
74 AS SETE DORE.S DE N. SENHORA
cordilheiras no espaço. O ar era denso, em-
poeirado.
Corvos passavam em vôo rapido ou bai-
xavam cangados e, d'azas abertas, ficavam
pousados nas arestas das penhas, olhando as
cruzes, com curiosidade humana.
Um homem escuro, quasi negro, de grenha
crespa, com um saião remendado, as pernas
escalavradas, passou por baixo da corda que
limitava o âmbito da justiça e, silenciosamente,
desenrolando um avental de couro, despejou
sobre o pedregullio uma grossa ferragem.
Àgachando-se, então, poz-se a escolher cravos,
experimentando-lhes a ponta na palma da mão
callosa e, tomando três dos mais agudos,
adiantou-se de vagar, d'olhos fitos no rabbino.
Então um legionario moço desligou os pulsos
vincados do martyr e, impondo-lhe as mãos
brutas ao peito macilento, ripado pela ossatura
saliente, levou-o, aos safanões, até o cruzeiro
que jazia, em terra, com a base chegada a uma
cova, e, com um empurrão, derrubou-o nas
pedras, porque era todo um rebo áspero de
cascallio o ponto da montanha, onde se
realisavam os supplicios.
Dois legionarios, alagados em suor, com