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tradicionalmente adaptada às superfícies planas se dedicasse às superfícies
complexas.” (MANZINI, 1993, p. 198).
É neste contexto entre produtos com superfícies complexas que esta
pesquisa vem colaborar com a ampliação das possibilidades de aplicação do design
de superfície. Hoje, os designers de superfície, equipados com tecnologia avançada,
aumentam suas opções de criação e passam a projetar superfícies de produtos com
formas inusitadas, que antes só poderiam ser executadas à mão devido à
complexidade de geometrias, limitações de projeto e de processos de produção.
Embora a tecnologia de impressão, os processos produtivos, as ferramentas
e os métodos de projeto de produtos tenham evoluído significativamente nas últimas
décadas, o tratamento de superfícies de produtos com curvas acentuadas ainda
enfrenta desafios, principalmente com relação aos objetos que possuem uma
geometria não planificável, ou seja, possuem uma cobertura com “pele” superficial
que não se desdobra sobre um único plano sem distorções e rupturas.
Essas dificuldades normalmente não existem em produtos que possuem
geometria planificável, isto é, que têm uma superfície que se desdobra sem
distorções sobre um único plano (cubos são exemplos de superfícies planificáveis).
Nesses casos, o designer de superfície desenvolve o projeto visual em um plano e,
posteriormente, envolve o objeto tridimensional com a imagem construída no plano
bidimensional com facilidade. Por não apresentarem limitação de planificação, os
elementos compositivos bidimensionais não sofrem distorções, porque as faces
planificadas de sua superfície, embora rompidas em algumas arestas, não perdem
suas verdadeiras grandezas, somente são reposicionadas em outro local do espaço.
Já as superfícies não planificáveis, por não se distenderem sobre um único
plano dificultam o design de superfície. Neste tipo de projeto pode-se observar que,
por um lado, o designer não consegue projetar no plano e simplesmente aplicar
imagem desenvolvida no objeto tridimensional. Por outro lado, o designer também
não pode dispensar a planificação, pois os processos atuais de impressão de
produtos industriais com formas complexas constituem-se, basicamente ainda, na
impressão da imagem em um elemento no plano (substrato) e posterior adaptação
desta na forma tridimensional do objeto, o que caracteriza um processo indireto de