96
172
4
Fronteira Morfológica 16
2,5
613
97,5
613
99,8
1
0,2
69
TABELA 11
Contexto Precedente – Ponto 1
Alteamento Manutenção Manutenção Abaixamento
Contexto Precedente – Ponto 1
oco % Oco % oco % oco %
Anterior 1010
29,6
2401
70,4
2401
97,8
54
2,2
Posterior 596
26
1697
74
1697
93,5
118
6,5
Fronteira Morfológica 16
2,5
616
97,5
616
99,8
1
0,2
TABELA 12
Contexto Precedente – Ponto 2
Alteamento Manutenção Manutenção Abaixamento
Contexto Precedente – Ponto 2
oco % Oco % oco % oco %
Coronal 325
18,7
1414
81,3
1414
97,5
36
2,5
Não coronal 1281
32,3
2687
67,7
2687
95,2
136
4,8
Fronteira Morfológica 16
2,5
613
97,5
613
99,8
1
0,2
TABELA 13
Contexto Precedente - Modo
Alteamento Manutenção Manutenção Abaixamento
Contexto Precedente – Modo
oco % Oco % oco % oco %
Fronteira Morfológica 16
2,5
613
97,5
613
99,8
1
0,2
Oclusiva 1349
37,5
2244
62,5
2244
94,6
129
5,4
Fricativa 199
23,4
652
76,6
652
96
27
4
Nasal 32
4,9
624
95,1
624
98,1
12
1,9
Tepe 26
5,9
411
94,1
411
99,3
3
0,7
Lateral 0
0
0
0
170
99,4
1
0,6
TABELA 14
Estado da Glote do contexto precedente
Alteamento Manutenção Manutenção Abaixamento
Estado da Glote
oco % Oco % oco % oco %
Sonoro 335
14,8
1924
85,2
1924
98,8
24
1,2
Surdo 1287
35,6
2325
64,4
2325
94
148
6
Fronteira Morfológica 0
0
0
0
465
99,8
1
0,2
As tabelas 10, 11, 12, 13 e 14 mostram percentuais da influência do contexto
precedente à pretônica média. Para Viegas (1987, p. 80) “os itens que não
possuíam segmento precedente na mesma palavra (P) não alçaram nunca:
‘orçamento’, mas não ‘urçamento’. [...] a vogal (o) para ser passível de alçamento
deve estar precedida por consoante”.
Também em meus dados não encontrei nenhuma ocorrência de alçamento
sem segmento precedente ou precedido de vogal. Por isso, quando a variável é (o),
ocorre a fusão de fronteira morfológica, semivogal e vogal nos fatores relativos ao
contexto precedente. E, diferentemente do trabalho de Viegas (1987, p.80), no qual
“não houve casos de alçamento quando a vogal estava precedida pela vogal [i], nem
70
quando precedida pela semivogal [y]"; em meus dados encontrei a palavra maiuria
pronunciada dezesseis vezes.
Os segmentos vocálicos são aqueles que mais influenciam a manutenção
sobre a pretônica oral posterior que os sucede. Esse fato também foi observado por
Yacovenco (1993, p.104).
Quanto ao alteamento, constata-se que as consoantes anteriores (29,6%),
não coronais (32,3%) e oclusivas (37,5%) são os segmentos que mais contribuem
para a realização alta da vogal média posterior oral.
Igualmente ao trabalho de Viegas (1987, p.80), nos meus dados também não
ocorreu nenhum caso de alçamento em que a consoante precedente fosse lateral.
Observa-se, quanto ao estado da glote, que as consoantes surdas favorecem
a variação com percentual 35,6% para o alçamento e 6% para o abaixamento. O
segmento sonoro também varia 14,8% para o alteamento e 1,2% para o
abaixamento. Quanto à fronteira morfológica, a manutenção, no processo de
alteamento, é categórica e apenas uma ocorrência no processo de abaixamento:
a palavra horrorosa, pronunciada em sílabas pelo entrevistado. Essa pronúncia é um
caso claro de harmonia vocálica, condicionada pela presença de uma vogal tônica
aberta.
TABELA 15
Contexto seguinte
Alteamento Manutenção Manutenção Abaixamento
Contexto seguinte
oco % oco % oco % oco %
Vogal 152
70,4
64
29,6
64
100
0
0
Consoante 1467
25,1
4377
74,9
4377
96,2
173
3,8
Semivogal 3
1,1
273
98,9
273
100
0
0
TABELA 16
Contexto seguinte – Ponto 1
Alteamento Manutenção Manutenção Abaixamento
Contexto seguinte – Ponto 1
oco % oco % oco % oco %
Anterior 704
17,8
3246
82,2
3246
95,3
159
4,7
Posterior 763
40,3
1131
59,7
1131
98,8
14
1,2
Vogal 152
70,4
64
29,6
64
100
0
0
Semivogal 3
1,1
273
98,9
273
100
0
0
71
TABELA 17
Contexto seguinte – Ponto 2
Alteamento Manutenção Manutenção Abaixamento
Contexto seguinte – Ponto 2
oco % oco % oco % oco %
Coronal 430
15,5
2348
84,5
2348
93,9
152
6,1
Não coronal 1037
33,8
2029
66,2
2029
99
21
1
Vogal 152
70,4
64
29,6
64
100
0
0
Semivogal 3
11
273
98,9
273
100
0
0
TABELA 18
Contexto seguinte - Modo
Alteamento Manutenção Manutenção Abaixamento
Contexto seguinte – Modo
oco % oco % oco % oco %
Vogal 152
70,4
64
29,6
64
100
0
0
Oclusiva 135
9,3
1312
90,7
1312
98,8
16
1,2
Fricativa 829
34,5
1575
65,5
1575
97,7
37
2,3
Lateral 60
13,3
390
86,7
390
77,5
113
22,5
Nasal 417
42,9
556
57,1
556
99,6
2
0,4
Tepe 26
4,6
544
95,4
544
99,1
5
0,9
Semivogal 3
1,1
273
98,9
273
100
0
0
TABELA 19
Estado da glote do contexto seguinte
Alteamento Manutenção Manutenção Abaixamento
Estado da Glote
oco % oco % oco % oco %
Surdo 698
24,6
2138
75,4
2138
99,1
19
0,9
Sonoro 924
26,4
2576
73,6
2576
94,4
154
5,6
As tabelas 15,16,17, 18 e 19 mostram a influência do segmento seguinte na
realização das vogais médias pretônicas.
Observa-se que, no processo de alteamento, os segmentos que mais atuam
sobre a posterior média para a realização da manutenção são as semivogais
(98,9%). Para Viegas (1987, p.82) “quando a vogal /o/ é seguida de semivogal (w,y)
nunca alça (0%).” Em meus dados considerei o segmento L uma semivogal nas
palavras resolvida e desenvolvida, assim encontrei três ocorrências do alçamento de
/o/ seguido de semivogal: ocorreram duas vezes risulvida e uma vez disinvulvida.
As consoantes anteriores (82,2%), coronais (84,5%), tepes (95,4%) e
oclusivas (90,7%), quando em contexto seguinte, também influenciam a manutenção
das pretônicas posteriores. Já as consoantes posteriores (40,3%), não coronais
(33,8%), nasais (42,9%) e fricativas ( 34,5%) influenciam o alteamento.
Comprovando isso Bisol (1981a, p.92-93) diz:
72
A harmonização vocálica é um processo de assimilação que se realiza por
força da articulação alta de uma vogal seguinte. [...] Diante disso, é de
esperar-se que as consoantes caracterizadas por uma articulação alta
venham a funcionar como elementos condicionadores do referido processo
enquanto as demais, entre as quais se coloca a alveolar, inversamente
atuem. Em outros termos, as vogais altas, as mais convexas, são
produzidas pelo levantamento do corpo da língua, seja em direção ao palato
mole (u) seja em direção ao palato duro (i). Então, presume-se que as
consoantes produzidas por articulação semelhante venham a favorecer o
processo assimilatório em pauta, tanto a velar, articulada com o dorso da
língua levantado, quanto a palatal, emitida com todo o corpo da língua
levantado. Ao contrário, a alveolar, cuja articulação se faz com a língua em
posição razoavelmente plana, embora a parte da frente fique um pouco
levantada, tenderia a não favorecer o processo de harmonização, por não
ter pontos de semelhança com a vogal assimiladora (BISOLi, 1981, p.92-
93).
Influenciando a realização alta da posterior média pretônica, encontram-se,
em ordem de importância, os segmentos vocálicos (70,4%), as consoantes
posteriores (40,3%), não coronais (33,8%) e nasais (42,9%). Quando a vogal
pretônica (o) está seguida da vogal [a], o alçamento é quase categórico: vuado,
tualha. Nesta pesquisa não foi categórico devido às pronúncias: aperfeiçoamento
(uma vez), aperfeiçoar (duas vezes), aperfeiçoado (duas vezes) e doar ( uma vez).
Confrontando esses resultados com os obtidos nas tabelas 11, 12 e 13,
verifica-se que as consoantes não coronais atuam sobre o alçamento em ambas as
posições e que os segmentos anteriores e oclusivos, quando em posição precedente
à posterior média pretônica, são os que mais influenciam o alçamento.
O processo de abaixamento ocorre mais quando os segmentos posteriores à
vogal pretônica (o) são consoantes (3,8%), anteriores (4,7%), coronais (6,1%),
laterais (22,5%). Também neste caso, as vogais e semivogais (0%) não contribuíram
para o abaixamento do (o) pretônico.
Quanto ao estado da glote no segmento precedente, os segmentos sonoros
influenciam tanto o alteamento (26,4%) quanto o abaixamento (5,6%).
TABELA 20
A classe da palavra
Alteamento Manutenção Manutenção Abaixamento
Classe da palavra
oco % oco % oco % oco %
Nominal 1015
28,7
2555
71,3
2555
93,8
170
6,2
Verbal 607
22
2154
78
2154
99,9
3
0,1
73
Nesta tabela fundiram-se os prefixos com os nomes, e os dados que
possuíam código O (outros) foram eliminados devido ao pequeno número desses.
Tanto os nomes quanto os verbos altearam e abaixaram as vogais médias
pretônicas posteriores, porém os verbos tendem mais à manutenção.
6.1.1.2 O cálculo probabilístico
Numa etapa seguinte, os dados foram submetidos ao programa de análise
estatística GOLDVARB 2006, realizando-se rodadas stepping up e stepping down,
com o objetivo de selecionar os fatores que influenciaram as variações. Alguns
fatores apresentaram knockOut e foram eliminados; outros, lingüística e
estatisticamente semelhantes, foram fundidos.
6.1.1.2.1 O cálculo probabilístico no processo de alteamento
Para o processo de alteamento da variável (o), o programa selecionou como
irrelevantes os grupos de fatores: Vogal tônica-altura, Presença de Onset, Contexto
precedente e Contexto seguinte. Os grupos de fatores relevantes foram: Nasalidade,
Atonicidade, Vogal tônica-posição e vogal tônica-nasalidade, Estrutura da sílaba,
Distância da vogal tônica, Contexto precedente ponto 1, Contexto precedente-
ponto 2 e Contexto precedente-modo, Contexto seguinte-ponto1, Contexto seguinte-
modo, Estado da glote do contexto seguinte e Classe de palavra.
A tabela abaixo demonstra os resultados probabilísticos encontrados para a
análise da variação [o~u] na rodada com significância 0.001, considerada a melhor
rodada stepping up. É importante saber que a interpretação dos valores
probabilísticos será: o fator ou grupo de fatores ao qual foi atribuída a probabilidade
superior a .50 apresenta um efeito favorecedor na aplicação de alteamento, mas se
a qualquer fator ou grupo de fatores for atribuído um valor probabilístico inferior a
.50, isso quer dizer que ocorrerá um desfavorecimento na variação [o~u]. Há ainda o
fator considerado neutro, ou seja, aquele que se apresenta com uma probabilidade
igual ou próxima de .50; ele não influencia, positiva ou negativamente, a aplicação
do alçamento.
74
A tabela abaixo mostra como ficaram as probabilidades de alteamento.
TABELA 21
Fatores Relevantes no processo de alteamento
Grupos Fatores Probabilidade
Oral 0.52
Nasalidade
Nasal 0.38
Verbo 0.40
Permanente 0.63
Atonicidade
Secundária 0.33
Anterior 0.64
Central 0.37
Vogal tônica – Posição
Posterior 0.28
Oral 0.52
Tipo de vogal tônica –
Nasalidade
Nasal 0.39
Aberta 0.46
Estrutura da sílaba
Travada 0.63
Distância 1 0.52
Distância 2 0.55
Distância 3 0.13
Distância da vogal tônica
Distância 4 0.04
Anterior 0.59
Posterior 0.43
Contexto Precedente –
Ponto 1
Pausa 0.26
Coronal 0.36
Não coronal 0.56
Contexto Precedente –
Ponto 2
Pausa 0.45
Pausa 0.37
Oclusiva 0.63
Fricativa 0.55
Nasal 0.12
Contexto Precedente -
Modo
Tepe 0.23
Anterior 0.44
Posterior 0.65
Vogal 0.87
Contexto seguinte
Ponto 1
Semivogal 0.06
Vogal 0.61
Oclusiva 0.38
Fricativa 0.66
Lateral 0.21
Nasal 0.58
Tepe 0.28
Contexto seguinte
Modo
Semivogal 0.25
Surdo 0.26
Estado da Glote
Sonoro 0.69
Nominal 0.42
Classe da palavra
Verbal 0.59
Observando-se os valores probabilísticos atribuídos à Nasalidade, nota-se
que a pretônica oral apresenta um valor próximo à neutralidade: 0.52. Já a pretônica
nasal exibe um índice que sugere ser este segmento inibidor do alteamento: 0.38.
75
Observando-se a Atonicidade, nota-se que as átonas permanentes favorecem
o alteamento: 0.63. Verbos e átonas secundárias desfavorecem-no: 0.40 e 0.33,
respectivamente.
No grupo Vogal tônica Posição, as anteriores são as que mais favorecem o
alçamento: 0,64.
No grupo Vogal tônica Nasalidade, orais têm valores próximos à
neutralidade 0.52 e as nasais desfavorecem o alteamento de (o).
Se o programa não selecionou como relevante o grupo de fatores Vogal
tônica Altura, em meu trabalho o se confirma a hipótese de harmonia vocálica
na variação [o~u] tal como propõe por Bisol (1981a).
Quanto à estrutura da sílaba, as sílabas travadas têm probabilidade alta (0.63)
de alçarem suas vogais pretônicas posteriores.
Constata-se que as distâncias 1 e 2 exibem valores probabilísticos que
favorecem levemente o alteamento: 0.52 e 0.55. Desse modo, pode-se dizer que o
grupo de fatores referentes à distância da tônica em relação à pretônica (o) pouca
influência possui, isoladamente, sobre a realização média da vogal pretônica. as
distâncias 3 e 4 apresentam valores que indicam desfavorecimento ao alteamento.
Nos grupos de fatores referentes ao contexto precedente – Ponto 1, Ponto 2 e
Modo fundiram-se os fatores vogais, semivogais e fronteira morfológica. E no grupo
Contexto precedente Modo, o fator lateral foi eliminado, posto que apresentava
percentual de 100 pontos, o que inviabilizava a realização do cálculo probabilístico.
Constata-se que em Contexto precedente ponto 1, as consoantes
posteriores (0.43) e fronteira morfológica (0.26) desfavorecem o alteamento. Em
contexto precedente ponto 2, as coronais (0.36) e fronteira morfológica (0.45)
também desfavorecem o alteamento. E, no contexto precedente Modo, as
oclusivas (0.63) favorecem o alteamento, fricativas favorecem levemente (0.55) e,
fronteira morfológica (0.37), nasais (0.12) e tepe (0.23) tendem à manutenção.
Em contexto seguinte – Ponto 1 e contexto seguinte – Modo, nota-se um valor
probabilístico bastante alto para o fator vogal (0.87). Em contexto seguinte Ponto
1, as maiores probabilidades de alteamento estão nas vogais (0.87) e consoantes
posteriores (0,65). Em contexto seguinte – Modo, são as vogais (0.61) e as fricativas
(0.66) as favorecedoras do alçamento das médias pretônicas (o). E, em Estado da
glote do contexto seguinte, as responsáveis para tal variação são as sonoras (0.69).
76
Se considero relevantes para o alteamento os fatores com índices
probabilísticos maiores que a 0.5; neutros, ou seja, não influenciam na realização do
alteamento, os fatores com valores iguais 0.5 e desfavorecedores do alteamento
aqueles inferiores a 0.5, sintetizo a análise acima, assim como fez Viegas (1987) ao
tentar chegar a uma regra que buscava dar conta da variação da pretônica. Assim,
tenho:
FATORES FAVORECEDORES
Atonicidade permanente: pulícia, cumigo, dumingo, bunito, purque, pulítica,
muleque, burracha, Jusé, Carulina, cuzinha.
Vogal nica anterior: cumércio, juelho, Jusé, muchila, pudia, durmi, cunhicia,
pulícia, guverno, curria.
Sílabas travadas: custureira, custume, purque, durmindo, Agustinho, gurdura,
custura, Purfírio.
Distância 2 da vogal tônica: atrupelado, sussegado, prucissão
Consoante anterior em contexto precedente: almuçar, pulítico
Consoante não coronal em contexto precedente: cumeçar, pulícia.
Consoante Oclusiva em contexto precedente: duente, butina, cunversei,
cumida, purque, pudia, discubri, bunita.
Consoante fricativa em contexto precedente: fuguete, furmiga, vuei
Vogal em contexto seguinte: vuando, duente, tualha, pessual.
Consoantes Posteriores em contexto seguinte: purque, cunhicia, gurdura,
aburrecida, butina, cuchichando.
Consoantes fricativas em contextos seguintes: purque, cuzinha, murrido,
sussegado, custura, guvernador, custelas, currida, pussível, custume.
Consoante nasal em contexto seguinte:cunversar, cunsigui
Segmentos sonoros em contextos seguintes: cumecei, subrinhos, Jusé,
cumigo, pudia, cunversa, vuar, pessual, tualha, bunito, curuja.
Verbos: cunversar, adueceu, apusentei, cuntinuou, jugar
FATORES DESFAVORECEDORES
Nasalidade: concorrente, concórdio, disconfiou, montar, comprar, confirmado,
confiança, bombeiros, Congonhas, consigo.
77
Atonicidade secundária: cebolinha
Vogal tônica central: chorar, fotográfica, comentários
Vogal tônica posterior: econômico, elogiou, volumes
Vogal tônica nasal: problema, Congonhas, horizonte, olhando, depoimento,
disinvolvimento, noção, consciente.
Estrutura da sílaba aberta: velocidade, sociedade
Distância 3 e 4 da vogal tônica: completamente, potencial, ofereci,
profissional, responsabilidade, homologação.
Pausa como contexto precedente: olhou, objetivo, horrível, hospital, opção,
oitenta, Otávio, homologação.
Consoante posterior em contexto precedente: Roberto
Consoante coronal em contexto precedente: dominava
Consoante nasal em contexto precedente: morar
Tepe em contexto precedente: problema
Consoante anterior em contexto seguinte: doente
Semivogal em contexto seguinte: loucura
Consoante oclusiva em contexto seguinte: jogar
Consoante lateral em contexto seguinte: molhei
Tepe em contexto seguinte: portal
Segmento surdo em contexto seguinte: motorista
Nomes: Rosária, Domingos
Os fatores por mim analisados confirmam a tendência para o alçamento
descrita por Viegas (1987, p.104) pela regra 7. “Assim temos a REGRA 7:
Leia-se: a vogal /o/ pretônica, não alternante com // no paradigma, torna-se
variavelmente /u/ se for precedida por consoante obstruinte (oclusivas e fricativas) e
seguida por consoante obstruinte (oclusivas e fricativas) ou nasal e seguida por uma
vogal acentuada em uma das duas sílabas imediatamente seguintes.
(o)
<- alternante>
<u> / C
<+ obstruinte>
C $
<+ fricativa>
1
0
C
+ nasal
+ obstruinte
(VC)V
[+ acento]
78
6.1.1.2.2 O cálculo probabilístico no processo de abaixamento
No processo de abaixamento, o programa selecionou como irrelevantes os
grupos de fatores: Atonicidade, Presença de onset, Distância da vogal tônica,
Contexto precedente, Contexto precedente - Ponto 1, Contexto precedente Ponto
2, Contexto seguinte Ponto 1 e contexto seguinte ponto 2. os grupos de
fatores relevantes para o abaixamento foram: Vogal tônica Posição, Vogal tônica
Altura, Vogal tônica Nasalidade, Contexto precedente Modo, Estado da glote
do contexto precedente, Contexto seguinte Modo, Estado da glote do contexto
seguinte e Classe de palavras. Esses grupos de fatores, com significância 0.030,
constituem a melhor rodada stepping up do programa, como mostra a tabela 22.
Os grupos de fatores Nasalidade, estrutura da sílaba e Contexto seguinte
foram eliminados devido à insuficiência de dados.
A seguir, a tabela mostra-nos como ficaram as probabilidades de variação
[o~].
TABELA 22
Fatores relevantes no processo de abaixamento
Grupos Fatores Probabilidade
Anterior 0.93
Central 0.01
Vogal tônica – Posição
Posterior 0.99
Alta 0.33
Média 0.01
Vogal tônica – Altura
Baixa 0.96
Oral 0.30
Vogal tônica – Nasalidade
Nasal 0.93
Pausa 0.00
Oclusiva 0.59
Fricativa 0.72
Nasal 0.88
Tepe 0.50
Contexto Precedente -
Modo
Lateral 0.75
Sonoro 0.29
Surdo 0.49
Estado da glote
Pausa 0.98
Oclusiva 0.48
Fricativa 0.60
Lateral 0.87
Nasal 0.08
Contexto seguinte – Modo
Tepe 0.39
Surdo 0.37
Estado da Glote
Sonoro 0.60
Nominal 0.78
Classe da palavra
Verbal 0.16
79
Observando a tabela 22, percebe-se que os valores probabilísticos
distribuíram-se em extremos.
No grupo de fatores Vogal tônica Altura, são as baixas (0.96) as grandes
favorecedoras do abaixamento da média pretônica (o). Aqui outra constatação clara
de harmonia vocálica: a vogal pretônica de timbre aberto (vogal baixa) é
condicionada pela presença de uma vogal tônica aberta. Exemplos: Cdrna,
vv, trr, hrrrsas, nvεla, crrεta.
Quanto à oposição oral e nasal das vogais tônicas, as nasais favorecem o
abaixamento da pretônica (o) como em: Ntinha, mtinha, szinha.
no grupo de fatores Contexto precedente Modo, vários são os fatores
favorecedores: nasais (0.88), fricativas (0.72), laterais (0.75).
Confrontando-se os resultados do processo de alteamento e abaixamento,
percebe-se que neste as laterais tiveram valores probabilísticos favorecedores ao
abaixamento e foram eliminadas. O mesmo acontece com o grupo de fatores Estado
da glote do contexto precedente: no processo de abaixamento, fronteira morfológica
tem um alto índice probabilístico e no processo de alteamento ela foi eliminada
devido a não variação.
No grupo de fatores Contexto seguinte Modo, as laterais (0.87) e fricativas
(0.60) são as favorecedoras do abaixamento, as oclusivas (0.48), tepe (0.39) e
nasais (0.08) são desfavorecedoras.
Entre os segmentos surdos e sonoros de um contexto seguinte, os segmentos
sonoros têm probabilidade favorecedora (0.60) ao abaixamento. E, entre Classes de
Palavra, os nomes (0.78) tendem ao abaixamento.
6.1.2 Análise estrutural (e)
Dos 17.188 dados, 10.679, o que corresponde a 62,1% do total, são de
vogais pretônicas anteriores, isto é, de realizações /i/, /e/ e /ε/ . Destas 10.679
ocorrências, 4.012 são realizadas com a vogal alta [i], 6.647 com a vogal média [e] e
apenas 20 com a vogal média baixa [
ε].
80
6.1.2.1 As porcentagens iniciais
Verificaram-se, a seguir, os valores percentuais das variáveis independentes
selecionadas para que se possa ter uma noção real da influência de cada uma delas
nos processos de alteamento e/ou abaixamento da vogal pretônica (e).
TABELA 23
Tipos de vogal pretônica
Alteamento Manutenção Manutenção Abaixamento
Nasalidade
oco % oco % oco % oco %
Nasal 1.323
63,2
771
36,8
0
0
0
0
Oral 2.689
31,4
5.876
68,6
0
0
0
0
Pode-se observar que as vogais pretônicas nasais mostram valores
percentuais maiores para o alteamento (63,2%) do que para manutenção (31,4%). O
alteamento parece ser mais utilizado que a manutenção, talvez por existir um
número expressivo dessas vogais em posição inicial, ambiente fonético que favorece
a elevação do (e).
Já no processo de abaixamento, a manutenção foi categórica.
TABELA 24
Atonicidade
Alteamento Manutenção Manutenção Abaixamento
Atonicidade
oco % oco % oco % oco %
Verbo 1.573
36
2.799
64
2.799
99,9
4
0,1
Permanente 2.424
41,6
3408
58,4
3408
99,5
16
0,5
Secundária 15
3,3
440
96,7
440
100
0
0
Aqui, constata-se um alto índice de alçamento (41,6%) para as átonas
permanentes.
Observa-se ainda que, quando a vogal pretônica oral anterior é uma átona
secundária, a manutenção é a mais utilizada na variação [e~i] e a menos utilizada na
variação [e~ε] .
Os verbos favorecem 36% o alteamento e apenas quatro ocorrências com
vogal média baixa. São eles: dεtesto, pronunciado duas vezes e rεcebe, também
pronunciado duas vezes. Esses verbos, assim como acontece no processo de
abaixamento da vogal pretônica posterior, são casos de harmonia vocálica.
81
TABELA 25
Vogal tônica - Posição
Alteamento Manutenção Manutenção Abaixamento
Vogal tônica – Posição
oco % oco % oco % oco %
Anterior 1.623
38,8
2.563
61,2
0
0
0
0
Central 1.567
38,6
2.495
61,4
0
0
0
0
Posterior 822
34,1
1.589
65,9
0
0
0
0
TABELA 26
Vogal tônica - Altura
Alteamento Manutenção Manutenção Abaixamento
Vogal tônica – Altura
oco % oco % oco % oco %
Alta 1.347
65,2
720
34,8
720
99,6
3
0,4
Média 657
16,5
3.316
83,5
3.316
100
0
0
Baixa 2008
43,5
2.611
56,5
2.611
99,4
17
0,6
TABELA 27
Vogal tônica - Nasalidade
Alteamento Manutenção Manutenção Abaixamento
Vogal tônica - Nasalidade
oco % oco % oco % oco %
Oral 2.888
37,1
4.896
62,9
4.896
99,7
17
0,3
Nasal 1.124
39,1
1.751
60,9
1.751
99,8
3
0,2
As três tabelas acima mostram o tipo de vogal tônica quanto à posição, altura
e nasalidade.
Observa-se que a vogal tônica influencia a variação da vogal pretônica. Nas
realizações acima, a manutenção apresenta os maiores índices percentuais quando
a vogal tônica é uma posterior (65,9%), média (83,5%) e oral (62,9%). No
alteamento, os maiores índices percentuais relacionam-se à vogal anterior (38,8%),
alta (65,2%) e nasal (39,1%) e no processo de abaixamento as vogais tônicas orais
(0,3%) e baixas (0,6%) são as influenciadoras da variação.
A tabela 26 mostra, claramente, a assimilação das vogal dia pretônica à
altura da vogal da sílaba tônica imediatamente seguinte. Dessa forma, o processo
de harmonia vocálica mantém (e) em 83,5% das palavras com vogais tônicas
médias, eleva 65,2% das palavras com vogal tônica alta e abaixa 0,6% das palavras
com vogal tônica baixa.
Na variação [e~ε], o grupo de fatores Vogal tônica Posição foi eliminado
devido à manutenção categórica.
As tabelas 28 e 29 mostrarão como a estrutura da sílaba influencia a variação
das vogais médias pretônicas.
82
TABELA 28
Estrutura da sílaba
Alteamento Manutenção Manutenção Abaixamento
Estrutura da sílaba
oco % oco % oco % oco %
Aberta 2.780
32,3
5.822
67,7
5.822
100
0
0
Travada 1.232
59,9
825
40,1
825
100
0
0
TABELA 29
Presença de Onset
Alteamento Manutenção Manutenção Abaixamento
Presença de Onset
oco % oco % oco % oco %
Com onset
1.874
23
6.280
77
6.280
99,7
17
0,3
Sem onset
2.138
85,3
367
14,7
367
99,8
3
0,2
Na tabela 28, constata-se que as sílabas travadas são as que mais
influenciam o alteamento (59,9%) das pretônicas anteriores. As sílabas abertas têm
maiores percentuais de manutenção (67,7%).
Na tabela 29, as sílabas sem onset exibem um índice percentual bastante
elevado para o alteamento (85,3%).
TABELA 30
Distância da sílaba tônica
Alteamento Manutenção Manutenção Abaixamento
Distância da vogal tônica
oco % oco % oco % oco %
Distância 1 2.715
35,6
4.901
64,4
4.901
99,6
18
04
Distância 2 1.101
46,6
1.261
53,4
1.261
99,9
2
0,1
Distância 3 155
27,4
410
72,6
0
0
0
0
Distância 4 41
35,3
75
64,7
0
0
0
0
Um dado curioso e diferente dos de outros trabalhos realizados sobre as
vogais médias pretônicas é constatar que a distância 2 é a que mais parece
influenciar o alteamento das médias anteriores (46,6%). E, ainda, diferentemente da
pretônica (o), analisada, aqui as distâncias 3 e 4 exibem índices percentuais altos
em relação ao alteamento. no processo de abaixamento, essas distâncias foram
fundidas na distância 2, devido ao pequeno número de dados.
As tabelas 31, 32, 33 e 34 descrevem os percentuais das variáveis em
relação aos segmentos precedentes.
83
TABELA 31
Contexto precedente
Alteamento Manutenção Manutenção Abaixamento
Contexto Precedente
Oco % oco % oco % oco %
Consoante 1.882
23,4
6.144
76,6
6.144
100
0
0
Fronteira Morfológica 2.130
84,8
382
15,2
503
100
0
0
TABELA 32
Contexto precedente – Ponto 1
Alteamento Manutenção Manutenção Abaixamento
Contexto Precedente – Ponto 1
Oco % oco % oco % oco %
Anterior 1.352
20,9
5,118
79,1
5.118
99,8
8
0,2
Posterior 530
34,1
1.026
65,9
1.026
98,8
12
1,2
Fronteira Morfológica 2.130
84,8
382
15,2
503
100
0
0
TABELA 33
Contexto precedente – Ponto 2
Alteamento Manutenção Manutenção Abaixamento
Contexto Precedente – Ponto 2
Oco % oco % oco % oco %
Coronal 1.159
25,5
3.382
74,5
3.382
99,8
6
0,2
Não coronal 723
20,7
2.762
79,3
2.762
99,5
14
0,5
Fronteira Morfológica 2.130
84,8
382
15,2
503
100
0
0
TABELA 34
Contexto precedente – Modo
Alteamento Manutenção Manutenção Abaixamento
Contexto Precedente – Modo
oco % oco % oco % oco %
Fronteira Morfológica 2.130
84,8
382
15,2
503
100
0
0
Oclusiva 693
21,8
2.481
78,2
2.481
99,8
6
0,2
Fricativa 593
22
2.106
78
2.106
99,4
13
0,6
Nasal 430
40,4
634
59,6
634
100
0
0
Tepe 147
21,6
535
78,4
535
99,8
1
0,2
Lateral 19
4,7
388
95,3
388
100
0
0
Para entendimento desses percentuais é importante mostrar que os
segmentos precedentes vogal e semivogal foram excluídos dos quatro grupos de
fatores, no processo de alteamento, pois, realmente, “a vogal /e/, quando está em
contato com vogal alta ou semivogal, não alça” (VIEGAS, 1987, p.109).
Observa-se, também, no processo de alteamento da pretônica (e), que
fronteira morfológica é percentualmente muito mais alta que a presença de qualquer
consoante, diferentemente da variação [o~u]. Então, para que a vogal média (e)
alce, ela deve estar precedida por fronteira morfológica (84,8%), ou melhor, em
início de palavra.
84
Também ocorre o alteamento se a pretônica (e) vier precedida de consoante
(23,4%). Mais influenciador ainda será se essa consoante for uma posterior (34,1%),
coronal (25,5%) e oclusiva (21,8%).
Diante disso, conforme Yacovenco (1993, p.75) “[...] há alguns contextos
fonéticos que favorecem a regra de alteamento, como são os casos de /e/ inicial
seguido de consoante fricativa palatal escola -, [...] de /e/ precedido por consoante
africada palatal ([ts] e [dz]) – teatro”.
Uma outra consoante precedente e com percentual (40,4%) que influencia o
alteamento da pretônica anterior é a consoante nasal, como em inxoval, incompleto,
importados, incontro, etc..
No processo de abaixamento aconteceu a exclusão do fator fronteira
morfológica.
TABELA 35
Estado da glote do contexto precedente
Alteamento Manutenção Manutenção Abaixamento
Estado da Glote
oco % Oco % oco % Oco %
Surdo 851
21,1
3.191
78,9
3.191
99,6
14
0,4
Sonoro 1.031
25,1
3.074
74,9
3.074
99,8
6
0,2
Fronteira Morfológica 2.130
84,8
382
15,2
382
100
0
0
Assim como no contexto precedente, em estado da glote do contexto
precedente, o alteamento apresenta os maiores índices percentuais (84,8%) quando
fronteira morfológica. O segmento precedente sonoro influencia a variação com
percentuais 25,1% para o alteamento e 0,2% para o abaixamento. O segmento
precedente surdo também varia: 21,1% para o alteamento e 0,4% para o
abaixamento. Esses dados são contrários aos índices percentuais encontrados na
análise da pretônica (o).
TABELA 36
Contexto seguinte
Alteamento Manutenção Manutenção Abaixamento
Contexto seguinte
oco % oco % oco % Oco %
Vogal 36
8,7
376
91,3
0
0
0
0
Consoante 3.976
38,8
6.271
61,2
0
0
0
0
85
TABELA 37
Contexto seguinte – Ponto 1
Alteamento Manutenção Manutenção Abaixamento
Contexto seguinte – Ponto 1
oco % oco % oco % Oco %
Anterior 3029
40,4
4.471
59,6
4.471
99,6
19
0,4
Posterior 947
34,5
1.800
65,5
1.800
99,9
1
0,1
Vogal 36
8,7
376
91,3
0
0
0
0
TABELA 38
Contexto seguinte – Ponto 2
Alteamento Manutenção Manutenção Abaixamento
Contexto seguinte – Ponto 2
oco % oco % oco % Oco %
Coronal 2.960
43,6
3.823
56,4
3.823
99,8
9
0,2
Não coronal 1.016
29,3
2.448
70,7
2.448
99,6
11
0,4
Vogal 36
8,7
376
91,3
0
100
0
0
TABELA 39
Contexto seguinte – Modo
Alteamento Manutenção Manutenção Abaixamento
Contexto seguinte – Modo
oco % oco % oco % Oco %
Vogal 36
8,7
376
91,3
0
100
0
0
Oclusiva 1.411
38,5
2.252
61,5
2.252
99,7
6
0,3
Fricativa 1.702
37
2.893
63
2.893
99,8
6
0,2
Lateral 63
17,4
300
826
300
100
0
0
Nasal 670
68,1
314
31,9
314
98,1
6
1,9
Tepe 130
20,2
512
79,8
512
99,6
2
0,4
Observa-se nas tabelas acima que o (e) seguido de semivogal nunca alça
(0%). O fator semivogal foi fundido com vogal em todos os grupos supracitados. O
fator vogal, no contexto seguinte, tem um percentual de alteamento (8,7%) muito
inferior, comparado com outros segmentos seguintes. Assim, a vogal pretônica (e)
candidata ao processo de alteamento deve estar seguida por consoante, mais
passível de variação se a consoante for anterior (40,4%), coronal (43,6%) e oclusiva
(38,5%).
No grupo de fatores Contexto seguinte Modo, assim como no Contexto
precedente - Modo, os segmentos consoantes nasais apresentam um alto índice
percentual de alteamento (68,1%).
Observando o processo de abaixamento, na tabela 36, percebe-se que a
manutenção foi categórica. Ainda nesse processo, as consoantes que influenciam o
abaixamento são as anteriores (0,4%), as não coronais (0,4%) e as nasais (1,9%).
86
TABELA 40
Estado da glote do contexto seguinte
Alteamento Manutenção Manutenção Abaixamento
Estado da Glote
oco % Oco % oco % oco %
Surdo 1.288
28,8
3.178
71,2
3.178
99,8
6
0,2
Sonoro 2.724
44
3.469
56
3.469
99,6
16
0,4
A tabela acima demonstra que o segmento sonoro de um de um contexto
seguinte influencia o alteamento (44%).
TABELA 41
Classe da palavra
Alteamento Manutenção Manutenção Abaixamento
Classe da palavra
oco % Oco % oco % oco %
Nominal 1.607
29,8
3.793
70,2
3.793
99,4
16
0,4
Verbal 1.561
36,1
2.762
63,9
2.762
99,9
4
0,1
Outros 813
97,4
22
2,6
0
0
0
0
Prefixos 31
30,7
70
69,3
0
0
0
0
Nota-se que, tanto no processo de alteamento quanto no processo de
abaixamento, a manutenção apresenta os maiores índices percentuais quando a
Classe de palavra é nominal: 70,2% e 0,4%, respectivamente. Observa-se também
um percentual quase categórico, no processo de alteamento, para a classe de
palavra Outros (97,4%) e um percentual categórico, no processo de abaixamento,
para as classes de palavras Outros e Prefixo.
6.1.2.2 O cálculo probabilístico
A seguir serão estudados os valores probabilísticos dos grupos de fatores
responsáveis pela variação da vogal média pretônica (e).
Vale lembrar que, para análise dos resultados probabilísticos, .50 é o
resultado neutro. Acima desse valor, há a interpretação de favorecimento da
variação e, abaixo desse índice, o fator é entendido como inibidor da variação.
87
6.1.2.2.1 O cálculo probabilístico no processo de alteamento
No processo de alteamento, o programa GOLVARB selecionou como
relevantes os grupos de fatores: Nasalidade, Atonicidade, Vogal tônica posição,
Vogal tônica-altura, Vogal tônica nasalidade, Estrutura da laba, Presença de
onset, Distância da vogal tônica, Contexto precedente ponto 1, Contexto
precedente ponto 2, Contexto precedente modo, Estado da glote do contexto
precedente, Contexto seguinte ponto 1, Contexto seguinte ponto 2, Contexto
seguinte modo, Estado da glote do contexto seguinte, Classe de Palavra. Foram
eliminados apenas os grupos Contexto precedente e Contexto seguinte, que não
têm efeito como um todo.
Os grupos de fatores selecionados apresentam índices que estão
relacionados ao nível de significância 0.018, considerada a melhor rodada stepping
up dessa realização.
TABELA 42
Fatores relevantes no processo de alteamento - (e)
Grupos Fatores Probabilidade
Oral 0.43
Nasalidade
Nasal 0.73
Verbo 0.49
Permanente 0.56
Atonicidade
Secundária 0.04
Anterior 0.65
Central 0.20
Vogal tônica – Posição
Posterior 0.76
Alta 0.84
Baixa 0.65
Vogal tônica – Altura
Média 0.16
Oral 0.48
Vogal tônica – Nasalidade
Nasal 0.54
Aberta 0.42
Estrutura da sílaba – Coda
Travada 0.79
Distância 1 0.47
Distância 2 0.62
Distância 3 0.34
Distância da vogal tônica
Distância 4 0.38
Anterior 0.44
Posterior 0.71
Contexto Precedente –
Ponto 1
Pausa 0.49
Coronal 0.54
Não coronal 0.44
Contexto Precedente –
Ponto 2
Pausa 0.50
Pausa 0.50
Oclusiva 0.53
Contexto Precedente -
Modo
Fricativa 0.36
88
Nasal 0.73
Lateral 0.29
Tepe 0.62
Surdo 0.48
Sonoro 0.42
Estado da Glote do contexto
precedente
Pausa 0.64
Anterior 0.46
Posterior 0.59
Contexto seguinte
Ponto 1
Vogal 0.46
Coronal 0.52
Não coronal 0.46
Contexto seguinte –
Ponto 2
Vogal 0.48
Vogal 0.51
Oclusiva 0.48
Fricativa 0.44
Lateral 0.41
Nasal 0.79
Contexto seguinte
Modo
Tepe 0.44
Surdo 0.40
Estado da Glote do contexto
seguinte
Sonoro 0.57
Nominal 0.35
Verbal 0.52
Outros 0.96
Classe da palavra
Prefixos 0.65
Analisando-se o valor probabilístico do grupo de fator Nasalidade, no
processo de alteamento, observa-se que a pretônica nasal exibe um índice (0.73)
que sugere ser este segmento facilitador do alteamento. a vogal pretônica oral
tem um valor probabilístico desfavorecedor (0.43).
No grupo de fatores Atonicidade constata-se que as átonas permanentes são,
neste grupo de fatores, os segmentos que mais favorecem o alteamento(0.56).
No grupo de fatores Vogal tônica – Posição, as consoantes posteriores são as
que mais favorecem o alteamento (0.76), seguidas das anteriores (0.65).
No grupo de fatores Vogal tônica altura, as vogais altas o as
favorecedoras do alteamento: bibida, pirigo, minino (0.84), o que caracteriza
harmonização vocálica entre a tônica e a pretônica. Contrariando a pesquisa de
Viegas (1987a, p.124), na qual se considera que “a vogal baixa tônica desfavorece
o alçamento em qualquer posição (“seção”)”, aqui as vogais tônicas baixas também
têm um índice probabilístico favorecedor ao alteamento (0.65): istudar, dimais,
ixplicar. As vogais tônicas médias exibem um índice (0.16) que sugere ser este
segmento inibidor da variação [e~i] como em agradecer, beleza, conhecer,
fervoroso, perfeito, nervoso.
89
No grupo de fatores Vogal tônica nasalidade, os segmentos tônicos nasais
têm valores próximos acima da neutralidade (0.54) e favorecem o alçamento do (e):
minino, tistimunha, sigurança, ninhum.
Quanto à estrutura da sílaba, assim como no processo de alteamento da
pretônica posterior, as sílabas travadas têm probabilidade alta (0.79) de alçarem
suas vogais pretônicas anteriores. Observando as ocorrências, vê-se que a vogal
(e) em início de palavra, sem travamento, quase não alça educação, exemplos,
energia –, mas quando travadas, tanto por nasal quanto fricativa, o alçamento é
quase categórico – istudar, ixplicar, isquina, iscola, incarou. Como já dizia Bisol:
Com respeito a e, dir-se-ia que o silêncio à esquerda favorece a
elevação, quando seguido de [N] e [S], fato que tem comprovação
histórica, segundo a investigação de Naro(1973). Mas exemplos não
faltam onde o silêncio à esquerda funciona como elemento
preservador da média: educação (1vez), educado (3 vezes) e
nenhuma iducado e iducação; eletricista (5 vezes) e nenhuma
iletricista; economia (5 vezes) e nenhuma iconomia etc (BISOL, 1981,
p.34-35).
Também as sílabas sem onset têm essa característica: probabilidade alta de
alçamento (0.87).
Contrária à análise feita no processo de alteamento da pretônica (o), na qual o
grupo de fator referente à distância da tônica em relação à pretônica pouca
influência possui, no processo de alteamento da pretônica (e), a distância 2 é um
grande favorecedor do alteamento (0.62).
As distâncias 1,3 e 4 têm percentuais 0.47, 0.34 e 0.38, respectivamente,
valores que indicam inibição do processo de alteamento.
Nos grupos de fatores referentes ao Contexto precedente ponto 1, Contexto
precedente ponto 2 e Contexto precedente modo, foi necessária a exclusão dos
fatores vogal e semivogal, estabelecendo apenas a oposição fronteira morfológica e
consoantes.
Constata-se que em Contexto precedente ponto 1 as consoantes
posteriores favorecem o alteamento (0.71). As consoantes anteriores (0.44) e a
fronteira morfológica (0.49) desfavorecem-no. Em contexto precedente ponto 2, as
coronais (0.54) favorecem a variação [e~i], a fronteira morfológica (0.50) é neutra e
as consoantes não coronais (0.44) desfavorecem tal variação. Em Contexto
precedente modo, os segmentos nasais (0.73), o tepe (0.62) e as oclusiva (0.53)
têm índices probabilísticos favorecedores. Fronteira morfológica (0.50) é neutra e,
90
fricativas (0.36) e laterais (0.29) desfavorecem o alçamento da média anterior. No
grupo de fatores Estado da glote do contexto precedente, a fronteira morfológica tem
o maior índice probabilístico (0.64) para o alteamento. Os segmentos surdo (0.48) e
sonoro (0.42) são fatores desfavorecedores do processo de alteamento.
Dos grupos de fatores relacionados ao Contexto seguinte ponto 1, Contexto
seguinte – ponto 2 e Contexto seguinte – modo, foi excluído o fator semivogal devido
a não variação. A vogal (e) alçou sempre que apareceu em contato seguinte com
vogal baixa (pião, passiar, campião), mas em contato com a vogal média, nem
sempre alçou (campeonato). Em todos esses grupos de fatores, somente as nasais
(0.79), as consoantes posteriores (0.59) e as coronais (0.52) têm valores
probabilísticos favorecedores do alteamento. Os demais fatores têm valores
próximos da neutralidade ou abaixo dela.
No grupo de fatores Estado da glote do contexto seguinte, o segmento sonoro
tem um índice probabilístico (0.57) que mostra favorecimento ao alteamento.
O último grupo, Classe da palavra, apresenta o fator Outros com um índice
probabilístico de alteamento quase categórico (0.96); em seguida, favorecendo ao
alteamento, temos Prefixos (0.65) e verbos (0.35).
Diferentemente do que diz Bisol (1981) a respeito de os prefixos não alçarem,
no dialeto da região urbana de Pará de Minas, os prefixos de/des alçam
freqüentemente, (disvalorizados, dismiricia), assim como outros prefixos
(impimentada, sobrinome).
Sintetizando e exemplificando a análise acima, tenho:
FATORES FAVORECEDORES
Nasalidade da pretônica: intão, intendeu, inquanto, ingraçadas, incostado,
insinei, impresa, imprego, ninhum.
Atonicidade permanente: ricibo
Vogal tônica anterior: sirviço, minino, ixiste, prifiro, aburricido, ispera, bibida,
insino, quiria, isquici.
Vogal tônica posterior: iscola, isposa, imbora, ixplode, istudos, isgoto, ninhum.
Vogal tônica alta: istuda, sirviço, bibida, insino, pirigo, minino, sigundo, iscuta,
pirdia.
91
Vogal tônica baixa: intão, istudar, infrentando, impenhando, isperando, dimais,
distacava, ixplicar, iscola.
Vogal tônica nasal: sigurança, tistimunha
Sílaba travada: istudar, ixplicar, distacando, isperando, dismaiado, isquina,
istranho, iscola.
Distância 2 da sílaba tônica: isquadrilha, ingraçado, intendeu, istudar,
isquisita, iscutava, sigurança
Consoante posterior no contexto precedente: dimais, disculpa, distacar,
piquinininha, quiria, isquicido.
Consoante coronal no contexto precedente: aprindi, disci
Contexto precedente com nasal: minino, ninhum, cunhicido, mixia, milhora.
Contexto precedente com tepe: aparicia, Aparicida, priciso, acridito, prifiro.
Contexto precedente com oclusiva: piquena, biliscão
Pausa em contexto precedente: ixames, intão, imprego, intreguei, impresa,
imbora.
Nasal em contexto seguinte: dimais, intão, impresa, minino, ninhum, sinhora.
Segmento sonoro em contexto seguinte: ingraxar, insinar
Classe da palavra – Outros: dimais, intão, inquanto, siguinte, imbora.
Classe da palavra prefixos: sobrinome, disvalorizado, dismiricia,
impimentado.
FATORES DESFAVORECEDORES
Vogal pretônica oral: divagar, dizoito
Atonicidade secundária: mulherada, fazendária, impregado.
Vogal tônica central: impregada, sentar, apertar, cunversando, Geraldo,
mecânico, entrar.
Vogal tônica média: depois, cumecei, negócio, vetores, pessoas, entrei,
benzer.
Vogal tônica oral: fevereiro, errar
Distância 1,3 e 4 da sílaba tônica: comentei, dedicadíssimo, corresponderia.
Contexto precedente com consoante lateral: levou, adolescência, lembrei,
acolhedora, falecimento.
92
Contexto precedente com consoante fricativa: rezar, professora, fechada,
inventar, requer, pessoa, sentei.
Consoante anterior no contexto precedente: devido, feminino
Consoante não coronal no contexto precedente: feriado, percebe
Segmento sonoro em contexto precedente: gelada
Consoante oclusiva em contexto seguinte: medidor
Consoante fricativa em contexto seguinte: fevereiro
Consoante lateral em contexto seguinte: elevar
Tepe em contexto seguinte: Geraldo
Segmento surdo em contexto seguinte: essência
Nomes: cerveja
Se mais uma vez comparo minhas análises com o trabalho feito por Viegas
(1987), os fatores favorecedores o coincidentes. A autora, buscando contextos
onde há variação, chega à seguinte regra:
Leia-se: A vogal /e/ pretônica, preferencialmente em sílaba travada por
fricativa surda, torna-se variavelmente /i/ em início de palavra ou em sílaba inicial, ou
em sílaba CV, seguida por consoante sonorante, ou quando seguida imediatamente
por vogal alta tônica. A pausa precedente é favorecedora se a vogal estiver em
sílaba travada, que é também favorecedora se precedida por pausa.
6.1.2.2.2 O cálculo probabilístico no processo de abaixamento
Em seguida, analisaram-se os resultados para os grupos de fatores
relevantes ao processo de abaixamento da vogal média (e).
Nessa variação, o programa selecionou como favoráveis ao abaixamento os
fatores Atonicidade, Vogal tônica-altura, Distância da vogal tônica, Contexto
precedente-ponto 1, Contexto seguinte-ponto 1 e Contexto seguinte-ponto 2. Os
demais grupos de fatores analisados – Nasalidade, Vogal tônica-posição, Vogal
tônica-Nasalidade, Estrutura da laba, Presença de onset, Contexto precedente,
(e
)
<i>/ <# #>
<# # C>
C$
<+ fricativa >
<+ surda >
C
<+sonorante>
V
<+ alta>
<+ acento>
1
1
93
Contexto precedente-ponto 2, Contexto precedente-modo, Estado da glote do
contexto precedente, Contexto seguinte, Contexto seguinte-modo, Estado da glote
do contexto seguinte e Classe da palavra – foram eliminados.
A tabela 43 apresenta a probabilidade de abaixamento de cada fator
selecionado na melhor rodada stepping up com significância 0.010.
TABELA 43
Fatores relevantes no processo de abaixamento
Grupos Fatores Probabilidade
Verbo 0.34
Atonicidade
Permanente 0.62
Alta 0.50
Tipo de vogal tônica –
Altura
Baixa 0.49
Distância 1 0.62
Distância da vogal tônica
Distância 2 0.18
Anterior 0.40
Contexto Precedente –
Ponto 1
Posterior 0.86
Anterior 0.69
Contexto seguinte
Ponto 1
Posterior 0.11
Coronal 0.38
Contexto seguinte –
Ponto 2
Não coronal 0.66
Analisando o valor probabilístico do grupo de fatores Atonicidade, observa-se
que a vogal pretônica átona permanente apresenta um índice (0.62) que sugere ser
este fator um grande favorecedor do abaixamento da pretônica (e). o fator verbo
tem um valor probabilístico desfavorecedor (0.34) dessa variação.
Não esperado, o grupo de fatores Vogal tônica Altura tem valor neutro para
a variação com vogal tônica alta e próximo da neutralidade (0.49) para realizações
com vogal tônica baixa.
No grupo de fatores Distância da vogal tônica, a distância 1 tem valores
probabilísticos que favorecem o processo de abaixamento (0.62) e a distância 2 tem
valores desfavorecedores (0.18).
No grupo de fator Contexto precedente ponto 1, as consoantes posteriores
possuem valores favorecedores ao abaixamento (0.86). As anteriores não
favorecem o abaixamento.
Nos dois últimos grupos, que se referem a contexto seguinte-ponto 1 e
Contexto seguinte-ponto 2, apenas os fatores não coronal e anteriores têm índices
favorecedores ao abaixamento: 0.66 e 0.69, respectivamente.
94
6.1.3 Resultados e conclusões
Nos corpus coletados neste trabalho, é possível apontar alguns dados que
ilustram e demonstram evidências de uma atuação lexical relacionada à variação
das vogais médias pretônicas.
Retornando ao capítulo 1, posso apresentar três situações que indicam
difusão lexical na língua. A primeira postula que dada uma regra AB/C__D, no
mesmo item lexical, estruturas CBD coexistindo com estruturas CAD. A segunda
envolve os itens lexicais que possuem contexto fonológico para que alcem, mas não
alçam e assim apresentam estruturas CAD. A terceira refere-se aos itens lexicais
que o apresentam contexto para que sofram o processo de alteamento, mas
alçam mesmo assim.
Assim, também em meus dados, posso apresentar que os processos de
alteamento e de abaixamento, tanto das vogais pretônicas anteriores quanto das
vogais pretônicas posteriores não se aplicam a todo o léxico. Ora as palavras
coexistem alteradas ou não; “flutuam foneticamente”, segundo Oliveira (1992b), ora
apresentam ambientes favorecedores da variação e não variam e, ainda, ora
apresentam ambientes desfavorecedores da variação e variam. Exemplificando:
a) Casos em que um determinado morfema aparece, num mesmo contexto, em
duas composições fonéticas:
Manutenção
(e)
Qde
Abaixamento (ε
εε
ε)
Qde
Detesto 2
Dε
εε
εtesto
2
Rebelde 4
Rε
εε
εbelde
3
Recebe 2
Rε
εε
εcebe
2
Alteamento (i) Qde Manutenção (e) Qde
Aburricido 1
Aburrecido 1
Aconticia 2
Acontecia 1
Acridita 5
Acredita 7
Acriditava 1
Acreditava 1
Aligria 2
Alegria 14
Aparicida 5
Aparecida 1
Aprindi 6
Aprendi 13
Aprindido 1
Aprendido 1
Bibi 1
Bebi 1
Campionato 4
Campeonato 2
Cimitério 10
Cemitério 1
Consigui 24
Consegui 5
Consiguir 9
Conseguir 5
consiguiram 1
Conseguiram 1
Crisci 2
Cresci 2
95
Cunhici 13
Conheci 2
Disci 1
Desci 1
Discia 6
Descia 2
Disinvolvimento 2
Desenvolvimento 5
Dispacho 4
Despacho 1
Dispidir 2
Despedir 2
Dizessete 14
Dezessete 2
Dizoito 10
Dezoito 1
Falicido 2
Falecido 1
Filiz 3
Feliz 4
Futibol 7
Futebol 1
Homenagia-da 1
Homenageada 2
Iducação 2
Educação 16
Impresa 27
Empresa 1
Ingenharia 3
Engenharia 2
Inorme 1
Enorme 3
Intrevistar 1
Entrevistar 3
Iscrever 43
Escrever 1
Isforçado 1
Esforçado 1
Ismaltado 1
Esmaltado 2
Ispetacular 1
Espetacular 4
Istados 5
Estados 1
Istuda 1
Estuda 1
Ixame 4
Exame 1
Ixperiência 6
Experiência 2
Milhor 29
Melhor 15
Milhora 2
Melhora 1
Milhorado 1
Melhorado 1
Milhorar 5
Melhorar 1
Milhorei 2
Melhorei 2
Milhorou 7
Melhorou 2
Mininos 74
Meninos 1
Ninhum 16
Nenhum 1
N inhuma 16
Nenhuma 1
Nomiada 2
Nomeada 1
Pirdi 10
Perdi 4
Pirigo 16
Perigo 4
Pricisava 5
Precisava 2
Prifiria 2
Prefiria 1
Prifiriu 6
Prefiriu 1
Quiria 78
Queria 3
Ricibi 7
Recebi 2
Siguir 2
Seguir 1
Siguinte 25
Seguinte 1
Sigurança 9
Segurança 1
Sinhora 114
Senhora 3
Sintir 10
Sentir 1
Sirviço 75
Serviço 2
Sirvia 2
Servia 1
Sirviu 1
Serviu 1
Tistimunha 4
Testemunha 2
Vindia 8
Vendia 2
Alteamento (u) Qde Manutenção (o) Qde
Abençuar 1
Abençoar 1
Acumpanhado 1
Acompanhado 4
Acumpanhar 2
Acompanhar 2
Adueci 3
Adoeci 2
Apruveitar 5
Aproveitar 1
Apruveitei 10
Aproveitei 1
96
Apusentei 5
Aposentei 9
Atrupelado 1
Atropelado 1
Cumeça 5
Começa 10
Cumeçando 7
Começando 1
Cumeçar 14
Começar 4
Cumecei 91
Comecei 8
Cumeçou 32
Começou 9
Cumendo 3
Comendo 1
Cumer 6
Comer 9
Cumercial 1
Comercial 3
Cumércio 12
Comércio 1
Cumigo 35
Comigo 109
Cunhece 14
Conhece 11
Cunhecendo 6
Conhecendo 4
Cunhecer 11
Conhecer 8
Cunheci 5
Conheci 2
Cunhicia 9
Conhecia 1
Cunsigui 1
Consigui 25
Cunsiguia 1
Conseguia 4
Cuntinuei 1
Continuei 8
Cuntinuou 2
Continuou 8
Cunversa 13
Conversa 2
Cunversando 22
Conversando 1
Cunversar 20
Conversar 7
Cunversei 7
Conversei 2
Duar 1
Doar 1
Duente 17
Doente 1
Domingos 1
Dumingo 26
Durmir 3
Dormir 1
Fuguete 6
Foguete 1
Guvernador 7
Governador 16
Guverno 4
Governo 2
Iscundida 1
Escondidda 1
Iscundido 1
Escondido 1
Jugar 12
Jogar 6
Jugou 4
Jogou 3
Maiuria 16
Maioria 1
Pedagugia 2
Pedagogia 5
Pneumonia 1
Pneumonia 1
Prucissão 2
Procissão 3
Purfírio 2
Porfírio 2
Pussível 11
Possível 1
Manutenção (o) Qde Abaixamento (
) Qde
Colega 10
C
lega 32
Colegas 12
C
legas 15
Colégio 51
C
légio 36
Coleguinhas 2
C
leguinhas 2
Coronel 8
C
ronel 4
Corretamente 2
C
rretamente 2
Covadanta 3
C
vadanta 3
Horrorosa 2
H
rrorosa 1
Novela 5
N
vela 1
Policlínica 1
P
liclínica 2
Sozinha 23
S
zinha 6
Sozinho 17
S
zinho 11
Sozinhos 3
S
zinhos 4
97
Para Oliveira (1992b, p.35), esses são os “casos legítimos de variação, são
casos onde podemos encontrar tanto [X] quanto [Y] num mesmo ambiente”.
b) Casos em que o ambiente é tido como favorecedor da alteração e o item
lexical não varia: Acustumado (Distância 2 da vogal nica, consoante não
coronal em contexto precedente, consoante oclusiva em contexto precedente,
consoante fricativa em contexto seguinte, sílaba travada), mas acostamento.
Outros exemplos:
Vogais posteriores: alteamento
Amuleceu x amolador
Apruveito x aprovado
Atulera x atolava
Cubriu x cobrava
Cuelho x coerência
Cumeça x comédia
Cumendo x comenta
Cunserto x conselho
Cunversar x convencer
Dumingo x dominava
Juelho x Joelma
Nuvelo x novela
Prucissão x processo
Purque x porcaria
Pussível x possessivo
Subrinho x sobrinome
Turnuzelo x torneiro
Vogais posteriores: abaixamento
n
vela x noventa
Vogais anteriores: alteamento
Dibaixo x debate
Dipressa x depressão
Iducado x educador
98
Intiada x entidades
Pirigo x periferia
Pirigo x período
Simestre x semana
Vistido x vestibular
c) Casos em que o ambiente é tido como desfavorecedor da alteração e o item
lexical varia:
Vogais posteriores: alteamento
Aprovação x apruveitei
Porteira x Purfírio
Nesses exemplos encontram-se realizações indicativas de difusão lexical.
Percebe-se que a mudança ocorre e propaga-se em palavras com estrutura sonora
semelhante, porém, em alguns casos deixa algumas palavras permanentemente
sem alteração sonora e, em outros casos, atinge a todas as palavras da língua que
potencialmente poderiam sofrer a mudança sonora.
Diante desses exemplos, concluí que um condicionamento lexical. Para os
difusionistas, não é o contexto que vai licenciar a mudança, e sim o léxico. Para
Oliveira (1992b, p.35), na difusão lexical, o ambiente fonético é visto como um
“assimilador a posteriori, e não como um condicionador a priori de uma inovação”.
Assim, as mudanças sonoras são vistas como sendo “lexicalmente graduais e
foneticamente abruptas”. (OLIVEIRA, 1992b, p. 35).
Oliveira (199la) propõe que toda mudança sonora dê-se por difusão lexical e
que, no caso do alteamento, são os nomes comuns, o estilo informal e um contexto
fonético natural, os favorecedores do processo.
Bisol (1981) menciona essa questão lexical embora ela não tenha se detido
nela:
Todavia extrapolam a restrição de alveolar pares como preciso~priciso,
necessito~necissito~nicissito, vestido~vistido, de remota existência na
história do português, cuja explicação tanto pode estar ligada ao fator ‘uso
através dos temposcomo ‘uso popular’, por tratar-se de uma classe de
palavras supostamente de freqüência altíssima na fala, abrangendo todos
os grupos sociais. (BISOL 1981, p.152)
99
Em meus dados, os itens não alçados realmente são, em geral, mais formais,
mais especializados, mais eruditos como: esporulação, alfabetização, cesária,
conseqüentemente, ginecologista, medicamento, misericordioso, responsabilidade.
Também, a partir dos dados coletados, é possível concluir que as variações
de vogais anteriores e posteriores, que parecem constituir uma variação, têm
comportamentos distintos em determinados contextos. Por exemplo, a variável (o)
não alçou em início de palavras, ao passo que a variável (e) alçou freqüentemente.
6.2 Análises não estruturais
Os processos de alteamento e abaixamento serão analisados a seguir, em
função das variáveis indivíduo, sexo, faixa etária, escolaridade, classe social e estilo.
Esses fatores, de acordo com estudos anteriores, interferem na realização das
vogais médias pretônicas.
6.2.2 Análise não estrutural (o)
Observando a tabela abaixo, nota-se uma diferença no comportamento
lingüísticos dos entrevistados diante dos processos de alteamento e/ou
abaixamento.
TABELA 44
Indivíduo
Alteamento Manutenção Manutenção Abaixamento
Indivíduo
oco % Oco % oco % Oco %
Informante A 40
22,3
139
77,7
139
89,7
16
10,3
Informante B 40
20,9
151
79,1
151
96,8
5
3,2
Informante C 64
34,2
123
65,8
123
99,2
1
0,8
Informante D 57
28,5
143
71,5
143
97,9
3
2,1
Informante E 31
29,8
73
70,2
73
83,0
15
17,0
Informante F 44
29,1
107
70,9
107
95,5
5
4,5
Informante G 44
38,9
69
61,1
69
97,2
2
2,8
Informante H 27
34,2
52
65,8
52
96,3
2
3,7
Informante I 71
38,8
112
61,2
112
91,1
11
8,9
Informante J 74
31,8
159
68,2
159
97,5
4
2,5
Informante K 70
27,9
181
72,1
181
95,3
9
4,7
Informante L 74
39,2
115
60,8
115
96,6
4
3,4
Informante M 30
22,4
104
77,6
104
99,0
1
1,0
Informante N 72
31,7
155
68,3
155
98,1
3
1,9
100
Informante O 26
13,7
164
86,3
164
97,6
4
2,4
Informante P 10
11,9
74
88,1
0
0
0
0
Informante Q 50
24,9
151
75,1
151
97,4
4
2,6
Informante R 47
29,7
111
70,3
111
97,4
3
2,6
Informante S 62
36,3
109
63,7
109
98,2
2
1,8
Informante T 25
16,3
128
83,7
128
97,7
3
2,3
Informante U 58
2,6
165
74
165
99,4
1
0,6
Informante V 27
12,2
195
87,8
195
94,7
11
5,3
Informante X 38
20,1
151
79,9
151
96,8
5
3,2
Informante Z 23
22,3
80
77,7
0
0
0
0
Informante Y 53
33,3
106
66,7
0
0
0
0
Informante W 37
18,7
161
81,31
161
97,6
4
2,4
Informante 1 43
23,2
142
76,8
142
91,6
13
8,4
Informante 2 44
22,6
151
77,4
151
95,6
7
4,4
Informante 3 36
17,6
168
82,4
168
98,2
3
1,8
Informante 4 59
26,7
162
73,3
0
0
0
0
Informante 5 56
32,4
117
67,6
0
0
0
0
Informante 6 67
29,4
161
70,6
0
0
0
0
Informante 7 42
21,5
153
78,5
153
93,9
10
6,1
Informante 8 51
23,1
162
76,1
162
96,4
6
3,6
Informante 9 30
12,0
220
88,0
220
94,0
14
6,0
No processo de alteamento, percentuais entre 11,9% - informante P - e
39,2% - informante L - mostram que todos os entrevistados variaram a vogal média
pretônica /o/.
No processo de abaixamento, os informantes P, Z, Y, 4, 5 e 6 foram
eliminados, o que significa que mantiveram a manutenção categoricamente.
Na tabela abaixo, pode-se verificar o comportamento da variável
independente sexo em relação às realizações [o~u] e/ou [o~
].
TABELA 45
Sexo
Alteamento Manutenção Manutenção Abaixamento
Sexo
oco % Oco % oco % Oco %
Homens 726
24,2
2.268
75,8
2.268
96,8
75
3,2
Mulheres 896
26,8
2.446
73,2
2.446
96,1
98
3,9
Observa-se que em um total de 3.440 realizações, as mulheres mantêm as
vogais pretônicas como médias em 2.268 casos, equivalendo a 73,2% do total de
ocorrências. A opção pelo alteamento ocorre em 26,8% dos casos, ou seja, 896
realizações de pretônicas posteriores altas. O abaixamento possui um percentual
baixo, apenas 3,9% do total : 98 casos.
101
Observa-se, ainda, que os homens também preferem a manutenção dos
segmentos pretônicos ao alteamento e abaixamento: do total de 3.066 realizações,
2.268 75,8% dos casos são ocorrências de manutenção. A preferência pelo
alteamento retrata-se em 726 casos ou 24,2% do total. O abaixamento ocorre
apenas 75 vezes, o que corresponde a 3,2% dos 3.066 dados.
Confrontando o desempenho lingüístico de homens e mulheres, verifica-se
que os informantes do sexo masculino, assim como os do sexo feminino, preferem a
manutenção, seguida pelo alteamento, sendo que o abaixamento apresenta um
número pequeno de casos para ambos os sexos. (x
2
: 0,47, grau de liberdade: 1 e
nível de significância 3,84, mostraram diferenças não significativas)
14
.
Outro fator a ser considerado é a faixa etária, pois para que uma variação
lingüística seja considerada uma mudança em progresso
15
ou uma situação
estabilizada, o fator correspondente à idade dos informantes é de grande
importância.
TABELA 46
Faixa Etária
Alteamento Manutenção Manutenção Abaixamento
Faixa Etária
oco % Oco % oco % Oco %
1- (até 25 anos) 562
30
1.309
70
1.309
94,7
73
5,3
2- (30 a 50 anos) 519
24,2
1.622
75,8
1.622
97,5
41
2,5
3- (mais de 60 anos) 541
23,3
1,783
76,7
1,783
96,8
59
3,2
Nas faixas etárias também uma preferência pela manutenção, alteamento
e abaixamento, respectivamente.
No entanto, no processo de alteamento, a manutenção é preferida por
pessoas com mais de 60 anos 76,7% - seguida pelos adultos de 30 a 50 anos
75,8%. Na processo de abaixamento, a manutenção é preferida por adultos – 97,5%
- seguida pelos idosos.
O alteamento é mais utilizado por jovens 30% -, adultos de 30 a 50 anos -
24,2% - e idosos – 23,3%.
O abaixamento, por sua vez, apresenta que jovens – 5,3% - e idosos – 3,2% -
usam-no mais que os adultos – 2,5%.
Outra variável independente não estrutural analisada foi a escolaridade.
14
O teste de x
2
é usado para determinar quão aproximadamente as distribuições teóricas, como a normal, a
binominal etc., ajustam-se às distribuições empíricas, isto é, as obtidas por meio dos dados amostrais.
15
Uso de uma nova variante e eliminação da variante antiga.
102
TABELA 47
Escolaridade
Alteamento Manutenção Manutenção Abaixamento
Escolaridade
oco % Oco % oco % Oco %
Analfabeto 449
31,4
980
68,6
980
96,9
31
3,1
Ensino médio 596
26
1.692
74
1.692
96
71
4
Ensino Superior 577
22
2.042
78
2.042
96,6
71
3,4
A preferência pela manutenção, seguida pelo alteamento e o abaixamento, é
comum aos três níveis de escolaridade.
No processo de alteamento, a manutenção é preferida por aqueles com
ensino superior, ao passo que no processo de abaixamento a manutenção é
preferida pelos analfabetos.
No processo de alteamento, os analfabetos são os que mais preferem a
variação 31,4%; enquanto no processo de abaixamento são os que mais mantêm
a vogal média pretônica – 96,9%.
TABELA 48
Classe social
Alteamento Manutenção Manutenção Abaixamento
Classe Social
oco % Oco % oco % Oco %
Classe média 699
24,7
2.127
75,3
2.127
96,8
70
3,2
Classe trabalhadora 923
26,3
2.587
73,7
2.587
96,2
103
3,8
Nessa tabela, assim como na tabela da faixa etária, a preferência pela
manutenção, seguida pelo alteamento e depois abaixamento, é comum às duas
classes sociais: classe média e classe trabalhadorabaixa. (x
2
: 1,99, grau de
liberdade: 1 e nível de significância 3,84, mostraram diferenças não significativas)
TABELA 49
Estilo
Alteamento Manutenção Manutenção Abaixamento
Estilo
oco % Oco % Oco % Oco %
Informal 1.588
26,4
4.424
73,6
4.424
96,7
153
3,3
Formal 34
10,5
290
89,5
290
93,6
20
6,4
103
Nota-se, na tabela 49, que o estilo informal, na variação [o~u], apresenta os
maiores percentuais. na variação [o~
], os maiores índices percentuais
relacionam-se ao estilo formal.
Até aqui fiz uma análise das variáveis não estruturais e de seus percentuais
de ocorrências. A seguir, mostram-se os resultados estatísticos dos fatores que
favorecem ou não a variação das vogais médias pretônicas (o).
No processo de alteamento, o programa selecionou a melhor rodada stepping
up aquela com significância 1 e eliminou os grupos sexo, faixa etária,
escolaridade e classe social, considerando como favorecedores do alteamento os
grupos de fatores indivíduo e estilo.
A tabela a seguir mostra os resultados probabilísticos encontrados
TABELA 50
Fatores relevantes no processo de alteamento
Grupos Fatores Probabilidade
Informante A 0.47
Informante B 0.45
Informante C 0.61
Informante D 0.54
Informante E 0.55
Informante F 0.55
Informante G 0.65
Informante H 0.61
Informante I 0.66
Informante J 0.58
Informante K 0.54
Informante L 0.65
Informante M 0.46
Informante N 0.59
Informante O 0.32
Informante P 0.28
Informante Q 0.49
Informante R 0.56
Informante S 0.63
Informante T 0.39
Informante U 0.52
Informante V 0.29
Informante X 0.43
Informante Z 0.46
Informante Y 0.60
Informante W 0.41
Informante 1 0.47
Informante 2 0.46
Informante 3 0.39
Informante 4 0.51
Informante 5 0.58
Informante 6 0.56
Indivíduo
Informante 7 0.45
104
Informante 8 0.48
Informante 9 0.29
Formal 0.25
Estilo
Informal 0.51
Observando a tabela acima, vê-se que os maiores índices de alteamento são
encontrados nos indivíduos: C (homem, até 25 anos, curso superior, classe média),
G (homem, até 25 anos, ensino médio, classe trabalhadora baixa), H (homem, a
25 anos, ensino médio, classe trabalhadora baixa), I (mulher, até 25 anos, ensino
médio, classe trabalhadora baixa), L (mulher, 30 a 50 anos, analfabeta, classe
média), S (mulher, 30 a 50 anos, analfabeta, classe trabalhadora baixa) e Y (mulher,
mais de 60 anos, analfabeta, classe média).
Dentre os entrevistados, favorecendo o alteamento da vogal média pretônica
(o) no dialeto pará-minense, tem-se uma maioria jovens, adultos e idosos, homens e
mulheres, escolarizados e analfabetos, trabalhadores ou não.
Essa “irregularidade fonética” também é percebida naqueles indivíduos que
não favorecem o alteamento. Veja: indivíduo O (homem, 30 a 50 anos, curso
superior, classe média), P (homem, 30 a 50 anos, curso superior, classe média), T
(homem, 30 a 50 anos, ensino médio, classe trabalhadora baixa), V (homem, 30 a
50 anos, curso superior, classe trabalhadora baixa), 3 (mulher, mais de 60 anos,
curso superior, classe média) e 9 (mulher, mais 60 anos, curso superior, classe
trabalhadora baixa).
No processo de abaixamento, o programa selecionou como melhor a rodada
stepping up com significância 0.37 e eliminou os grupos escolaridade e classe
social.
Os grupos selecionados, que favorecem o abaixamento, são indivíduo, sexo,
faixa etária e estilo, conforme probabilidades mostradas na tabela abaixo:
105
TABELA 51
Fatores relevantes no processo de abaixamento
Grupos Fatores Probabilidade
Informante A 0.82
Informante B 0.17
Informante C 0.26
Informante D 0.12
Informante E 0.90
Informante F 0.24
Informante G 0.55
Informante H 0.61
Informante I 0.38
Informante J 0.52
Informante K 0.24
Informante L 0.27
Informante M 0.39
Informante N 0.16
Informante O 0.62
Informante Q 0.22
Informante R 0.64
Informante S 0.16
Informante T 0.58
Informante U 0.05
Informante V 0.79
Informante X 0.26
Informante Y 0.41
Informante W 0.84
Informante 1 0.78
Informante 2 0.92
Informante 3 0.40
Informante 7 0.71
Informante 8 0.90
Indivíduo
Informante 9 0.71
Homem 0.26
Sexo
Mulher 0.71
1- até 25 anos 0.70
2- 30 a 50 anos 0.58
Faixa etária
3- mais de 60 anos 0.27
Formal 0.67
Estilo
Informal 0.48
Os indivíduos A, E, G, H, J, O, R, T, V, W, 1, 2, 7, 8 e 9 têm uma
probabilidade maior que 0.5 e favorecem o abaixamento. Percebe-se aqui, também,
uma “irregularidade de características desses indivíduos. Como disse Oliveira
(1992b), não é possível agrupá-los e defini-los, temos sexo, faixa etária,
escolaridade e classes sociais diferentes.
Ainda na tabela 51, percebe-se que os alguns indivíduos têm probabilidade
próximas da neutralidade 0.5 e outros abaixo dela. Como comentado, os
indivíduos P (homem, 30 a 50 anos, curso superior, classe média), Z (homem, mais
106
de 60 anos, analfabeto, classe média), Y (mulher, 60 anos, analfabeta, classe
média), 4(homem, mais de 60 anos, analfabeto, classe trabalhadora baixa), 5
(mulher, mais de 60 anos, analfabeta, classe trabalhadora baixa) e 6 (homem, mais
de 60 anos, ensino médio, classe trabalhadora baixa) têm manutenção categórica.
Aqui é possível perceber que são todos idosos, uma vez que o indivíduo P tem 50
anos. Em Pará de Minas, os idosos pronunciam Policlínica, Coronel, comércio,
Covadanta, em oposição a P
liclínica, c
ronel, c
mércio, C
vadanta,
pronunciadas pelos mais novos.
6.2.2 Análise não estrutural (e)
A seguir serão analisados os percentuais de cada grupo de fatores não
estruturais dos processos de alteamento e abaixamento da vogal pretônica (e). Os
casos categóricos foram excluídos.
A tabela 52 demonstra a distribuição dos percentuais, segundo os
informantes.
TABELA 52
Indivíduo
Alteamento Manutenção Manutenção Abaixamento
Indivíduo
oco % Oco % oco % Oco %
Informante A 92
36,2
162
63,8
162
99,4
1
0,6
Informante B 83
27,0
224
73,0
0
0
0
0
Informante C 144
38,4
231
61,6
231
99,6
1
0,4
Informante D 139
42,6
187
57,4
0
0
0
0
Informante E 73
35,8
131
64,2
0
0
0
0
Informante F 111
48,1
120
51,9
120
96
5
4
Informante G 62
35,8
111
64,2
0
0
0
0
Informante H 77
35,0
143
65,0
0
0
0
0
Informante I 79
36,4
138
63,6
0
0
0
0
Informante J 171
35,2
315
64,8
0
0
0
0
Informante K 135
33,2
272
66,8
272
99,3
2
0,7
Informante L 100
43,5
130
56,5
130
98,5
2
1,5
Informante M 93
33,5
185
66,5
0
0
0
0
Informante N 137
34,2
264
65,8
0
0
0
0
Informante O 112
37,3
188
62,7
0
0
0
0
Informante P 75
40,3
111
59,7
0
0
0
0
Informante Q 174
51,9
161
48,1
0
0
0
0
Informante R 139
44,8
171
55,2
0
0
0
0
Informante S 118
39,2
183
60,8
0
0
0
0
Informante T 83
30,2
192
69,8
192
99,9
2
0,1
Informante U 143
35,6
259
64,4
0
0
0
0
107
Informante V 126
34,5
239
65,5
0
0
0
0
Informante X 84
24,6
257
75,4
257
99,6
1
0,4
Informante Z 61
40,1
91
59,9
0
0
0
0
Informante Y 127
56,4
98
43,6
0
0
0
0
Informante W 76
28,3
193
71,7
0
0
0
0
Informante 1 155
44,2
196
55,8
0
0
0
0
Informante 2 98
31,5
213
68,5
213
99,5
1
0,5
Informante 3 66
22,1
232
77,9
232
99,6
1
0,4
Informante 4 231
48,9
241
51,1
241
99,2
2
0,8
Informante 5 162
48,1
175
51,9
0
0
0
0
Informante 6 83
33,3
166
66,7
166
99,4
1
06
Informante 7 125
39,7
190
60,3
190
99,5
1
0,5
Informante 8 131
38,0
214
62,0
0
0
0
0
Informante 9 147
35,8
264
64,2
0
0
0
0
Observando-se a tabela, nota-se que os percentuais variam de indivíduo para
indivíduo. Eles vão de 22,1% de alteamento até 56,4% dessa realização. Assim, a
manutenção fica entre 43,6% - menor índice indivíduo y e 77,9% - maior índice
indivíduo 3.
No processo de alteamento, todos os trinta e três 33 informantes variam a
vogal média pretônica (e). na realização manutenção/abaixamento, doze
informantes não realizam esta variação e têm manutenção categórica. São eles: E
(homem, a25 anos, analfabeto, classe baixa), G ( homem, até 25 anos, ensino
médio, classe baixa), H ( homem, até 25 anos, ensino médio, classe baixa ), J
(homem, até 25 anos, curso superior, classe baixa ), O (homem, 30 a 50 anos, curso
superior, classe média ), V ( homem, 30 a 50 anos, curso superior, classe baixa), W
( homem, mais de 60 anos, curso médio, classe média), 8 ( homem, mais de 60
anos, curso superior, classe baixa ) e 9 ( mulher, mais de 60 anos, curso superior,
classe baixa). E, ainda, o informante F ( mulher, até 25 anos, analfabeta, classe
baixa) foi quem teve o mais alto percentual de abaixamento (77%). Os demais
informantes têm percentuais de manutenção entre 97,5% - informante T e 99,5% -
informante M - e, conseqüentemente, índices percentuais de abaixamento entre
2,5% e 0,5%.
108
TABELA 53
Sexo
Alteamento Manutenção Manutenção Abaixamento
Sexo
Oco % Oco % oco % Oco %
Homens 1.927
36,9
3.298
63,1
3.298
99,3
22
0,7
Mulheres 2.085
38,4
3.349
61,6
3.349
98,6
47
1,4
Na tabela 53 observa-se que, de um total de 5.481 ocorrências, as mulheres
mantêm as vogais pretônicas como médias em 3.349 casos, e os homens fazem
manutenção de 3.298 ocorrências.
Com isso, observa-se que as mulheres são influenciadoras das variações
[e~i] e/ou [e~ε] . Na variação [e~i] ocorre um percentual de 38,4% de alteamento e
na variação [e~ε] ocorre um percentual de abaixamento duas vezes mais que os
homens. Os homens, como mostrado, tendem à manutenção.
Paradoxalmente ao que diz Yacovenco:
[...] verifica-se que a regra mais usada é a de manutenção. [...] O fato de esta
regra ser mais usada por mulheres que homens reflete a tendência de estas
informantes se relacionarem as regras de prestígio, ou seja, àquelas que
demandam status social. O fato de as regras de elevação e de abaixamento
serem mais utilizadas pelos homens corrobora a relação de sexo e norma de
prestígio, posto que estas regras não correspondem à norma-padrão da
comunidade lingüística e, também, os homens não se preocuparem tanto
quanto as mulheres com normas de prestígio. (YACOVENCO 1993, p.64).
TABELA 54
Faixa Etária
Alteamento Manutenção Manutenção Abaixamento
Faixa Etária
oco % Oco % oco % Oco %
1- (até 25 anos) 1.166
36,4
2.034
63,6
2.034
98,9
22
1,1
2- (30 a 50 anos) 1.384
37,2
2.340
62,8
2.340
98,9
26
1,1
3- (mais de 60 anos) 1.462
39,1
2.273
60,9
2.273
99,1
21
0,9
Esse grupo de fator, como já mencionado, é de grande importância para
considerar-se a mudança lingüística em progresso ou estabilizada.
Aqui, observa-se que preferência pela manutenção, alteamento e
abaixamento, respectivamente, em todas as idades.
Contrário aos resultados encontrados na análise da pretônica (o), aqui os
jovens têm o maior percentual de manutenção no processo de alteamento. Os
109
idosos o aqueles que mais influenciam o alteamento (39%), porém são os que
menos influenciam o processo de abaixamento.
TABELA 55
Escolaridade
Alteamento Manutenção Manutenção Abaixamento
Escolaridade
oco % Oco % oco % Oco %
Analfabeto 1.226
33,6
2.423
66,4
2.423
99,1
23
0,9
Ensino médio 1.602
35,7
2.884
64,3
2.884
99,2
22
0,8
Ensino Superior 1.184
46,9
1.340
53,1
1.340
98,2
24
1,8
Na tabela 55, também preferência pela manutenção seguida pelo
alteamento e abaixamento nas três escolaridades. No processo de alteamento, a
manutenção é preferida por aqueles que têm um ensino médio, ao passo que no
processo de abaixamento ela é preferida por aqueles que têm ensino superior.
Os analfabetos são, de um lado, os inibidores da variação [e~i], de outro lado,
são os influenciadores da variação [e~ ε] .
TABELA 56
Classe Social
Alteamento Manutenção Manutenção Abaixamento
Classe social
oco % Oco % oco % Oco %
Classe média 1.794
38,5
2.866
61,5
2.866
99,1
26
0,9
Classe trabalhadora 2.218
37,0
3.781
63,0
3.781
98,9
43
1,1
As duas classes sociais, classe dia e classe baixa, preferem manter a
vogal pretônica anterior.
Percebe-se aqui que a classe média tem um maior percentual de alteamento
que a classe baixa, e que a classe baxa tem o maior percentual de abaixamento, se
comparada com a classe média.
Nesta análise, o grupo de fator estilo foi excluído devido às poucas
ocorrências.
A seguir, começa-se uma análise de probabilidades de ocorrência de
alteamento/manutenção/abaixamento em função dos fatores significantes para tais
realizações.
110
No processo de alteamento os fatores relevantes são: indivíduo, escolaridade
e classe social, de acordo com a melhor rodada stepping down, com significância
0.9, como mostra a tabela 57.
TABELA 57
Fatores relevantes no processo de Alteamento
Grupos Fatores Probabilidade
Informante A 0.49
Informante B 0.39
Informante C 0.39
Informante D 0.44
Informante E 0.39
Informante F 0.51
Informante G 0.48
Informante H 0.68
Informante I 0.69
Informante J 0.56
Informante K 0.54
Informante L 0.28
Informante M 0.46
Informante N 0.47
Informante O 0.38
Informante P 0.41
Informante Q 0.53
Informante R 0.48
Informante S 0.42
Informante T 0.63
Informante U 0.68
Informante V 0.55
Informante X 0.44
Informante Z 0.25
Informante Y 0.39
Informante W 0.40
Informante 1 0.58
Informante 2 0.32
Informante 3 0.23
Informante 4 0.52
Informante 5 0.51
Informante 6 0.66
Informante 7 0.72
Informante 8 0.59
Indivíduo
Informante 9 0.57
Analfabeto 0.68
Ensino médio 0.37
Escolaridade
Ensino superior 0.50
Classe média 0.61
Classe Social
Classe baixa 0.40
Observando a tabela acima, percebe-se que: quatorze indivíduos possuem
um índice probabilístico maior que 0.5, o que favorece o alteamento; apenas três
111
indivíduos têm índices probabilísticos neutros (0.50) ou próximos da neutralidade
(0.51 e 049) e dezoito indivíduos não favorecem o alteamento da pretônica (e).
Quanto ao grupo de fator escolaridade, os analfabetos são os mais favoráveis
ao alteamento (0.68), aqueles com ensino superior são neutros e aqueles com
ensino médio, desfavoráveis a essa variação.
Quanto ao grupo classe baixa, a classe média tem o maior índice
probabilístico de alteamento.
Nas realizações [e~ ε], os fatores selecionados pelo programa GOLDVARB
2006 como favorecedores do abaixamento são: indivíduo e escolaridade. Com
significância 0.021, esses fatores, pertencentes à melhor rodada stepping down,
apresentam os seguintes índices para cada fator:
TABELA 58
Fatores relevantes no processo de Abaixamento
Grupos Fatores Probabilidade
Informante A 0.55
Informante C 0.42
Informante F 0.74
Informante K 0.55
Informante L 0.52
Informante T 0.67
Informante X 0.39
Informante 2 0.44
Informante 3 0.42
Informante 4 0.37
Informante 6 0.55
Indivíduo
Informante 7 0.51
Analfabeto 0.68
Ensino médio 0.42
Escolaridade
Ensino superior 0.47
Analisando a tabela acima, os informantes com probabilidades maiores de
abaixamento são: A (homem, até 25 anos, ensino médio, classe média), F (mulher,
até 25 anos, analfabeta, classe baixa), K (mulher, a25 anos, ensino superior,
classe baixa), L (mulher, 30 a 50 anos, analfabeta, classe média), T (homem, 30 a
50 anos, ensino médio, classe baixa), 6 ( homem, mais de 60anos, ensino médio,
classe baixa).
Apenas o indivíduo 7 ficou próximo da neutralidade, e os demais
apresentaram índices probabilísticos iguais ou inferiores a 0.5.
No grupo de fatores escolaridade, os analfabetos possuem a maior
probabilidade de abaixamento (0.68).
112
6.2.3 Conclusão
Propus examinar nesta seção as variáveis não estruturais, geralmente
introduzidas nas análises sociolingüísticas: indivíduo, sexo, faixa etária,
escolaridade, classe social e estilo.
Entretanto, após as primeiras rodadas do programa GOLDVARB 2006, a
maioria dessas variáveis foram desprezadas pelo programa por serem
estatisticamente irrelevantes. Dentre elas, em todas as rodadas stepping up e
stepping down, a variável independente indivíduo foi selecionada como relevante.
A seleção do grupo de fator indivíduo em todas as realizações é o indício de
que se trata aqui de uma mudança típica de difusão lexical. Esse grupo de fator
expressa uma diferença o no comportamento dos falantes frente aos diante
dos itens lexicais proferidos, como revelado nos exemplos, como também uma
diferença no comportamento dos informantes no que se refere às duas séries, a
posterior e a anterior. Para o processo de alteamento, tanto da variável (e) quanto
da variável (o), o programa não eliminou nenhum informante, e isso significa que
todos os informantes variaram ao menos uma vez; para o processo de
abaixamento, informantes foram eliminados, o que significa que eles mantêm
categoricamente as vogais médias pretônicas.
Outra conclusão possível é que “a variação lingüística pode e deve ser
prevista em termos abstratos, e que sua implementação na fala é sensível ao par
[indivíduo – léxico].” (OLIVEIRA, 2006c, p.1).
No caso da variável (e), 68 itens lexicais aparecem, ora com alçamento, ora
com uma vogal fechada. Dentre esses itens muitos apresentam variação intra-
individual. O informante O, por exemplo, pronuncia duas vezes fut[e]bol e uma vez
fut[i]bol, assim como a informante X pronuncia duas vezes [e]smaltado e uma vez
[i]smaltado.
No caso da variável (o) são 55 itens ora alçados, ora não. A informante I
pronuncia cinco vezes a palavra Pedagogia e duas vezes Pedagugia. Diante disso,
concluí que “a variação intra-individual existe e o pode ser ignorada.” (OLIVEIRA,
2006c, p.19) e ainda que:
113
A montagem da forma fonética do léxico é individual, muito embora os
mecanismos acionados sejam os mesmos É evidente que os falantes de
um mesmo dialeto apresentarão mais semelhanças do que diferenças
entre si. Afinal todos eles desfrutarão de um mesmo contexto social no seu
desenvolvimento da linguagem. E é evidente, também, que as diferenças
irão crescer quando falantes de dialetos diferentes são comparados
(OLIVEIRA, 2006c, p.18).
Assim, “dialetos diferentes propagam os processos sonoros de maneira
diferenciada pelo léxico” (OLIVEIRAc, 2006c, p.18), apontando para as hipóteses da
difusão lexical.
114
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao longo desta dissertação, ainda que não explorados todos os aspectos
considerados importantes em relação aos resultados estatísticos alcançados,
analisei a variação das vogais médias em posição pretônica.
Observei que as vogais médias pretônicas apresentam, na fala urbana de
Pará de Minas, três realizações: alteamento, manutenção e abaixamento.
Constatei que a manutenção das pretônicas é a mais freqüente na fala pará-
minense, considerando-a a norma padrão da comumidade lingüística estudada.
Isso comprova
que os dialetos do PB podem ser divididos em dois grandes grupos, o do
norte e o do centro-sul, por uma linha que corta o Brasil desde o sul da
Bahia, na foz do rio Mucuri, até o Mato Grosso. Os dialetos do norte
caracterizam pelas vogais pretônicas médias de timbre aberto [...],
enquanto que os dialetos do centro-sul se caracterizam por apresentarem,
para essas mesmas vogais, um timbre fechado ( OLIVEIRA, 2003d, p. ).
As realizações alteamento, manutenção e abaixamento são um
processo antigo na Língua Portuguesa, que teve sua origem no Latim. Estudando
isso percebi que essas realizações têm contextos fonéticos, os quais favorecem ou
desfavorecem a mudança sonora, e que alguns são diferentes para o /e/ e para o
/o/.
Alguns contextos fonéticos são tão favorecedores da variação que chegam a
ser quase categóricos, em qualquer dialeto. Um exemplo desse contexto é a
influência da vogal seguinte imediata tônica, estudada por Bisol (1981) como um
processo de harmonização vocálica. Nos meus dados, na variação das vogais
anteriores, a vogal média tônica imediata retém média ( pretendo, aconteceu,
exercício); a vogal alta nica imediata favorece enormemente a elevação do traço
de altura da vogal média (e) ( sirviço, bibida, istuda, pirigo, minino, sigundo, pirdia) e
a vogal baixa tônica desfavorece o alçamento ( Fernando, lembranças, mercado,
chegar ).
Comprovada nos altos índices probabilísticos encontrados nas variações [ e~i]
e [o~
] de Pará de Minas, esta mudança está se “cristalizando” não na oralidade
como também na escrita, conforme ilustram as figuras abaixo:
115
FIGURA 2 – Exemplos de alteamento na escrita
116
Mas, mesmo descrevendo contextos fonéticos favorecedores ou não da
variação, vêem-se itens, em ambientes favorecedores, que raramente alçam, e
itens, em ambientes considerados desfavorecedores, alçados.
Em função disso, concluí ser a mudança sonora lenta e gradual, pois afeta
primeiramente algumas palavras específicas e, então, estende-se,
paulatinamente, para outras formas, o que propõe o modelo da Difusão Lexical.
Este trabalho revelou também a força da atuação dos fatores não estruturais
na mudança do item. Os valores sociais são expressos na linguagem, através das
diferenciações de estilo em um mesmo indivíduo. Quando a mudança passa pelo
estilo informal e atinge o estilo formal, significa que ela foi incorporada pelo
indivíduo. Assim, acredita-se que a variação das vogais médias pretônicas traz em si
reflexos da sociedade.
117
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120
ANEXO A
Lista de palavras com alteamento da pretônica (e)
aburricida
Aburricido
Aconticia
Acridita
Acriditando
acriditar
acriditava
acridito
aligria
antiontem
aparicia
Aparicida
Aparicido
apiando
apilido
aprindi
aprindido
atrivido
basiado
biatice
bibi
bibia
bibida
bibidas
bibido
biliscando
biliscão
bisouro
bulitim
bunequinha
buniquinhos
cabiçuda
cabiludo
campião
campionato
carriata
caticismo
chatiado
chinilinho
cimitério
consigui
consiguia
consiguido
consiguindo
consiguir
consiguiram
consiguiu
crisci
criscidas
criscido
cunhici
cunhicia
cunhicida
cunhicido
cunsigui
cunsiguia
curriria
dibaixo
dimais
dipressa
dirrubando
disabafar
disabutuada
disacordado
disafio
disafogar
disaforo
disagradável
disamarrar
disanimada
disanimado
disanimar
disapareceu
disarriar
disarriei
disavença
discansar
discansei
discarregando
discarregar
discarregava
discartável
disci
discia
discida
discobri
disconfiar
disconfiou
discontrolado
discontrole
discrentei
discubri
discubrir
discubriu
disculpa
discunhicido
disdeixado
disfazendo
disfile
disfiles
disgosto
disiludida
disimpregado
disincantador
disinquieto
disinvoltura
disinvolver
disinvolvimento
disinvolvo
disinvulvida
disisperada
disisperado
disispero
disistia
disistindo
disistir
disligar
disligava
disligou
disliguei
dislocar
dismaiado
dismaiei
dismaiou
dismancharam
dismanchou
dismembramos
dismiricia
dismotivado
disocupar
dispachado
dispachante
dispacho
dispachou
dispertou
dispesa
dispidir
dispidiu
dispistado
disprezado
disprezo
disquitado
distaca
distacar
distacava
distacavam
distaque
distruturou
disunida
disvalorizado
disviar
divagar
divagarinho
divia
dizenove
dizesseis
dizessete
dizoito
epidimia
falicido
filiz
futibol
giovani
homenagiada
iducação
iducado
imagrecer
imagreci
121
imagricidinha
imbaixo
imbalagens
imbaracei
imbora
imbrenhar
imbulia
imendado
impaquei
impenhado
impenhando
impenhar
impimentadinha
impimentado
impregada
impregado
imprego
impresa
impresas
imprestei
imprestou
impueirada
impurrando
incaixa
incaixou
incanada
incantado
incanto
incarar
incarei
incarnou
incaro
incarregado
incasqueto
incerrando
incerrar
incerrei
inchente
incher
incheu
inchia
inconstada
incontra
incontram
incontrando
incontrar
incontrava
incontrei
incontro
incontros
incontrou
incostadinho
incostado
incravar
increncou
incroada
inculhidinho
indigistão
infaixado
infaixar
infarada
infaro
infeitar
infeitou
inferior
infermeira
infermeiro
infiar
infiasse
infiava
infiei
infiou
infoque
infrentando
infrentar
infrentaria
inganchei
ingano
ingasgou
ingenharia
ingenheiro
ingenheiros
ingolir
ingordar
ingraçada
ingraçadas
ingraçadíssimo
ingraçado
ingraçados
ingravidar
ingravidei
ingravidou
ingraxar
ingraxate
ingulindo
injôo
injuado
inorme
inquanto
inrolado
inrolando
inrolava
inrolo
inrolou
insangüentado
insinado
insinando
insinar
insinava
insinavam
insinei
insino
insinou
intão
intenda
intende
intendem
intendendo
intender
intendeu
intendi
intendia
intendido
intendimento
intendo
interior
internado
interrada
interrado
interro
intiada
intrar
intrega
intregando
intregar
intregava
intregou
intreguei
intregues
intrevistar
intusiasmado
intusiasmo
invelhecendo
invelhecida
invelhecimento
invelope
Inventou
invergonhado
invinha
involve
involvendo
involvesse
involvido
involvo
inxada
inxergando
inxoval
isbarra
isbarrava
iscada
iscadeira
iscala
iscandalizar
iscandalizar
iscola
iscolar
iscolaridade
iscolas
iscolhe
iscolher
iscolheu
iscolho
iscondendo
isconder
iscondida
iscondido
iscorpião
iscorrega
iscovar
iscravidão
iscrevam
iscreve
iscrevendo
iscrever
122
iscrevesse
iscreveu
iscrevia
iscrevo
iscrita
iscritas
iscrito
iscritora
iscritores
iscritório
iscrivi
iscrivia
iscundia
iscundida
iscundido
iscurideu
iscuro
iscurregando
iscurreguei
iscuta
iscutamos
iscutando
iscutar
iscutava
iscutei
iscutou
isfarinhar
isforçada
isforçado
isforçar
isforçava
isforcei
isforço
isfregando
isfriou
isgoto
isgotou
ismaltado
ispaço
ispalho
ispatifou
ispecial
ispecialidade
ispecialista
ispecialização
ispecializações
ispecializado
ispecializar
ispecialmente
ispecífico
ispera
isperança
isperando
isperar
isperava
isperei
ispero
isperou
isperto
ispetacular
ispetáculo
ispinho
ispírita
ispiritismo
ispírito
ispiritual
ispiritualidade
ispirituoso
ispontânea
ispora
isporte
isportes
isposa
isquadrilha
isquece
isquecer
isqueceu
isqueci
isqueço
isquenta
isquentar
isquerda
isquerdo
isquici
isquicido
isquina
isquisita
isquisitão
isquisitas
isquisito
istá
istabilidade
istabilizada
istação
istacionamento
istacionar
istado
istados
istaduais
istadual
istamos
istande
istão
istar
istaria
istava
istavam
istávamos
istender
isteve
isticada
istilo
istimação
istive
istojo
istômago
istou
istoura
istourar
istourou
istrada
istradas
istragada
istragar
istragou
istraguei
istranha
istranhei
istranhei
istranho
istrepulia
istrutura
istruturas
istuda
istudado
istudam
istudamos
istudando
istudar
istudaram
istudava
istudavam
istudei
istudiosa
istudioso
istudiosos
istudo
istudos
istudou
istufou
istumulava
istupidez
istuprada
ixagerado
ixagero
ixame
ixames
ixaminador
ixaminando
ixatamente
ixclusividade
ixcursão
ixiste
ixistia
ixistisse
ixpandir
ixpectativa
ixpedicionária
ixperiência
ixperiências
ixplica
ixplicação
ixplicando
ixplicar
ixplico
ixplode
ixplodir
ixplorada
ixposição
ixposições
ixposta
ixpressa
ixpressá-los
ixpressão
123
ixpressar
ixpresso
ixpulso
ixpulsou
ixternas
ixtravasar
ixtremamente
ixtremo
midida
milhor
milhora
milhorado
milhorando
milhorar
milhorei
milhorou
milhorzinho
minina
mininas
minininha
minininhas
minininho
minininhos
minino
mininos
mintira
miricia
mitia
mitida
mitideza
mixi
mixia
mixida
ninhum
ninhuma
nomiação
nomiada
nomiado
novicentos
padici
palavriado
palitó
paricia
passiando
passiar
pentiava
pião
pidi
pidia
pidido
pididos
pidindo
pidir
pidiram
pidiu
piquena
piquenas
piqueno
piquenos
piquinininha
piquinininho
pircibi
pirdi
pirdia
pirdido
pirigo
pirigosa
pirigoso
piriquito
prefiria
prefirir
prefiriu
pricisa
pricisam
pricisamos
pricisando
pricisar
pricisava
priciso
pricisou
prifiria
prifiriu
prifiro
priguiçoso
pritiou
quiria
quiriam
recentimente
repitindo
repitir
ricibi
ricibo
ripitiu
risulvida
ruxiando
siriema
sigui
siguido
siguindo
siguinte
siguir
siguirem
sigunda
sigundo
sigundos
sigura
sigurança
sigurando
sigurar
sigurava
siguro
sigurou
simestre
simpliszinha
sinão
sinhor
sinhora
sinti
sintia
sintida
sintido
sintindo
sintir
sintiu
sirviço
sirviços
sirvindo
sirvir
sirviu
sobrinome
subriscrevo
tisoureiro
tistimunha
tistimunhas
travisseiro
travisseiros
viado
vindi
vindia
vindida
vistidinho
vistidos
vistindo
124
Lista de palavras com alteamento da pretônica (o)
abençuar
aburricida
aburricido
acumpanhando
acumpanhar
acustuma
acustumada
acustumado
acustumados
acustumar
acustumei
acustumou
aduecer
adueceu
adueci
ajuelhar
algudão
almuçamos
almuçar
almuçava
amuleceram
amuleceu
apruveitada
apruveitar
apruveitava
apruveitei
apruveito
apruveitou
apusentado
apusentei
apusentou
assualho
atrituzinho
atrupelado
atulera
atulerar
atulero
buate
bulacha
bulitim
buneca
bunecas
bunequinha
bunequinhas
bunequinhos
buniquinhos
bunita
bunitão
bunitas
bunitinha
bunitinhas
bunitinho
bunitinhos
bunito
bunitona
bunitos
burracha
burrachas
butão
butãozinho
butijão
butina
cachueira
capueira
Carulina
Casturina
chuvendo
chuver
cuberta
cubertas
cubri
cubriu
cuchichando
cuchilo
cuelho
cumeça
cumeçado
cumeçam
cumeçamos
cumeçando
cumeçar
cumeçaram
cumeçava
cumecei
cumeço
cumeçou
cumendo
cumer
cumercial
cumércio
cumi
cumia
cumida
cumidinha
cumigo
cumpanheira
cunhece
cunhecendo
cunhecer
cunheceu
cunheci
cunheço
cunhici
cunhicia
cunhicida
cunhicido
cunserto
cunsigui
cunsiguia
cuntinuei
cuntinuou
cunversa
cunversado
cunversam
cunversando
cunversar
cunversava
cunversei
cunverso
cunversou
curria
currida
currido
curriria
curuja
custela
custelas
custuma
custumado
custume
custumes
custumo
custura
custurando
custurar
custureira
cuzido
cuzinha
cuzinhava
disabutuada
discubri
discubrir
discubriu
discunhicido
disinvulvida
duar
duença
duendo
duente
duer
dueu
dumingo
durmi
durmia
durmido
durmindo
durmir
durmiu
fugãozinho
fuguete
fuguetes
furmiga
furmigas
gasulina
gurdinho
gurdura
guvernador
guverno
imbulia
impueirada
impussível
inculhidinho
ingulindo
injuado
iscundia
iscundida
iscundido
iscurrega
iscurregando
iscurreguei
125
istrepulia
Juana
Juão
Juaquim
juelho
jugada
jugado
jugar
jugava
jugou
juguei
Jusé
maguado
maiuria
manuel
matuzinho
muchila
muendo
muer
muleque
mulequinhos
muntar
muntava
muntou
murria
murrido
mutivo
nutícia
nuvelo
pedagugia
pessual
pessualmente
pneumunia
prucissão
pudia
pudiam
pueirão
pulícia
pulicial
pulítica
puliticamente
pulítico
pulíticos
purfírio
purque
purrete
pussível
quatrucentos
risulvida
rudia
rusário
ruxiando
subrinha
subrinho
subrinhos
sufri
sufria
sufrida
sussegada
sussegado
sussego
sutaque
trupeção
truxemos
truxer
tualha
tudinha
tulerei
turcia
turnuzelo
vuando
vuar
vuava
vuei
126
Lista de palavras com abaixamento da pretônica (e)
Bε
dεtesto
pεrεrequinha
rεbelde
rεboco
rεcebe
rεcesso
rεmédio
rεmédios
sεrestas
zεzinho
Lista de palavras com abaixamento da pretônica (o)
c
dorna
c
lega
c
legas
c
légio
c
légios
c
leguinha
c
leguinhas
c
loca
c
loco
c
ronel
c
rreta
c
rretamente
C
vadanta
h
rrorosa
l
jinha
m
tinha
m
tocross
n
vela
P
liclínica
s
zinha
s
zinho
s
zinhos
t
roró
v
127
Lista de palavras com manutenção da pretônica (e)
abatedouro
abelhinha
abençoar
abençuar
academia
aceitação
aceitamos
aceitar
aceitava
aceitei
aceitou
acelerada
acenando
acender
acendi
acentuava
acentuo
acertar
acertei
acertou
acolhedor
acolhedora
acontecendo
acontecer
aconteceram
acontecesse
aconteceu
acontecia
aconteciam
acontecido
acredita
acreditava
acreditou
adequada
adoeci
adolescência
adolescente
adolescentes
aduecer
adueceu
adueci
aeronave
aeronaves
aeroporto
afetado
agendado
agradecendo
agradecer
agradeceu
agradecimento
agressão
agressiva
aguentando
aguentar
agüentava
aguentei
aguentou
aldemaro
alegria
aleijado
alemães
alertar
alertei
Alexandre
alfabetização
alfabetizado
alienando
alimentação
alterou
amadurecendo
amadurecer
amamentava
amarelinha
ambiental
americana
americano
amuleceram
amuleceu
anestesia
anestesiado
anestesista
aniversario
antecipação
antecipando
anterior
anteriores
aparecendo
aparecer
apareceram
apareceu
apareciam
aparecida
aparelhagem
apedrejasse
apegada
apegado
apelar
apelidado
apelou
aperfeiçoamento
aperfeiçoando
aperfeiçoar
apertada
apertado
apertando
apertar
apertava
apertei
apertou
apesar
aposentadoria
aposentar
aposentaram
aposentei
apostolado
apreçando
aprecei
aprende
aprendemos
aprendendo
aprender
aprendeu
aprendi
aprendido
aprendizado
aprendizagem
apresentação
apresentações
apresentando
apresentar
apresentou
aproveitei
apruveitar
apruveitava
apruveitei
apruveitou
apusentado
apusentei
apusentou
arquitetura
arrebentado
arrebentava
arrebentou
arrecadar
arredio
arregaçar
arreiozinho
arremessada
artesanais
ascensão
assembléia
atenção
atender
atendia
atendimento
atestado
atravessando
atravessar
atravessei
atropelada
atulerar
aumentado
aumentando
aumentar
autenticidade
Avelina
avenida
aventura
avermelhado
barbearia
bebedeira
bebedouro
bebendo
beber
beberam
beberão
128
bebeu
bebi
bebo
beijada
beijar
beijinho
beirada
beirando
beirar
beleza
belina
belinão
Belvedere
bendito
Benedito
benéfica
benzer
Bernardo
Betim
bilhetinho
brechô
Brincadeirinhas
brinquedinho
bunequinhas
bunequinhos
cabeleireiro
cabelinhos
Caetano
calendário
campeonato
característico
carregamento
carregar
carregava
carreguei
carrerão
categoria
catequese
cebolinha
Cecília
cedinho
Cefet
cegueira
celebrou
celular
cemitério
centenário
centímetro
central
cerebral
cerimonial
cerrado
certeza
certidão
certificado
cerveja
cesária
chefão
chefia
chegadinho
chegado
chegamos
chegando
chegar
chegaram
chegarão
chegasse
chegava
chegavam
chegou
chegue
cheguei
cheinho
cheiroso
científico
científicos
coerência
coleções
coletando
começando
começar
comecei
começou
comemora
comemorada
comemoramos
comentado
comentando
comentar
comentário
comentários
comentei
comercial
companheirada
comparecer
compenetrada
competência
competente
competi
competia
competir
competitividade
complementar
completamente
completar
completou
Conceição
concentrava
conferência
conferências
confessor
conhecendo
conhecer
conheci
conhecia
conhecimento
conhecimentos
conscientização
consegui
conseguíamos
conseguir
conseguiram
conseguiu
conselheiro
conseqüência
conseqüentemente
consertando
conservadora
conservaram
conservava
conservinha
consideração
considerado
considerava
consideravam
considerei
conteúdo
continental
convencer
convencimento
convenções
conversando
conversão
conversar
conversei
cooperativa
coordenação
coordenadora
correção
corredor
correnteza
correria
correspondência
corresponderia
corretamente
credores
crescendo
crescer
cresceu
cresci
crescimento
cuberta
cumeça
cumeçado
cumeçamos
cumeçando
cumeçar
cumecei
cumeçou
cumercial
cumia
cumprimentar
cumprimentei
cumprimentou
cunhecendo
cunhecer
cunheceu
cunheci
cunversa
cunversado
cunversando
cunversar
cunversava
cunversei
129
cunversou
danceteria
debate
decadente
decente
decepção
decidi
decidiu
decisões
decoração
dedão
dedicação
dedicada
dedicadíssimo
dedicado
dedicando
dedicar
dedicava
dedicou
deduz
defeito
defendendo
defender
defesa
deficiência
deficiências
deficiente
definido
deformar
defumador
deitada
deitado
deitar
deitava
deitei
deixado
deixamos
deixando
deixar
deixaram
deixava
deixavam
deixei
deixou
delegacia
delegada
delegado
delirar
demandava
demissão
democrático
demolição
demolidas
demônio
demonstrar
demora
demorado
demorando
demorar
demorou
Denilson
denominação
denominações
dentista
denunciar
departamento
depende
dependendo
depender
dependia
depoimento
depois
depressão
depressiva
deprimida
deputado
derramando
derrame
desajustado
descarregar
descendo
descer
desceu
desci
descia
descoberta
desejando
desejar
desejo
desejos
desenha
desenhar
desenhava
desenhei
desenho
desenhos
desenvolvimento
desistência
desisti
desnatado
despacho
despedir
detalhe
detalhes
determina
determinada
determinadas
determinou
detestava
detesto
devemos
dever
deveres
deveria
devido
devoção
devoções
devolver
devolvo
devota
devoto
dezembro
dezessete
dezoito
diferença
diferenciado
diferenciados
diferente
diferentes
direção
direciono
direitinho
diretamente
diretor
diretora
diretores
diretoria
disapareceu
discarregando
discarregar
discarregava
discrentei
disdeixado
disenvoltura
disimpregado
dismembramos
dispensar
dispertou
divergência
diversão
diversidade
diverti
divertia
divertida
divertidíssimo
divertimento
divertir
dizenove
dizesseis
dizessete
doentio
drenando
duente
economia
econômica
econômicas
econômico
educação
educadamente
educadas
educadinha
educador
educados
educar
educou
efetivado
efetivamente
eficiência
egoísta
elaborava
elege
eleito
eleitoral
elétrica
130
eletricista
eletro
eletrônica
elevada
elevado
elevador
elevar
eliminado
elogiava
elogiou
Eloísio
emagrecendo
embreagem
emergência
emoção
emocional
empenhar
empresa
emprestava
encantador
encher
encheu
energia
engenharia
enorme
enormes
ensaio
entidade
entidades
entra
entrada
entrado
entramos
entrando
entrar
entrava
entrega
entregar
entrei
entrevista
entrevistada
entrevistar
entrou
enviando
enviou
epidimia
equipamento
equipe
errada
errado
errar
errava
errou
escrever
esforçado
esmaltado
espécie
espetacular
Espíndola
esplêndida
esporulação
essência
estados
esteja
estimativas
estiver
estuda
estudá-los
etapa
etapas
etária
eternamente
eucaristia
euforia
Europa
européia
Evandro
evangelho
evangélica
evento
eventos
evidente
evitar
evitava
evolução
evoluído
exame
exames
exatamente
exatas
exausta
excedendo
excedente
excedo
excelente
excessivamente
exclusivamente
exemplo
exercer
exerci
exercício
exercícios
exército
exige
exigente
existem
exorcismo
exótica
expectativa
expectativas
experiência
expor
extensão
extinguiu
extrovertida
faleceram
faleceu
falecido
falecimento
fazendária
fazendeiro
fechada
fechado
fechando
fechar
fechava
fechou
federal
feição
feijão
feirinha
felicidade
feliz
feminina
feminino
fenômenos
feriado
ferimento
Fernanda
Fernandes
Fernando
ferrada
ferramenta
Ferreira
Ferreiras
fervoroso
festividades
fevereiro
financeiramente
fisioterapeuta
flertando
flexibilidade
Florestal
freada
Frederico
freiada
frentinha
freqüenta
freqüentando
freqüentar
freqüentava
freqüentei
freqüento
frequentou
frescuragem
fundamental
futebol
gelada
geladeira
genético
geografia
geometria
geração
gerações
geral
Geraldinho
Geraldo
geralmente
gerencial
gerente
gerou
gestão
ginecologista
governador
131
Helena
helicópteros
Heloisa
hemorragia
hiperativa
hipertensão
homenageada
homenagiada
ideais
ideal
identificar
identificou
imagrecer
imendado
impenhando
Impimentadinha
impregada
impregado
imprego
imprensar
impressão
impressionada
impressionante
imprestei
impueirada
incarregado
incentivando
incentivarem
incentivo
incentivou
incerrando
incerrei
inconseqüências
increncou
independência
independente
indiferente
inesquecíveis
inesquecível
inexperiente
infeitar
infeitou
infelizmente
inferior
infermeira
infermeiro
infrentando
infrentar
infrentaria
ingenharia
ingenheiro
ingenheiros
ingerido
insangüentado
inseguro
inspeção
inteirar
inteirinha
intelectuais
intelectual
inteligência
inteligente
inteligentes
intenção
intenções
intendendo
intender
intendeu
intendi
intendia
intendido
intendimento
interação
intercalar
intercessão
interditado
interessado
interessam
interessante
interessantes
interessantíssima
interessava
interessavam
interesse
interesses
interessou
interior
interiorana
intermédio
internacional
internada
internado
internet
interpretacão
interpretar
interpretava
interrada
interrado
interrogando
intervalo
interventor
intrega
intregar
intregava
intregou
intreguei
intusiasmado
invelhecendo
invelhecida
invelhecimento
invelope
inventar
inventei
inventou
invergonhado
investidores
investigar
investindo
investirem
inxergando
irregular
irreparável
iscrevendo
iscrever
iscrevesse
iscreveu
iscrevia
iscurregando
iscurregando
iscurreguei
isfregando
ispecialidade
ispecialista
ispecialização
ispecializações
ispecializado
ispecializar
ispecialmente
isperança
isperando
isperar
isperava
isperei
isperou
ispetacular
ispetáculo
isquecer
isqueceu
isqueci
isquentar
istação
istender
ixagerado
ixpectativa
ixperiência
ixperiências
ixpressá-los
ixpressão
ixpressar
ixtremamente
janelinha
jeitinho
jejuar
Jerusalém
Juscelino
juventude
leal
Leandro
lecionar
lecionava
lecionei
lecionou
legal
legislação
legislativa
legislatura
legítimo
leilão
leiteiro
leitor
leitores
leitura
lembrada
lembrado
132
lembrança
lembranças
lembrando
lembrar
lembrava
lembrei
lembrou
lençol
Leonardo
Leoni
Leônidas
levada
levado
levamos
levando
levanta
levantando
levantar
levantava
levantei
levanto
levantou
levar
levaram
levava
levavam
levei
levou
liberados
liberal
liberar
liberdade
liberou
literalmente
literatura
manifestarmos
manutenção
marcelinho
matemática
materiais
material
materialismo
maternidade
mecânica
mecânico
mecatrônica
medalha
medicamento
medicina
medições
medidor
medonho
Meireles
Melgaço
melhor
melhora
melhorado
melhorar
melhorasse
melhorei
melhores
melhorou
memória
menciona
Mendonça
Menezes
meninos
menor
menores
mensagem
mensalidade
mentalidade
mercado
mercadoria
mercearia
Mercês
merecem
merenda
merendinha
merendo
mergulho
mestrado
metade
metalúrgica
meteu
meticuloso
metódica
metrificada
mexendo
mexer
mineral
miserável
misericordioso
moderada
modernizar
moedinha
morenão
mulherada
mulherengo
necessário
necessidade
necessidades
necessita
necessitava
negar
negativo
negativos
negociar
negocinho
negocio
negócio
negócios
nenê
nenezinho
nenhum
nenhuma
nervosa
nervosas
nervoso
nervosos
Nestor
neuróticas
nomeada
nomiada
Nova Serrana
obedecer
obediente
objeção
objetivo
obsediada
observar
ofendendo
ofender
ofensiva
oferecer
ofereci
oferecia
olegário
operação
operar
operária
operário
operou
ordenado
orelhão
orientação
orientada
oriental
orientou
ornamentação
ostensiva
panelão
panelinha
papelaria
papelzinho
paralelepípedo
parecendo
pareceres
paredão
pastelzinho
pecado
pedacinho
pedaço
pedaços
pedagogia
pedagugia
pedal
pediu
pedreiro
Pedrinho
pegada
pegado
pegamos
pegando
pegar
pegaram
pegava
pegavam
pegou
peguei
peixaria
peixinho
Peixoto
Peixotos
133
peleja
pelejando
pelejava
pelejo
pelejou
pendurado
peneira
Penido
penitência
penitenciária
pensada
pensado
pensamento
pensamos
pensando
pensar
pensava
pensei
pensou
penteado
pentiava
peraltice
perante
percebe
percebendo
percebeu
percebi
percorri
percurso
perdendo
perder
perdeu
perdi
perdida
perdoe
pereira
perfeição
perfeita
perfeito
perfeitos
perfil
pergunta
perguntado
perguntando
perguntar
perguntas
perguntava
perguntei
perguntou
periferia
perigo
perímetro
período
permaneci
permitir
perninha
Perpétua
persiguindo
persistência
persistir
personagem
personagens
personalidade
pertencia
pertenço
pesada
pesadas
pesado
pesando
pesar
pesarosa
pescador
pescando
pescar
pescava
pescoço
pesquei
pesquisa
pesquisadora
pessoa
pessoal
pessoas
pessual
pessualmente
petição
peticionar
piedade
planejar
pneumonia
pneumunia
poderia
poderiam
poesia
possante
possessivo
possivelmente
posteriormente
potencial
precário
precata
precisava
predilecão
predileto
predomina
prefeito
prefeitos
prefeitura
preferência
prefiria
prefirir
prefiriu
pregado
pregar
pregou
prejudicar
premiação
premiou
prender
prendido
preocupa
preocupação
preocupada
preocupado
preocupando
preocupar
preocuparam
preocupei
preparação
preparada
preparado
preparar
preparei
presença
presenciou
presente
presépio
preservadas
preservado
preservam
presidente
pressão
prestando
prestar
prestativo
prestava
prestei
prestígio
pretende
pretendo
pretensões
previdência
previnir
previsões
primeiramente
privilegiada
probleminha
processar
processos
professor
professora
professoras
professores
profissional
progredindo
progressivo
progresso
proprietária
protegendo
provavelmente
pueirão
quarteirão
quebrada
quebrado
quebramos
quebrando
quebrar
quebrava
quebrei
quebrou
queimada
queimando
queimou
queixar
querendo
134
querer
queria
querida
queridas
quermesses
questão
questionário
questionava
questões
quietei
quietinha
quietou
reação
reais
real
realidade
realista
realização
realizado
realizados
realizando
realizar
realizei
realizou
realmente
rebanho
rebelde
rebentou
rebocar
recado
Recanto
recarregada
recebe
recebê-los
recebemos
recebendo
receber
recebeu
recebi
recebia
recebido
recebíveis
recebo
receitar
receitas
receitou
recente
recentimente
receptivo
recife
reclamação
reclamações
reclamam
reclamando
reclamar
reclamava
reclamo
recolhendo
recolher
recompensa
recompensar
reconheceu
reconhecimento
reconheço
reconstruir
recordação
recordações
recordar
recordo
recortar
recreio
recuar
recuou
recuperação
recuperado
recuperar
recurso
redação
redondinhas
redor
reeleito
referência
refletir
reforço
reforma
reformação
reformando
reformava
reformulação
reformular
regente
região
regime
regionais
regional
regionalismo
registro
regrada
regrar
regulado
relação
relacionado
relacionamento
relacionamos
relata
relatar
relato
relaxada
religião
religiosa
religiosas
religiosidade
religiosos
relógio
relou
remanejando
remão
remédio
remoção
Renato
renovação
renovada
renovou
rentáveis
repararam
reparou
repartir
repassados
repente
repetente
repetir
repitir
repor
representação
representando
representantes
reproduzido
reprovada
reprovado
reprovados
reprovava
requeijão
requer
requerer
requerimento
reserva
reservada
resgatar
residem
residência
resistente
resistiu
resolvemos
resolver
resolveu
resolvi
respeita
respeitada
respeitam
respeitamos
respeitar
respeite
respeito
respirar
respondendo
responder
respondeu
responsabilidade
responsável
resposta
respostas
restante
restaurante
restrito
resultado
resumido
resumo
retalho
retardada
retireiro
retiro
retomar
retrasado
retrato
135
retratos
retribui
retrovisor
reunia
reuniam
reunião
reunidos
reunir
revenda
revendedora
rever
revirou
revisão
revisões
revisor
revistas
revistinha
revistinhas
revoltados
revólver
rezação
rezamos
rezando
rezar
rezava
rezavam
rezei
rezou
ribeirão
sacerdote
salientamos
seção
secar
secava
secretaria
secretária
secretário
secundário
seguinte
seguir
segurança
seiscentos
selecionar
seletiva
selinho
semana
semanalmente
semanas
sementes
sementinha
seminário
senhora
senhoras
sensível
sentada
sentado
sentamos
sentando
sentar
sentava
sente
sentei
senti
sentimental
sentimentos
sentir
sentou
separação
separadamente
separadinho
separado
separados
separando
separar
separava
separei
separou
seqüela
seqüelas
será
serenata
serenatas
Sergipe
seria
seriedade
sertanejo
servente
serviço
servir
serviu
sessenta
setembro
setenta
setor
setores
simplesmente
sinceramente
sistemática
sobrenaturais
sobrenatural
sobreviver
sociedade
sofredor
solidariedade
solteirona
submeteu
superar
superior
supermercado
supervisores
supletivo
suspensão
sussegada
sustentar
teatrais
tecer
tecido
tecnologia
teimosinho
teimoso
Teixeira
telefonava
telefone
telefônica
televisão
telhado
temeroso
temor
tempão
tendência
tensão
tentamos
tentando
tentar
tentaram
tentei
tentou
Teodoro
teólogos
teoria
terapia
terceira
terceiro
terceiros
Teresa
Terezinha
teria
termina
terminando
terminar
terminei
terminou
termômetro
terreiro
terreno
terrestre
terrível
terror
testemunhas
toneladas
transferir
treinar
tremer
tretou
trezentas
trezentos
trupeção
Uberaba
universidade
variedades
veículo
vejamos
velhice
velhinha
velhinho
velhinhos
velocidade
velório
veloso
veloz
vencendo
vencer
venceram
venceu
136
vencido
vendedor
vender
venderam
vendeu
vendia
vendido
vendinha
ventando
veranico
verdade
verdadeira
verduras
vereador
vereadores
verfrutas
vergão
vergonha
vermelha
versátil
vertical
vestibular
veterinária
vetores
vivenciada
vivenciado
vivenciar
vivencio
Waldemar
zelador
137
Lista de palavras com manutenção da pretônica (o)
abandonada
abandonado
abandonados
abandonei
abençoar
abobrinha
abordagem
abordando
abordar
acolhedor
acolhedora
acolher
acomodada
acomodei
acomodou
acompanhando
acompanhar
acompanharem
acompanhavam
aconteça
acontece
acontecem
acontecendo
acontecer
aconteceram
acontecesse
aconteceu
acontecia
aconteciam
acontecido
aconticia
acordada
acordar
acordava
acordei
acordou
acostamento
adminicional
adoção
adoeci
adolescência
adolescente
adolescentes
adorar
adorava
adorávamos
adotar
adotei
advogada
advogado
advogar
aeronave
aeronaves
aeroporto
afogada
afogado
afoguei
agostinho
alcoólica
almoxarifado
alojado
amolador
apaixonada
apaixonado
apaixonando
apaixonei
apavorada
apavorado
aperfeiçoamento
aperfeiçoando
aperfeiçoar
apoiar
apoiarem
apontando
apontar
aposentadoria
aposentar
aposentaram
aposentei
apostar
apostila
apostólico
aprimorar
aprimorar
aprofundada
aprofundado
aprofundando
aprofundar
aprontar
aprontava
aprontavam
aprontei
aprontou
aprovação
aprovado
aproveitar
aproveitei
arredores
arreiozinho
associei
assombração
assombrado
atolava
atropelada
automaticamente
automático
automobilística
automóveis
automóvel
autoridade
autoridades
autoritarismo
autorização
autorizada
Belo Horizonte
biblioteca
biografia
biologia
biológica
biológicas
biscoitada
bobagem
bobinha
bobona
boiando
bolsista
bombeiros
bombinha
bombinhas
bondade
botar
botei
brochado
brochurão
cachorrinhas
calorão
caminhonete
camisolona
campeonato
campionato
canonização
canonizada
canonizado
capotado
capotei
capotou
cartaozinho
categoria
catolicismo
cebolinha
cerimonial
chocado
choradeira
chorando
chorão
chorãozinho
chorar
chorava
chorei
chorou
cobrança
cobrando
cobrar
cobrava
cobrir
coerência
Cogram
coincidiu
coisinha
coisinhas
coitada
coitadinha
coitado
colaborar
colando
colar
138
colaram
colarem
colchão
coleções
colega
colegas
colégio
coleguinhas
colei
coleta
coletando
colhendo
colher
colidir
colisão
colocação
colocados
colocamos
colocando
colocar
colocaram
colocava
colocavam
colocou
colônia
colonização
coloquei
coloquial
Colorê
colori
coloria
coloridos
colou
coluna
combateu
combina
combinei
combinou
combustíveis
combustível
começa
começando
começar
comecei
começou
comédia
comemora
comemorada
comemoramos
comemorar
comendo
comenta
comentado
comentam
comentando
comentar
comentário
comentários
comentei
comer
comercial
comércio
comigo
comissão
companheirada
companheiro
companheiros
comparação
comparar
comparava
comparecer
compartilhando
compartilhar
compensa
competência
competente
competi
competia
competir
competitividade
complementar
completa
completamente
completar
completo
completou
complexa
complicada
complicado
composição
compra
comprado
compramos
comprando
comprar
compraram
comprava
comprei
comprimido
compromisso
comprou
computação
computador
comum
comungava
comunhão
comunicação
comunicar
comunicativa
comunidade
comunista
concede
conceição
concentrava
Concessa
conciliar
concílio
conclui
concluído
concluir
conclusão
concórdio
concorrência
concorrente
concorrido
concreto
concretos
concurso
concursos
condição
condições
condução
conferência
conferências
confessor
confiança
confiando
confiar
Confins
confio
confiou
confirmado
conformando
conformava
conforme
conforto
confrade
confrades
confundindo
confusão
confuso
Congonhas
congresso
conhece
conhecendo
conhecer
conheci
conhecia
conhecimento
conhecimentos
conheço
conjugo
conquistas
consagração
consagrados
consagrei
consciente
conscientização
consegue
consegui
conseguíamos
conseguir
conseguiram
conseguiu
conselheiro
conselho
conseqüência
conseqüentemente
consertando
conservadora
conservaram
conservava
conservinha
consideração
139
considerado
considerava
consideravam
considerei
considero
consiga
consigo
consigui
consiguia
consiguido
consiguindo
consiguir
consiguiram
consiguiria
consiguiu
consoante
consórcia
consórcio
constante
constituída
construção
construções
construindo
construir
construíram
consumo
contabilidade
Contagem
contam
contamina
contando
contar
contaram
contato
contatos
contava
contei
contento
conteúdo
Continental
continha
continua
continuamos
continuar
continuava
continue
continuei
continuo
continuou
contou
contrária
contrariado
contrário
contratar
controlado
controle
convencer
convencimento
convenções
conversa
conversam
conversando
conversão
conversar
conversei
convidada
convido
convidou
convite
convivência
convivendo
conviver
conviveu
convivi
convivia
convívio
convivo
cooperativa
coordenação
coordenadora
coordeno
coquinho
coração
coragem
cordão
coreto
coroação
coroinhas
coronel
correção
corredor
correio
correios
correndo
corrente
correnteza
correr
correria
correspondência
corresponderia
corretamente
correto
corretos
correu
corri
corrigi
corrigir
cortada
cortado
cortando
cortar
cortasse
cortava
cortei
cortou
Covadanta
covardia
cozinhar
curiosidade
D. Dinorá
decoração
deformar
democrático
demolição
demolidas
demonstrar
demorado
demorando
demorar
demorei
demorou
denominação
denominações
depoimento
descoberta
desenvolvimento
devoção
devoções
devolver
diretora
disacordado
disafogar
disconfiar
disconfiou
discontrolado
discontrole
discoteca
disinvoltura
disinvolver
disinvolvimento
dislocar
dismotivado
disocupar
disposição
dissolvia
distorções
disvalorizado
divorciado
doar
dobrada
dobradinha
dobrar
dobraram
documentos
doei
doente
doidinha
doidinho
Dr. Domingos
dominava
Donizete
doou
Dorinato
dormir
dourada
douradão
dourados
doutor
doutores
economia
econômica
econômicas
econômico
egoísta
140
elaborar
elaborava
eleitoral
elogiava
elogiou
Eloisio
emoção
emocional
esforçado
esporulação
europeia
evolução
evoluído
exorcismo
extraordinário
extrovertida
fervoroso
filosofia
fisioterapeuta
floresta
Florestal
focalizar
foguetes
foicinha
folgadinho
folgar
Fonseca
forçar
forcei
forçou
fordinho
formação
formada
formado
formados
formal
formamos
formando
formar
formaram
formato
formatura
formei
formou
forneiro
Fortaleza
fortuna
fotografia
fotográfica
frigorífico
frontal
funcional
funcionamento
funcionando
funcionar
funcionário
funcionários
funcionava
galopada
geografia
geometria
Geovani
ginecologista
Godofredo
Goebel
goiaba
Goiânia
Gonçalves
gostando
gostar
gostaram
gostaria
gostava
gostavam
gostei
gostosa
gostoso
gostou
Gotardo
governador
governo
gozação
gozar
grosseiro
Heloisa
hemorragia
homenageada
homenagiada
homologação
honesto
horário
horários
horários
horinha
horizontal
horizonte
horrível
horror
horrorosa
horrorosa
hospitais
hospital
hotel
imobiliário
imoralidade
implorei
impolgada
importada
importadas
importado
importados
importância
importante
importar
importava
importei
importou
impressionada
impressionante
incomodando
incomodar
incompleto
inconsciente
inconseqüências
incontra
incontram
incontrando
incontrar
incontrava
incontrei
incontrou
incontrozinho
incostadinho
incostado
incroada
ingolir
ingordar
inocência
inrolado
inrolando
inrolava
inrolou
instrucional
intelectual
interiorana
internacional
interrogando
invergonhado
involve
involvendo
involvesse
involvido
inxoval
iscolar
iscolaridade
iscolher
iscolheu
iscondendo
isconder
iscondida
iscondido
iscorpião
iscovar
isforçada
isforçado
isforçar
isforçava
isforcei
isgotou
ispontânea
istacionamento
istacionar
istoura
istourar
istourou
ixpedicionária
ixplodir
ixplorada
ixpontânea
ixposição
ixposições
japonês
japonesa
Joelma
141
jogador
jogam
jogando
jogar
jogasse
jogava
jogou
jogue
jornada
jornal
jornalismo
jornalistas
jornalzinho
laboratório
lanchonete
lecionar
lecionava
lecionei
lecionou
Leonardo
lobisomem
locomocão
locutor
logística
Londrina
lotacão
loteria
loucura
louquinho
maioria
manobrava
melhorado
melhorar
melhorasse
melhorei
melhorou
mercadoria
microscópio
milhorado
milhorando
milhorar
milhorei
milhorou
milhorzinho
milionário
misericordioso
missionário
missionários
mobral
moção
mocidade
mocinha
mocinhas
modelos
moderada
modernas
modernizar
moderno
modéstia
modificações
moeda
moedinha
mofando
moldação
moldador
moldagem
molharam
molhei
molhou
momento
momentos
Monasita
mongol
monografia
montada
montagem
montão
montar
montaria
montei
montou
mora
morado
moralmente
moram
morando
morar
morasse
morava
moravam
morávamos
morei
morou
morra
morrão
morrem
morremos
morrendo
morrer
morreram
morresse
morreu
mostrando
mostrar
mostrava
motiva
motivação
motocicletas
motociclista
motoqueiro
motor
motora
motorista
motoristas
moto-romaria
movida
movimento
nacionais
nacional
namorada
namoradinha
namoradinho
namorado
namoramos
namorando
namorar
namorava
namorei
namorico
namorou
negociar
negocinho
noção
noitão
noivamos
noivou
nomeada
nomiação
nomiado
Nordeste
normais
normal
normalmente
Noronha
nostalgia
notei
noturna
novamente
novato
novela
novembro
noventa
novicentos
novidade
novinha
obedecer
obediente
objeção
objetivo
obrigação
obrigada
obrigado
obrigando
obrigava
obsediada
observa
observar
obstáculos
obstante
ocasionado
ocorreram
ocorreu
odontologia
ofendendo
ofender
ofensiva
oferecer
ofereci
oferecia
oficial
oficina
oitava
oitenta
Olandino
142
Olegário
olhada
olhamos
olhando
olhar
olharam
olhava
olhei
olhou
olimpíada
olimpíadas
oliveira
ontem
opção
opera
operação
operar
operária
operário
operou
opinião
oportunidade
oposto
optando
optar
optei
oração
oral
ordem
ordenadão
ordenado
ordinário
orelha
orelhão
orelhas
organização
organizada
organizados
organizando
organizava
orientação
orientada
oriental
oriento
orientou
Orivaldo
ornamentação
Orosina
Orosino
orquestras
Osmar
ostensiva
Otávio
outubro
ouvi
ouvia
ouvido
ouvindo
ouvir
ouviu
ovelha
ovídio
Ozanam
paranormais
patronato
pedagogia
percorri
personagem
personagens
personalidade
peticionar
pilotar
pioneiros
piorando
piorou
pitoresco
pneumonia
pobreza
pocilga
pocinho
podado
podemos
podendo
poder
poderia
poderiam
poemas
poesia
poeta
polêmica
polêmico
Policlínica
polui
poluição
Pompéu
pontinha
população
popular
populares
porcaria
porém
Porfírio
porpudo
portal
portanto
portão
portaria
porteira
porteiro
Portugal
português
portuguesa
positivos
possante
possessivo
possibilidade
possibilidades
possível
possivelmente
postalista
postar
posteriormente
postura
potencial
poupinha
pouquinho
pouquíssimas
pouquíssimo
pouquíssimos
povão
predomina
preocupa
preocupação
preocupada
preocupado
preocupando
preocupar
preocuparam
preocupei
prioridade
problema
problemas
probleminha
processar
processo
processos
procissão
procura
procuraçao
procuram
procuramos
procurando
procurar
procurava
procurei
procuro
produção
produto
produtos
produzido
produzindo
professor
professora
professoras
professores
profissão
profissional
profissionalizante
profissões
profunda
profundamente
programa
programação
programada
programado
programando
programar
programar
programas
programo
progredindo
progressivo
progresso
proibindo
143
proibiu
projeto
projetos
prolongada
promessa
promotor
promovido
pronunciado
pronunciarem
proporcionou
proporções
propôs
propósito
proposta
propostas
proprietária
prostituição
protegendo
protesto
provar
provavelmente
providência
providências
provinciana
proximidade
psicologia
pulmonar
quatrocentos
questionário
raciocinar
raciocínio
radiografia
rebocar
recolhendo
recolher
recompensa
recompensar
reconheceu
reconhecimento
reconheço
reconstruir
recordação
recordações
recordar
recortar
redondinhas
reformação
reformando
reformava
reformulação
reformular
regionalismo
relacionado
relacionamento
relacionamos
religiosidade
remoção
renovação
renovada
renovou
reproduzido
reprovada
reprovado
reprovados
reprovava
resolvemos
resolver
resolveu
resolvi
respondendo
responder
respondeu
responsabilidade
responsável
retomar
retrovisor
revoltados
rigorosa
rigoroso
Roberto
rocinha
rodando
rodei
rodona
rodoviária
rodovias
rolando
rolar
romance
romano
rompeu
rondar
Rosana
Rosária
rosário
rostinho
roubada
roubar
roubava
sacolão
selecionar
semimontada
Siforosa
sitiozinho
sobrava
sobrenaturais
sobrenatural
sobreviver
sobrinho
sobrinome
sobrou
sociais
social
socialista
sociável
sociedade
socorrer
socorridas
socorro
sofredor
sofrendo
sofrer
sofreram
sofreu
sofri
sofrimento
sofrimentos
Solange
soldado
solicitada
solidão
solidariedade
soltando
soltar
soltava
soltei
solteira
solteiras
solteiro
solteirona
solteiros
soltou
solução
somei
sonhar
sonhava
sonhei
soprando
soprou
sorrindo
sorteio
sorvete
sozinha
sozinho
sozinhos
subconsciente
subriscrevo
tecnologia
teimosinho
telefonava
teodoro
teoria
tisoureiro
tocada
tocando
tocar
tocava
tocou
todinha
tomado
tomamos
tomando
tomar
tomara
tomaram
tomasse
tomava
tomei
tomografia
tomou
toneladas
toquei
torcendo
torcer
144
tornar
tornava
tornei
torneiro
tornou
Torquato
total
totalmente
tradicional
transformada
transformar
transformou
transportada
transportando
Três Corações
trocadas
trocadinhos
trocamos
trocando
trocar
trocava
trocou
troféu
troféus
troquei
trouxesse
ufologia
utopia
valorização
valorizado
valorizam
valorizar
velocidade
violência
vocabulário
vocação
vogais
volante
voltada
voltado
voltamos
voltando
voltar
voltasse
voltava
voltei
voltou
volume
volumes
vomitando
vontade
votado
vovó
xodó
FICHA CATALOGRÁFICA
Elaborada pela Biblioteca da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais
Viana, Vanessa Faria
V614v As vogais médias pretônicas em Pará de Minas: um caso de variação
lingüística / Vanessa Faria Viana. Belo Horizonte, 2008.
143f. : Il.
Orientador: Marco Antônio de Oliveira
Dissertação (Mestrado) - Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais.
Programa de Pós-Graduação em Letras.
1. Língua portuguesa - Vogais – Pará de Minas (MG). 2. Lexicografia. I.
Oliveira, Marco Antônio de. II. Pontifícia Universidade Católica de Minas
Gerais. Programa e Pós-Graduação em Letras. III. Título.
CDU: 806.90-441
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