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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO
CENTRO DE TECNOLOGIA E GEOCIÊNCIAS
DEPARTAMENTO DE ENERGIA NUCLEAR
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM TECNOLOGIAS
ENERGÉTICAS E NUCLEARES (PROTEN)
LUIZ ABELARDO DANTAS FREIRE
DESENVOLVIMENTO DE UM PIRANÔMETRO
FOTOVOLTAICO
RECIFE
2008
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DESENVOLVIMENTO DE UM PIRANÔMETRO
FOTOVOLTAICO
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LUIZ ABELARDO DANTAS FREIRE
DESENVOLVIMENTO DE UM PIRANÔMETRO
FOTOVOLTAICO
Dissertação apresentada ao Programa de
Pós-Graduação em Tecnologias Energéticas
e Nucleares, da Universidade Federal de
Pernambuco para obtenção do título de
Mestre em Ciências.
Área de Concentração: Energia Solar
ORIENTADOR: Profª. Dra. Olga de Castro Vilela
CO-ORIENTADOR: Prof. Dr. Naum Fraidenraich
Recife
2008
DESENVOLVIMENTO DE UM PIRANÔMETRO
FOTOVOLTAICO
LUIZ ABELARDO DANTAS FREIRE
APROVADO EM:
ORIENTADOR: Profª. Dra. Olga de Castro Vilela
CO-ORIENTADOR: Prof. Dr. Naum Fraidenraich
COMISSÃO EXAMINADORA:
________________________________________________________
________________________________________________________
_________________________________________________________
Visto e permitida à impressão
__________________________________
Coordenador do PROTEN/DEN/UFPE
Aos meus pais Abelardo Marques Freire e Maria Cristália Dantas Freire
pelos exemplos de dignidade, perseverança
e afeto que têm me dado.
A minha esposa Nadja Rebelo Tenório Freire pela paciência e estímulo.
Às minhas filhas Tainan e Taciana
pelo amor, respeito e carinho que
me dedicam.
Dedico.
AGRADECIMENTOS
Em primeiro lugar a Deus, nosso Pai criador, porque ele tudo fez.
À Direção do Cefet-PE pela minha liberação para realizar o Mestrado.
Aos Profs. Francisco Fernandes Amâncio e José de Melo, ambos do Cefet-PE, pelas
cartas de apresentação.
Ao Prof. Viriato Leal Neto e ao Prof. Gilvan Farias pela colaboração na formatação da
monografia.
Ao Prof. Guilherme Pereira por ter colaborado nas pesquisas.
À Profª Marta Quaresma pela colaboração no meu horário de aulas ministradas no
Cefet-PE, que possibilitou a realização desse Mestrado e a todos os servidores do Cefet-PE
que colaboraram para a conclusão desse Mestrado.
À Profª Olga de Castro Vilela que aceitou orientar a minha dissertação.
Ao Prof. Naum Fraidenraich por ser o meu co-orientador.
Ao Prof. Brayner por ser uma pessoa que não mede esforços para tirar as dúvidas dos
mestrandos e doutorandos.
A Rinaldo e Erick, que trabalham no laboratório de Energia Solar DEN.
Ao Prof. Edson Paulino, do SENAI-Recife, pela confecção das peças do Protótipo-1.
Aos funcionários do DEN pela gentileza com que trataram os alunos.
A todos da Coordenação de Física do Cefet-PE e os demais que, para não cometer a
injustiça de esquecer algum nome não vou nom-los, de uma forma ou de outra deram apoio
nesse período de trabalhos e pesquisas.
DESENVOLVIMENTO DE UM PIRANÔMETRO
FOTOVOLTAICO
Autor: Luiz Abelardo Dantas Freire
Orientador: Profª. Dra. Olga de Castro Vilela
Co-Orientador: Prof. Dr. Naum Fraidenraich
RESUMO
Nesse trabalho foi desenvolvido e testado um piranômetro utilizando um sensor óptico à base
de silício cristalino, facilmente encontrado no mercado. O sensor foi envolvido por uma
estrutura de PVC com a finalidade de minimizar os efeitos térmicos e das intempéries sobre
suas medidas de irradiância solar. Um difusor, também à base de PVC, foi incorporado ao
piranômetro. O protótipo foi calibrado com um piranômetro comercial Eppley que serviu
como padrão. Ambos os instrumentos foram conectados a um sistema de aquisição de dados.
As medições foram realizadas durante vários dias, em intervalos de um minuto, para
condições atmosféricas de céu claro e céu com nuvens. Três grupos de análises foram
realizados: a) A princípio foram medidas, de acordo com a norma ISO 9060, a sensibilidade
da constante de calibração, a não linearidade e a resposta ao ângulo de incidência (resposta ao
co-seno). b) A influência da temperatura na medida de irradiância foi analisada pela
monitoração da temperatura interna do sensor e das irradiâncias medidas pelo protótipo e pelo
Eppley. Os dados de irradiância foram filtrados no intervalo de 950 to 1050 W/m
2
para que
fosse possível isolar apenas os efeitos da temperatura nas medidas. c) Foi realizada uma
comparação entre irradiância e energia solar diária registradas pelo Eppley e pelo protótipo ao
longo dos experimentos. Os resultados obtidos são descritos a seguir: (1) A constante de
calibração média obtida foi de )V/(W/m12,9
2
μ , com desvio padrão da ordem de
%1
±
. A
não linearidade média é da ordem de ±
%9,2
(o valor limite estabelecido por norma é de 3%).
A resposta ao ângulo de incidência do protótipo foi adequada até 40 graus Celsius (desvios
menores que 4%). Para ângulos maiores, o desvio cresce para valores de até 9%. Esse
comportamento indica a necessidade de se propor um difusor com características ópticas
melhor adaptadas à geometria do protótipo. (2) Com relação à influência da temperatura,
foram registradas variações (desvio padrão percentual) na irradiância medida pelo protótipo
da ordem de 2,6% para variações de temperatura de 5,7%. Ao mesmo tempo, o Eppley
registrou variações da ordem de 2,3%, muito próximo do nível observado para o protótipo. A
maior diferença observada entre as temperaturas máxima e mínima foi de 17
o
C (50,1
o
C –
33,1
o
C), o que corresponde a uma variação da ordem de 39,4%. Valores de irradiância
correspondentes a essas temperaturas apresentam variações da ordem de 1,3% para o
protótipo e 0,6% para o Eppley. (3) No que se refere às medidas de irradiância, o desvio
quadrático médio para valores instantâneos (1 minuto) é da ordem de 6,3% (média ao longo
de 54 dias). Considerando médias horárias de irradiância, esse valor diminui para 3,7%. Para
energia solar diária, o desvio médio obtido é da ordem de 2,0%. Esses resultados mostram
que, embora o protótipo não atenda a todas as exigências da norma, ele pode ser adequado
para medições de radiação solar. Entretanto, experimentos mais extensivos devem ser
realizados para identificar e solucionar problemas que o instrumento ainda apresente. Um
período mínimo de ensaios de um ano é necessário para avaliar a estabilidade da constante do
protótipo. Um radiômetro de baixo custo (US$ 150,00), com precisão similar à obtida nesse
trabalho, poderá contribuir para a expansão da aquisição de dados de energia solar,
melhorando a informação disponível na rede de medições solarimétricas do Brasil.
Palavras chave: Piranômetro, Irradiância, Fototransistor, Fotovoltaico, Sensor.
DEVELOPMENT OF A PHOTOVOLTAIC
PYRANOMETER
Author: Luiz Abelardo Dantas Freire
Adviser: Profª Drª Olga de Castro Vilela
Co-Adviser: Profº Drº Nahum Fraidenrach
ABSTRACT
In this work a pyranometer was developed and tested using a silicon crystalline based
optic sensor which is easily found on the market. The sensor was wrapped in PVC
structure with the aim of minimizing the thermic effects and intemperate solar
irradiance measurements. A PVC based diffuser was also incorporated into the
pyranometer. The prototype was calibrated with an Eppley commercial pyranometer
which served as a standard. Both the instruments were connected to a data acquisition
system. The measurements were carried out during various days at one minute
intervals for clear sky and overcast sky atmospheric conditions. Three groups of
analyses were perfomed. A) To start, in accordance with the norm ISO 9060, the
sensitivity of calibration constant, the nonlinearity and the incident angle response
(response to the cosine) were measured. B) The influence of temperature no the
irradiance measurement was analyzed by monitoring internal temperature of sensor
and irradiance measured by the prototype and by the Eppley pyranometer. The
irradiance data were filtered at an interval of 950 to 1050 W/m² so that it was possible
to isolate only the temperature effects in the measurements. C) A comparison between
irradiance and daily solar energy registered by the Eppley and by the prototype along
the experiments. The results obtained are described as follows: (a) the mean constant
calibration obtained was 12,9 μV/(W/m²) with standard deviation in the order of 1%.
The mean nonlinearity is in the order of ±2,9% (the established limit by norm is 3%).
The incidence angle response of the prototype was adequate up to 40 degrees
(deviations lower than 4%). For greater angles, the deviation increases to values of up
to 9%. This behavior indicates the necessity of proposing a diffuser with optic
characteristics that are better adapted to the geometry of the prototype. (b) In relation
to the influence of temperature, variations (percent of standard deviation) in irradiance
measured by the prototype in the order of 2,6% and for variations in temperature 5,7%
were registered. At the same time, an Eppley registered variations in the order of
2,3%, very closed to the level observed for the prototype. The largest difference
observed between maximum and minimum temperature was 17°C (50,1°C-33,1°C),
which corresponds to a variation in the order of 39,4%. Irradiance values
corresponding to these temperatures present variations in the order of 1,3% for
prototype and 0,6% for the Eppley. (c) Regarding the irradiance measurements, the
mean quadratic deviation for instantaneous values (1 minute) is in the order of 6,3%
(average of 54 days). Considering hourly irradiance , this value diminished to 3,7%.
For the daily solar energy, the mean deviation obtained is in the order of 2,0%. These
results show that although the prototype does not attend all the demands of the norm,
it can be adequate for solar radiation measurements. However, more extensive
experiments should be carried out to identify and solve the problems that the
instrument still presents. A minimum test period of one year is necessary to assess the
stability of the prototype constant. A low cost radiometer (US$ 150.00), similar to the
one obtained in this work, will be able to contribute to the expansion of solar energy
data acquisition, to improve available information in the solarimetric measurement
network of Brazil.
Keywords: Pyranometer, Irradiance, Phototransistor, Photovoltaic, Sensor.
LISTA DE FIGURAS
Página
Figura 1: Construção do piranômetro “padrão” C21 da Kipp & Zonen...................................18
Figura 2: Resposta espectral da irradiância solar ao nível do mar (Sol no zênite) e do
piranômetro a termopar. ...................................................................................................19
Figura 3: Disco preto e branco do Piranômetro Térmico.........................................................19
Figura 4: Piranômetro térmico fabricado pela Kipp & Zonen..................................................20
Figura 5: Piranômetro fotovoltaico de silício da LI-COR........................................................20
Figura 6: Distribuição espectral da irradiância e resposta espectral de um Piranômetro de
silício da marca Li-cor......................................................................................................21
Figura 7: Piranômetro térmico com 4 termopares em série......................................................24
Figura 8: Projeto do corpo do Piranômetro fotovoltaico de Zanesco e Krenziger...................25
Figura 9: Difusor de polyetileno do Piranômetro fotovoltaico de Zanesco e Krenziger..........25
Figura 10: Corpo e base de alumínio do Piranômetro de Zanesco e Krenziger.......................26
Figura 11: Banco óptico usado por Zanesco e Krenziger.........................................................26
Figura 12: Protótipo-1 fotovoltaico de Silício..........................................................................29
Figura 13: Esquema de montagem dos componentes eletrônicos do Protótipo-1....................29
Figura 14: Construção do fototransistor, o resistor de saída e a tensão obtida em mV............30
Figura 15: Fotocorrente medida em microampère no fototransistor exposto a irradiância solar.
..........................................................................................................................................30
Figura 16: Resposta espectral do fototransistor, escolhido, conforme catálogo da Motorola..31
Figura 17: Projeto do Protótipo-1 fotovoltaico de silício.........................................................31
Figura 18: Suporte metálico e placa de fenolite onde estão soldados, o sensor óptico e o sensor
térmico do Protótipo-1......................................................................................................32
Figura 19: Visão final do Protótipo-1 montado........................................................................33
Figura 20: Os cabos de transmissão do sinal óptico e do sinal térmico do Protótipo-1...........33
Figura 21: Câmara do Protótipo-1 vista por baixo. ..................................................................34
Figura 22: Protótipo-1 com seus acessórios. ............................................................................35
Figura 23: Piranômetros: Protótipo-1 e LI-COR......................................................................36
Figura 24: O Eppley (Padrão secundário) e o Protótipo-1. ......................................................37
Figura 25: Disposição do Eppley e do Protótipo-1 na área de teste.........................................37
Figura 26: Sistema de aquisição de dados Campbell ...............................................................38
Figura 27: Exemplo de como determinar a Não-Linearidade do piranômetro.........................39
Figura 28: Posição do difusor do piranômetro para determinação da resposta à inclinação....40
Figura 29: Calorímetro utilizado para calibração do sensor térmico NTC...............................41
Figura 30: NTC acoplado à parede do vaso do calorímetro.....................................................41
Figura 31: Montagem utilizada para calibração do NTC. ........................................................42
Figura 32: Curva de calibração do NTC utilizado....................................................................42
Figura 33: Resposta espectral do LI-COR e do Protótipo-1.....................................................43
Figura 34: Gráfico da Foto corrente normalizada do sensor versus Temperatura....................47
Figura 35: Gráfico da fotocorrente versus Temperatura do datasheet da Motorola para o
sensor................................................................................................................................48
Figura 36: Obtenção do sinal em milivolt correspondentes ao fluxo luminoso incidindo num
ângulo 0° sobre o difusor e num ângulo
θ
.......................................................................50
Figura 37: Experimento para se obter a resposta do co-seno do Protótipo-1...........................51
Figura 38: Espectro da lâmpada incandescente e do Sol..........................................................51
Figura 39: Resposta do co-seno da superfície receptora (difusor) para o Li-cor e para o
Protótipo-1 desenvolvido..................................................................................................52
Figura 40: Irradiância solar absorvida pelo Protótipo-1 e Eppley no dia 26/02/2007..............54
Figura 41: Irradiância solar absorvida pelo Protótipo-1 e Eppley no dia 20/05/2007..............54
Figura 42: Gráfico da Irradiância medida pelo Protótipo-1 em 26 de fevereiro de 2007.........63
Figura 43: Gráfico da Irradiância medida pelo Protótipo-1 em 19 de abril de 2007................63
Figura 44: Gráfico da Irradiância medida pelo Protótipo-1 em 27 de abril de 2007................64
Figura 45: Gráfico da Irradiância medida pelo LI-COR em 20 de JULHO de 2006. ..............65
Figura 46: Gráfico da Irradiância medida pelo LI-COR em 22 de JULHO de 2006. ..............65
Figura 47: Gráfico da Irradiância medida pelo LI-COR em 23 de JULHO de 2006. ..............66
Figura 48: Irradiância horária medida pelo Protótipo-1 e Eppley em 14/03/2007-Dia 73.......71
Figura 49: Irradiância horária medida pelo Protótipo-1 e Eppley em 18/03/2007-Dia 77.......71
Figura 50: Irradiância horária medida pelo Protótipo-1 e Eppley em 30/03/2007-Dia 89.......72
Figura 51: Transistor bipolar NPN e PNP................................................................................73
Figura 52: Esquema do fototransistor.......................................................................................73
LISTA DE TABELAS
Página
Tabela 1: Calibração do protótipo do Piranômetro de Bolzi et al. ...........................................28
Tabela 2: Condutividade térmica de materiais isolantes. .........................................................32
Tabela 3: Resultado da calibração do Protótipo-1....................................................................45
Tabela 4: Análise da variação da irradiância com a temperatura.............................................48
Tabela 5: Experimento realizado com o Protótipo-1 para resposta do co-seno. ......................52
Tabela 6: Experimento realizado com o LI-COR para resposta do co-seno. ...........................52
Tabela 7: Manual do fabricante................................................................................................52
Tabela 8: Valores dos desvios encontrados do Protótipo-1 em relação ao padrão Eppley. .....56
LISTA DE ABREVIATURAS
ISO-9060-Padrão internacional para classificar e especificar piranômetros.
IPCC-Intergovernmental panel on climate change.
PRODEEM-Programa de Desenvolvimento Energéticos nos Estados e Municípios.
PVC-Policloreto de Vinila.
UFRGS-Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
WCPEC- World Conference on Photovoltaic Energy Conversion.
NTC – Negative temperature coefficient
SUMÁRIO
Página
1 INTRODUÇÃO ..........................................................................................................15
1.1 OBJETIVO ............................................................................................................................................ 16
1.2 JUSTIFICATIVA .................................................................................................................................... 16
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA – REVISÃO DE LITERATURA....................18
2.1 INSTRUMENTOS DE MEDIÇÃO DE IRRADIÂNCIA SOLAR COMERCIAIS .................................................... 18
2.2 PADRÃO INTERNACIONAL PARA CLASSIFICAR E ESPECIFICAR PIRANÔMETROS .................................... 21
2.3 DESENVOLVIMENTO DE PIRANÔMETROS DE BAIXO CUSTO ..................................................................24
3 METODOLOGIA.......................................................................................................29
3.1 CARACTERÍSTICAS DO PIRANÔMETRO DESENVOLVIDO........................................................................ 29
3.2 ENSAIOS.............................................................................................................................................. 35
3.2.1 Calibração.....................................................................................................................................37
3.2.2 Não-Linearidade............................................................................................................................38
3.2.3 Resposta à Inclinação....................................................................................................................40
3.2.4 Resposta à temperatura.................................................................................................................40
3.2.5 Resposta espectral dos sensores do Protótipo-1 e do LI-COR......................................................43
3.2.6 Análise da energia absorvida pelo Protótipo-1.............................................................................44
4 RESULTADOS...........................................................................................................45
4.1 CONSTANTE DE CALIBRAÇÃO DO PROTÓTIPO-1 E NÃO-LINEARIDADE ................................................. 45
4.2 INFLUÊNCIA DA TEMPERATURA NO SINAL ÓPTICO OBTIDO NO FOTOTRANSISTOR DO PROTÓTIPO-1..... 47
4.3 RESPOSTA À INCLINAÇÃO (CO-SENO) DO PROTÓTIPO-1 ...................................................................... 49
4.4 ANÁLISE DA IRRADIÂNCIA SOLAR ABSORVIDA PELO PROTÓTIPO-1..................................................... 54
4.5 ANÁLISE DOS DESVIOS DA IRRADIÂNCIA INSTANTÂNEA, HORÁRIA E DIÁRIA....................................... 56
5 CONCLUSÕES...........................................................................................................58
REFERÊNCIAS .....................................................................................................................59
BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA...................................................................................61
APÊNDICES...........................................................................................................................62
APÊNDICE 1 ........................................................................................................................................................63
GRÁFICOS DO PROTÓTIPO-1 NO ENSAIO................................................................................................................. 63
APÊNDICE 2 ........................................................................................................................................................65
GRÁFICOS DO LI-COR. .......................................................................................................................................... 65
APÊNDICE 3 ........................................................................................................................................................67
MEDIDAS DE TEMPERATURA INTERNA DO SENSOR ................................................................................................. 67
APÊNDICE 4 ........................................................................................................................................................71
GRÁFICOS DA IRRADIÂNCIA HORÁRIA MEDIDA PELO PROTÓTIPO-1 E PELO EPPLEY. .............................................. 71
APÊNDICE 5 ........................................................................................................................................................73
FOTOTRANSISTOR............................................................................................................................................ 73
ANEXO....................................................................................................................................75
PADRÃO INTERNACIONAL ISO 9060 (1990): LISTA DE ESPECIFICAÇÃO DE PIRANÔMETROS. ...............................75
15
1 INTRODUÇÃO
Dispositivos que utilizam a radiação solar como fonte de energia primária têm sido
utilizados para as mais diversas finalidades. Entre as aplicações mais comuns tem-se a
eletrificação rural, bombeamento de água para abastecimento, dessalinização por osmose
reversa e irrigação, além de sistemas de geração elétrica interligados à rede elétrica. O
conhecimento do recurso solar, entre outras grandezas meteorológicas, tem grande
importância não só para viabilizar os projetos desses sistemas, como também para o
acompanhamento e avaliação de seu funcionamento.
Atualmente as medidas de irradiância solar são obtidas, principalmente em estações
meteorológicas e em laboratórios de pesquisa.
Os instrumentos utilizados para essas medições – piranômetros – são divididos em
dois tipos quanto a sua construção: piranômetros térmicos (à base de termopares) e
piranômetros fotovoltaicos (à base de silício) e em três categorias quanto à precisão: padrão
secundário; 1ª classe e 2ª classe, conforme a ISO 9060 (1990).
Os piranômetros térmicos são mais precisos e com relação a especificação “não-
linearidade” devem estar entre 0,5% e 3%. Possuem um espectro amplo para detectar a
irradiância solar de 300 nm a pouco mais de 4000 nm. Entretanto, seu custo é maior se
comparado com o do piranômetro fotovoltaico.
Os piranômetros fotovoltaicos, especificamente da LI-COR, apresentam erro máximo
absoluto de 5% na constante de calibração (LI-COR Terrestrial Radiation Sensor-Instruction
Manual, pp34), além de operar em um espectro mais limitado, de 400 nm a 1200 nm (LI-COR
Terrestrial Radiation Sensor-Instruction Manual). Tais instrumentos não são capazes de
fornecer a uniformidade de resposta espectral como requerida para a classificação ISO 9060.
Entretanto, seu baixo custo, sua tensão de saída elétrica elevada (uma ordem de grandeza
superior aos sensores térmicos) e sua resposta quase instantânea fazem com que esses
instrumentos sejam particularmente úteis para aplicações em uma rede solarimétrica de baixo
custo, como piranômetros secundários, para interpolar estações que utilizam piranômetros
termoelétricos ou para a detecção de rápidas flutuações na radiação solar (Grossi, 2002).
Esses instrumentos são também bastante úteis para a avaliação de sistemas de geração
fotovoltaica e, quando devidamente calibrados, podem oferecer uma boa leitura da radiação
solar.
16
O desenvolvimento de instrumentos simples, produzidos nacionalmente, além de
viabilizar o acompanhamento do funcionamento dos sistemas instalados, permite a ampliação
e a difusão das medições de irradiância solar para as mais diversas finalidades.
Várias pesquisas têm sido realizadas com o objetivo de desenvolver instrumentos de
medida de irradiância solar de baixo custo, Basso, et al, 1979 (piranômetro térmico), Zanesco;
Krenziger, 1992 (piranômetro fotovoltaico), Bolzi, et al, 1997 (piranômetro fotovoltaico). Os
instrumentos foram desenvolvidos com células fotovoltaicas fabricadas nos seus respectivos
laboratórios, não estão disponíveis comercialmente no mercado e até o momento essas
pesquisas não foram adiante.
Neste trabalho desenvolve-se um piranômetro utilizando um sensor fotovoltaico de
baixo custo e disponível no mercado nacional.
1.1 Objetivo
O objetivo desse trabalho é desenvolver um instrumento de uso portátil para medir a
irradiância solar global, utilizando sensores fotovoltaicos à base de silício, de baixo custo e
disponíveis no mercado.
Realizar-se-á também ensaios com o Protótipo-1, desenvolvido de acordo com as
especificações da ISO 9060 e considerando as seguintes especificações: Não-Linearidade;
Não-Estabilidade e Resposta à Inclinação (co-seno).
1.2 Justificativa
O mercado fotovoltaico está crescendo muito rápido. Observou-se que na segunda
metade dessa década foram vendidos 1 GW por ano de módulos fotovoltaicos convencionais
(módulos planos). Com os avanços obtidos nos desenvolvimentos de células de alta eficiência
(até 40%) com concentração, esses deverão auxiliar na viabilidade econômica da maioria das
aplicações fotovoltaicas. Pode-se prever que a geração de eletricidade, por meio de energia
solar, deverá, nos próximos anos, adquirir importância na matriz energética mundial,
principalmente considerando-se o agravamento dos problemas ambientais ocasionados pela
17
liberação de dióxido de carbono na atmosfera. Esses efeitos são relatados no prognóstico
realizado pelas Nações Unidas, exposto no relatório do 4º Painel Intergovernamental sobre
Mudanças Climáticas (IPCC, 2007). Os sistemas fotovoltaicos foram tradicionalmente
utilizados no Brasil para aplicações no meio rural. A lei Nº 10438/2002, que estabelece a
universalização dos serviços de energia elétrica, impulsiona a implantação de sistemas de
eletrificação descentralizada com energias renováveis. Entretanto, a tendência mundial de
utilização de sistemas fotovoltaicos tem se voltado para as aplicações em sistemas conectados
à rede elétrica convencional. Esse novo mercado já vem sendo explorado em países como
Grécia, Portugal, EUA, Espanha, Alemanha e Japão, e apresentando-se como uma boa
perspectiva para o Brasil.
O PRODEEM (Programa de Desenvolvimento Energético nos Estados e Municípios –
Ministério de Minas e Energia, 2005), instalou milhares de sistemas de eletrificação rural
fotovoltaica em todo o território nacional, em escolas e em postos de saúde. Atualmente, o
PRODEEM encontra-se em fase de reestruturação, realizando um diagnóstico dos sistemas
instalados, além da análise das demandas e potencialidades energéticas das comunidades para
a futura ampliação do atendimento e estímulo a usos produtivos da energia elétrica.
Diante do potencial das necessidades elencadas o desenvolvimento de um piranômetro
portátil com tecnologia nacional é de grande valia para embasamento.
18
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA – REVISÃO DE LITERATURA
2.1 Instrumentos de medição de irradiância solar comerciais
Os instrumentos de medida de irradiância com tensão na saída convertem a irradiância
que incide sobre eles em corrente ou em tensão. Essa corrente/tensão muda de valor conforme
a distância do sensor à fonte, a intensidade da fonte e o comprimento de onda incidente.
Os sensores de maior precisão e tomados como padrão para as calibrações são aqueles
fabricados à base de termopar (sensores térmicos) e no Apêndice 7 encontra-se a análise
teórica do mesmo. A Figura 1 mostra detalhes de fabricação de um sensor térmico fabricado
por Kipp & Zonen (C21). As principais partes de um piranômetro térmico são: sensor térmico
ou elemento sensível (com a superfície receptora pintada de preto ou alternadamente de preto
e branco), redomas de vidro que cobrem concentricamente a superfície receptora e o corpo
que é sempre protegido do Sol por uma capa branca, sendo este corpo é usado como
referência térmica.
Figura 1: Construção do piranômetro “padrão” C21 da Kipp & Zonen
O detector de um piranômetro padrão térmico é sensível à potência total absorvida e
teoricamente não-seletivo para a distribuição espectral de radiação, ver Figura 2. As redomas
de vidro protegem o sensor térmico das intempéries (vento, chuvas, poeiras) e mudanças da
radiação térmica. A transmitância espectral inclui a faixa espectral de resposta,
aproximadamente, entre 300 nm e 3000 nm.
19
Figura 2: Resposta espectral da irradiância solar ao nível do mar (Sol no zênite) e do piranômetro a
termopar.
A forma de medir se dá pela absorção da energia radiante pelo disco pintado de preto.
O calor gerado segue através de uma resistência térmica (sensor termopar) para o corpo do
piranômetro, ver Figura 3.
Figura 3: Disco preto e branco do Piranômetro Térmico.
A diferença de temperatura através da resistência térmica do detector é convertida em
uma tensão. O aumento de temperatura poderia ser afetado pelo vento, chuva e perda de
radiação térmica para o ambiente (céu frio). Portanto, o detector é protegido por uma ou duas
redomas de vidro. Essas redomas possuem igual transmitância da componente solar direta
para todas as posições do Sol na esfera celeste. O recipiente de sílica gel (Figura 1) no
piranômetro previne orvalho no lado interno das redomas, que pode esfriar consideravelmente
em noites claras sem ventos. A Figura 4 mostra o piranômetro padrão fabricado pela Kipp &
Zonen.
20
Figura 4: Piranômetro térmico fabricado pela Kipp & Zonen.
Um piranômetro de menor custo que o térmico disponível no mercado é o
fotovoltaico, construído com silício, ver Figura 5.
Figura 5: Piranômetro fotovoltaico de silício da LI-COR.
A resposta desses piranômetros com relação ao ângulo de incidência da radiação solar
(entre a normal à cabeça miniatura, Figura 5, e a direção da radiação) é chamada de resposta
do co-seno ou resposta à inclinação. A cabeça miniatura é chamada de difusor e é muito
importante a sua construção para que essa resposta seja a mais próxima do ideal, que é co-
seno igual a um.
O sensor de silício é montado sob uma cabeça miniatura com co-seno corrigido. A
corrente de saída, que é proporcional à irradiância solar, é calibrada com um piranômetro
térmico sob condições naturais de luz do dia. A resposta espectral do piranômetro de silício
não inclui todo o espectro solar, que tem um intervalo que vai de 200 nm a 3200 nm, Figura 6,
apresentando uma resposta entre 400 nm e 1100 nm.
21
Figura 6: Distribuição espectral da irradiância e resposta espectral de um Piranômetro de silício da
marca Li-cor.
2.2 Padrão Internacional para classificar e especificar piranômetros
A norma ISO 9060 (1990) foi criada para a especificação e classificação de
instrumentos para medição de irradiância solar hemisférica e irradiância solar direta. De
acordo com a ISO 9060, os piranômetros podem ser classificados em três categorias:
a) piranômetros padrão secundário;
b) piranômetro de primeira classe;
c) piranômetro de segunda classe.
Um piranômetro é classificado em cada classe de acordo com o preenchimento de
critérios estabelecidos pela ISO 9060. Para esta classificação todos os critérios devem ser
preenchidos. A seguir são definidos e comentados os principais aspectos exigidos pelo Padrão
internacional para classificação e especificação de instrumentos para medidas de radiação
solar hemisférica. Também são apresentados os valores limites estabelecidos para cada
classificação.
1) Tempo de Resposta: Uma medida da inércia térmica inerente ao período de estabilização
para a leitura final. O instante inicial do cronômetro é aquele em que se acende uma fonte, o
22
sinal de saída é zero e o instante final é aquele observado quando o sinal de saída atinge 95%
do seu valor máximo.
LIMITES: Para a categoria padrão secundário esse tempo é < 15 s, para o de 1ª classe é < 30 s
e para o de 2ª classe é < 60 s.
2) Compensação do ponto zero: (a) é uma medida da estabilidade do ponto-zero especificada
para a resposta em 200 W/m² de radiação térmica líquida com ventilação; (b) é uma medida
da estabilidade do ponto-zero especificada para a resposta onde há uma mudança de 5K/h na
temperatura ambiente.
LIMITES: Para a categoria padrão secundário (a) ±7 W/m² e (b) ± 2 W/m², para a categoria 1ª
classe (a) ± 15 W/m² e (b) ± 4 W/m² e para a 2ª classe (a) ± 30 W/m² e (b) ± 8 W/m².
3) Não-Estabilidade: Mudança percentual anual na resposta é uma medida, em porcentagem,
dos efeitos do envelhecimento. É uma medida da estabilidade da constante de calibração no
período de um ano.
LIMITES: Para a categoria padrão secundário ± 0,8%, para a categoria 1ª classe ± 1,5% e
para a categoria 2ª classe ± 3%.
4) Não-Linearidade: Desvio percentual da sensibilidade em 500 W/m² devido à mudança na
irradiância dentro de 100 W/m² a 1000 W/m².
LIMITES: Para a categoria padrão secundário ± 0,5%, para a categoria 1ª classe ± 1,5% e
para a 2ª classe ± 3%.
5) Resposta à Temperatura: É a medida da variação da leitura do instrumento com a
temperatura. Faz-se incidir a irradiância de uma fonte de luz sobre o difusor do piranômetro à
temperatura ambiente e, em seguida, faz-se a temperatura subir até que a variação da
temperatura esteja dentro do intervalo de 50 K. Comparam-se os valores dos sinais de saída à
temperatura ambiente e à temperatura superior. O resultado é dado em porcentagem.
LIMITES: Para a categoria padrão secundário ± 2 %, para a categoria 1ª classe ± 4 % e para a
2ª classe ± 8 %.
6) Resposta à Inclinação (ou resposta ao co-seno): É determinada em porcentagem. Faz-se
incidir, normalmente, sobre o difusor do piranômetro a luz de uma fonte que produz 1000
W/m² e anota-se o valor do sinal. Depois, o piranômetro é inclinado de certo ângulo em
23
relação à fonte, e anota-se o sinal obtido. Com esses dados é determinado o co-seno desse
ângulo que é a relação entre o sinal medido na inclinação e o sinal obtido segundo a normal.
Depois, esse resultado é comparado com o co-seno trigonométrico do mesmo ângulo.
LIMITES: Para a categoria padrão secundário ± 0,5%, para a categoria 1ª classe ± 2 % e para
a 2ª classe ± 5 %.
7) Resposta Direcional: Para assegurar que os valores limitados são encontrados, medidas
devem ser feitas da resposta relativa à incidência normal nas seguintes direções: ângulos de
incidência de 30°, 40°, 50°, 60°, 70° e 80° para 12 ângulos azimutais que variam em
intervalos de 30° (0°, 30°, 60°,..., 330°).
LIMITES: Para a categoria padrão secundário ± 10 %, para a categoria 1ª classe ± 20 % e
para a 2ª classe ± 30 %.
8) Seletividade espectral: Desvio percentual do produto da absortância e transmitância
espectral da média correspondente no intervalo entre 0.35μm e 1,5μm. A medida direta da
seletividade espectral de um piranômetro necessita de uma técnica de medida de alta
sensibilidade. Os limites da faixa de comprimentos de onda são determinados usando vidro
Schott tipo WG 295 e K5. Se a irradiação de uma lâmpada incandescente é aplicada, deve-se
considerar uma faixa de comprimento de onda maior que 1500 nm.
LIMITES: Para a categoria padrão secundário ± 3 %, para a categoria 1ª classe ± 5 % e para a
2ª classe ± 10 %.
24
2.3 Desenvolvimento de piranômetros de baixo custo
Basso et al. (1979) construíram um piranômetro térmico de baixo custo para medir a
irradiância solar global. A montagem dos componentes foi realizada dentro de uma redoma de
lâmpada incandescente comum. O elemento sensor foi construído inicialmente na forma de
um disco de cor preta, concêntrico com um disco de cor branca, conforme mostrado na Figura
3. Os experimentos realizados mostraram uma baixa tensão de saída. A geometria do sensor
foi modificada para setores intercalados com tinta branca e preta, Figura 7, obtendo-se uma
tensão de saída mais elevada.
Figura 7: Piranômetro térmico com 4 termopares em série.
A redoma utilizada foi de vidro pyrex e sua base foi construída em náilon. O
instrumento foi calibrado com um piranômetro térmico da marca Eppley para obtenção da
constante de calibração no valor de
2
mWV94,2 μ .
A calibração foi realizada utilizando 10 medidas, o tempo de resposta foi determinado
com uma lâmpada incandescente espelhada de 60 watts. A não-linearidade obtida do sensor
foi menor que 2%. Não foi avaliada a não-estabilidade do instrumento e não foram avaliadas
as respostas: direcional, espectral, temperatura e a resposta do piranômetro com relação à
inclinação.
Ainda, Zanesco e Krenziger (1992) desenvolveram um piranômetro que usa uma
célula solar de silício como sensor. O Protótipo-1 custou em torno de US$ 150,00 e não foi
apresentada a precisão nas medidas quando comparadas com o piranômetro padrão. O seu
25
corpo e a base foram feitos de alumínio e o difusor foi uma camada plana de polyetileno. O
difusor tem uma geometria trapezoidal para obter uma boa resposta à inclinação (co-seno). A
célula de silício foi conectada a um resistor, resultando numa constante de calibração de
(
)
2
mWV20μ , com erro de 11,4%. A resposta à inclinação (resposta do co-seno) apresenta
um desvio máximo do ideal no valor de 1,2% para ângulos de incidência menores que 80°. A
Figura 8 mostra a vista de cima e um corte lateral do corpo desse piranômetro.
Figura 8: Projeto do corpo do Piranômetro fotovoltaico de Zanesco e Krenziger.
A tensão de saída foi obtida com quatro resistores de precisão de um ohm cada.
O difusor de polyetileno é visto nas Figuras 9 e 10.
Figura 9: Difusor de polyetileno do Piranômetro fotovoltaico de Zanesco e Krenziger
O corpo e a base consistem de um cilindro sólido de alumínio, Figura 10.
26
Figura 10: Corpo e base de alumínio do Piranômetro de Zanesco e Krenziger.
Uma placa de fenolite em forma de disco apóia a célula de silício e o resistor. Nesse
piranômetro não foi instalado o nível de bolha, nem o parafuso de ajuste de nível.
Foi utilizado um banco óptico, Figura 11, para medir a resposta do co-seno, uma fonte
de luz, uma lente convergente e um disco girante, onde foi colocado o piranômetro. Para a
realização das medidas, o piranômetro é girado no sentido horário até 90°, com medidas de
voltagem obtidas em intervalos de 10°. O processo é repetido no sentido anti-horário. O
processo dessas medições foi repetido 10 vezes. O maior desvio da resposta à inclinação
(resposta do co-seno) ideal para ângulos de incidência menores que 80° foi 1,16%. Para o
ângulo de incidência de 80° o desvio foi de 7,5%.
Figura 11: Banco óptico usado por Zanesco e Krenziger.
O protótipo foi calibrado com um Eppley PSP, entre 300 W/m
2
e 1000 W/m
2
. Nesse
intervalo, a constante de calibração foi obtida com a Equação 1.
27
=
n
n
x
yx
a
1
2
1
(1)
Na Equação 1, y é a irradiância solar medida em W/m² e x a tensão medida em milivolt nos
terminais do protótipo.
Um sistema de aquisição de dados foi usado para o levantamento dos dados
simultâneos de quatro piranômetros (dois térmicos e dois de silício, sendo um deles o
protótipo). Porém, foram consideradas somente as médias das 10 medidas efetuadas em dia
de céu sem nuvens para a determinação da constante de calibração. Os autores não mostram
resultados relativos à não-estabilidade, resposta direcional, resposta espectral, resposta à
temperatura e resposta à inclinação.
Bolzi et al. (1997) construíram um piranômetro fotovoltaico de baixo custo, com
células de silício cristalino de pequenas dimensões, sendo a área da pastilha de Silício de 0,13
cm
2
(pastilha com 3,6 mm de lado). Na calibração, realizada pela Rede Solarimétrica do
Serviço Meteorológico Nacional da Argentina, foi determinada a constante de calibração,
observando-se que sua resposta foi limitada e não plana. Duas células foram utilizadas. A
primeira teve uma constante de calibração de
2
mWV619,13 μ com um erro de
%8,2±
e a
segunda célula de
2
mWV002,15 μ , com um erro de
%5,3
±
. Na calibração foram
realizadas 20 medições.
A Tabela 1 mostra os valores obtidos na calibração do protótipo com os piranômetros
térmicos HAENI e KIPP & ZONEN. As medições foram feitas em dia de céu sem nuvens. A
coluna 1 é o erro médio quadrático da irradiância solar, a coluna 2 o maior desvio, em
porcentagem, da irradiância solar maior que 300 W/m
2
e a coluna 3, o maior desvio, em W/m
2
para irradiância solar menor ou igual a 300 W/m
2
. As colunas 2 e 3 não obedeceram aos
padrões da ISO 9060 que estabelecem o desvio (não-linearidade) em 500 W/m² na faixa de
100 a 1000 W/m².
28
Tabela 1: Calibração do protótipo do Piranômetro de Bolzi et al.
Erro médio
quadrático da
Irradiância solar.
(W/m
2
)
O maior desvio (em
%) para Irradiância
> 300 W/m².
(%)
O maior desvio para
Irradiância
300 W/m²
(W/m
2
)
Piranômetro (1) (2) (3)
Protótipo-1 24,8 11,4 36,1
HAENI 25,1 11,5 41,2
KIPP & ZONEN 8,7 3,3 16,2
No piranômetro de Bolzi et al. (1997), a constante de calibração apresentou um erro de
2,8% em uma célula e 3,5% na outra, em relação ao padrão utilizado. Os resultados
apresentados, para determinar as constantes de calibração, constam de 20 pontos para cada
piranômetro. Os autores não mostram ensaios e resultados relativos à não-estabilidade,
resposta direcional, resposta espectral, resposta à temperatura, e resposta à inclinação.
29
3 METODOLOGIA
3.1 Características do piranômetro desenvolvido
Para o piranômetro proposto foi utilizado um sensor de irradiância (fototransistor) à
base de silício, facilmente obtido no comércio local. A escolha do sensor foi baseada em sua
resposta espectral, muito próxima do sensor de silício da LI-COR, Figura 6.
Para construir o corpo do instrumento foi usado material isolante térmico, a fim de
reduzir a troca de calor do ambiente externo com o fotosensor, evitando aquecimento e seus
efeitos. Acima do fototransistor está o difusor, ver a Figura 12, construído em PVC para
possibilitar o espalhamento da luz que atinge o fotosensor (fototransistor). O corpo tem uma
base metálica de alumínio que lhe dá sustentação.
Figura 12: Protótipo-1 fotovoltaico de Silício.
Para obter a Irradiância Solar Global é coletada a tensão correspondente, em milivolt,
no terminal de saída do instrumento, conforme Figura 13, e multiplicado pela constante de
calibração.
Figura 13: Esquema de montagem dos componentes eletrônicos do Protótipo-1.
30
Na construção do fototransistor, observa-se que o emissor tem uma área muito
pequena, sendo a tensão de saída obtida entre a base (positiva) e o coletor (negativo),
conforme a Figura 14. O produto “hf” é a energia do fóton incidente. Como foram utilizados
os terminais base e coletor, ou seja, apenas uma das junções PN, encontra-se no Apêndice 6
uma análise teórica da mesma.
Figura 14: Construção do fototransistor, o resistor de saída e a tensão obtida em mV.
É possível medir a fotocorrente em microampère e relacioná-la com a irradiância solar
global, eliminando-se assim o resistor de saída, conforme a Figura 15.
Figura 15: Fotocorrente medida em microampère no fototransistor exposto a irradiância solar.
O sensor escolhido foi um fototransistor fabricado pela MOTOROLA, modelo MRD,
que tem como característica o espectro sensível à luz visível
)
m78,0m38,0 μ
μ
e à faixa do
infravermelho próximo
()
m3m75,0
μ
μ
para largas aplicações. Na Figura 16, apresentada
pelo fabricante, é mostrado o intervalo entre 450 nm e 1060nm.
31
Figura 16: Resposta espectral do fototransistor, escolhido, conforme catálogo da Motorola.
O protótipo, denominado protótipo-1, foi montado conforme mostra a Figura 17, onde
se vê, além do fototransistor, um sensor térmico para medir a temperatura interna do
Protótipo-1.
Figura 17: Projeto do Protótipo-1 fotovoltaico de silício.
O material utilizado no corpo do Protótipo-1 do piranômetro de silício e do seu difusor
é o PVC (Policloreto de Vinila) porque tem menor condutividade térmica, como mostra a
Tabela 2.
32
Tabela 2: Condutividade térmica de materiais isolantes.
Polímero
Valores calculados da condutividade
térmica (W/mK)
Náilon 0,250
PVC 0,203
PE (Polietileno) 0,470
PP (Polipropileno) 0,247
Fonte: Carvalho, Gil et al. (2006).
A sua faixa de temperatura de trabalho é de C60aC5
00
. O difusor projetado com
PVC (Policloreto de Vinila) foi colado ao corpo com cola especial à base de borracha. O
fototransistor (sensor óptico) e o sensor térmico foram colocados numa placa de fenolite que
foi acoplada a um suporte metálico, como apresentado na Figura 18, e seu aspecto externo
está apresentado na Figura 19.
Figura 18: Suporte metálico e placa de fenolite onde estão soldados, o sensor óptico e o sensor térmico
do Protótipo-1.
33
Esse suporte metálico (Figura 18) tem sua altura regulada por um parafuso central que
está apoiado em outro suporte metálico, ver a Figura 20. Todas essas partes estão envolvidas
por um corpo de PVC que foi colocado em cima de uma base de alumínio, Figura 19.
Figura 19: Visão final do Protótipo-1 montado.
Cada sensor, tanto o óptico como o térmico, tem seu cabo de transmissão de sinal,
Figura 20.
Figura 20: Os cabos de transmissão do sinal óptico e do sinal térmico do Protótipo-1.
34
A Figura 21 mostra a luz do sol passando através do difusor (região central, branca).
Figura 21: Câmara do Protótipo-1 vista por baixo.
As partes separáveis do Protótipo-1 foram seladas com silicone para evitar qualquer
infiltração. O adaptador é o suporte onde é soldado o resistor de saída, sendo mostrado na
Figura 22. Seus terminais são ligados aos terminais do fototransistor e ao milivoltímetro para
se medir a tensão correspondente à fotocorrente.
O resistor para obtenção da tensão térmica está soldado no seu adaptador (cor preta)
que é mostrado na Figura 22, onde um dos seus terminais está ligado ao sensor térmico e o
outro à fonte de alimentação. O adaptador ao lado (cor vermelha) liga esse resistor ao
voltímetro para a medida da tensão térmica.
A Figura 22 mostra o conjunto integrado pelo Protótipo-1, o cabo de transmissão do
sinal óptico, o adaptador óptico com seu resistor interno, o cabo de transmissão do sinal
térmico, o adaptador térmico com seu resistor interno, o cabo de alimentação do sensor
térmico e a fonte de alimentação do sensor térmico.
35
Figura 22: Protótipo-1 com seus acessórios.
3.2 Ensaios
O Padrão Internacional ISO 9060, que rege as especificações e categorias dos
instrumentos, foi considerado nos ensaios do piranômetro desenvolvido. Como mencionado
anteriormente, de acordo com o Padrão Internacional, são necessários ensaios de não-
linearidade, não-estabilidade, resposta à inclinação, resposta à temperatura, tempo de
resposta, compensação do ponto zero, resposta direcional e seletividade espectral para a
classificação de um piranômetro.
Para o caso do piranômetro desenvolvido, fotovoltaico, considerando-se os dados
fornecidos pelo fabricante do fototransistor, pode-se afirmar que o tempo de resposta
(inferior a 1 segundo) atende às especificações exigidas para as três classificações de
piranômetros. O piranômetro fotovoltaico também atende ao critério de compensação do
ponto zero, já que o sinal produzido exige a incidência de luz, não apresentando variações
noturnas devido às trocas de calor radiante entre a superfície receptora e a abóbada celeste
mais fria.
36
No presente trabalho foram realizadas análises da constante de calibração, da não-
linearidade e da resposta à inclinação (resposta do co-seno) do Protótipo-1. Os ensaios
descritos visam analisar o instrumento conforme as exigências ou especificações estabelecidas
no Padrão ISO 9060.
Para fins de comparação dos resultados obtidos na análise da resposta à inclinação, um
instrumento similar de mercado, o (LI-COR), foi analisado, ver Figura 23.
Figura 23: Piranômetros: Protótipo-1 e LI-COR.
Para a avaliação da resposta à temperatura foram analisados os dados de
temperatura e irradiância coletados nos experimentos com o Protótipo-1 para um valor de
irradiância da ordem de 1000W/m
2
. O experimento foi realizado apenas para fins de
verificação da influência da temperatura no sensor fotovoltaico.
Com relação à resposta espectral, é conhecido o fato de que a mesma não cobre todo
o espectro exigido por norma. Entretanto, é apresentada uma comparação das curvas
fornecidas pelo fabricante do fototransistor e de um piranômetro fotovoltaico comercial
amplamente aceito e utilizado para medições de irradiância solar.
O ensaio da não-estabilidade será realizado a posteriori à finalização da presente
dissertação. Devido ao tempo necessário para medições (um ano) segundo a ISO 9060. A
resposta direcional não foi avaliada.
37
3.2.1 Calibração
O Protótipo-1 (no lado direito da Figura 24) foi instalado na área de teste do grupo
FAE-DEN-UFPE e colocado ao lado de um piranômetro de 1ª classe da marca EPPLEY, série
Nº 31087F3, Mod. PSP, com constante no valor de
(
)
2
m/W/V4,9 μ , para fins de calibração.
Os instrumentos foram deixados sobre uma superfície plana, horizontal, exposta ao sol, do
amanhecer até o entardecer, Figura 25.
Figura 24: O Eppley (Padrão secundário) e o Protótipo-1.
Figura 25: Disposição do Eppley e do Protótipo-1 na área de teste.
Para obter a Irradiância Solar Global é coletada a tensão correspondente, em milivolts,
no terminal de saída de cada piranômetro. Esse sinal é levado a um sistema de aquisição de
38
dados (data-logger) da marca CAMPBELL (Figura 26). Em seguida, a tensão medida pelo
piranômetro padrão é multiplicada pela sua constante de calibração por meio do data-logger.
Figura 26: Sistema de aquisição de dados Campbell
Com os resultados obtidos são traçados os gráficos da irradiância medida pelo
piranômetro padrão (
2
m/W
) em função da tensão de saída medida no Protótipo-1 (
mV
).
Uma curva de regressão (linear) fornece a constante de calibração do Protótipo-1.
3.2.2 Não-Linearidade
A não-linearidade é uma das especificações que deve ser determinada em percentual
da resposta da tensão (ou da irradiância) obtida no Protótipo-1 quando a irradiância solar
global é
2
m/W500 dentro de um intervalo que vai de
2
m/W100 a
2
m/W1000 ,conforme
mostra a Figura-27. Assim, a não-linearidade é uma medida do desvio percentual da
irradiância em 500 W/m².
39
Figura 27: Exemplo de como determinar a Não-Linearidade do piranômetro.
O ponto A, sobre a reta, tem uma tensão “v” (valor médio) que corresponde a
irradiância 500 W/m² e (v
1
) e (v
2
) são as tensões extremas (mínima e máxima) observadas
para a mesma irradiância (500 W/m²). Essas tensões originam os pontos B e C mostrados na
Figura 27.
A Equação 2 é usada para obter a não-linearidade (chamada aqui de Δ
s
), onde
v
s é o
desvio médio entre o valor absoluto do desvio para a esquerda s
1
(v
1
-v) e o valor absoluto do
desvio para a direita s
2
(v
2
-v), v o valor médio obtido na reta de calibração do Protótipo-1.
%100x
v
s
v
s
=Δ
(2)
40
3.2.3 Resposta à Inclinação
A superfície do difusor do piranômetro é colocada numa posição vertical. Uma fonte
luminosa de
2
m/W1000 é posicionada à frente do difusor na direção normal ao plano do
mesmo, Figura 28. Em seguida é medida a tensão correspondente a essa posição, que tem o
ângulo no valor de 0°. Esse ângulo irá variar de 0° a 90°, de 10° em 10°, e para cada nova
posição é medida a tensão correspondente. Fazendo a relação entre a tensão de cada posição
com a tensão para a posição 0° têm-se a resposta à inclinação, que é o co-seno.
O co-seno obtido da relação entre valor da tensão de um ângulo escolhido e do valor
da tensão do ângulo a 0° é comparado com o co-seno trigonométrico desse mesmo ângulo,
determinando-se assim o desvio percentual da resposta à inclinação.
Figura 28: Posição do difusor do piranômetro para determinação da resposta à inclinação.
O difusor embora seja de cor branca ele foi desenhado com a cor vermelha a fim de se
destacar do fundo branco.
3.2.4 Resposta à temperatura
Para a análise da resposta à temperatura, a mesma foi medida por meio de um sensor
térmico, ou seja, um resistor com coeficiente de temperatura negativo (NTC). Embora a
tensão de saída do NTC seja não-linear, o mesmo foi escolhido por possuir uma inércia
41
térmica muito baixa quando comparado ao sensor de temperatura LM35. De acordo com o
fabricante do sensor LM35, para atingir 100% do valor do sinal é necessário 3 minutos.
O sensor de temperatura utilizado (NTC) foi calibrado num calorímetro contendo água
na temperatura de 70°C, e as medidas de temperatura foram realizadas com um termômetro
de mercúrio com erro de ± 0,5°C e resolução de 1°C, num intervalo de calibração que vai de
28°C a 70°C, Figura 29.
Figura 29: Calorímetro utilizado para calibração do sensor térmico NTC.
O acoplamento do sensor à parede do calorímetro está mostrado na Figura 30.
Figura 30: NTC acoplado à parede do vaso do calorímetro.
Após 13 horas de observação das medidas obtidas no experimento com o calorímetro,
obteve-se um gráfico da temperatura em função da tensão produzida pelo sensor térmico, cujo
circuito utilizado é mostrado na Figura 31. A fonte de alimentação é uma bateria de 9 volts.
42
Figura 31: Montagem utilizada para calibração do NTC.
A curva de calibração é mostrada na Figura 32 juntamente com a equação de
calibração.
Figura 32: Curva de calibração do NTC utilizado.
Na análise da Resposta à Temperatura de acordo com a ISO 9060, um piranômetro de
2ª classe deve ter uma variação máxima de 8% na fotocorrente para uma variação de
temperatura de 50K. No laboratório de Energia Solar do DEN-UFPE não há equipamento
para se executar esse experimento. Então, foi realizado um ensaio simples para se ter uma
avaliação da influência da temperatura nos dados da irradiância medidos.
Para analisar a influência da temperatura na medição da irradiância solar, os registros
dos valores de irradiância solar medida pelo Protótipo-1, temperatura do sensor e a irradiância
medida pelo Eppley foram obtidos em ensaios realizados durante vários dias do ano de 2007.
Os dados foram filtrados para valores de irradiância medidos pelo Eppley entre 950
W/m
2
e 1050 W/m
2
e analisados. A fixação de uma faixa estreita de irradiância minimiza os
efeitos da influência dessa grandeza na leitura obtida, permitindo-se isolar apenas a influência
da temperatura para a análise.
43
3.2.5 Resposta espectral dos sensores do Protótipo-1 e do LI-COR
Uma comparação entre as respostas espectrais dos instrumentos LI-COR e Protótipo-1
foi feita baseada nas curvas fornecidas pelos fabricantes. O espectro do LI-COR (LI-200SA)
comparado com o espectro do Protótipo-1 (fototransistor) é mostrado na Figura 33. Verifica-
se o trecho do espectro visível da luz (de 395 nm a 750 nm) e o trecho do espectro
infravermelho próximo.
Figura 33: Resposta espectral do LI-COR e do Protótipo-1.
Na curva do LI-COR, Figura 33, vê-se uma resposta de 100% no comprimento de
onda infravermelho 950 nm, enquanto que no Protótipo-1 essa resposta de 100% está em 800
nm, ou seja, mais próximo da região do visível. A energia absorvida na parte do espectro
visível é maior no Protótipo-1 (fototransistor) do que no LI-COR.
Como comentado anteriormente, os sensores fotovoltaicos não são capazes de fornecer
a uniformidade de resposta espectral como requerida para a classificação ISO 9060.
Entretanto, de acordo com Grossi (2002), esses piranômetros podem ser classificados como
segunda classe.
44
3.2.6 Análise da energia absorvida pelo Protótipo-1
Foram comparados os valores de energia solar medidos pelo Protótipo-1, utilizando a
constante de calibração obtida, com os medidos no Eppley. As comparações foram feitas em
base “instantânea” (1 minuto), horária e diária. Para cada dia o instante inicial foi 5h19min e o
instante final foi 17h19min, abrangendo um intervalo de 12 horas.
Os valores de irradiância solar (W/m²) são coletados diariamente, minuto a minuto.
Após obterem-se esses dados, determina-se a média horária da irradiância solar. Os valores de
irradiância horária são apresentados em função do tempo (t) em hora no intervalo de 12 horas
para cada dia de medição.
A energia solar diária (Wh/m²) é obtida pela integral dos valores horários para cada
dia.
45
4 RESULTADOS
4.1 Constante de calibração do Protótipo-1 e não-linearidade
A Tabela 3 resume as constantes de calibração e a não-linearidade medidas no período
de 26 de fevereiro de 2007 a 20 de maio de 2007 para o Protótipo-1.
Tabela 3: Resultado da calibração do Protótipo-1
Dia
Constante de
Calibração
Não-
Linearidade
µV/(W/m²) %
1 13,1 1,0
2 13,0 1,0
3 13,2 0,0
4 13,1 0,8
5 13,1 1,3
6 13,0 2,3
7 13,1 1,8
8 13,2 1,0
9 13,0 1,4
10 13,0 2,3
11 13,0 2,3
12 13,0 3,3
13 13,0 1,8
14 13,1 2,3
15 13,0 4,1
16 13,0 4,6
17 13,2 0,8
18 12,9 5,8
19 12,9 1,5
20 12,9 4,0
21 13,0 7,5
22 13,1 0,5
23 12,9 2,3
24 12,9 1,3
25 12,7 5,2
26 12,8 2,9
27 12,7 0,0
28 12,7 2,5
29 12,9 3,9
30 12,8 3,4
31 12,9 1,4
32 12,8 0,0
33 12,8 5,2
34 12,8 5,9
35 13,1 3,6
36 12,9 6,0
46
Dia
Constante de
Calibração
Não-
Linearidade
µV/(W/m²) %
37 12,7 3,9
38 12,8 1,6
39 12,8 0,8
40 12,8 0,0
41 12,8 2,0
42 12,8 2,9
43 12,9 4,6
44 12,7 4,5
45 12,8 5,4
46 12,9 3,8
47 12,9 3,8
48 12,9 2,6
49 12,9 4,2
50 12,8 3,9
51 13,0 5,0
52 12,9 4,6
53 12,9 6,5
Média
12,9 2,9
Desvio Padrão
(D.M.Q.)
0,1
D.M.Q.%
1,0
A constante de calibração média do Protótipo-1 foi de )V/(W/m12,9
2
μ , com desvio
médio quadrático de
%1±
. De acordo com a ISO 9060, a Não-Estabilidade (Deriva) é uma
medida da variação da constante de calibração após um ano. Acontece que os ensaios
realizados não correspondem ao período citado e sim, de quase 3 meses. Portanto, não é
possível classificá-lo nesse item. Nesse período a constante oscilou entre 12,7 e 13,2
μV/(W/m²).
Para a não-linearidade do Protótipo-1 o valor médio é ±
%9,2
.
As curvas obtidas para a determinação dos dados mostrados na Tabela 3 encontram-se
disponíveis no Apêndice 1. Para comparar esse protótipo-1 com outro piranômetro
fotovoltaico da marca LI-COR encontra-se no Apêndice 2 as curvas do mesmo.
47
4.2 Influência da temperatura no sinal óptico obtido no fototransistor do
Protótipo-1
Uma análise das características de catálogo do sensor utilizado, com relação à
influência da temperatura, indica um comportamento linear da fotocorrente gerada em função
da temperatura do fototransistor. Esta característica está presente nos sensores de silício.
Entretanto, os ensaios realizados mostram um efeito menos acentuado da temperatura na
resposta do sensor. A Figura 34 mostra a inclinação da reta no gráfico, obtido
experimentalmente, da fotocorrente normalizada versus temperatura do sensor. Na Figura 35 é
mostrada a inclinação da reta no gráfico da fotocorrente em função da temperatura fornecida
pela Motorola, fabricante do fototransistor utilizado.
Figura 34: Gráfico da Foto corrente normalizada do sensor versus Temperatura.
48
Figura 35: Gráfico da fotocorrente versus Temperatura do datasheet da Motorola para o sensor.
Esta diferença entre os resultados do ensaio e do fabricante pode ser atribuída à
dispersão normalmente presente nas características de componentes eletrônicos.
O Coeficiente angular da reta na Figura 34 é metade do obtido na Figura 35. Então,
realmente o efeito é menos acentuado.
Na Tabela 4 estão resumidos os valores médios, máximo e mínimo de temperatura do
fototransistor, além das leituras correspondentes de irradiância no Protótipo-1 e Eppley. Os
valores da tabela são referentes a 135 medidas filtradas entre o conjunto total de dados para
valores de irradiância do Eppley entre 950 e 1050 W/m
2
(Apêndice 3).
Tabela 4: Análise da variação da irradiância com a temperatura
Temperatura do sensor
Irradiância Protótipo-
1
Irradiância
Eppley
(
o
C) (W/m
2
) (W/m
2
)
Média
43,1 986 980
Desvio padrão (%)
5,70% 2,60% 2,30%
Valor Máximo
50,1 971 961
Valor Mínimo
33,1 958 955
Diferença
17 13 6
(Diferença/Média)x100%
39,40% 1,30% 0,60%
49
De acordo com as medidas obtidas, observa-se que, para um desvio padrão dos valores
de temperatura da ordem de 5,7%, foram observados desvios na irradiância medidas pelo
Protótipo-1 de 2,6%. As medidas do Eppley apresentam desvio de 2,3%. Os resultados
indicam que o comportamento do Protótipo-1 não difere significativamente do
comportamento do Eppley.
A maior diferença de temperatura (diferença entre o maior valor de 50,1
o
C e menor
valor de 33,1
o
C) é de 17
o
C, o que representa uma variação de 39,4%. Os valores
correspondentes de irradiância do Protótipo-1 são: máximo de 971W/m
2
e mínimo de 958
W/m
2
) representando uma variação de 1,3%. Os valores correspondentes para o Eppley são:
961 W/m
2
e 955 W/m
2
. Isso representa uma variação em torno de 0,6%.
Os resultados instantâneos mostram uma influência maior da temperatura no Protótipo-1
que no Eppley. Entretanto, os valores percentuais dessas variações são pequenos para ambos.
O Apêndice 5 mostra uma análise teórica da fotocorrente versus temperatura do fotosensor.
4.3 Resposta à Inclinação (Co-seno) do Protótipo-1
Quando um fluxo paralelo de radiação de uma dada seção transversal se espalha sobre
uma superfície plana, a irradiância incidente nessa superfície, devido ao fluxo, é proporcional
ao co-seno do ângulo entre esse fluxo e a normal ao plano. Um piranômetro, cuja resposta a
um fluxo que vem de direções diferentes segue a mesma relação, é dito ser “co-seno
corrigido”. Um sensor, sem uma precisa correção do co-seno, pode implicar em um erro
grande sob condições de irradiância difusa dentro de uma área de cobertura, em baixos
ângulos de elevação solar.
A resposta do co-seno é medida colocando o piranômetro numa plataforma giratória
que pode ser ajustada num eixo que passa no centro da superfície de medição (difusor), Figura
36. Um feixe colimado é dirigido em incidência normal e, na saída do sensor, é medida a
tensão toda vez que o ângulo é variado. O erro, que está representado por “R(%)”, do co-seno
no ângulo de incidência
θ
, Equação 5, é medido considerando-se o co-seno obtido nesse
ângulo de incidência
θ
e o co-seno trigonométrico desse mesmo ângulo
θ
, razão essa
expressa de forma percentual. Na Equação 6,
)
θ
V
é a intensidade do sinal para o ângulo
θ
e
0
N
0V =θ
é a intensidade do sinal para
0
0=θ
. A Figura 36 mostra como são obtidas as
medidas para um ângulo
o
0=θ
e para
θ
qualquer.
50
()
(
)
()
%100x1
cos
0V
V
%R
o
N
θ
=θ
θ
=
(3)
Figura 36: Obtenção do sinal em milivolt correspondentes ao fluxo luminoso incidindo num ângulo
sobre o difusor e num ângulo
θ
.
A seguir é determinado o co-seno do ângulo
M
θ
,medido através da Equação 4, pela
relação entre a intensidade do sinal (em milivolt) ou da irradiância (em W/m²) obtida nessa
posição angular (
θ
) e a intensidade do sinal quando
o
0=θ
.
)
)0(
cos
0
M
=
=
θ
θ
θ
N
V
V
(4)
Esse valor (co-seno de
M
θ
, obtido experimentalmente) é comparado com o co-seno
trigonométrico desse ângulo
M
θ
e o resultado dado, em percentual, da resposta do co-seno.
Na execução do experimento, para se obter a resposta relativa do co-seno, a variação
angular foi de 10° em 10°, a partir do zero, num intervalo de 0
0
a 80
0
. A Figura 37 mostra a
disposição dos elementos do experimento, onde também aparece uma lente convergente de
foco 100 mm. Foi utilizada uma lâmpada incandescente com espectro mostrado na Figura 38
(Sersen, W. J., 1990), onde também é visto o espectro do Sol obtido dos dados do piranômetro
LI-COR, Manual Radiation Measurement.
51
Figura 37: Experimento para se obter a resposta do co-seno do Protótipo-1.
A lâmpada incandescente produz um espectro conforme pode ser verificado na Figura
38, que embora se apresente um pouco deslocado com relação à intensidade do espectro solar,
cobre toda a faixa de comprimento de onda da irradiância solar (desde 200 nm a 2500 nm).
Figura 38: Espectro da lâmpada incandescente e do Sol.
Foram obtidas quatro séries de medidas para avaliar a resposta do co-seno do
Protótipo-1 desenvolvido. As Tabelas 5 e 6 representam as médias correspondentes às quatro
séries e a Tabela 7 representa os dados colhidos do manual do fabricante LI-COR.
52
Tabela 5: Experimento realizado com o Protótipo-1 para resposta do co-seno.
θ(graus) 0 10 20 30 40 50 60 70 80
cos (θ)(medido)
[média] 1,000 0,990 0,930 0,849 0,737 0,606 0,454 0,314 0,160
cos (θ)(trigon.) 1,000 0,985 0,940 0,866 0,766 0,643 0,500 0,342 0,174
Erro do co-seno 0,000 0,005 -0,010 -0,017 -0,029 -0,037 -0,046 -0,028 -0,014
Erro do co-seno(%) 0,0 0,508 -1,064 -1,963 -3,786 -5,754 -9,2 -8,187 -8,046
Resp. relativa do
cos (%)
100,0 100,5 98,9 98,0 96,2 94,2 90,8 91,8 92,0
Tabela 6: Experimento realizado com o LI-COR para resposta do co-seno.
θ(graus) 0 10 20 30 40 50 60 70 80
cos (θ)(medido)
[média] 1,000 1,000 0,973 0,905 0,795 0,658 0,507 0,343 0,178
cos (θ)(trigon.) 1,000 0,985 0,940 0,866 0,766 0,643 0,500 0,342 0,174
Erro do co-seno 0,000 0,015 0,035 0,045 0,038 0,023 0,014 0,003 0,023
Erro do co-seno(%) 0,000 1,523 3,511 4,503 3,786 2,333 1,400 0,292 2,299
Resp. relativa do
cos (%)
100,0 101,5 103,5 104,5 103,8 102,3 101,4 100,3 102,3
Tabela 7: Manual do fabricante.
LI-COR - Manual
θ(graus) 0 10 20 30 40 50 60 70 80
Resposta relativa do
cos (%)
100,0 100,7 101,4 102,9 102,1 102,9 101,4 97,1
97,1
As respostas relativas do co-seno (%) para as três Tabelas estão também apresentadas
na Figura 39.
Figura 39: Resposta do co-seno da superfície receptora (difusor) para o Li-cor e para o Protótipo-1
desenvolvido.
53
A curva obtida para o LI-COR no laboratório de Energia Solar do DEN/UFPE, foi
comparada à curva fornecida pelo fabricante, Figura 38. Verifica-se que, embora o espectro
da lâmpada utilizada não reproduza exatamente a intensidade do espectro da irradiância solar,
a curva obtida é bastante próxima da fornecida pelo fabricante.
De acordo com os dados obtidos conforme a Tabela 5, o Protótipo-1 obteve um erro
máximo de -9,2% para um ângulo de 60°. Já para o LI-COR , os dados coletados e
apresentados na Tabela 6, mostram um erro máximo de aproximadamente 4,503 % na
posição angular 30°. Para ângulos no intervalo de 0
o
a 40
o
o erro do Protótipo-1 foi menor que
o do LI-COR, mas no intervalo de 50
0
a 80
0
o erro do Protótipo-1 foi maior. No intervalo de
0
0
a 80
0
,
a resposta relativa do co-seno (%) para o Protótipo-1 não excedeu 100% , ou seja, o
co-seno no Protótipo-1 não excedeu o valor máximo “1”, mas para o LI-COR o co-seno
ultrapassou o valor “1” entre 10° e 80°.
Como o erro é grande para ângulos maiores ou iguais a 50 graus (Protótipo-1), é
necessário desenvolver um novo difusor para que se tenha um erro máximo de 5%
(classificação, segundo a norma ISO 9060 para piranômetro de 2ª classe).
54
4.4 Análise da Irradiância solar absorvida pelo Protótipo-1
Com a finalidade de verificar a confiabilidade no Protótipo-1 foram utilizados os dados
obtidos nos ensaios para analisar a Irradiância solar medida no Protótipo-1, como também
pelo padrão Eppley. A Figura 40 mostra o resultado do dia 26 de fevereiro de 2007 e a Figura
41 mostra o resultado do dia 20 de maio de 2007. No eixo vertical está a Irradiância (W/m²) e
no eixo horizontal está o tempo (horas). Encontra-se no Apêndice 4 mais três resultados.
Figura 40: Irradiância solar absorvida pelo Protótipo-1 e Eppley no dia 26/02/2007.
Figura 41: Irradiância solar absorvida pelo Protótipo-1 e Eppley no dia 20/05/2007.
55
De acordo com os gráficos das Figuras 40 e 41, as energias absorvidas pelo Protótipo-1 e
Eppley são bastante próximas.
56
4.5 Análise dos desvios da Irradiância instantânea, horária e diária.
Foram analisados os dados instantâneos de irradiância e médias horárias, como também
os dados da energia diária coletada no período que vai de 26 de fevereiro de 2007 a 20 de
maio de 2007. Os resultados estão expressos na Tabela 8.
Tabela 8: Valores dos desvios encontrados do Protótipo-1 em relação ao padrão Eppley.
Protótipo-1 Eppley
Desvio
relativo
Desvio quadrático
médio
Desvio quadrático
médio
Energia
diária
Energia
diária
Energia
diária da irradiância da irradiância
DIA Wh/m² Wh/m²
(Valores
abs.) em média horária instantânea
26/fev 4852 4880 0,60% 1,50% 7,50%
27/fev 4541 4551 0,20% 4,70% 3,80%
12/mar 4395 4406 0,30% 2,70% 6,70%
13/mar 4541 4551 0,20% 2,50% 7,10%
14/mar 4203 4242 0,90% 3,30% 5,50%
15/mar 4909 4960 1,00% 2,50% 6,30%
17/mar 3885 3930 1,10% 3,70% 5,50%
18/mar 4089 4068 0,50% 2,30% 8,60%
27/mar 3218 3254 1,10% 3,20% 8,90%
28/mar 4008 4046 1,00% 1,80% 9,20%
29/mar 4864 4946 1,70% 3,40% 5,40%
30/mar 5187 5253 1,20% 2,90% 6,80%
31/mar 4527 4618 2,00% 4,10% 4,80%
01/abr 4145 4190 1,10% 3,00% 6,40%
02/abr 4698 4742 0,90% 3,40% 5,80%
03/abr 3893 3933 1,00% 3,60% 6,00%
04/abr 5128 5116 0,20% 3,00% 3,50%
05/abr 4682 4795 2,40% 3,90% 5,30%
06/abr 4823 4911 1,80% 3,20% 6,30%
07/abr 4639 4763 2,60% 4,40% 5,10%
08/abr 4840 4930 1,80% 4,20% 5,00%
09/abr 4375 4424 1,10% 3,20% 6,80%
10/abr 4609 4721 2,40% 3,50% 6,10%
11/abr 4566 4687 2,60% 4,10% 5,30%
12/abr 4348 4514 3,70% 4,50% 5,20%
16/abr 4386 4530 3,20% 3,90% 5,80%
17/abr 3838 4003 4,10% 5,00% 5,50%
19/abr 3037 3151 3,60% 4,60% 6,70%
21/abr 3932 3994 1,50% 2,70% 7,40%
22/abr 4550 4680 2,80% 4,10% 5,50%
57
Protótipo-1 Eppley
Desvio
relativo
Desvio quadrático
médio
Desvio quadrático
médio
Energia
diária
Energia
diária
Energia
diária da irradiância da irradiância
DIA Wh/m² Wh/m²
(Valores
abs.) em média horária instantânea
23/abr 3230 3291 1,80% 3,30% 4,10%
24/abr 3045 3169 3,90% 4,40% 7,70%
25/abr 3084 3188 3,30% 6,10% 5,50%
26/abr 4396 4515 2,60% 3,70% 5,70%
27/abr 3521 3562 1,10% 3,50% 8,10%
28/abr 3014 3101 2,80% 6,00% 5,00%
29/abr 3541 3713 4,60% 5,20% 5,40%
02/mai 4645 4771 2,60% 3,80% 6,00%
04/mai 2988 3091 3,30% 4,20% 8,40%
05/mai 2283 2363 3,40% 5,10% 8,50%
06/mai 3600 3749 4,00% 4,80% 5,50%
07/mai 3066 3158 2,90% 4,00% 8,20%
08/mai 3831 3933 2,60% 3,10% 7,10%
09/mai 4335 4431 2,20% 3,60% 6,40%
11/mai 4360 4493 3,00% 3,60% 6,60%
12/mai 4030 4145 2,80% 4,20% 6,00%
13/mai 4247 4334 2,00% 3,70% 6,00%
14/mai 4484 4525 0,90% 2,50% 8,20%
15/mai 4368 4462 2,10% 3,90% 5,50%
16/mai 3647 3736 2,40% 3,70% 6,50%
17/mai 3758 3834 2,00% 4,00% 6,80%
18/mai 3459 3509 1,40% 3,10% 7,60%
19/mai 2943 3004 2,00% 3,70% 7,60%
20/mai 4044 4117 1,80% 4,20% 5,70%
MÉDIA 2,00% 3,70% 6,30%
Verifica-se pelos resultados mostrados na Tabela 8 que os maiores desvios são obtidos
para as medidas instantâneas de irradiância (da ordem de 6,3%). Para as médias horárias, os
desvios são menores, em média 3,7%. Com relação às medidas diárias, as diferenças
percentuais são da ordem de 2%. Esse efeito pode ser explicado pela diferença entre as
constantes de tempo dos dois instrumentos, pois o Eppley (térmico) tem um tempo de resposta
bastante superior ao do Protótipo-1 (fotovoltaico).
Em vários gráficos traçados para a energia coletada (APÊNDICE 4), observou-se que
pela manhã, entre 5 e 7 horas, o Protótipo-1 absorve um pouco menos que o padrão Eppley.
Este efeito não é verificado no fim da tarde, descartando-se assim a possibilidade de que o
efeito do cosseno seja responsável pelo evento observado.
58
5 CONCLUSÕES
Ensaios realizados com o instrumento desenvolvido mostraram uma constante de
calibração de 12,9µV/(W/m²), com erro de 1% e não-linearidade em 500 W/m², com erro de
2,9%. A influência da temperatura na Irradiância (W/m²) apresentou desvio percentual de
1,3%. A Resposta à inclinação (co-seno) indicou desvio percentual mais acentuado a partir de
50°. Quanto à energia absorvida, a mesma apresentou resultados bastante próximos ao do
Eppley com desvio médio quadrático da Irradiancia horária de 3,7%. Com relação às medidas
diárias, as diferenças percentuais são da ordem de 2%.
De acordo com os resultados obtidos o protótipo-1 poderia ser classificado na categoria 2ª
classe no que se refere a não-linearidade de acordo com a ISO 9060. Entretanto, embora a
norma ISO 9060 mencione os piranômetros fotovoltaicos como um dos tipos de solarímetros
existentes, a mesma não permite classificar esses instrumentos em nenhuma categoria devido
às exigências da norma com relação à resposta espectral.
A construção do protótipo-1 permite que o mesmo seja usado com um datalogger ou
um voltímetro para medir a irradiância solar. Observou-se que a constante de calibração
resultou num valor equivalente ao dos piranômetros de mercado e com boa estabilidade no
período medido. A variação de temperatura no intervalo observado para as medições
(diferença máxima de 17 ºC) produz uma pequena variação na fotocorrente (1,3%).
A produção e utilização, no país, de piranômetros de baixo custo poderão contribuir
para a difusão das medições com informações úteis para a pesquisa, possibilitando a obtenção
de valores instantâneos e diários de irradiância solar, principalmente no que se refere aos
estudos de viabilidade para a implantação de sistemas fotovoltaicos.
Os custos para aquisição do material utilizado na fabricação do instrumento foram da
ordem de US$ 150,00. Uma análise detalhada do custo de fabricação é necessária para
verificar a viabilidade comercial do instrumento.
Recomenda-se, na escolha de um elemento foto-sensor para a produção de um
piranômetro fotovoltaico, realizar ensaios prévios com o componente foto-sensível para
verificar sua resposta com a temperatura já que os dispositivos eletrônicos podem apresentar
variações com relação às características apresentadas pelos fabricantes.
Para completa caracterização do protótipo desenvolvido seria ainda necessário realizar
ensaios de resposta direcional, influência da temperatura para variação de 50K e não-
estabilidade. Esse último encontra-se em andamento. Os resultados da não-estabilidade
dependem de um ano de medições.
59
REFERÊNCIAS
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medida de radiação solar. Anais do Congresso Latinoamericano de Energia Solar, p. 81-91,
João Pessoa, 1979.
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Bajo Costo Desarrollados en la C.N.E.A.: Protótipo comercial. San Martin-Argentina,
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CARVALHO, Gil, Pereira, F. R., Ramos, V.D., Costa, H.M., Almeida, F.L.L. Otimização do
cálculo de condutividade térmica em polímeros. Nova Friburgo: V Congresso Brasileiro de
Análise Térmica e Calorimetria, 2006.
CARVALHO, Gil, Pereira, F. R., Ramos, V.D., Costa, H.M., Almeida, F.L.L. Otimização do
cálculo de condutividade térmica em Polímeros. Tabela-2, Instituto Politécnico-UERJ), 2006.
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JACOBUS, W. S. 2007, http://meusite.mackenzie.com.br/lasthaus/micro/unicamp/cap04.pdf
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60
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SINGH, J. Semicondutor Optoelectronics Physics and Technology. New York: McGraw-
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TIBA, C.; FRAINDENRAICH, N.; GROSSI, H.; LYRA, F. Atlas solarimétrico para
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Bibliografia Recomendada
BEISER, A., Concepts of Modern Physics. New York: McGraw-Hill, 1967.
JERIAS B., ANDREAS M. e DERRICK S. Temperature dependence of carrier mobility
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SERWAY, R. Física 4 para cientistas e engenheiros com física moderna. Trad. Horacio
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TAREEV, B.M., KOROTKOVA, N.V., PETROV, V. M., PREOBRAZHENSKY, A.A.
Electrical and radio engineering materials. Trad. P.S. Ivanov. Moscow: Mir Publishers,
1980.
62
APÊNDICES
63
APÊNDICE 1
Gráficos do Protótipo-1 no Ensaio.
Figura 42: Gráfico da Irradiância medida pelo Protótipo-1 em 26 de fevereiro de 2007.
Figura 43: Gráfico da Irradiância medida pelo Protótipo-1 em 19 de abril de 2007.
64
Figura 44: Gráfico da Irradiância medida pelo Protótipo-1 em 27 de abril de 2007.
Encontra-se em arquivo todos os Gráficos da irradiância medida pelo Protótipo de 26
de fevereiro de 2007 a 20 de maio de 2007.
65
APÊNDICE 2
Gráficos do LI-COR.
Figura 45: Gráfico da Irradiância medida pelo LI-COR em 20 de JULHO de 2006.
Figura 46: Gráfico da Irradiância medida pelo LI-COR em 22 de JULHO de 2006.
66
Figura 47: Gráfico da Irradiância medida pelo LI-COR em 23 de JULHO de 2006.
67
APÊNDICE 3
Medidas de temperatura interna do sensor
Medidas de temperatura interna do sensor, irradiância medida pelo Protótipo-1,
irradiância medida pelo Eppley e desvio relativo da irradiância em diferentes dias e horários
do ano (2007) para irradiância entre 950 e1050 W/m
2
.
Dia Tempo
Irradiância
Protótipo-1
(W/m
2
)
Irradiância Eppley
(W/m
2
)
Temperatura
Protótipo-1
(
o
C)
hmim
57 955 1000 983 39.1
57 957 992 974 39.9
57 1015 999 988 43.1
57 1101 985 981 44.0
57 1122 1003 1001 44.6
57 1148 988 977 44.5
57 1149 1004 1007 44.4
57 1150 998 1003 44.5
57 1158 1015 1017 46.2
57 1234 989 978 42.6
57 958 975 961 40.4
57 959 968 954 40.9
57 1000 966 953 41.4
57 1001 972 959 41.9
57 1015 999 988 43.1
57 1019 979 969 43.4
57 1101 985 981 44.0
57 1103 1029 1018 44.8
57 1104 1032 1020 45.2
57 1105 1049 1036 45.6
57 1121 1047 1034 44.6
57 1122 1003 1001 44.6
57 1123 970 975 44.8
57 1124 962 967 45.0
57 1125 982 985 45.5
57 1126 1025 1025 45.9
57 1134 1054 1050 46.4
57 1135 968 969 46.5
57 1148 988 977 44.5
57 1149 1004 1007 44.4
57 1150 998 1003 44.5
57 1151 1017 1023 44.7
57 1155 1020 1019 45.2
57 1156 1021 1022 45.5
68
Dia Tempo
Irradiância
Protótipo-1
(W/m
2
)
Irradiância Eppley
(W/m
2
)
Temperatura
Protótipo-1
(
o
C)
hmim
57 1157 964 965 45.8
57 1158 1015 1017 46.2
57 1201 964 971 47.3
57 1221 1034 1023 42.6
57 1222 1055 1045 42.7
57 1233 976 966 42.3
57 1234 989 978 42.6
57 1235 1049 1039 42.9
60 1019 949 951 42.1
60 1023 966 965 42.7
60 1024 964 962 42.9
60 1025 973 971 43.1
60 1026 966 964 43.2
60 1032 968 964 43.5
60 1033 971 965 43.5
60 1034 978 971 43.7
60 1035 990 983 43.9
60 1048 975 962 42.1
60 1208 982 971 33.1
63 1003 962 950 40.9
63 1110 1039 1030 42.9
63 1114 963 957 42.5
63 1125 981 971 41.8
63 1155 1039 1024 39.7
63 1156 1022 1007 40.2
63 1157 1020 1005 40.8
64 1044 978 973 42.7
64 1056 958 955 44.5
64 1126 985 975 40.9
64 1130 977 965 41.8
64 1131 974 963 42.1
64 1132 966 955 42.5
64 1133 964 953 43.0
65 1110 981 967 42.8
66 1047 963 951 41.3
66 1128 984 971 42.4
66 1129 969 956 42.8
73 1028 999 985 41.5
73 1030 981 966 42.0
73 1204 961 953 40.5
74 1036 958 951 42.3
74 1044 975 970 42.8
74 1102 966 960 45.3
74 1103 973 970 45.4
74 1104 952 952 45.5
69
Dia Tempo
Irradiância
Protótipo-1
(W/m
2
)
Irradiância Eppley
(W/m
2
)
Temperatura
Protótipo-1
(
o
C)
hmim
74 1122 1008 1000 44.2
87 1020 986 984 42.9
87 1022 983 975 43.2
87 1023 953 951 43.3
87 1052 989 981 41.1
87 1053 1025 1015 41.3
87 1054 1024 1016 41.6
87 1055 998 986 42.0
87 1056 985 975 42.3
87 1058 1000 987 43.0
87 1059 1020 1011 43.3
87 1103 978 973 43.3
87 1125 961 950 40.5
87 1126 982 971 40.6
87 1135 966 957 41.3
88 1009 967 954 42.3
88 1119 1037 1022 42.4
88 1122 973 966 42.7
88 1124 955 950 43.1
88 1129 1005 991 43.8
89 1046 946 950 44.6
90 1025 949 955 43.9
91 1058 1018 1004 43.0
91 1131 997 985 41.8
91 1133 965 956 42.3
91 1205 963 955 40.1
92 1039 1008 1001 44.1
92 1052 970 964 44.4
92 1106 998 986 44.6
92 1109 957 951 44.9
92 1138 962 953 42.7
93 1101 968 954 42.2
94 1129 968 955 46.1
98 1033 1002 997 43.2
98 1034 1006 1002 43.5
98 1035 973 970 44.0
98 1036 1002 996 44.4
98 1037 997 991 45.0
99 1100 969 955 43.4
100 1141 961 952 48.0
101 1204 957 950 44.8
101 1211 975 962 43.3
107 1212 985 975 49.9
107 1213 1000 988 50.1
109 1033 994 1000 41.7
70
Dia Tempo
Irradiância
Protótipo-1
(W/m
2
)
Irradiância Eppley
(W/m
2
)
Temperatura
Protótipo-1
(
o
C)
hmim
109 1034 956 964 41.9
109 1035 942 951 42.3
114 1135 952 950 43.6
114 1152 971 961 48.9
114 1153 998 983 49.4
117 1003 945 955 34.9
117 1004 966 979 35.3
117 1005 981 994 35.9
117 1010 985 990 39.0
119 1127 955 956 42.3
119 1132 960 960 42.5
71
APÊNDICE 4
Gráficos da Irradiância horária medida pelo Protótipo-1 e pelo Eppley.
Figura 48: Irradiância horária medida pelo Protótipo-1 e Eppley em 14/03/2007-Dia 73.
Figura 49: Irradiância horária medida pelo Protótipo-1 e Eppley em 18/03/2007-Dia 77.
72
Figura 50: Irradiância horária medida pelo Protótipo-1 e Eppley em 30/03/2007-Dia 89.
Encontra-se em arquivo todos os Gráficos da Irradiância horária medida pelo protótipo
de 26 de fevereiro de 2007 a 20 de maio de 2007.
73
APÊNDICE 5
FOTOTRANSISTOR
O transistor bipolar é essencialmente um dispositivo com dois diodos p-n
acoplados, como mostra a figura 51.
Figura 51: Transistor bipolar NPN e PNP.
O Fototransistor é um dispositivo bipolar usado para detecção óptica. O mesmo possui
alto ganho devido à ação transistor. O fototransistor é também um dispositivo de baixo ruído
quando comparado a um fotodiodo. Os fototransistores foram projetados inicialmente por
Shockley, Sparks e Teal em 1951 e são utilizados como fotodetetores. Um fototransistor
bipolar, figura 52, tem uma grande junção base-coletor como elemento sensor de luz (SZE,
1981).
Figura 52: Esquema do fototransistor.
Em geral os fototransistores possuem dois terminais, o coletor e o emissor, por onde
são polarizados, sendo a base a camada onde se faz a incidência de luz. São fabricados
também os fototransistores que possuem três terminais (coletor-emissor-base). No caso da
construção do protótipo-1(com fototransistor de três terminais) foram usados dois terminais, o
74
coletor e a base, tendo em vista que a área de absorção de fótons pelo emissor é muito
pequena. A fotocorrente entre o coletor e a base é maior que a fotocorrente entre o coletor e
emissor.
Ao incidir a radiação (luz) na base, figura 51, pares elétrons-buracos são gerados em
todo o dispositivo. Os buracos produzidos na região da base aumentam o potencial da base,
polarizando diretamente a junção base-emissor. Em conseqüência, os elétrons são injetados do
emissor para a base (se esse emissor for polarizado) na tentativa de neutralizar o excesso de
buracos na base. Como a junção base-coletor está muito próxima, a probabilidade de ocorrer
recombinação na base é remota e a maioria dos elétrons injetados nela é arrastada através da
região de depleção da junção base-coletor para o coletor. A corrente total do coletor é dada
pela equação abaixo:
I
C
= β.I
ph
onde fator β é o ganho de corrente do fototransistor e I
ph
é a fotocorrente gerada na base.
75
ANEXO
Padrão internacional – ISO 9060 (1990): Lista de especificação de piranômetros.
Categoria do Piranômetro
da
Referência
Especificação
Padrão
Secundário
1ª Classe
2ª Classe
1
Tempo de Resposta: tempo para 95% da
resposta.
< 15 s
< 30 s
< 60 s
2
Compensação do ponto zero:
(a) resposta a 200 W.m
-2
para radiação
térmica líquida (ventilado).
(b) resposta à mudança de 5K/h na
temperatura ambiente.
+ 7 W.m
-2
± 2 W.m
-2
+ 15 W.m
-2
± 4 W.m
-2
+ 30 W.m
-2
± 8 W.m
-2
3a
Não-Estabilidade:
Mudança na porcentagem na resposta no ano.
± 0,8 %
± 1,5 %
±3 %
3b
Não-Linearidade:
Desvio percentual da resposta em 500 W.m
-2
devido à mudança na irradiância dentro de 100
W.m
-2
a 1000 W.m
-2
.
± 0,5%
±1 %
± 3 %
3c
Resposta Direcional (para radiação direta): a
faixa de erros causada pela pretensão de que a
resposta à incidência normal é válida para todas
as direções quando medindo de uma direção um
feixe de radiação de que a irradiância incidente
normal é 1000 W.m
-2
.
± 10 W.m
-2
± 20 W.m
-2
± 30 W.m
-2
3d
Seletividade Espectral:
Desvio percentual do produto da absorvência
espectral e transmitância espectral da média
correspondente entre 350 nm e 1500 nm.
± 3 %
± 5 %
± 10 %
3e
Resposta à Temperatura:
Desvio percentual devido à mudança na
temperatura ambiente dentro de um intervalo de
50K.
2 %
4 %
8 %
3f
Resposta à Inclinação:
Desvio percentual da resposta para a inclinação
0° a 90° na irradiância de 1000 W.m
-2
.
± 0,5%
± 2%
± 5%
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