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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
FACULDADE DE MEDICINA VETERINÁRIA E ZOOTECNIA
CAMPUS DE BOTUCATU
DESEMPENHO REPRODUTIVO DE CORDEIRAS
SUPLEMENTADAS EM COMEDOURO PRIVATIVO
JESSÉ SIQUEIRA ORTIZ
Tese apresentada ao Programa de Pós
Graduação em Zootecnia como parte
das exigências para a obtenção do
título de Doutor.
BOTUCATU SP
SETEMBRO 2009
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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
FACULDADE DE MEDICINA VETERINÁRIA E ZOOTECNIA
CAMPUS DE BOTUCATU
DESEMPENHO REPRODUTIVO DE CORDEIRAS
SUPLEMENTADAS EM COMEDOURO PRIVATIVO
JESSÉ SIQUEIRA ORTIZ
Zootecnista
Orientador: Prof. Dr. Ciniro Costa
Co-orientador: Prof. Dr. Cledson Augusto Garcia
Tese apresentada ao Programa de Pós
Graduação em Zootecnia como parte
das exigências para a obtenção do
título de Doutor.
BOTUCATU SP
SETEMBRO - 2009
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FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA SEÇÃO TÉCNICA DE AQUISIÇÃO E TRATAMENTO
DA INFORMAÇÃO – SERVIÇO TÉCNICO DE BIBLIOTECA E DOCUMENTAÇÃO - UNESP - FCA
LAGEADO - BOTUCATU (SP)
Ortiz, Jessé Siqueira, 1970-
O77d Desempenho reprodutivo de cordeiras suplementadas em co-
medouro privativo / Jessé Siqueira Ortiz . – Botucatu :
[s.n.], 2009.
iii, 56 f.: tabs.
Tese (Doutorado) -Universidade Estadual Paulista, Fa-
culdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Botucatu,
2009
Orientador: Ciniro Costa
Co-orientador: Cledson Augusto Garcia
Inclui bibliografia.
1. Comedouro privativo. 2. Ovinos. 3. Suplementão. 4.
Borregas. 5. Idade a puberdade. I. Costa, Ciniro. II. Gar-
cia, Cledson Augusto. III. Universidade Estadual Paulista
“Júlio de Mesquita Filho” (Campus de Botucatu). Faculdade
de Medicina Veterinária e Zootecnia. IV. Título.
i
DEDICATÓRIA
A Deus, Pai de infinito amor, bondade e misericórdia, pela Paz e Luz que
nos guia pelos caminhos desta vida.
Às minhas filhas Beatriz e Ana Luiza, fontes de amor, alegria e esperança
em minha vida.
Aos meus pais Pedro e Lenilde que, com grande expectativa e sempre
me apoiaram e incentivaram em todos os momentos desta caminhada.
Aos Amigos de ontem, de hoje e de sempre, mesmo não estando
presentes, mas lembrados em todos os meus dias.
ii
AGRADECIMENTOS
A Deus, por iluminar e guiar meus passos em mais esta etapa do meu
caminho;
Ao Prof. Dr. Ciniro Costa pela oportunidade e orientação;
Ao Prof. Dr. Cledson Augusto Garcia pela co-orientação, incentivo e
indiscutível contribuição ao trabalho;
À Sra. Seila Cristina Cassinelli Vieira pela solicitude e apoio prestados no
decorrer do curso, viabilizando o cumprimento das exigências do Programa de Pós-
Graduação;
Ao Sr. Danilo Juarez Teodoro Dias pela gentileza, solicitude e dedicado
apoio no decorrer do curso;
Aos colegas funcionários da FMVZ, pelo enorme carinho e gentileza;
Aos professores e colegas do Programa de Pós-Graduação pela imensa
contribuição ao aperfeiçoamento da minha formação profissional;
Aos funcionários e estagiários do Setor de Ovinocultura da UNIMAR pelo
auxílio na coleta de dados.
iii
SUMÁRIO
CAPÍTULO 1............................................................................................................
CONSIDERAÇÕES INICIAIS...................................................................................
Literatura Citada.................................................................................................
CAPÍTULO 2............................................................................................................
DESEMPENHO REPRODUTIVO DE CORDEIRAS COM SUPLEMENTAÇÃO
FIXA EM COMEDOURO PRIVATIVO......................................................................
Resumo..............................................................................................................
Abstract............................................................................................................
Introdução.........................................................................................................
Material e Métodos.............................................................................................
Resultados e Discussão.....................................................................................
Conclusão..........................................................................................................
Literatura Citada.................................................................................................
CAPITULO 3............................................................................................................
NÍVEIS DE CONCENTRADO NO DESEMPENHO REPRODUTIVO DE
CORDEIRAS COM SUPLEMENTAÇÃO PROGRESSIVA EM COMEDOURO
PRIVATIVO..............................................................................................................
Resumo..............................................................................................................
Abstract..............................................................................................................
Introdução..........................................................................................................
Material e Métodos.............................................................................................
Resultados e Discussão.....................................................................................
Conclusão..........................................................................................................
Literatura Citada.................................................................................................
CAPÍTULO 4............................................................................................................
IMPLICAÇÕES.........................................................................................................
1
CAPÍTULO 1
CONSIDERAÇÕES INICIAIS
No decorrer desta década, a ovinocultura brasileira apresentou panorama
favorável para seu desenvolvimento, com a abertura e funcionamento de frigoríficos
capacitados para o abate de cordeiros e processamento da carne e seus derivados.
As instituições de ensino e pesquisa cada vez mais disponibilizaram os
resultados de estudos para a produção regional, bem como a existência de verbas
para o incremento da atividade proveniente de linhas de crédito para produtores rurais.
Os indicadores comerciais apontaram para um futuro promissor, tanto para o
mercado nacional quanto para o internacional, colocando a atividade como alternativa
viável capaz de adicionar renda ao agronegócio (Rosa et al., 2000).
De acordo com o IBGE (2007), o Brasil possui mais de 16 milhões de ovinos
distribuídos pelo território nacional, tendo os maiores rebanhos concentrados nas
regiões Nordeste com 8 milhões e nas região Sul e Sudeste com estimativa de 4,8
milhões de animais.
Na região Sudeste, o Estado de São Paulo possui a característica de produtor de
carne ovina com rebanhos significativos e índices produtivos cada vez maiores,
visando atender demanda de produto que cresce significativamente a cada ano,
principalmente nos grandes centros urbanos.
O consumo da carne ovina teve aumento significativo, resultado de trabalho de
conscientização de produtores para que disponibilizassem ao mercado carcaças de
animais jovens, bem conformadas, de qualidade comprovada, em cortes comerciais
padronizados e com boa aceitação pelos consumidores (Susin, 2000).
Apesar deste panorama favorável à atividade, são inúmeras as dificuldades
encontradas na produção brasileira, tendo em vista não conseguir atender a demanda
crescente do mercado interno, pois ainda faltam definições para um sistema de
criação que possibilite estruturar e a organizar a comercialização da carne ao longo do
ano, aliado às inovações nas práticas de manejo (Garcia, 1998; Lima, 1999; Silva
Sobrinho, 2001).
Outro aspecto a ser observado relaciona-se às fêmeas para reposição de
matrizes do rebanho, pois na ovinocultura comercial busca-se o maior número de
2
quilogramas de cordeiro desmamado por ovelha o que requer a redução da idade a
puberdade, antecipação da idade ao primeiro parto das fêmeas, elevadas taxas de
fertilidade, prolificidade e baixo índice de mortalidade dos cordeiros (Siqueira, 2001).
O ovinocultor, com o objetivo de intensificar a produção de cordeiros e atender a
demanda dos grandes centros urbanos, busca alternativas para o sistema extensivo
de criação, pois está consciente de que, para ter desenvolvimento satisfatório na
produção, é necessário adoção de técnicas que intensifiquem o sistema convencional,
incrementando a eficiência produtiva e reprodutiva, obtendo melhorias no desempenho
e nos índices zootécnicos, diminuindo as taxas de mortalidade, propiciando bons
resultados econômicos (Neres et al., 2000; Montenegro e Siqueira, 2002).
Várias técnicas e práticas de manejo são estudadas e adaptadas para
atender as necessidades regionais de produção aumentando a eficiência
produtiva. Pode-se destacar: a diminuição da idade de abate dos cordeiros e
melhoria da qualidade das carcaças oferecidas no mercado (Macedo et al.,
2000; Siqueira e Fernandes, 2000); a introdução de raças precoces,
especializadas para produção de carne; a utilização de animais puros ou
oriundos de cruzamentos industriais e a escolha de raças poliéstricas
contínuas, diminuindo o intervalo de partos e alcançando três parições a cada
dois anos (Macedo et al., 2000; Barbosa et al., 1995; Roda et al., 1993).
Para o sucesso de determinado sistema de criação, é imprescindível que
o resultado seja economicamente viável e isto depende do bom manejo
nutricional do rebanho e das estratégias de suplementação dos animais
(Siqueira e Fernandes, 2000).
Tendo em vista que a alimentação é um dos fatores que mais onera o
custo de produção, faz-se necessário o conhecimento aprofundado no
segmento nutricional, determinando as interações níveis nutricionais X
respostas fisiológicas que modifiquem a composição corporal e a conversão
alimentar com a finalidade de aproveitar toda a potencialidade produtiva dos
animais a um custo de produção adequado (Gerassev et al., 2006).
Nos sistemas de produção mais intensivos, os custos com a alimentação animal
têm se tornado assunto prioritário e, para minimizar tais despesas, é preciso adotar
tecnologias que permitam eficiência e economicidade na exploração ovinícola (Reis et
al., 2000), reduzindo os custos com alimentação, estudando-se fontes alternativas de
3
alimentos (Perez et al., 2000) e a formulação de dietas que possibilitem a máxima
eficiência aliada a um custo mínimo de produção (Susin et al., 2000).
A ineficiência na recria dos animais em pastejo, muitas vezes é devida à baixa
qualidade da pastagem e dos problemas acarretados por endoparasitoses o que
ocasiona redução no desenvolvimento dos cordeiros, retardando assim a precocidade
sexual das borregas, além de que a permanência destes por longos períodos com as
ovelhas pode comprometer a produção futura e os índices de fertilidade do rebanho,
(Rosa et al., 2000).
Lanna (1997) ressaltou que a idade ao primeiro parto é função do programa
nutricional do sistema de produção. Diversas técnicas de manejo de pastagens e de
suplementação do rebanho resultam em diminuição significativa da idade à puberdade
e ao primeiro parto, pois níveis de alimentação adequados proporcionam ganhos de
pesos satisfatórios reduzindo a idade à puberdade e a precocidade sexual das fêmeas
de reposição.
Da mesma maneira que o manejo nutricional adequado do nascimento ao
primeiro parto influencia o potencial reprodutivo da ovelha, a nutrição inadequada das
fêmeas de reposição reduz a eficiência produtiva e reprodutiva do rebanho, resultando
em menor vida útil da fêmea e menor pressão de seleção. Assim, desde que não haja
deposição excessiva de gordura, a adequada alimentação na fase de recria permite
que borregas sejam acasaladas mais cedo, ao atingirem 70% do peso adulto, com
primeiro parto aos 12 a 14 meses de idade (Susin, 1996).
A suplementação de bezerras em aleitamento no comedouro privativo tem sido
utilizada para aumentar a precocidade sexual das novilhas, pois o aumento de ganho
de peso nesta fase pode trazer redução significativa na idade a puberdade. No entanto
um dos maiores problemas encontrados ao se utilizar este sistema em bovinos é que o
efeito desta suplementação tende a desaparecer quando as fêmeas retornam ao
manejo em pastagens uma vez que os animais não suplementados tendem a
apresentar taxa de crescimento superior.
Outro fator observado em novilhas de leite alimentadas em comedouros
privativos é que as elevadas taxas de ganho de peso em idade jovem influenciam
negativamente no desempenho da matriz, pois correlação negativa entre produção
de leite da vaca e a produção de leite da filha, verificada em estudos que
demonstraram que ganhos de peso elevados no período pré-púbere podem reduzir
significativamente a produção de leite da fêmea (Lanna, 1997; Patterson et al, 1992).
4
Para as bezerras leiteiras quando super alimentadas no período pré-puberdade
ocorre mudança na estrutura básica de sua glândula mamária, ocasionando acúmulo
excessivo de tecido adiposo e conseqüentemente diminuição de tecido secretor,
proporcionando decréscimo na produção de leite da primeira lactação (Campos e
Lizieire, 1995).
O nível nutricional da matriz seja ela borrega ou ovelha, influi na percentagem de
parição, no peso ao nascer do cordeiro, na sobrevivência dos recém-nascidos e na
relação existente entre a ovelha e o cordeiro. O oferecimento de boas condições
alimentares às ovelhas, principalmente no terço final de gestação, resultará em crias
com maiores pesos ao nascer e elevadas taxas de sobrevivência dos cordeiros (Roda
et al., 1989; Roda et al., 1995).
Também a disponibilidade de forragem ou suplementação para a matriz no
período pós-parto, irá determinar a quantidade de leite produzida no pico de lactação,
que ocorre entre a e semana após o parto, período de maior desenvolvimento
dos cordeiros, mostrando a necessidade do correto manejo alimentar da ovelha
durante a lactação, pois o crescimento do cordeiro até o primeiro mês de vida,
prioritariamente, depende da produção de leite da mãe. Neste período, sob condições
de aleitamento natural, em torno de 64% da variação no crescimento do cordeiro está
associado à variação no consumo de leite (Motta et al., 2000).
Contudo, não se justifica prolongar o período de amamentação, pois a
diminuição da produção de leite ocorre paralelamente ao aumento das necessidades
de ingestão de matéria seca do cordeiro, que passa a substituir a dieta líquida pela
sólida, iniciando o consumo de pequenas quantidades de volumoso e concentrado em
torno do 10º dia de vida (Siqueira, 1996).
Com embasamento nestas observações, Neres et al. (2000) destacaram a
importância da suplementação alimentar dos cordeiros em aleitamento logo nos
primeiros dias após o nascimento, visando promover o rápido desenvolvimento dos
pré-estômagos, tanto em tamanho como em funcionamento.
Reis et al. (2000), relatam que é preciso fornecer alimentação de boa qualidade,
seja volumosos ou concentrados, para suprir a demanda de nutrientes dos cordeiros
para que atinjam o nível máximo de produção, pois estes constituem a categoria ovina
com maior resposta aos níveis nutricionais da dieta, sendo necessário que sejam
elevados em energia e proteína (NRC, 1985).
Silva (2003), por meio da técnica de isótopos estáveis ambientais e micro-
histologia fecal, constatou que a transição do estado lactente para o estado ruminante,
5
em cordeiros que receberam ração no comedouro privativo desde o nascimento,
ocorreu aos 30 35 dias de vida, enquanto que os cordeiros em pastejo junto das
ovelhas iniciam o consumo de concentrado mais tardiamente, dando preferência ao
leite e pasto, sendo a ingestão concomitante destas duas fontes superior à da ração
até os 40 dias de vida dos cordeiros.
O consumo de alimentos é de fundamental importância para o organismo, por
determinar o nível de nutrientes ingeridos e, conseqüentemente, a resposta animal.
Segundo Mour et al. (2002) podem ser usadas diferentes fontes de proteína sem haver
decréscimo na ingestão de nutrientes. Entretanto, a concentração e a qualidade da
proteína oferecida aos animais podem modificar o consumo do alimento, alterando
tanto os mecanismos físicos quanto os fisiológicos (Zundt et al., 2002).
Para ruminantes, a redução nos teores de proteína na dieta para níveis abaixo
de 12% e a diminuição na disponibilidade de nitrogênio, pode reduzir a digestão da
fibra pela limitação da atividade microbiana, afetando o consumo dos nutrientes em
razão da lenta passagem dos alimentos pelo rúmen (Zundt et al., 2002).
Entretanto, pode haver também redução no consumo de alimentos quando
disponibilidade de elevados níveis de nitrogênio na dieta, podendo induzir à toxidez
devido ao excesso de liberação de amônia (Silva et al., 2002), notadamente quando se
trabalha com fontes de nitrogênio não protéico.
No caso de cordeiros lactentes, o tamanho do rúmen pode limitar a ingestão de
matéria seca e a proteína microbiana ruminal pode não ser suficiente para suprir
adequadamente as elevadas taxas de crescimento desta fase, havendo a necessidade
de maior contribuição da proteína dietética (Zundt et al., 2002).
A fração protéica apresenta diferentes taxas de degradação ruminal e
composição de aminoácidos, tendo como finalidades suprir os requerimentos de
nitrogênio da microbiota ruminal que, adicionada à fração protéica não degradada no
rúmen, irá atender os requerimentos de aminoácidos no intestino delgado, os quais
absorvidos serão destinados ao atendimento das exigências do animal, assim, esta
proteína quando chega ao intestino assume grande importância nutricional (Cervieri,
2000).
De acordo com Milton et al. (1997), a fração degradável do farelo de soja fornece
amônia para a síntese de proteína microbiana, além de disponibilizar peptídeos,
aminoácidos e outros fatores de crescimento, aumentando o fornecimento de proteína
metabolizável pelo maior fluxo de proteína microbiana, disponibilizando também,
proteína não degradável no rúmen para o intestino.
6
Segundo Cervieri (2000), as categorias de ruminantes jovens podem responder
positivamente a suplementação de proteína dietética. Dentre os suplementos protéicos
mais utilizados para atender a demanda nutricional de ruminantes jovens, o farelo de
soja é indicado por ter boa aceitabilidade e ser balanceado em aminoácidos. Sua
fração de proteína não degradável possui escape de nitrogênio para o intestino em
torno de 25% (NRC, 1996).
Os teores mais elevados de proteína na dieta podem ter influência positiva no
desenvolvimento dos animais, inclusive melhorando a conversão alimentar e
propiciando aumento no consumo de matéria seca, levando-os a atingir o peso de
abate ou a idade a puberdade em menos dias de alimentação (Fluharty e McClure,
1997; Zundt et al., 2002).
Outro aspecto a ser destacado, é que animais alimentados com níveis
adequados de proteína na dieta desenvolvem maior resistência às
endoparasitoses.
Veloso et al. (2002), constataram que cordeiros alimentados com níveis
mais altos de proteína na dieta e não everminados apresentaram menor
contagem de ovos por grama de fezes, em relação aos alimentados com dietas
com níveis inferiores de proteína.
A terminação dos cordeiros feita em pastejo, muitas vezes devido à baixa
qualidade da pastagem, torna-se inadequada, causando grandes perdas aos
produtores, e ainda, a manutenção no plantel de animais com idades avançadas
representa ônus crescente aos recursos forrageiros disponíveis em razão da maior
ingestão de alimentos, com retorno decrescente em termos de ganho de peso (Roda
et al., 1990).
Para a suplementação dos cordeiros em lactação desde os primeiros dias de
vida, a alimentação em comedouro privativo tem sido preconizada por pesquisadores,
principalmente por aumentar o peso ao desmame, possibilitando a obtenção de bons
resultados zootécnicos do rebanho e, com isso, proporcionando retorno econômico
rápido ao ovinocultor (Neres et al., 2000; Almeida Júnior et al., 2002).
O uso do comedouro privativo é considerado importante para adaptação dos
animais ao sistema de manejo, estimulando o funcionamento e o desenvolvimento do
rúmen com maior precocidade. A técnica consiste em fornecer alimentação
suplementar aos cordeiros lactentes em local inacessível às ovelhas (Neres et al.,
2000).
7
Neste sentido, o trabalho foi redigido em dois capítulos de acordo com as
normas da Revista Brasileira de Zootecnia.
O capítulo 2, denominado DESEMPENHO REPRODUTIVO DE CORDEIRAS
COM SUPLEMENTAÇÃO FIXA EM COMEDOURO PRIVATIVO, objetivou estudar os
efeitos dos níveis de suplementação alimentar (300 e 600 g de ração/dia) com ração
contendo 25% Proteína Bruta e 3,18 Mcal de Energia Metabolizável por kg de Matéria
Seca, para cordeiras criadas em comedouro privativo avaliando seus pesos e
desempenhos em distintas idades, bem como o início da puberdade e desempenho
reprodutivo.
O capítulo 3 intitulado: NÍVEIS DE RAÇÃO CONCENTRADA NO
DESEMPENHO REPRODUTIVO DE CORDEIRAS COM SUPLEMENTAÇÃO
PROGRESSIVA EM COMEDOURO PRIVATIVO teve por objetivo estudar os efeitos
dos 3 níveis de ingestão (1%, 2,5% e 4% do Peso Vivo) com base na matéria seca de
ração concentrada contendo 18% de Proteína Bruta e 3,15 Mcal de Energia
Metabolizável por kg de Matéria Seca, para cordeiras em comedouro privativo, a fim
de avaliar seus pesos e desempenhos em distintas idades bem como o início da
puberdade das borregas e desempenho reprodutivo.
8
Literatura Citada
ALMEIDA JÚNIOR, G.A.; COSTA, C.; MONTEIRO, A.L.G. et al. Desempenho e
características das carcaças de cordeiros alimentados com silagem de grãos
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12
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Desempenho de cordeiros alimentados com diferentes níveis protéicos. Revista
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13
CAPÍTULO 2
DESEMPENHO REPRODUTIVO DE CORDEIRAS COM SUPLEMENTAÇÃO FIXA
EM COMEDOURO PRIVATIVO
14
Desempenho Reprodutivo de Cordeiras com Suplementação Fixa em
Comedouro Privativo
RESUMO O experimento foi desenvolvido no setor de Ovinocultura da Universidade
de Marília com o objetivo de avaliar os efeitos dos níveis de suplementação alimentar
com ração contendo 25% de PB e 3,18 Mcal EM/kg/MS para cordeiras criadas em
pastagem com comedouro privativo sobre o peso e desempenho em distintas idades,
bem como o inicio da puberdade e desempenho reprodutivo. Foram utilizadas 21
cordeiras Suffolk oriundas de parto simples, divididas em 3 lotes experimentais, sem e
com suplementação, alimentadas do nascimento ao desmame em comedouros
privativos com 2 níveis de ingestão de concentrado (300 e 600 g/dia) fornecido uma
vez ao dia com o registro das sobras diárias. As cordeiras foram identificadas,
pesadas ao nascimento e a cada 30 dias, permanecendo com suas mães até o
desmame, pré-estabelecido em 60 dias. Não houve diferenças significativas para peso
e ganho médio de peso diário aos 30 dias de idade, demonstrando que os níveis de
ingestão não influenciaram os parâmetros analisados. O peso e ganho médio de peso
diário foram influenciados pelo nível de suplementação alimentar. O lote com consumo
de 600 gramas mostrou desempenho superior aos outros dois lotes aos 60 e 120 dias
de idade. Para os lotes de 300 gramas e sem suplementação não houve diferença
para os parâmetros analisados. A disponibilidade de 600 gramas diários de
concentrado contendo 25% de PB e 3,18 Mcal de EM/kg/MS para as cordeiras até o
desmame promoveu maior ganho médio de peso diário aos 60 e 120 dias de vida e
melhor desempenho reprodutivo no 2º ano de cobertura.
Palavras chave: creep feeding, ovinos, borregas, idade a puberdade.
15
Reproductive Performance of Female Lambs Fixed Supplies in Creep Feeding
ABSTRACT - The experiment was developed in the Sheep Production Department at
University of Marília, wich aim was to evaluate the effects of the levels of the food
supplies (without supplies, 300, 600 g of concentrate/day) with concentrate containing
25% of CP and 3,18 Mcal ME/kg/DM for females lambs raised in pasture with creep
feeding about weight and acting in different ages, as well as the beginning of puberty
and reproductive performance. The subjects were 21 female lambs Suffolk breed
proceeding from simple birth which were divided into 3 experiment lots, fed from birth
up to weaning in creep feeding with 2 levels of ingestion of concentrated (without
supplied, 300 and 600 g/concentrate/day) given once a day by recording daily
leftovers. The female lambs were identified weighed soon after birth and then, weighed
every 30 days, remaining with their mothers up to weaning, pre established for 60
days. There was no significant difference for weight and medium gain of weight daily at
30 days of age, showing that the levels of ingestion did not influence the analyzed
parameters. The weight and medium gain of daily weight were influenced for the level
of food supplied, the lot consuming of 600 g showed performance greater than the
other 2 lots at 60 and 120 days of age. For the lots of 300 g and without supplied there
was no significant differences for the analyzed parameters. The availability of 600 g
concentrated daily containing 25% of CP and 3,18 Mcal of ME/kg/DM for the female
lambs up to weaning resulted in higher medium gain of weight daily at age of 60 and
120 days, as well as better reproductive performance in the year of animal
copulation.
Words key: creep feeding, sheep, female lambs, age the puberty.
16
Introdução
Atualmente existe grande interesse na expansão da ovinocultura no Estado de
São Paulo que incentivada por linhas de crédito, bem como pela organização da
cadeia produtiva, abertura e funcionamento de modernos frigoríficos capacitados para
o abate e processamento da carne ovina e seus derivados, alcança até o momento
desenvolvimento considerável. O maior interesse no desenvolvimento da cadeia
produtiva de ovinos, no entanto, encontra-se focado para a produção de cordeiros,
pois a carne de animais jovens apresenta significativo potencial de consumo, tendo em
vista o aumento expressivo na procura deste item no mercado, principalmente nos
grandes centros urbanos (Homem Jr. et al., 2007).
O Estado de São Paulo apresenta características regionais distintas e
diversidade de condições ambientais, o que leva a intensificar e a maximizar os
sistemas de produção e criação de ovinos, com destaque para o desmame precoce
com recria e terminação de cordeiros em regime de confinamento (Siqueira, 1996).
No entanto é necessário que estudos relacionados à nutrição sejam efetuados,
para o aproveitamento adequado de todo potencial produtivo dos animais, pois o fator
alimentação é o que mais onera o custo de produção de um sistema devido a sua
profunda relação com o retorno econômico da atividade, uma vez que determina as
respostas fisiológicas dos animais aos níveis nutricionais, modifica a conversão
alimentar e a composição corporal (Gerassev et al., 2006).
Para a obtenção de bons resultados na criação ovina, os índices zootécnicos de
rebanho devem ser melhorados, principalmente no que diz respeito à redução da
idade ao abate dos cordeiros e o início da vida reprodutiva das fêmeas.
O manejo nutricional do nascimento ao primeiro parto pode influenciar no
potencial reprodutivo da ovelha, alimentação adequada na fase de cria e recria das
borregas, evitando deposição excessiva de gordura, permite que sejam acasaladas
mais cedo, quando atingem 65 a 70% do peso adulto, com o primeiro parto em torno
de 12 a 14 meses de idade. O uso do comedouro privativo é uma opção quando as
fêmeas são jovens (Johnston, 1992; Susin,1996; Neres et al. 2001). Este sistema é
cada vez mais utilizado por técnicos que atuam na ovinocultura (Pereira & Santos,
2001), almejando aumento na produtividade por área.
No período púbere, para melhorar a taxa de parição e a prolificidade, deve-se
aumentar a taxa de ovulação, influenciada por vários fatores, principalmente pela
nutrição (Robinson et al., 2002).
17
A suplementação alimentar das matrizes antes e durante o período de
acasalamento possibilita aumentos significativos nos parâmetros reprodutivos em
virtude do aumento da taxa de ovulação e da incidência de partos gemelares (Barioglio
& Rubiales de Barioglio, 1994; Mukasa-Mugerwa & Lahlou-Kassi, 1995; Molle et al.,
1997; Nottle et al., 1997; Branca et al., 2000).
A sobrevivência embrionária no primeiro mês após a fertilização é crítica,
tornando-se importante continuar a alimentação adequada das ovelhas por 30 dias
após a cobertura, visando melhorar a implantação do embrião no útero (NRC, 1985).
Mori et al. (2006) concluíram que utilizar suplementação alimentar antes e
durante a estação de monta pode influenciar positivamente o desempenho reprodutivo
elevando o número de cordeiros nascidos por ovelhas acasaladas. Também a idade e
o grupo racial podem afetar significativamente o desempenho reprodutivo de rebanhos
ovinos.
Para as fêmeas de reposição, o manejo nutricional inadequado provoca redução
na eficiência produtiva e reprodutiva, ocasionando diminuição na vida útil da matriz e
menor pressão de seleção (Susin, 1996). Neste sentido, Campos e Lizieire (1995) ao
trabalhar com bezerras leiteiras, verificaram que quando super alimentadas no período
pré-pubere ocorre mudança na estrutura básica de sua glândula mamária,
ocasionando acúmulo excessivo de tecido adiposo e conseqüentemente diminuição de
tecido secretor, proporcionando decréscimo na produção de leite na primeira lactação.
Entretanto, pesquisas com objetivo de verificar este fato em cordeiras são
escassas na literatura. Desta maneira o trabalho objetivou avaliar os efeitos dos níveis
de suplementação alimentar (300 e 600 g de concentrado/dia) com concentrado
contendo 25% PB e 3,18 Mcal EM/kg/MS, para cordeiras suplementadas em
comedouro privativo, sobre o peso e desempenho em distintas idades, bem como o
início da puberdade e o desempenho reprodutivo.
18
Material e métodos
O experimento foi realizado no Setor de Ovinocultura da Fazenda Experimental
“Marcelo Mesquita Serva” pertencente à Faculdade de Ciências Agrárias da
Universidade de Marília UNIMAR, no Município de Marília, Estado de São Paulo. O
delineamento experimental foi inteiramente casualizado com 3 tratamentos e 7
repetições e as médias comparadas pelo teste de Tukey utilizando o software
estatístico SISVAR 4.0 versão para Windows (Ferreira, 2000) e SAEG 9.0, teste de
Wilcoxon para análises não paramétricas.
No terço final da gestação as ovelhas receberam suplementação de feno de
Tifton 85 (Cynodon spp.) à vontade e concentrado (16% PB e 77% NDT) constituída
de grãos de milho moído, farelo de soja, farelo de trigo, sal mineral para ovinos e
suplemento vitamínico com fornecimento de 1% do peso vivo (PV), com base na
matéria seca (MS), visando atender os requerimentos nutricionais desta fase (NRC,
1985). Após o parto as ovelhas foram distribuídas aleatoriamente com suas
respectivas cordeiras em piquetes de capim - estrela branca (Cynodon
plectostachyus).
Em decorrência das parições ocorrerem no período de inverno, houve pequena
disponibilidade e baixa qualidade da forragem produzida, necessitando submeter os
lotes ao sistema de pastejo alternado e utilizar a suplementação diária durante o
período de lactação com feno de coast cross à vontade e 1% do PV com base MS de
concentrado (16% PB e 77% NDT), para atender suas exigências nutricionais nesta
fase (NRC, 1985).
Foram utilizadas 21 cordeiras Suffolk oriundas de parto simples, divididas em
três lotes experimentais (7 animais por lote), alimentadas do nascimento ao desmame
com auxilio de comedouro privativo (creep feeding), os tratamentos consistiram de um
lote sem suplementação e dois lotes com níveis de suplementação de concentrado
(300 e 600 g/dia) em distintas idades, avaliando o peso e ganho médio diário das
mesmas. A ração de 25% PB e 3,18 Mcal EM/kg/MS, foi fornecida uma vez ao dia com
o registro das sobras diárias.
As cordeiras foram pesadas e numeradas ao nascimento, posteriormente a cada
30 dias, permanecendo com suas mães até o desmame, pré-estabelecido em 60 dias.
Nos primeiros 7 dias de vida, as cordeiras foram mantidas isoladas durante 4
horas na área cercada do comedouro privativo para adaptação às instalações e
contato inicial com o alimento sólido.
19
As cordeiras receberam a primeira dose da vacina contra clostridioses aos 14
dias de vida, com reforço após 30 dias. O monitoramento das infecções parasitárias foi
efetuado segundo a metodologia descrita por Matos & Matos (1988). A desverminação
obedeceu à recomendação de ser efetuada toda vez que a contagem de ovos por
grama de fezes (OPG) estivesse acima de 500.
Após o desmame, feito com 60 dias de vida formou-se um lote único com as
borregas em piquete de pastejo formado com Tifton 85 e suplementadas até os 120
dias de idade com 400 gramas de concentrado de 25% PB e 3,18 Mcal uma vez ao
dia. Aos 120 dias de idade efetuou-se a pesagem das borregas. Depois de avaliadas
suas condições corporais, foram integradas ao lote de matrizes e sujeitas ao manejo
de rebanho efetuado no setor com a intenção de observar a entrada da idade à
puberdade e o desempenho reprodutivo de cada fêmea.
As 21 fêmeas experimentais foram colocadas em estação de monta no primeiro
ano (2004) e sujeitas ao manejo efetuado no setor que consistiu em permanência em
pastagem piqueteada de Tifton 85, suplementação de 1% do PV médio do rebanho
com concentrado de 16% PB e 77% NDT e disponibilidade de comedouros privativos
com concentrado de 20% PB e 68% NDT para acesso dos cordeiros nascidos no
rebanho. Avaliou-se o desempenho reprodutivo das 21 fêmeas experimentais em 2
anos consecutivos (2004 e 2005) bem como o desempenho de seus cordeiros,
efetuando-se a pesagem dos mesmos ao nascimento e a cada 30 dias, até o
desmame com 60 dias de idade.
Os valores médios obtidos nas análises químicas dos ingredientes usados no
concentrado experimental encontram-se na Tabela 1. Os valores médios obtidos nas
análises químicas do concentrado experimental com 25% de PB e 3,18 Mcal
EM/kg/MS encontram-se na Tabela 2.
Tabela 1. Composição centesimal e química dos ingredientes (MS).
Ingrediente
MS
1
PB
2
EE
3
MM
4
FDN
5
FDA
6
Lignina
Celulose
EM
7
%
%
%
%
%
%
%
%
Mcal/kg
Milho moído
87,78
8,75
4,10
0,57
18,45
4,16
1,11
2,11
3,5
Farelo de Soja
88,37
46,76
2,11
6,34
12,23
13,51
2,02
9,58
3,56
Farelo de Trigo
88,43
16,37
4,79
4,25
42,39
13,74
5,38
8,32
2,7
Feno Coast Cross
90,08
9,86
3,34
2,24
74,93
41,44
7,23
30,24
2,25
MS
1
: matéria seca; PB
2
: proteína bruta; EE
3
: extrato etéreo; MM
4
: matéria mineral; FDN
5
: fibra detergente neutro; FDA
6
: fibra detergente
ácido, determinados por análises laboratoriais. EM
7
: energia metabolizável (Mcal/kg), cálculo efetuado de acordo com NRC (1985).
20
Tabela 2. Composição centesimal e química da ração experimental (MS).
Ingrediente
MS
1
MS
1
PB
2
EE
3
MM
4
FDN
5
FDA
6
Lignina
Celulose
EM
7
%
%
%
%
%
%
%
%
%
Mcal/kg
Milho moído
33,35
29,27
2,92
1,37
0,19
6,15
1,39
0,37
0,70
1,17
Farelo de Soja
42,65
37,69
19,94
0,90
2,70
5,22
5,76
0,86
4,09
1,52
Farelo de Trigo
10,00
8,84
1,64
0,48
0,43
4,24
1,37
0,54
0,83
0,26
Feno Coast Cross
10,00
9,01
0,99
0,33
0,22
7,49
4,14
0,72
3,02
0,23
Sal mineral
2,00
Núcleo vitamínico
2,00
Total
100,00
84,81
25,49
3,08
3,54
23,10
12,66
2,49
8,64
3,18
MS
1
: matéria seca; PB
2
: proteína bruta; EE
3
: extrato etéreo; MM
4
: matéria mineral; FDN
5
: fibra detergente neutro; FDA
6
: fibra detergente ácido, determinados
por análises laboratoriais; EM
7
: energia metabolizável (Mcal/kg), cálculo efetuado de acordo com NRC (1985).
Resultados e Discussão
Os resultados obtidos para peso (PV) e ganho médio diário (GMD) das cordeiras
em distintas idades e as quantidades de concentrado encontram-se na Tabela 3. Para
os PV e GMD das cordeiras até os 30 dias de idade não foram observadas diferenças
entre as médias obtidas nos 3 lotes experimentais (0, 300 e 600 gramas de
concentrado), demonstrando que para as cordeiras, mesmo havendo disponibilidade e
ingestão de concentrado, o leite materno possui fundamental importância em seus
desempenhos nesta fase de crescimento. O consumo de concentrado nos primeiros
dias de vida foi baixo para as cordeiras dos lotes suplementados, aumentando
gradativamente a partir do 15º dia. Para o lote de cordeiras suplementadas com 300
gramas diárias de concentrado, a partir do 35º dia de vida houve o consumo do total
fornecido. O lote suplementado com 600 gramas diárias de concentrado teve o
percentual de consumo maior, contudo, houve sobras do total fornecido até o 52º dia
de vida (Tabela 3).
Neste experimento os resultados concordam com os obtidos por Silva et al.
(2002) que ao avaliarem a fase de transição da dieta líquida para a sólida,
observaram que a suplementação no comedouro privativo teve efeito discreto no
ganho de peso dos animais nas 3 primeiras semanas de vida e que os pesos e ganhos
médios de peso diários foram devidos principalmente a ingestão de leite pois o
consumo de concentrado foi pequeno (135g/dia), concluindo que o leite da matriz tem
grande influência no ganho de peso dos cordeiros lactentes. Quanto a produção e
composição do leite das matrizes os autores relataram produção média de 2,265
21
kg/dia com teores de PB de 5,17% na e 4ª semana, 1,490 kg/dia e 4,73% de PB na
6ª e 7ª semana e 1,200 kg/dia e 5,13% de PB na 8ª e 9ª semanas de lactação.
Siqueira et al. (1998) relataram que o pico de produção de leite ocorre entre a
e semanas após o parto e que 75% da produção total da lactação ocorre nas
primeiras 8 semanas; após esse período, o ganho de peso dos cordeiros irá depender
principalmente da alimentação sólida.
Com resultados semelhantes, Silva Sobrinho et al. (2004) ao avaliarem o
desempenho de cordeiros e cordeiras 7/8 Ile de France e 1/8 Ideal, criados com
acesso a comedouros privativos, recebendo dietas isoenergéticas com teores de 18 e
22% de PB e 25% de mistura mineral descreveram que na fase materno dependente,
que compreende o período da 1ª a 4ª semana de vida, não houve interações e
diferenças entre dietas e sexo no peso ao nascer, peso aos 30 dias e ganho médio de
peso diário, estabelecendo concordância com os resultados obtidos neste
experimento.
Aos 60 dias de idade ocorreram diferenças para peso e ganho médio de peso
diário para as cordeiras com acesso a 600 gramas diárias de concentrado no
comedouro privativo apresentando ganhos superiores às cordeiras que receberam 300
gramas diárias de concentrado no comedouro privativo e às cordeiras sem
suplementação, que não diferiram entre si.
Segundo o NRC (1985) cordeiros de raças que atingem de 95 a 110 kg de peso
adulto com ganho médio de peso diário de 0,250 a 0,350 kg, dos 10 aos 50 dias de
vida, necessitam de ingestão média diária de proteína bruta em torno de 0,180 kg.
Neste experimento o consumo médio diário de PB disponibilizado pelo
concentrado foi de 0,118 kg para cada cordeira do lote com acesso a 600 g diárias de
concentrado e de 0,044 kg para as cordeiras do lote com acesso a 300 g diárias de
concentrado.
Tendo em vista que o decréscimo da produção de leite da ovelha ocorre
paralelamente ao aumento das necessidades de ingestão de matéria seca pelo
cordeiro que passa a substituir a dieta líquida pela dieta sólida (Siqueira, 1996), os
resultados obtidos demonstraram que o fornecimento de 600 gramas diárias de ração
concentrada no comedouro privativo proporcionou às cordeiras maior peso e ganho
médio de peso diário a partir dos 30 dias de vida, obtendo melhor desempenho no
período materno independente.
22
Tabela 3. Peso ao nascer (PN), Pesos (P), ganho médio diário (GMD) (kg) e
concentrado fornecido (kg) nas distintas idades das cordeiras com e sem
suplementação alimentar em comedouro privativo.
Parâmetros
Sem
suplementação
Com suplementação
300 gramas
600 gramas
CV (%)
PN
3,76 a
3,55 a
4,85 a
24,83
P (30 dias)
13,29 a
13,14 a
15,04 a
19,06
P (60 dias)
20,30 b
23,95 b
26,94 a
17,08
P (120 dias)
28,32 b
32,75 b
36,70 a
13,98
GMD-ND
0,276 b
0,340 b
0,368 a
17,75
GMD (60-120 dias)
0,202 b
0,245 b
0,265 a
13,94
Concentrado (60 dias)
Fornecido/lote (kg)
-
126,00
252,00
Consumo/lote (kg)
-
74,26
198,95
Sobras/lote (kg)
-
51,74
53,05
% de consumo/lote
-
58,94
78,95
Consumo/animal/dia(kg)
-
0,177
0,474
Médias seguidas de letras diferentes na mesma linha diferiram pelo teste Tukey (P<0,05).
GMD-ND: ganho médio diário do nascimento ao desmame;
GMD (60 -120 dias) ganho médio diário do desmame aos 120 dias de idade.
Neres et al (2001) avaliaram o desempenho de cordeiros e cordeiras em dois
anos consecutivos, no primeiro ano utilizaram rações isoprotéicas (20% PB) no
comedouro seletivo sem restrições ao consumo, mantiveram um lote sem acesso ao
concentrado e verificaram ganho médio de peso diário superior para as fêmeas com
acesso ao comedouro privativo aos 60 dias com média de peso de 23,06 kg e para as
fêmeas sem acesso ao concentrado 17,53 kg com ganhos médios de peso diário de
189 e 329 gramas respectivamente. Os resultados descritos por estes autores ficaram
abaixo dos resultados obtidos neste experimento, tanto para o peso quanto para o
ganho médio de peso diário aos 60 dias das cordeiras com acesso ao comedouro
privativo e das sem acesso ao concentrado (Tabela 3).
Os resultados para o ganho médio diário foram superiores aos obtidos por
Rocha et al. (2000), que trabalharam com a suplementação energética e protéica das
ovelhas mantidas em pastagem de azevém, porém sem a suplementação das
cordeiras, estes autores verificaram ganho médio de peso diário de 261 gramas para
as cordeiras aos 60 dias, o que demonstra os benefícios da suplementação das
cordeiras lactentes em comedouros privativos e das ovelhas na fase de lactação.
23
Aos 120 dias de idade ocorreram diferenças para peso e ganho médio de peso
diário. As borregas com acesso a 600 gramas diárias de ração concentrada em
comedouro privativo até o desmame apresentaram peso e ganho médio de peso
superior aos das borregas com acesso a 300 gramas diárias de ração concentrada e
às borregas sem suplementação até o desmame. Entre as borregas com acesso a 300
gramas diárias de ração concentrada e as borregas sem suplementação até o
desmame não houve diferenças para os parâmetros analisados.
O melhor desempenho aos 120 dias de idade das borregas com acesso a 600
gramas diários de ração concentrada em comedouro privativo até o desmame pode
ser atribuído ao peso e ganho médio de peso diário superiores as borregas dos
demais tratamentos aos 60 dias de idade e ao contato prévio com a ração
concentrada.
Os dados sobre o desempenho reprodutivo das borregas experimentais no
ano (2004) encontram-se na Tabela 4, não houve diferenças para o parâmetro
analisado.
Das 21 borregas experimentais, 3 do lote com acesso a 600 gramas diárias de
ração concentrada no comedouro privativo, 1 do lote com acesso a 300 gramas diárias
e 1 do lote sem acesso a suplementação pariram, apresentando parto simples. No
período da estação de monta as borregas dos 3 lotes apresentaram média de peso
corporal de 53,44 kg, em torno de 75% do peso corporal adulto e foram colocadas com
reprodutores para monta natural.
Tabela 4. Número de Partos, porcentagem de paridas e condição sexual dos filhos das
borregas experimentais no ano de cobertura.
Lotes
Ano 2004
Parto
Sexo cordeiros
Borregas
Paridas
% Paridas
Simples
Gemelar
Machos
Fêmeas
0
7
1
14
1
----
1
---
300
7
1
14
1
----
----
1
600
7
3
43
3
----
2
1
Alise não paramétrica Teste de Wilcoxon.
Os resultados obtidos no ano de cobertura demonstram que as borregas
paridas alcançaram a idade a puberdade e maturidade sexual aos 9 meses, parindo
aos 14 meses de idade. As demais borregas mesmo alcançando a idade a puberdade
aos 9 meses não apresentaram cios viáveis e/ou não atingiram maturidade sexual
suficiente para a prenhez no ano.
24
Durante o ano de atividade reprodutiva a fertilidade das borregas é menor
quando comparada à de ovelhas adultas, pois indicativos demonstrando que as
borregas podem continuar sexualmente imaturas durante um período mesmo após
atingirem a puberdade com a ocorrência do estro. O que pode ser observado pela
curta duração do estro e a baixa intensidade de sua manifestação e também pela
presença de ovulações silenciosas e de ciclos estrais irregulares ou longos
(Dyrmundsson, 1978; Hafez, 1952; Hare & Bryant, 1982; Abecia et al., 1996; Bathaei,
1996).
Siqueira (2001) relatou que um dos principais aspectos a serem considerados no
manejo reprodutivo de um rebanho é a idade em que as fêmeas entram em
reprodução. Ao citar Dyrmundisson (1994) o autor relata que borregas na fase da
puberdade podem apresentar de 0 a 100% de cios e que a idade média para a entrada
à puberdade pode variar de 6 a 18 meses dependendo da raça e principalmente das
condições alimentares das fêmeas.
Mori et al. (2006) ao analisar o desempenho reprodutivo de ovelhas Hampshire
Down, Ile de France, Suffolk e Corriedale com média de peso de 50 kg de peso vivo e
idades mensuradas pelo número de dentes permanentes, submetidas a diferentes
formas de suplementação alimentar antes e durante o período de acasalamento
relataram que as ovelhas que receberam suplementação apresentaram maiores
pesos, ganhos de peso escores da condição corporal até o final da estação de monta,
os fatores idade e grupo racial das ovelhas afetaram significativamente o índice de
natalidade. Porém, a suplementação não resultou em maior taxa de parição nem em
aumento de partos gemelares mesmo com as ovelhas de 8 dentes tendo apresentado
pesos superiores aos daquelas de 4 e 6 dentes durante todo o período de
suplementação e na parição, indicativo de que as ovelhas de até 6 dentes estavam em
fase de crescimento.
Os resultados observados para peso, ganho médio diário e peso total de
cordeiros filhos das borregas experimentais no ano de cobertura estão descritos na
Tabela 5. Devido ao número reduzido de animais nascidos não foi efetuada a análise
estatísticas dos dados.
O peso ao nascer e ganho médio de peso diário descrito na Tabela 5 refere-se à
média somente para os filhos das borregas que receberam 600 gramas diárias de
ração concentrada no comedouro privativo até o desmame, os outros 2 pesos e
ganhos médios de peso diário referem-se a 1 cordeiro por lote, ressalta-se que o valor
25
descrito para o lote de borregas que receberam 300 gramas diárias de ração
concentrada no comedouro privativo até o desmame, pertence a uma cordeira.
Tabela 5. Peso ao nascer (PN), pesos (P), ganho médio de peso diário (GMD)
e quilogramas de cordeiros filhos das borregas experimentais no primeiro
ano de cobertura.
Parâmetros
Sem
Suplementação
Com Suplementação
300 gramas
600 gramas
1
Animal
kg
cordeiro
1
Animal
kg
cordeiro
3
Animais
kg
cordeiro
PN (kg)
6,33
6,33
3,04
3,04
4,83
14,49
P (30 dias
15,20
15,20
11,50
11,50
15,10
45,30
P (60 dias)
22,10
22,10
19,80
19,80
22,45
67,35
GMD N - D
0,263
0,279
0,294
GMD-ND: ganho médio diário do nascimento ao desmame;
No entanto, os pesos ao nascer observados no ano de parição, com média de
4,73 kg entre os 3 lotes ficaram abaixo dos 5,54 kg obtidos por Garcia (2002) ao
estudar o efeito dos níveis de energia da ração suplementar sobre o desempenho e
características das carcaças de cordeiros Suffolk alimentados e terminados em
comedouro privativo. Entretanto, próximos aos 4,94 kg descritos por Almeida Junior
(2002) ao avaliar a substituição do milho seco moído pela silagem de grãos úmidos de
milho na alimentação de cordeiros criados e terminados em comedouro privativo.
A média deste experimento foi superior à média obtida por Ortiz (2004) de 4,31
kg ao avaliar o desempenho, as características de carcaça e efetuar a análise
econômica de cordeiros Suffolk alimentados e terminados em comedouros privativos
com rações balanceadas com 3 níveis de proteína bruta.
Os ganhos médios de peso diário até os 60 dias de idade dos cordeiros e
cordeiras filhos das borregas experimentais apresentaram média de 0,279 kg e os
pesos ao desmame apresentaram média de 21,45 kg, sendo inferiores aos resultados
obtidos por Garcia (2002), Almeida Junior (2002) e Ortiz (2004) que obtiveram médias
para ganho médio de peso diário de 0,405 kg; 0,380 kg e 0,383 kg respectivamente,
com os pesos médios de abate pré estabelecidos em 30 kg de PV.
É importante destacar que os autores desenvolveram seus experimentos com
animais oriundos do mesmo plantel e utilizaram-se das mesmas instalações e que as
borregas deste experimento e suas crias foram submetidas ao manejo geral do
rebanho que consistiu em permanência dos animais em pastagem e no fornecimento,
uma vez ao dia, de suplementação com concentrado de 16% PB e 77% NDT para as
26
ovelhas e para os cordeiros acesso ao comedouro privativo com concentrado de 20%
de PB e 68% de NDT.
Na tabela 6 encontra-se o desempenho reprodutivo das borregas no ano de
cobertura. Houve diferenças para o número de borregas paridas, os lotes com
suplementação de 300 e 600 gramas diários de concentrado diferiram do lote sem
suplementação, no entanto não diferiram entre si.
Tabela 6. Número de partos, porcentagem de paridas e condição sexual dos filhos das
borregas experimentais no ano de cobertura.
Lotes
Ano 2005
Parto
Sexo cordeiros
Borregas
Paridas
% Paridas
Simples
Gemelar
Machos
Fêmeas
0
7
2
28
2
----
2
---
300
7
4
57
3
1
4
1
600
7
5
71
3
2
4
3
Alise não paramétrica Teste de Wilcoxon.
No ano de cobertura, 5 borregas do lote com acesso a 600 gramas de ração
concentrada, 4 do lote com acesso a 300 gramas de ração concentrada e 2 do lote
sem suplementação pariram, apresentando partos simples e gemelares. Observou-se
neste período que as fêmeas suplementadas ao entrarem em estação de monta
apresentaram de 95 a 100% do peso corporal adulto, com média de 72 kg de peso
vivo. Entretanto, as fêmeas do lote sem suplementação até os 60 dias de idade
tiveram seus pesos corporais 13% inferiores às fêmeas dos outros 2 lotes.
Homem Jr. et al (2007) ao estudar o ganho compensatório de cordeiras
submetidas ou não a restrição alimentar com 30 e 60%, posteriormente, realimentação
à vontade, constataram que ao início da fase de restrição alimentar, todas as cordeiras
apresentaram medidas biométricas semelhantes, mas ao final da restrição alimentar
houve diferença entre os animais do grupo restrição 60% em relação aos de restrição
30% e sem restrição. Houve diminuição na largura do ombro, na largura da garupa, no
perímetro torácico e na condição corporal das cordeiras do grupo restrição 60% em
relação à medida inicial. Os autores relatam ainda que nas condições de restrição
alimentar de 60% as cordeiras não recuperaram o tamanho corporal nas 8 semanas
de realimentação, o grupo restrição 30%, apesar da redução no desenvolvimento
normal, não diferiram daquelas sem restrição ao final da primeira fase, acompanhando
as cordeiras sem restrição até o final da realimentação.
27
Os pesos e ganhos médios diários dos cordeiros filhos das borregas
experimentais no ano de parição encontram-se na Tabela 7.
A médias obtidas para o peso ao nascer, peso aos 30 dias, peso aos 60 dias e
ganho médio de peso diário dos cordeiros filhos das borregas experimentais no de
parição não apresentaram diferenças. Devido ao número de animais avaliados
efetuou-se a análise estatística para estes parâmetros incluindo os dados de cordeiros
e cordeiras.
Tabela 7. Peso ao nascer (PN), pesos (P), ganho médio de peso diário (GMD)
e quilogramas de cordeiros filhos das borregas experimentais no
ano de cobertura.
Parâmetros
Sem
Suplementação
Com Suplementação
300 gramas
600 gramas
2
Animais
kg
cordeiro
5
Animais
kg
cordeiro
7
Animais
kg
cordeiro
CV%
PN (kg)
4,93 a
9,86
4,60 a
23,00
4,94 a
34,58
27,51
P (30 dias
14,30 a
28,60
13,98 a
69,90
14,67 a
102,69
12,47
P (60 dias)
23,45 a
46,90
22,38 a
111,90
23,27 a
162,89
13,52
GMD N - D
0,309
0,279
0,294
12,42
GMD-ND: ganho médio diário do nascimento ao desmame;
Os resultados obtidos para o desempenho dos cordeiros e cordeiras filhos das
borregas experimentais quando comparados ao desempenho dos cordeiros e
cordeiras filhos das matrizes do rebanho nascidos no mesmo período foram
semelhantes, pois estes últimos apresentaram média de peso ao nascer de 4,75 kg,
média de peso aos 30 dias de 14,37 kg, média de peso aos 60 dias de 23,31 kg e
média de ganho médio de peso diário de 0,309 kg, incluindo machos e fêmeas.
Os parâmetros avaliados neste experimento para cordeiros criados em
pastagem e com acesso ao comedouro privativo contendo concentrado de 20% de PB
e 68% de NDT mostraram-se superiores aos relatados por Silva Sobrinho et al (2004),
que ao avaliarem o desempenho de cordeiras e cordeiros 7/8 Ille de France 1/8 Ideal
criados com acesso a comedouro privativo recebendo dietas isoenergéticas, com
teores de 18 e 22% de proteína bruta e 25% de mistura mineral obtiveram média de
peso ao nascer de 3,35 kg, média de peso aos 30 dias de idade de 11,65 kg, peso
médio ao desmame de 17,3 kg e média de ganho médio de peso diário de 0,250 kg.
O melhor desempenho reprodutivo das borregas suplementadas com 600
gramas diários de concentrado em comedouro privativo no ano de cobertura foi
constatado em número de borregas paridas, número de cordeiros nascidos e
quilogramas de cordeiros nascidos e desmamados.
28
No ano de cobertura, do lote suplementado com 600 gramas diários de
concentrado em comedouro privativo, 3 borregas pariram 3 cordeiros, 14,49 kg de
cordeiros nascidos e 67,35 kg de cordeiros desmamados (Tabela 5). Do lote
suplementado com 300 gramas diários de concentrado, 1 borrega teve parto simples,
3,04 kg de cordeiro nascido e 19,80 kg de cordeiro desmamado. Do lote sem
suplementação 1 borrega teve parto simples, 6,33 kg de cordeiro nascido e 22,10 kg
de cordeiro desmamado.
No ano de cobertura, das 7 borregas do lote suplementado com 600 gramas
diários de concentrado 5 pariram; 3 com parto simples e 2 com parto gemelar, no total
de 7 cordeiros, 27,51 kg de cordeiros nascidos e 162,89 kg de cordeiros desmamados.
Das 7 borregas do lote suplementado com 300 gramas diários de concentrado 4
pariram; 3 com parto simples e 1 com parto gemelar, no total 5 cordeiros, 23,00 kg de
cordeiros nascidos e 111,90 kg de cordeiros desmamados. Das 7 borregas do lote
sem suplementação, 2 borregas com parto simples, no total 2 cordeiros, 9,86 kg de
cordeiros nascidos e 46,90 kg de cordeiros desmamados.
Conclusão
A suplementação em comedouros privativos com disponibilidade de 600
gramas diários de concentrado contendo 25% de PB e 3,18 Mcal de EM/kg/MS para
as cordeiras até o desmame promoveu maior ganho de peso médio diário aos 60 e
120 dias de vida e melhor desempenho reprodutivo no segundo ano de cobertura.
29
Literatura Citada
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33
CAPÍTULO 3
NÍVEIS DE CONCENTRADO NO DESEMPENHO REPRODUTIVO DE CORDEIRAS
COM SUPLEMENTAÇÃO PROGRESSIVA EM COMEDOURO PRIVATIVO
34
Níveis de concentrado no desempenho reprodutivo de cordeiras com
suplementação progressiva em comedouro privativo.
RESUMO O experimento foi desenvolvido no setor de Ovinocultura da Universidade
de Marília com o objetivo de avaliar os efeitos de três níveis de ingestão (1%, 2,5% e
4% do PV) com base na matéria seca de concentrado contendo 18% de PB e 3,15
Mcal EM/kg/MS para cordeiras criadas em comedouro privativo sobre seus pesos e
desempenhos em distintas idades, bem como o inicio da puberdade e desempenho
reprodutivo. Foram utilizadas 36 cordeiras Suffolk oriundas de parto simples e
gemelar, divididas em 3 lotes experimentais, alimentadas do nascimento ao desmame
com concentrado fornecido uma vez ao dia com o registro das sobras diárias. As
cordeiras foram pesadas e identificadas ao nascimento, posteriormente a cada 30
dias, permanecendo com suas mães até o desmame, pré-estabelecido em 60 dias.
Não houve diferenças significativas para peso e ganho de peso médio diário aos 30
dias de idade, demonstrando que os níveis de ingestão não influenciaram os
parâmetros analisados. O peso e ganho médio de peso diário não foram influenciados
pelo nível de ingestão alimentar aos 60 dias de idade. O nível de ingestão diária de 4%
do peso vivo com base na matéria seca de concentrado contendo 18% de PB e 3,15
Mcal de EM/kg/MS para as cordeiras até o desmame, promoveu melhor desempenho
reprodutivo no 1º e 2º ano de cobertura.
Palavras chave: comedouro privativo, ovinos, borregas, idade a puberdade.
35
Levels of Concentrate on the Reproductive Performance of Female Lambs with
Progressive Supplies in Creep Feeding
ABSTRACT - THE experiment was developed in the Sheep Production Department of
the University of Marília, with aim was to evaluated the effects of 3 levels of ingestion
(1%, 2,5% and 4% of LW) with base in the dry matter of concentrate containing 18% of
CP and 3,15 Mcal ME/kg/DM for female lambs raised in creep feeding about their
weights and performance at different ages, as well as in the beginning of puberty and
reproductive performance. The subject were 36 females lambs Suffolk breed
proceeding from of simple and germinate birth were divided into 3 experiment lots fed
from birth to weaning in creep feeding with 3 levels of ingestion of concentrated (1, 2.5
and 4% of LW based on DM) which was given once a day recording daily leftovers.
The female lambs were weighed and identified soon after birth, and then, every 30
days, remaining with their mothers up to weaning, pre established for 60 days. There
was no significant difference for weight and medium gain of weight daily at 30 days of
age, showing that the levels ingestion did not influence the parameters analyzed. The
weight and medium gain of weight daily were not influenced by the level of concentrate
ingestion at the 60 days of age. The daily ingestion level of 4% live weight based on
the dry matter of the concentrated containing 18% of CP and 3,15 Mcal of ME/kg/DM
for the female lambs up to weaning resulted in a better reproductive performance in the
first and second year for animal copulation.
Words key: creep feeding, sheep, female lambs, age for puberty.
36
Introdução
Na ovinocultura, para reposição de matrizes do rebanho busca-se fêmeas com
elevadas taxas de fertilidade e prolificidade com habilidade materna para reduzir
mortalidade dos cordeiros (Siqueira, 2001). E isto é conseguido com a redução da
idade a puberdade das fêmeas e conseqüentemente antecipação da idade ao primeiro
parto.
No entanto para se obter resultados satisfatórios, os índices zootécnicos do
rebanho devem ser melhorados, principalmente no que diz respeito à redução da
idade ao abate dos cordeiros e o início precoce da vida reprodutiva das fêmeas,
utilizando alimentação adequada na fase de cria e recria das borregas. Considerando
que o manejo nutricional do nascimento ao primeiro parto possui influência no
potencial reprodutivo da ovelha, ao se evitar a deposição excessiva de gordura
permite-se que as fêmeas sejam acasaladas mais cedo, quando atingirem 65 a 70%
do peso adulto, com o primeiro parto em torno de 12 a 14 meses de idade
(Susin,1996).
Para as fêmeas jovens de reposição de rebanho, o manejo nutricional
inadequado provoca redução nas eficiências produtivas e reprodutivas ocasionando
diminuição na vida útil da matriz e em uma menor pressão de seleção (Susin, 1996). O
comedouro privativo é uma opção nesse contexto quando as fêmeas são jovens
(Johnston, 1992, Neres et al. 2001). Este sistema é cada vez mais utilizado por
técnicos que atuam na ovinocultura (Pereira & Santos, 2001), almejando aumento na
produtividade por área.
No período púbere, para melhorar a taxa de parição e a prolificidade, deve-se
aumentar a taxa de ovulação que é influenciada por vários fatores, principalmente pela
nutrição (Robinson et al., 2002). A suplementação alimentar das matrizes antes e
durante o período de acasalamento possibilita aumentos significativos nos parâmetros
reprodutivos das ovelhas em virtude do aumento da taxa de ovulação e da incidência
de partos gemelares (Molle et al., 1997; Nottle et al., 1997; Branca et al., 2000;
Barioglio & Rubiales de Barioglio, 1994; Mukasa-Mugerwa & Lahlou-Kassi, 1995).
A sobrevivência embrionária no primeiro mês após a fertilização é crítica,
tornando-se importante continuar a alimentação adequada das ovelhas por 30 dias
após a cobertura, visando melhorar a implantação do embrião no útero (NRC, 1985).
37
Mori et al. (2006) concluíram que utilizar suplementação alimentar antes e
durante a estação de monta pode influenciar positivamente o desempenho reprodutivo
elevando o número de cordeiros nascidos por ovelhas acasaladas e que também a
idade e o grupo racial podem afetar significativamente o desempenho reprodutivo de
rebanhos ovinos.
Neste sentido, Campos e Lizieire (1995) ao trabalhar com bezerras leiteiras,
verificaram que quando super alimentadas no período pré-puberdade ocorrem
mudanças na estrutura básica de suas glândulas mamárias, ocasionando acúmulo
excessivo de tecido adiposo e conseqüentemente diminuição de tecido secretor,
proporcionando decréscimo na produção de leite da primeira lactação.
Entretanto, pesquisas com objetivo de verificar este fato em cordeiras são
escassas na literatura, desta maneira o trabalho objetivou avaliar o peso e ganho
médio diário de cordeiras alimentadas com níveis de ingestão de 1; 2,5 e 4% de
concentrado contendo 18% de PB e 3,15 Mcal EM em comedouro privativo em
distintas idades, bem como a entrada da idade a puberdade e o desempenho
reprodutivo.
Material e métodos
O experimento foi conduzido no Setor de Ovinocultura da Fazenda Experimental
“Marcelo Mesquita Serva” pertencente à Faculdade de Ciências Agrárias da
Universidade de Marília UNIMAR, situada no Município de Marília, Estado de São
Paulo, no ano de 2006. O delineamento experimental foi inteiramente casualizado com
3 tratamentos, 12 repetições e as médias comparadas pelo teste de Tukey utilizando o
software estatístico SISVAR 4.0 versão para Windows (Ferreira, 2000) e SAEG 9.0,
teste de Wilcoxon para análises não paramétricas.
Foram utilizadas 36 cordeiras Suffolk oriundas de parto gemelar e simples,
divididas em 3 lotes, alimentadas do nascimento ao desmame com auxilio de
comedouro privativo com 3 níveis de ingestão de concentrado (1%; 2,5% e 4% do PV
com base na MS) contendo 18% PB e 3,15 Mcal EM/kg/MS, avaliando o peso e ganho
médio de peso diário. O concentrado foi fornecido uma vez ao dia no comedouro
privativo com registro das sobras diárias.
As cordeiras foram pesadas e numeradas ao nascimento, efetuando-se a
pesagem dos lotes a cada 5 dias para ajuste das quantidades de ração fornecida. Os
38
pesos aos 30 e 60 dias de vida foram utilizados para estabelecer os pesos e ganhos
médios diários até desmame, preestabelecido em 60 dias.
Nos primeiros 7 dias de vida, as cordeiras dos 3 lotes foram mantidas fechadas
por um período de 4 horas na área cercada do comedouro privativo para adaptação às
instalações e contato inicial com o alimento sólido. As cordeiras receberam a primeira
dose da vacina contra clostridioses aos 15 dias de vida, com reforço após 30 dias.
As ovelhas durante o período da estação de cobertura permaneceram em
pastagem piqueteada de capim-estrela branca (Cynodon plectostachyus) e foram
suplementadas com ração concentrada de 16% PB e 77% NDT com o fornecimento
de 1% do peso vivo com base na matéria seca.
No terço final da gestação receberam suplementação de feno de Tifton 85
(Cynodon spp.) à vontade e ração concentrada (16% PB e 77% NDT) constituída de
farelo de soja, farelo de trigo, grãos de milho triturado, sal mineral para ovinos e
suplemento vitamínico com fornecimento de 1% do peso vivo (PV) com base na
matéria seca (MS) com a intenção de atender os requerimentos nutricionais desta fase
da gestação (NRC, 1985).
Após o parto, as matrizes com seus respectivos cordeiros foram distribuídas
aleatoriamente em piquetes de capim-estrela branca (Cynodon plectostachyus),
dotados de bebedouros, cochos de sal mineral, fenil, cochos de fornecimento de
concentrado e comedouros privativos para o arraçoamento dos cordeiros.
A concentração das parições ocorreu no período de inverno, havendo escassez
de forragem e esta com baixa qualidade da matéria seca, tornando necessária a
utilização do sistema de pastejo alternado e o fornecimento diário de suplementação
às matrizes dos 3 lotes com feno de Tifton 85 (Cynodon spp) à vontade e de
concentrado (16% PB e 77% NDT) na proporção de 1% do PV com base na MS para
atender às exigências nutricionais da fase de lactação (NRC, 1985). Foram pesadas
logo após o parto, aos 30 e aos 60 dias de lactação. Após o desmame aos 60 dias de
idade, as borregas dos três lotes foram colocadas em lote único e mantidas em
piquetes formados com Tifton 85 e receberam suplementação diária de 1% do PV com
base na MS com concentrado de 20%PB e 68% NDT fornecido uma vez ao dia até os
120 dias de idade. Após este período foram integradas ao lote de matrizes e
receberam o mesmo manejo das ovelhas que consistiu em permanência em
pastagens de Tifton 85 e suplementação diária com concentrado de 16% PB e 77% de
NDT com o intuito de observar a entrada a puberdade e o desempenho reprodutivo de
cada fêmea.
39
Os valores médios obtidos nas análises químicas dos ingredientes da ração
experimental encontram-se na Tabela 1. Os valores médios obtidos nas análises
químicas da ração experimental com 18% de PB encontram-se na Tabela 2.
Tabela 1. Composição centesimal e química dos ingredientes (MS).
Ingrediente
MS
1
PB
2
EE
3
MM
4
FDN
5
FDA
6
Lignina
Celulose
EM
7
%
%
%
%
%
%
%
%
Mcal/kg
Milho moído
88,06
8,50
3,62
0,50
16,26
3,66
1,43
2,49
3,55
Farelo de Soja
88,57
45,82
2,02
5,65
11,39
12,12
1,84
8,91
3,63
Farelo de Trigo
88,20
16,40
4,25
3,80
37,80
12,25
2,80
7,35
2,75
Feno de tifton 85
91,30
13,72
3,10
2,01
68,40
37,80
6,70
28,90
2,40
MS
1
: matéria seca; PB
2
: proteína bruta; EE
3
: extrato etéreo; MM
4
: matéria mineral; FDN
5
: fibra detergente neutro;
FDA
6
: fibra detergente ácido. EM
7
: energia metabolizável (Mcal/kg).
Tabela 2. Composição centesimal e química da ração experimental (MS).
Ingrediente
MS
1
MS
1
PB
2
EE
3
MM
4
FDN
5
FDA
6
Lignina
Celulose
EM
7
%
%
%
%
%
%
%
%
%
Mcal/kg
Milho moído
44,2
38,92
3,76
1,60
0,22
7,19
1,62
0,63
1,10
1,57
Farelo de Soja
21,8
19,31
9,99
0,44
1,23
2,48
2,64
0,40
1,94
0,79
Farelo de Trigo
20
17,64
3,28
0,85
0,76
7,56
2,45
0,56
1,47
0,55
Feno Coast Cross
10
9,13
1,37
0,31
0,20
6,84
3,78
0,67
2,89
0,24
Sal mineral
2
Núcleo vitaminico
2
total
100
85,00
18,40
3,20
2,41
24,07
10,49
2,26
7,40
3,15
MS
1
: matéria seca; PB
2
: proteína bruta; EE
3
: extrato etéreo; MM
4
: matéria mineral; FDN
5
: fibra detergente neutro;
FDA
6
: fibra detergente ácido. EM
7
: energia metabolizável (Mcal/kg).
As 36 fêmeas do experimento foram colocadas em estação de monta no 1º
e ano (2007 e 2008) e receberam o manejo efetuado para o rebanho de matrizes
que constituiu na permanência em pastagem piqueteada de Tifton 85, suplementação
de 1% do PV com base na MS com concentrado contendo 16% PB e 77% de NDT e
disponibilidade de comedouros privativos para acesso dos cordeiros nascidos no
rebanho com concentrado de 20% PB e 68% NDT.
O monitoramento das infecções parasitárias foi efetuado a cada 28 dias segundo
a metodologia descrita por Matos & Matos (1988) por meio da contagem de ovos por
grama de fezes (OPG) coletadas diretamente da ampola retal das ovelhas. O controle
parasitário seguiu a recomendação de ser realizado quando a contagem alcançasse
limites acima de 500.
40
Foi avaliado o desempenho reprodutivo das fêmeas experimentais em 2 anos
consecutivos (2007 e 2008) bem como o desempenho de seus cordeiros, efetuando-
se a pesagem e identificação ao nascimento, pesagem aos 30 e aos 60 dias de vida
quando foram desmamados.
Resultados e Discussão
Os valores médios obtidos para as 36 cordeiras neste experimento para os
parâmetros peso ao nascer, peso aos 30 dias de idade, peso aos 60 dias de idade,
ganho médio de peso diário do nascimento ao desmame, bem como o consumo de
concentrado diário e total estão descritos na Tabela 3.
O consumo de concentrado diário e total dos 3 lotes não foi analisado
estatisticamente por não haver os dados de consumo individual para cada cordeira.
Tabela 3. Médias e coeficientes de variação (CV%) do peso ao nascer (PN), peso (P)
aos 30 dias e peso aos 60 dias (P), consumo diário e consumo total das
cordeiras alimentadas com 3 níveis de ingestão de ração de 18% PB e 3,15
Mcal EM/kg/MS.
Parâmetros
Níveis de suplementação (%)
1
2,5
4
CV (%)
PN
4,38 a
4,56 a
4,76 a
22,92
P (30 dias)
13,89 a
14,77 a
15,22 a
22,75
P (60 dias)
22,57 a
24,33 a
25,36 a
18,76
GMD N - desmame
0,303 a
0,330 a
0,344 a
19,85
Consumo médio ração cordeira (kg/dia)
0,085
0,220
0,365
Consumo médio ração lote (kg/dia)
1,020
2,640
4,380
Consumo ração total lote cordeiras (kg)
61,22
158,40
262,80
Consumo total de PB lote cordeiras (kg)
11,02
28,51
47,30
Médias seguidas de letras iguais na mesma linha não diferiram pelo teste Tukey (P>0,05)
GMD N desmame: ganho médio de peso diário do nascimento ao desmame
Os pesos ao nascer das cordeiras dos 3 tratamentos foram bem próximos o que
conferiu homogeneidade aos lotes experimentais. As análises estatísticas para os
parâmetros peso ao nascer, peso aos 30 dias, peso aos 60 dias e ganho de peso
médio diário não apresentaram diferenças.
Os pesos observados nos 3 tratamentos até os 30 dias de idade confirmam que
na fase materno dependente o leite da ovelha possui fundamental importância no
41
desenvolvimento de suas crias, pois mesmo que haja disponibilidade de ração
concentrada, a ingestão de alimentos sólidos é muito pequena não contribuindo de
modo significativo para o desempenho dos animais.
De acordo com o NRC (1985) cordeiros de raças com peso adulto de 95 a 110
kg com ganho médio de peso diário de 0,250 a 0,350 kg, dos 10 aos 50 dias de vida,
necessitam ingerir aproximadamente 0,180 kg de proteína bruta por dia. Neste
experimento as quantidades diárias de proteína bruta provenientes da ração
concentrada situaram-se em 0,015 kg para o lote com 1% de ingestão; 0,040 kg para o
lote com 2,5% de ingestão e 0,066 kg para o lote com 4% de ingestão.
Em estudo desenvolvido para avaliar a fase de transição da dieta líquida para a
sólida em cordeiros criados com acesso a comedouros privativos Silva et al (2002),
observaram que a presença do comedouro privativo teve pequeno efeito no ganho de
peso dos animais nas 3 primeiras semanas de vida, responsabilizando a ingestão de
leite pelos pesos e ganhos médios diários obtidos, pois o consumo de ração
concentrada foi pequeno (135 g/dia).
A presença ou não do comedouro privativo afetou o ganho de peso dos
cordeiros a partir da semana, pois houve aumento no ganho de peso dos cordeiros
sem acesso à ração, coincidindo com o pico de lactação das mães. A partir da
semana, a produção leiteira das mães aumentou no tratamento com suplementação,
decrescendo acentuadamente no tratamento sem suplementação.
A e semanas de lactação mostraram queda mais brusca na produção das
ovelhas com cordeiros não suplementados, coincidindo com decréscimo no seu ganho
de peso levando os autores a concluírem que a contribuição do leite no ganho de peso
dos cordeiros foi fundamental até o pico de lactação, destacando o papel da
suplementação após o 1º mês de vida.
Os autores relatam produção média de 2,265 kg/dia com teores de proteína
bruta de 5,17% na e semana, 1,490 kg/dia e 4,73% de PB na e semana e
1,200 kg/dia e 5,13% de PB na 8ª e 9ª semanas de lactação.
Ao avaliarem a produção de leite, o consumo de alimento de ovelhas e borregas
e o ganho de peso de seus cordeiros Zeppenfeld et al. (2002), descreveram que a
partir da 4ª semana de lactação há declínio na produção de leite por parte das ovelhas
e borregas, a partir da semana a produção de leite diária é inferior a 1 kg e a partir
da 8ª semana chega próximo a metade do leite produzido no inicio da lactação.
Siqueira et al. (1998) relataram que o pico de produção de leite ocorre entre a
e semanas após o parto e que 75% da produção total da lactação ocorre nas
42
primeiras 8 semanas; após esse período, o ganho de peso dos cordeiros irá depender,
principalmente, da alimentação sólida.
Mesmo não havendo diferenças para peso aos 60 dias, estes foram
numericamente superiores à medida que a disponibilidade de ração concentrada no
comedouro privativo aumentou. O nível de ingestão 4% do peso vivo proporcionou
1,03 kg de peso a mais em relação ao lote com ingestão de 2,5% do peso vivo e 2,79
kg de peso a mais em relação ao nível de ingestão de 1% do peso vivo.
Estando de acordo com os resultados obtidos por Silva Sobrinho et al. (2004)
que descreveram que na fase materno independente houve interação entre dieta e
sexo apenas para o ganho de peso e concluíram que há influencia do fornecimento de
alimentos sólidos na velocidade de crescimento dos cordeiros, diminuindo a idade ao
desmame, possivelmente pelo desenvolvimento precoce do rúmen.
Os resultados obtidos neste experimento foram semelhantes aos obtidos por
Neres et al. (2001) ao avaliarem cordeiros criados em creep feeding por 2 anos
consecutivos; no ano testaram rações isoproteicas (20% de PB) com fornecimento
ad libitum para cordeiras da raça Suffolk, verificaram peso vivo médio de 17,53 kg para
cordeiras sem acesso ao comedouro privativo e 23,06 kg para cordeiras com acesso
ao comedouro privativo. Quanto ao ganho médio de peso diário verificaram ser de
0,181 kg para as cordeiras sem acesso ao comedouro privativo e de 0,329 kg para as
cordeiras suplementadas.
Os pesos das ovelhas em distintas fases da lactação estão descritos na Tabela
4. Não houve diferença para o peso das ovelhas em fase de lactação em função dos
tratamentos efetuados aos cordeiros com 1; 2,5 e 4% de ingestão de concentrado no
comedouro privativo.
No entanto, numericamente, houve decréscimo no peso das ovelhas, para o
tratamento de 1% de ingestão de ração concentrada no comedouro privativo do ao
30º dia de lactação, o decréscimo no peso corporal das ovelhas foi de 3,69 kg e ao
final de 60 dias 7,62 kg. Para o tratamento de 2,5% de ingestão de concentrado no
comedouro privativo 1,84 kg no período do ao 30º dia de lactação e de 3,31 kg e
aos 60 dias. Para o tratamento de 4% de ingestão de concentrado no comedouro
privativo houve perda de peso por parte das ovelhas de 0,910 kg do ao 30º dia e
aos 60 dias 5,47 kg.
Estes resultados demonstram que as ovelhas em lactação, mobilizam reservas
corporais para a manutenção da produção de leite, mesmo que suas exigências
43
nutricionais sejam atendidas de acordo com NRC (1985), havendo declínio no peso
corporal no decorrer das fases da lactação.
Tabela 4. Peso (P) das matrizes ao parir e em distintas fases da lactação
Parâmetros
Níveis de suplementação (%)
CV (%)
1
2,5
4
P (5 dias)
73,33 a
76,31 a
77,37 a
17,07
P (30 dias)
69,64 a
74,47 a
76,46 a
17,32
P (60 dias)
65,71 a
73,00 a
71,90 a
17,94
Perda peso P - D
7,62
3,31
5,47
Médias seguidas de letras iguais na mesma linha não diferiram pelo teste Tukey (P>0,05).
Perda de peso P D: perda de peso do parto ao desmame.
No presente experimento observou-se que as ovelhas mães dos cordeiros
do lote com ingestão de 1% do PV de concentrado no comedouro privativo
apresentaram maior declínio nos pesos corporais em relação às ovelhas dos outros
lotes experimentais, este fato deve-se possivelmente à menor quantidade de ingestão
de alimentos sólidos e, em conseqüência, a maior dependência do leite materno por
parte dos cordeiros para atender às suas exigências nutricionais na fase materno
independente. Por outro lado, o decréscimo no peso corporal por parte das ovelhas
mães dos cordeiros do lote com ingestão de 4% do PV de ração concentrada no
comedouro privativo pode ser devido ao peso numericamente maior dos cordeiros,
possivelmente promovido pelo volume consumido de ração concentrada.
Os resultados deste experimento corroboram os de Mexia et al (2001) ao avaliar
o comportamento reprodutivo de ovelhas Santa Inês, suplementadas em diferentes
estágios de gestação que relataram que os diferentes períodos de suplementação na
gestação não influenciaram o peso da ovelha aos 84 dias após inicio da
suplementação e o peso da ovelha ao desmame, sendo os valores médios de 49,54
kg; 38,96 kg respectivamente, demonstrando haver decréscimo nos pesos das ovelhas
durante o período de lactação de 10,58 kg.
No período da estação de monta do primeiro ano as borregas experimentais
apresentaram média de peso corporal de 57,00 kg, em torno de 81% do peso corporal
adulto médio do rebanho, indicando que os tratamentos até o desmame não
interferiram nos pesos aos 240 dias de idade quando foram colocadas com
reprodutores para monta natural separadas das demais matrizes.
44
Das 36 borregas experimentais, 8 do lote de 4% de ingestão do PV de
concentrado com base na matéria seca em comedouro privativo,7 do lote de 2,5%
ingestão e 3 do lote de 1% pariram. Apresentaram partos simples e gemelares sendo
1do lote de 2,5% e 2 do lote de 1%. Fato que pode ser explicado pela idade em que as
fêmeas entraram em reprodução, pois as borregas, na fase da puberdade, que pode
variar de 6 a 18 meses dependendo da raça e principalmente das condições
alimentares, podem apresentar de 0 a 100% de cios viáveis, conforme Siqueira (2001)
ao citar Dyrmundisson (1994). Observa-se que as borregas com ingestão de
concentrado de 2,5 e 4% do PV no período de lactação tiveram desempenho
reprodutivo superior às borregas do lote com ingestão de concentrado de 1% do PV,
porém estas últimas apresentaram maior índice de partos gemelares.
Os dados sobre o desempenho reprodutivo das borregas experimentais no
ano (2007) encontram-se na Tabela 5. Houve diferenças para o número de fêmeas
paridas, os lotes que receberam suplementação de 2,5 e 4% do PV tiveram
desempenho reprodutivo equiparados diferindo do lote que recebeu suplementação de
1% do PV.
Tabela 5. Número de Partos, porcentagem de paridas e condição sexual dos filhos das
borregas experimentais no ano de cobertura.
Lotes
Ano 2007
Parto
Sexo cordeiros
Borregas
Paridas
% Paridas
Simples
Gemelar
Machos
Fêmeas
1%
12
3
25
1
2
2
3
2,5%
12
7
58
6
1
3
5
4%
12
8
67
8
---
1
7
Alise não paramétrica Teste de Wilcoxon.
Os resultados demonstram que as borregas experimentais alcançaram a idade a
puberdade aos 8 meses, parindo aos 13 meses de idade. As demais borregas mesmo
demonstrando pesos e condições corporais adequadas para a cobertura,
possivelmente tenham alcançado a idade a puberdade aos 8 meses, porém não
apresentaram cios viáveis e/ou não atingiram maturidade sexual suficiente para a
prenhez no primeiro ano.
indicativos que demonstram que as borregas podem continuar sexualmente
imaturas durante um período mesmo após atingirem a puberdade com a ocorrência do
estro, tendo a fertilidade menor quando comparada à de ovelhas adultas durante o
ano de atividade reprodutiva. O que pode ser observado pela curta duração do
45
estro, a baixa intensidade de sua manifestação e também pela presença de ovulações
silenciosas e de ciclos estrais irregulares ou longos, o que interfere no comportamento
sexual dos machos que darão preferência paras fêmeas multíparas (Dyrmundsson,
1978; Hafez, 1952; Hare & Bryant, 1982; Abecia et al., 1996; Bathaei, 1996; Lynch et
al., 1992).
Mori et al. (2006) ao analisar o desempenho reprodutivo de ovelhas Hampshire
Down, Ile de France, Suffolk e Corriedale com média de peso de 50 kg de peso vivo e
idades mensuradas pelo número de dentes permanentes, submetidas a diferentes
formas de suplementação alimentar antes e durante o período de acasalamento,
separadas em 3 tratamentos, sem suplementação, suplementação com 600 g/dia de
milho triturado e suplementação com 600 g/dia de concentrado constituído de 75% de
milho triturado e 25% de farelo de soja, relatam que as ovelhas que receberam
suplementação apresentaram maiores pesos, ganhos de peso e escores da condição
corporal ao final da estação de monta, os fatores idade e grupo racial das ovelhas
afetaram significativamente o índice de natalidade. Porém, a suplementação não
resultou em maior taxa de parição nem em aumento de partos gemelares mesmo com
as ovelhas de 8 dentes tendo apresentado pesos superiores aos daquelas de 4 e 6
dentes durante todo o período de suplementação e na parição, indicativo de que as
ovelhas de até 6 dentes estavam em fase de crescimento.
Alves et al. (2008) em estudo para avaliar o desempenho reprodutivo de
borregas e o desempenho de seus cordeiros até o desmame, criados em sistema
intensivo em pasto, utilizaram borregas da raça Santa Inês, com peso vivo médio de
37 kg e borregas Suffolk com peso vivo médio de 44 kg. Os animais foram mantidos
em pastagem de Panicum maximum cv. Colonião e receberam suplementação com
silagem de milho. Os cordeiros acesso ao comedouro privativo com concentrado à
vontade constituído de farelo de soja, milho e mistura mineral, com 20% de proteína
bruta até o desmame aos 65 dias de idade e relatam que das 20 borregas Santa Inês
em cobertura, 18 pariram, das 19 borregas Suffolk 17 pariram.
Para o desempenho reprodutivo das fêmeas, as taxas de parição, natalidade,
prolificidade, peso ao nascer, aos 30, 60 e 65 dias, os autores relataram não haver
diferenças entre as raças, no entanto as borregas Suffolk apresentaram taxa de parto
gemelar de 23,5% e maior habilidade materna.
Os dados referentes ao peso ao nascer, peso aos 30 dias, peso aos 60 dias e
ganho médio de peso diário, número de cordeiros nascidos e peso (kg) de cordeiros
46
desmamados dos cordeiros e cordeiras filhos das borregas experimentais no ano
de parição, estão descritos na Tabela 6.
Não houve diferenças para os parâmetros avaliados, contudo os cordeiros e
cordeiras filhos das borregas do lote com ingestão de ração concentrada de 1% do PV
com base na matéria seca apresentaram pesos do nascimento aos 60 dias e ganho
médio de peso diário numericamente inferior aos filhos das borregas dos outros 2
lotes.
Quando comparadas as médias entre machos e fêmeas dos 3 lotes as análises
não mostraram diferenças para sexo.
Os resultados corroboram os obtidos por Tonetto et al. (2002) que ao avaliarem
o desempenho de cordeiros cruza Ille de France X Texel em diferentes sistemas de
alimentação, constataram que não houve diferença no ganho médio diário entre
machos e fêmeas de parto duplo confinados cujos valores foram de 0,180 e 0,139
kg,respectivamente e com Muniz et al (1997), ao avaliarem o efeito do número de
cordeiros por parto e do sexo do cordeiro sobre o crescimento ponderal, concluíram
que o GMD do nascimento ao desmame com 76 dias e do nascimento aos 208 dias
não diferiu entre machos com 0,133 kg e fêmeas com 0,129 kg.
O valor médio obtido para ganho médio de peso diário dos filhos das borregas
experimentais no ano de parição foi de 0,329 kg para os cordeiros e de 0,297 kg
para as cordeiras ficando abaixo aos resultados obtidos por Almeida Junior et al.
(2002) avaliando diferentes níveis de substituição (0; 50 e 100%) do milho grão seco
Tabela 6. Pesos ao nascer (PN), peso aos 30 dias (P), peso aos 60 dias (P) e ganho
médio diário de peso (GMD), número de cordeiros nascidos (N CN), e peso
de cordeiros desmamados (PCD) para os cordeiros e cordeiras filhos das
borregas experimentais no ano de parição.
Machos
Fêmeas
Níveis de Suplementação (%)
Níveis de suplementação (%)
Parâmetros
1
2,5
4
CV%
1
2,5
4
CV%
PN
3,01 a
4,52 a
6,48 a
21,42
3,43 a
4,14 a
4,21 a
23,18
P (30 dias)
12,58 a
14,89 a
16,78 a
16,51
12,29 a
14,61 a
14,01 a
20,42
P (60 dias)
20,50 a
24,25 a
28,40 a
19,64
18,40 a
22,72 a
23,94 a
17,93
GMD N - D
0,292 a
0,329 a
0,365 a
20,95
0,250 a
0,310 a
0,330 a
18,90
N CN
2
3
1
3
5
7
PCD (kg)
41,00
72,75
28,40
55,20
113,60
167,58
Médias seguidas de letras iguais na mesma linha não diferiram pelo teste Tukey (P>0,05).
GMD N D: ganho médio diário do nascimento ao desmame.
47
moído (MGS) pela silagem de grãos úmidos de milho (SGUM) para os cordeiros
Suffolk criados e terminados em comedouro privativo, observaram que o ganho médio
diário não foi afetado pelos tratamentos, sendo encontrados os valores de 0,368;
0,396 e 0,385 kg/dia, respectivamente para os níveis 0; 50 e 100% de substituição de
MGS por SGUM. O valor médio foi de 0,383 kg.
O ganho médio de peso diário encontrado nesta pesquisa foi menor em relação
aos obtidos por Neres et al. (2001) de 0,373 kg e Garcia et al. (2003) de 405,54 kg.
Esses autores realizaram estudo com cordeiros Suffolk sob suplementação em
comedouro privativo e alimentados com concentrados contendo 21,30 e 18,50% PB e
2,94 e 2,80 Mcal/EM, respectivamente.
Poli et al. (2008) registraram ganho médio de peso diário de 0,280 kg em
experimento com cordeiros Suffolk em comedouros privativos alimentados com ração
em quantidade equivalente a 1% do peso vivo com 19% de PB e 80% de NDT,
estando de acordo com os dados obtidos neste experimento.
O desempenho reprodutivo das borregas experimentais no ano de cobertura
está descrito na Tabela 7. Houve diferença para o número de fêmeas paridas, o lote
de borregas que recebeu suplementação de 4% do PV teve maior desempenho
reprodutivo em relação aos demais lotes. Os Lotes que receberam 1 e 2,5% do PV de
suplementação não diferiram no 2º de cobertura.
Observou-se neste período que as fêmeas experimentais ao entrarem em
estação de monta apresentaram de 100% do peso corporal adulto, com média de 68
kg de peso vivo.
No entanto, as fêmeas do lote com ingestão de ração concentrada de 1% do PV
até os 60 dias de idade apresentaram pesos corporais 11% inferiores às fêmeas dos
outros 2 lotes.
Das 36 borregas experimentais, 12 do lote de 4% de ingestão do PV de
concentrado em comedouro privativo, 8 do lote de 2,5% ingestão e 7 do lote de 1%
pariram. Apresentaram partos simples e gemelares sendo 1 do lote de 4%, 2 do lote
de 2,5%.
O maior número de fêmeas paridas no ano deste experimento pode ser
explicado pelo fator idade da matriz, pois ao se comparar o desempenho reprodutivo
de verifica-se que as ovelhas possuem desempenhos superiores aos das borregas.
48
Tabela 7. Número de partos, porcentagem de paridas e condição sexual dos filhos
das borregas experimentais no ano de cobertura.
Lotes
Ano 2008
Parto
Sexo cordeiros
Borregas
Paridas
% Paridas
Simples
Gemelar
Machos
Fêmeas
1%
12
7
58
7
---
4
3
2,5%
12
8
67
6
2
5
5
4%
12
12
100
11
1
8
5
Média seguidas de mesma letra não diferem entre si pela análise não paramétrica de Wilcoxon.
Concordando com Mori et al. (2006), que ao analisarem o desempenho
reprodutivo de ovelhas dos grupos raciais Hampshire Down, Ile de France, Suffolk e
Corriedale submetidas a diferentes formas de suplementação alimentar antes e
durante o período de acasalamento verificaram que as ovelhas sob suplementação
apresentaram maiores pesos, ganhos de peso e escores da condição corporal ao final
da estação de acasalamento, implicando maior deposição de tecidos (músculo e
gordura) no corpo do animal. Observaram que o flushing não resultou em maior taxa
de parição nem em aumento de partos gemelares, entretanto os fatores idade e grupo
racial das ovelhas afetaram o índice de natalidade.
Os dados referentes ao peso ao nascer, peso aos 30 dias, peso aos 60 dias e
ganho médio de peso diário, número de cordeiros nascidos e peso (kg) de cordeiros
desmamados dos cordeiros e cordeiras filhos das borregas experimentais no ano
de parição, estão descritos na Tabela 8. Não houve diferenças para os parâmetros
avaliados.
Mesmo não havendo diferenças para os parâmetros analisados no ano para o
desempenho dos cordeiros, nota-se que numericamente os filhos das borregas do lote
com ingestão de concentrado de 1% do PV até os 60 dias de idade apresentaram
médias de peso ao nascer, peso aos 30 dias, peso aos 60 dias e ganho de peso
médio diário equiparados aos dos cordeiros filhos das borregas do lote de 4% e
superiores ao dos cordeiros filhos das borregas de 2,5%.
Este resultado pode ser explicado pelo fato das borregas do lote 1% não
apresentarem partos gemelares e a análise estatística ser efetuada para o lote,
fazendo distinção apenas para o sexo e não para o tipo de parto. O mesmo ocorrendo
para as fêmeas que apresentaram resultados numericamente superiores as cordeiras
dos lotes de 2,5 e 4%.
49
No ano de cobertura o desempenho reprodutivo das borregas dos lotes
suplementados com 2,5 e 4% do PV com concentrado de 18% PB e 3,15 Mcal
EM/kg/MS foi semelhante tanto em fêmeas paridas quanto em número de cordeiros
nascidos e desmamados. Das 12 borregas do lote de 4%, 8 apresentaram partos
simples e desmamaram 195,98kg de cordeiros; do lote de 2,5%, 7 das 12 cordeiras
pariram, 6 apresentaram parto simples e 1 parto gemelar com o total de 8 cordeiros
nascidos e 186,35 kg de cordeiros desmamados. Do lote suplementado com 1% do
PV, 3 fêmeas pariram, 1 de parto simples e 2 com parto gemelar com o total de 5
cordeiros nascidos e desmamaram 96,2 kg de cordeiros.
No ano de cobertura, as 12 borregas do lote de 4% pariram, 11 partos simples
e 1 com parto gemelar, total de 13 cordeiros nascidos e desmamados 315,15 kg de
cordeiros; pariram 8 borregas do lote de 2,5% sendo 6 partos simples e 1 gemelar com
total de 10 cordeiros nascidos e desmamados 223,15 kg de cordeiros. Das 12
borregas do lote de 1%, 7 pariram apresentando parto simples e desmamaram 176,91
kg de cordeiros.
Tabela 8. Pesos ao nascer (PN), peso aos 30 dias (P), peso aos 60 dias (P) e ganho
médio diário de peso (GMD), número de cordeiros nascidos (N CN), e peso
de cordeiros desmamados (PCD) para os cordeiros e cordeiras filhos das
borregas experimentais no ano de parição.
Machos
Fêmeas
Níveis de Suplementação (%)
Níveis de suplementação (%)
Parâmetros
1
2,5
4
CV%
1
2,5
4
CV%
PN
4,88 a
3,86 a
4,36 a
20,20
5,00 a
4,04 a
4,36 a
24,88
P (30 dias)
14,78 a
13,37 a
13,12 a
13,70
16,22 a
13,57 a
14,68 a
19,30
P (60 dias)
25,08 a
21,84 a
25,05 a
14,71
25,53 a
22,79 a
22,95 a
15,32
GMD N - D
0,349 a
0,300 a
0,349 a
16,24
0,342 a
0,313 a
0,310 a
19,19
N CN
4
5
8
3
5
5
PCD (kg)
100,32
109,20
200,40
76,59
113,95
114,75
Médias seguidas de letras iguais na mesma linha não diferiram pelo teste Tukey (P>0,05).
GMD N D: ganho médio diário do nascimento ao desmame.
50
Conclusão
A suplementação em comedouro privativo com nível de ingestão diária
de 4% do peso vivo com base na matéria seca de concentrado contendo 18% de PB e
3,15 Mcal de EM/kg/MS para as cordeiras até o desmame, promoveu melhor
desempenho reprodutivo no primeiro e segundo ano de cobertura.
51
Literatura Citada
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55
CAPÍTULO 4
IMPLICAÇÕES
O experimento demonstrou haver respostas positivas no desempenho e na
precocidade sexual das cordeiras Suffolk com a utilização do comedouro privativo
contendo rações concentradas com dois níveis protéicos (25 e 18%) e níveis próximos
de Mcal EM/kg/MS (3,18 e 3,15 Mcal EM/kg/MS) formuladas com uma fonte protéica
de alta qualidade como o farelo de soja. Porém, há necessidade de se efetuar
pesquisas com o intuito de avaliar o desempenho de maior número de borregas, não
da raça Suffolk, como também das demais raças produtoras de carne, com a
utilização de fontes protéicas alternativas disponibilizadas para a alimentação animal.
Para experimentos posteriores, a quantificação da produção de leite das
borregas e ovelhas e a ingestão pelos cordeiros seriam de grande importância, pois
possibilitaria estimar com maior precisão qual foi a contribuição da suplementação
protéica no desempenho das cordeiras nas fases materno dependente e
independente.
A utilização do comedouro privativo para suplementação das cordeiras é uma
importante estratégia para alcançar índices satisfatórios de peso ao desmame, pois
neste experimento as fêmeas com os maiores pesos aos 60 dias, mostraram-se mais
aptas a reprodução no primeiro ano de vida.
Em pesquisas futuras seria interessante o uso de maior número de animais para
que se possam obter índices estatísticos e resultados em percentuais da contribuição
da suplementação protéica e energética em comedouro privativo até a idade de
desmame, na redução da idade a puberdade e maturidade sexual de borregas.
Torna-se mais viável a suplementação em comedouros privativos quando os
insumos destinados à formulação de concentrados encontram-se favoráveis em
termos de custo na maior parte do ano.
No que diz respeito às infestações parasitárias, no primeiro experimento, os lotes
suplementados em comedouro privativo com 300 e 600 g diários de concentrado
contendo 25% de PB e 3,18 Mcal EM/kg/MS, mostraram menor susceptibilidade à
verminoses, o mesmo não ocorrendo com o lote sem suplementação que exigiu
maiores cuidados e maior número de aplicações de vermífugos.
56
No segundo experimento as suplementações de 2,5 e 4% do PV com
concentrado contendo 18% de PB e 3,15 Mcal de EM/kg/MS promoveram maior
resistência à endoparasitoses, diminuindo o uso de produtos para controle de
verminoses, quando comparados ao lote suplementado com 1% do PV.
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