Download PDF
ads:
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA
SAÚDE
PATRÍCIA MADRUGA RÊGO BARROS
DEPRESSÃO E QUALIDADE DE VIDA EM PACIENTES NO
PRÉ E PÓS-TRANSPLANTE RENAL
RECIFE
2008
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA
SAÚDE
PATRÍCIA MADRUGA RÊGO BARROS
DEPRESSÃO E QUALIDADE DE VIDA EM PACIENTES NO
PRÉ E PÓS-TRANSPLANTE RENAL
RECIFE
2008
ads:
Barros, Patrícia Madruga Rêgo
Depressão e qualidade de vida em pacientes no pré e pós-
transplante renal / Patrícia Madruga Rego Barros. – Recife :
O Autor, 2009.
76 folhas : il., tab.
Dissertação (mestrado) – Universidade Federal de
Pernambuco. CCS. Ciências da Saúde, 2009.
Inclui bibliografia, anexos e apêndices.
1. Transplante de órgãos e tecidos – Aspectos
psicossociais. 2. Depressão pré e pós transplante. 3. Qualidade
de vida pré e pós-transplante. I. Título.
616-089.843 CDU (2.ed.) UFPE
617.95 CDD (22.ed.) BC2009-023
PATRÍCIA MADRUGA RÊGO BARROS
DEPRESSÃO E QUALIDADE DE VIDA EM PACIENTES NO
PRÉ E PÓS-TRANSPLANTE RENAL
Dissertação apresentada ao Programa de
Pós-Graduação em Ciências da Saúde do
Centro de Ciências da Saúde da
Universidade Federal de Pernambuco,
como requisito parcial para obtenção do
grau de Mestre.
ORIENTADORA
Profª. Dra. Luciane Soares de Lima
RECIFE
2008
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO
REITOR
Prof. Amaro Henrique Pessoa Lins
VICE-REITOR
Prof. Gilson Edmar Gonçalves da Silva
PRÓ-REITOR PARA ASSUNTOS DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO
Prof. Anísio Brasileiro de Freitas Dourado
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
DIRETOR
Prof. José Thadeu Pinheiro
HOSPITAL DAS CLÍNICAS
DIRETOR SUPERINTENDENTE
Prof. George da Silva Telles
DEPARTAMENTO DE MEDICINA CLÍNICA
Profª. Jocelene Madruga
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE
COODENADOR
Prof. Edmundo Pessoa de Almeida Lopes Neto
VICE-COORDENADORA
Profª. Ana Lúcia Coutinho Domingues
CORPO DOCENTE
Profª. Ana Lúcia Coutinho Domingues
Profª. Ângela Luiza Pinto Duarte
Prof. Antônio Roberto Leite Campelo
Prof. Brivaldo Markman Filho
Prof. Edgar Guimarães Victor
Prof. Edmundo Pessoa de Almeida Lopes Neto
Prof. Ênio Torreão Soares Castellar
Prof. Fernando Tarcísio Miranda Cordeiro
Profª. Heloísa Ramos Lacerda de Melo
Prof. Hilton de Castro Chaves Jr.
Prof. José Ricardo Barros Pernambuco
Prof. Lurildo Cleano Ribeiro Saraiva
Profª. Maria de Fátima Militão de Albuquerque
Profª. Luciane Soares de Lima
________________________________________________________________________
Dedico este trabalho a minha filha Maria, por ser a
maior razão da minha vida e ter me impulsionado à
conclusão deste trabalho.
________________________________________________________________________
AGRADECIMENTOS
A Deus, pela força e determinação para atingir os meus objetivos.
Aos meus pais, por proverem os meios para que eu alcançasse esta meta, com muito amor e
carinho.
Ao meu esposo, pela dedicação e conforto nos momentos mais difíceis.
À minha irmã e tias, pelo cuidado com a minha filha e pelo apoio emocional dispensados.
Ao meu primo Fernando, pela disponibilidade e carinho.
Às minhas amigas queridas, por entenderem minha ausência.
Aos meus colegas de trabalho, especialmente à Dra. Lúcia Freitas, Dra. Renata Lemos, Dra.
Maria José Mesquita, Dra. Anamaria Leite, Dra. Flávia Guerra e ao Dr. Carlos Alberto
Gurgel, pelo incentivo e por acreditarem que seria possível atingir esse objetivo.
À minha orientadora Dra. Luciane Soares de Lima, pela grande contribuição científica e
paciência.
Aos pacientes, por concordarem em participar deste estudo e pelo afeto dispensado.
Aos Professores Dr. Edmundo Pessoa de Almeida Lopes Neto, Dra. Cleide Maria Pontes, Dr.
Frederico Castelo Branco Cavalcanti, Dra. Eliane Ribeiro de Vasconcelos, Dra. Maria Gorete
Lucena de Vasconcelos e Dra. Iracema da Silva Frazão, pela importante contribuição nas
correções durante a pré-banca e a banca examinadora.
________________________________________________________________________
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
BDI Beck Depression Inventory
CCS Centro de Ciências da Saúde
CDL Catéter duplo lúmen
CEP Comitê de Ética e Pesquisa
CNCDO Central de Notificação, Capacitação e Distribuição de Órgãos
DM Diabetes Mellitus
EUA Estados Unidos da América
HC-UFPE Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco
HLA Human Leukocyte Antigens
IRC Insuficiência renal crônica
OKT3 Anticorpo Monoclonal – Orthoclone
QV Qualidade de Vida
SF-36 Medical Outcomes Study 36-item Short- Form Health Survey
SIDA Síndrome da Imunodeficiência Adquirida
SIPAC Sistema Integrado de Procedimentos de Alta Complexidade
SNT Sistema Nacional de Transplantes
SUS Sistema Único de Saúde
TFG Taxa de Filtração Glomerular
TRS Terapia Renal Substitutiva
TMO Transplante de medula óssea
UFPE Universidade Federal de Pernambuco
________________________________________________________________________
LISTA DE TABELAS
Tabela 1
Pacientes renais no pré e pós-transplante segundo características
sóciodemográficas acompanhados no ambulatório do Hospital das
Clínicas. Recife, 2007.............................................................................. 43
Tabela 2
Pacientes renais no pré e pós-transplante segundo idade, renda e tempo
de diálise, acompanhados no ambulatório do Hospital das Clínicas.
Recife, 2007............................................................................................. 44
Tabela 3
Pacientes renais no pré e pós-transplante segundo níveis de
depressão, acompanhados no ambulatório do Hospital das Clínicas.
Recife, 2007............................................................................................ 45
Tabela 4
Pacientes renais no pré e pós-transplante segundo níveis de depressão,
conforme o tempo de transplante, acompanhados no ambulatório do
Hospital das Clínicas. Recife, 2007......................................................... 45
Tabela 5
Pacientes renais no pré e pós-transplante segundo níveis de depressão,
conforme o tempo de diálise, acompanhados no ambulatório do
Hospital das Clínicas. Recife, 2007......................................................... 46
Tabela 6
Pacientes renais no pré e pós-transplante segundo escores médios dos
domínios do questionário SF-36, acompanhados no ambulatório do
Hospital das Clínicas. Recife, 2007......................................................... 47
Tabela 7
Pacientes renais no pré e pós-transplante segundo escores médios dos
domínios do questionário SF-36, conforme o tempo de transplante,
acompanhados no ambulatório do Hospital das Clínicas. Recife,
2007.......................................................................................................... 48
Tabela 8
Pacientes renais no pré e pós-transplante segundo escores médios dos
domínios do questionário SF-36, conforme o tempo de diálise,
acompanhados no ambulatório do Hospital das Clínicas. Recife,
2007.......................................................................................................... 49
________________________________________________________________________
SUMÁRIO
RESUMO ........................................................................................................................
10
ABSTRACT...................................................................................................................... 11
REFERÊNCIAS .............................................................................................................. 12
1 ARTIGO DE REVISÃO ............................................................................................. 14
Transplante de Órgãos e Tecidos: Aspectos Históricos, Ético-Legais, Emocionais e
Repercussão na Qualidade de vida.................................................................................
15
Resumo......................................................................................................................... 16
Abstract.........................................................................................................................
17
1.1 Introdução.............................................................................................................. 18
1.2 Método................................................................................................................... 19
1.3 Aspectos históricos................................................................................................. 19
1.4 Aspectos legais e éticos.......................................................................................... 21
1.5 Qualidade de vida e aspectos emocionais.............................................................. 26
1.6 Considerações finais............................................................................................... 29
Referências ................................................................................................................... 30
2 ARTIGO ORIGINAL ................................................................................................. 35
Depressão e Qualidade de Vida em Pacientes no Pré e Pós-Transplante Renal. 36
Resumo......................................................................................................................... 37
Abstract.........................................................................................................................
38
2.1 Introdução............................................................................................................... 39
2.2 Pacientes e métodos ............................................................................................... 40
2.3 Resultados............................................................................................................... 42
2.4 Discussão................................................................................................................ 50
2.5 Considerações finais .............................................................................................. 55
Referências .................................................................................................................. 56
APÊNDICES
61
APÊNDICE A – Termo de consentimento livre e esclarecido................................... 62
APÊNDICE B – Formulário para caracterização da amostra..................................... 63
ANEXOS .......................................................................................................................... 64
ANEXO A Aprovação do Comitê de Ética em pesquisa ......................................... 65
________________________________________________________________________
ANEXO B – Questionário de Qualidade de Vida SF-36 ............................................ 66
ANEXO C – Inventário de Depressão de Beck (BDI) ............................................... 74
________________________________________________________________________
RESUMO
A insuficiência renal crônica (IRC) é uma deterioração progressiva e irreversível da função
renal, na qual a capacidade do organismo em manter o equilíbrio metabólico e
hidroeletrolítico falha. O início é insidioso e tem como principais causas a hipertensão arterial
e a diabetes mellitus
(1-2)
. O paciente com IRC fica restrito a dois tipos de tratamento: a terapia
renal substitutiva ou o transplante, sendo este último a modalidade que oferece melhor
qualidade de vida, possível redução do risco de mortalidade
(2-3-4)
e menor custo em relação à
diálise
2
. A evolução dos transplantes de órgãos representou grande avanço técnico- científico,
melhorando significativamente a sobrevida do doente renal crônico e de outros portadores de
doença crônica. No entanto, houve um distanciamento de aspectos importantes envolvidos
nesse contexto, como os emocionais e psicossociais
(5)
. Porém, esses aspectos vêm ganhando
destaque nas produções científicas nacionais e internacionais e repercutindo positivamente no
manejo terapêutico com os pacientes
(5-6-7-8-9-10)
. A preocupação com os aspectos psicossociais
é fundamental para o sucesso do tratamento
(6-11)
, pois estes interferem na percepção e
avaliação da doença, na adesão ao tratamento e na qualidade de vida dos pacientes com
insuficiência renal crônica
(11)
. Considerando-se a importância do assunto para os portadores
de doença renal crônica, candidatos a transplante renal, bem como para os pós-transplantados
renais, realizou-se, no ano de 2007, estudo sobre a depressão e qualidade de vida em pacientes
renais no pré e pós-transplante acompanhados no Ambulatório de Transplante Renal do
Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco (HC-UFPE). Desta pesquisa
resultaram dois artigos que compõem esta dissertação de mestrado. O primeiro é uma revisão
da literatura sobre qualidade de vida (QV) e alguns aspectos históricos, éticos, legais e
emocionais que envolvem os transplantes de órgãos e tecidos, recorreu-se às bases de dados
Medline, Scielo e Lilacs, utilizando os seguintes descritores: depressão, qualidade de vida,
transplante de órgãos, doença crônica. Foram utilizados também livros-texto e artigos citados
nas referências obtidas na revisão. O segundo, configurado sob a forma de artigo original,
teve como objetivo analisar a ocorrência de depressão e qualidade de vida em pacientes renais
no pré e pós-transplante acompanhados no ambulatório de Transplante Renal do HC-UFPE,
dos meses de julho a dezembro de 2007.
Palavras-chave: depressão, qualidade de vida, transplante de órgãos, doença crônica
________________________________________________________________________
ABSTRACT
Chronic renal failure (CRF) is a progressive deterioration, irreversible, renal function, in
which the ability of the organization in maintain metabolic rates and hydroelectrolytic failure
begins insidious and presents as main causes hypertension and diabetes mellitus
(1-2)
. The
patient with IRC is restricted to two types of treatment, the dialysis or a transplant, the last
being the type of treatment which offers better quality of life, a possible reduction in the risk
of mortality
(2-3-4)
and lower cost compared to dialysis
(2)
. The evolution of organ transplant
represented a major breakthrough technical-scientific, significantly improving the survival of
the chronic renal patient and other individuals with chronic disease, however, there was a
detachment of important issues involved in this context as the emotional and psychosocial
aspects
5
. However, those aspects are gaining prominence in scientific national production and
international impacting positively on the management treatment with patients
(5-8-9-10-11)
. The
concern with the psychosocial aspects is fundamental to a successful treatment
(6-11)
, because
they interfere with the perception and evaluation of disease, in adherence to treatment and
quality of life of kidney patients
(11)
. Considering the importance of the issue for the
population of kidney chronic, candidates for kidney transplantation and for the post - kidney
transplant took place in the year 2007, study on depression and quality of life in patients with
pre and post renal transplant accompanied at “Hospital das Clínicas” at the Federal University
of Pernambuco (HC-UFPE). This search resulted in two articles that make this Masters
dissertation. The first one consists of a literature review on quality of life (QOL), historical,
ethical, legal and emotional, involving the transplantation of organs and tissues. To do so is
sought on the basis of Medline, Scielo, Lilacs, using search for the following descriptors:
depression, quality of life, transplantation of kidney and chronic illness factors were also used
text books and articles cited in the references obtained in the review. The second article,
original, set up in study on depression and quality of life in patients with pre and post
transplantation at HC - UFPE, held in the Clinic of Renal Transplantation, the said institution,
between the months of July to December 2007, with the design type descriptive exploratory,
with quantitative approach to cohort cross. Aimed to examine depression and quality of lives
of patients in the pre and post renal transplantation.
Keywords: Depression, quality of life, organ transplantation, chronic disease.
________________________________________________________________________
REFERÊNCIAS
1 Brunner LS, Suddart, DS. Nova prática de enfermagem. 5ª ed. Rio de Janeiro:
Interamericana; 1994.
2 Cunha CB, Leon ACB, Schramm JMA, Carvalho MS, Paulo Junior RBS, Chain R.
Tempo até o transplante e sobrevida em pacientes com insuficiência renal crônica no
Estado do Rio de Janeiro, Brasil, 1998-2002. Cad saúde pública. 2007;23(24):805-13.
3 Castro M, Caiuby AVS, Draibe SA, Canziani MEF. Qualidade de vida de pacientes com
insuficiência renal crônica em hemodiálise avaliada através do instrumento genérico SF-
36. Rev Assoc Med Bras. 2003;49(3):245-9.
4 Riella MC. Insuficiência renal crônica: fisiopatologia da uremia. In: Riella MC.
Princípios de nefrologia e distúrbios hidroeletrolíticos. 3ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan; 1996. cap. 36, p. 475.
5 Pietrovsk V, Dall'Agnol CM. Situações significativas no espaço-contexto da hemodiálise:
o que dizem os usuários de um serviço? Rev bras enferm. 2006; 59(5):630-5.
6 Contel JOB, Sponholz Jr A, Torrano-Masetti LM, Almeida AC, Oliveira EA, Jesus JS, et
al. Aspectos psicológicos e psiquiátricos do transplante de medula óssea. Medicina
(Ribeirão Preto). 2000;33(3):294-311.
7 Mendes AC, Shiratori K. As percepções dos pacientes de transplante renal. Nursing (São
Paulo). 2002;5(44):15-22.
8 Virzi A, Signorelli MS, Veroux M, Giammarresi G, Maugeri S, Nicoletti A, et al.
Depression and quality of life in living related renal transplantation. Transplant
proc. 2007;39(6):1791-3.
9 Shah VS, Ananth A, Sohal GK, Bertges-Yost W, Eshelman A, Parasuraman RK, et al.
Quality of life and psychosocial factors in renal transplant recipients. Transplant proc.
2006;38(5):1283-5.
10 Baines LS, Joseph JT, Jindal RM ve ark. Emotional issues after kidney transplantation: a
prospective psychotherapeutic study. Clin transplant. 2002;16(6):450-4.
________________________________________________________________________
11 Almeida AM, Meleiro AMAS. Depressão e insuficiência renal crônica. J bras nefrol.
2000;22(1):192-200.D
________________________________________________________________________
14
1. ARTIGO DE REVISÃO
________________________________________________________________________
15
Transplante de órgãos e tecidos: Aspectos históricos, ético-legais, emocionais e
repercussão na qualidade de vida
Issues involved in transplantation of organs and tissues: historical, ethical, legal,
emotional aspects and its influence in the life quality.
Patrícia Madruga Rêgo Barros, Mestranda, em Ciências da Saúde pela UFPE, especialista
em nefrologia na área de enfermagem e enfermeira do Hospital das Clínicas, Recife-PE,
Brasil.
Luciane Soares de Lima, Doutora em Ciências Pneumológicas pela UNIFESP/EPM e Profª.
Adjunta do Departamento de Enfermagem da UFPE.
Endereço para correspondência:
Patrícia Madruga Rêgo Barros
Rua Capitão Ponciano, 63 Barro CEP 50780-040 Recife-PE, Brasil.
Tel: (081) 91427665; e - mail: patricia-m[email protected]
________________________________________________________________________
16
Resumo
Os avanços tecnológicos, essenciais para a humanidade, em muito contribuíram para a
evolução no âmbito da saúde. No entanto, a humanização continua sendo um desafio, talvez
por envolver aspectos emocionais e psicossociais fundamentais para o sucesso de qualquer
tipo de tratamento. Os transplantes de órgãos e tecidos, como parte integrante dessa evolução
técnico-científica, vêm se configurando como uma opção válida e, muitas vezes, constituem a
única alternativa viável para o doente crônico. Apesar dos avanços no tratamento dialítico, o
transplante renal vem sendo apontado como a melhor opção, tendo em vista proporcionar
melhor qualidade de vida para o paciente com insuficiência renal crônica. Porém, é válido
ressaltar que, como qualquer tratamento, o transplante tem implicações que precisam ser
discutidas, no intuito de evitar frustrações e ou complicações emocionais e psíquicas aos
pacientes que se submetem ao procedimento.
O objetivo deste artigo é apresentar a produção científica sobre qualidade de vida e alguns
aspectos históricos, éticos, legais e emocionais que envolvem os transplantes de órgãos e
tecidos. Consultas foram realizadas nas bases de dados Medline, Scielo e Lilacs, envolvendo
adultos, utilizando para pesquisa os seguintes descritores: depressão, qualidade de vida,
transplante de órgãos e doença crônica, além de consulta a livros-texto. A produção científica
pesquisada evidenciou dois aspectos relevantes: O primeiro, a significante evolução
tecnológica e de políticas públicas voltadas para os transplantes de órgãos e tecidos, no Brasil;
O segundo, no entanto, evidencia uma pequena valorização dos aspectos emocionais e sociais,
com repercussões psíquicas e na qualidade de vida dos pacientes. Observou-se também, uma
desproporção entre o número de órgãos viáveis para transplante e a crescente lista de espera,
relacionada à falha na notificação dos casos de morte encefálica e na abordagem para
solicitação da doação, tendo como consequência um elevado número de óbitos ainda na fila
de espera. Além disso, foi verificado que a população desconhece o conceito de morte
encefálica e tem receio do comércio de órgãos, demonstrando o pouco investimento para o
esclarecimento dessas questões e, consequentemente, a necessidade de campanhas educativas
para preencher esta lacuna.
Palavras-chave: depressão, qualidade de vida, transplante de órgãos, doença crônica.
________________________________________________________________________
17
Abstract
Technological advances, which are essential for humanity to a much contributed to
developments in the fields of health, however, was given a minor emotional and psychosocial
aspects critical to the success of any treatment. The transplantation of organs and tissues, as
part of technical and scientific developments, have been set up as a very valid option and
often corresponded to the only viable alternative for chronic patients. Despite the also
technological development of dialysis treatment, renal transplantation has been described as
the best option in order to provide better quality of life for chronic kidney patient. But it is
valid to emphasize that, like any treatment, the transplant has implications that need to be
clarified in order to avoid future frustrations and complications or emotional and
psychological. This article aims to have a literature review on quality of life, some historical,
ethical, legal and emotional involving the transplantation of organs and tissues. It was sought
in Medline, Scielo and Lilacs, involving adults, to search using the following descriptors
depression, quality of life, transplantation of kidney and chronic disease as well as
consultation on text books and articles cited in the references obtained in the review. The
scientific production presented had two relevant aspects: the significant technological and
evolution and policies concerned with the transplantation of organs and tissues in Brazil and
the evidence of an insignificant value people give to emotional and social aspects in patient’s
life quality. It was also observed a disproportional between the number of viable organs and
the crescent waiting list, related to the failure in the notification of cases of cerebral deaths
and to the failure in approaching the families to donate the organs of their family member.
This brings as a consequence a high number of deaths of people that were waiting for the
donation. In addition, it was observed that people does not know anything about cerebral
death and that they are afraid of the organs trade, showing that there is no sufficient
investment in this question.
Keywords: Depression, quality of life, organ transplantation, chronic disease.
________________________________________________________________________
18
1.1 Introdução
O desenvolvimento dos transplantes e sua aplicação no tratamento de doenças
terminais de alguns órgãos converteram-se num dos temas de maior êxito na história da
medicina. Os avanços no manejo imunológico, nas técnicas cirúrgicas, nos cuidados
intensivos, além da introdução de drogas imunossupressoras mais modernas e de soluções de
preservação mais eficientes, contribuíram para melhorar os resultados dos transplantes
(1)
.
Porém, é importante mencionar que a evolução técnico-científica não pode suplantar
os aspectos emocionais e psicossociais durante a condução dos processos terapêuticos
(2)
. No
entanto, essa temática vem sendo cada vez mais valorizada nas pesquisas científicas, sendo
observado um maior quantitativo de trabalhos que abordam tais aspectos, considerados como
causadores ou potencializadores de problemas no âmbito da saúde
(3-4-5-6-7-8)
.
Os aspectos éticos também são muito importantes nesse contexto. O transplante, como
todo avanço técnico-científico que traz benefícios significativos, traz também problemáticas
éticas que devem ser discutidas
(9)
.
No que diz respeito aos pacientes que se submeteram a um transplante renal, na prática
diária, em uma unidade de transplante, são percebidos sentimentos e atitudes como:
irritabilidade, revolta, culpa arrependimento, tristeza, ansiedade; observa-se também agressão
verbal e física, evasão hospitalar, abandono do tratamento, verbalização do desejo de morte e
tentativas de suicídio. Acredita-se que tais sentimentos e comportamentos possam estar
atrelados a um manejo inadequado na etapa pré-operatória dos transplantes, assim como
durante o internamento, necessitando de uma abordagem mais humanística para com esses
pacientes
(4-10)
.
A decisão de fazer um transplante de órgão não é fácil, envolve uma série de questões
que precisam ser levadas em consideração, como características socioeconômicas, cognitivas,
culturais, ideológicas e religiosas, bem como a valorização dos medos, das dúvidas, dos
anseios e perspectivas de cada paciente, por uma equipe multiprofissional que tenha um olhar
para o indivíduo e não somente para a doença
(2-10-11-12)
.
O conjunto desses fatores pode repercutir positiva ou negativamente na qualidade de
vida dos pacientes, tendo em vista que o seu significado é diferenciado para cada indivíduo
(13-
14-15)
.
Inquietante é o pouco conhecimento ou o conhecimento errôneo do paciente com
relação à cirurgia a que será submetido: o risco no ato cirúrgico, as complicações clínicas e
________________________________________________________________________
19
cirúrgicas no pós-operatório, a possibilidade de perda do enxerto, a necessidade eventual de
sessões de hemodiálise (mesmo após o transplante), as restrições alimentares, o quantitativo
de medicações, o acompanhamento ambulatorial frequente, a espera pelo atendimento, a
necessidade de realização de exames laboratoriais periódicos, o internamento, por vezes
frequente, bem como, a restrição de acompanhantes
(15)
. São muitas as questões a serem
assimiladas pelo paciente e sua família, e essas alterações repentinas em suas vidas precisam
ser valorizadas pela equipe de saúde
(10)
.
O objetivo deste artigo é apresentar a produção científica sobre qualidade de vida e os
aspectos históricos, éticos, legais e emocionais que envolvem os transplantes de órgãos e
tecidos.
1.2 Método
Foram consultadas as bases de dados Medline, Scielo e Lilacs, envolvendo adultos,
utilizando para pesquisa os seguintes descritores: depressão, qualidade de vida, transplante de
órgãos e doença crônica, além de consulta a livros-texto.
1.3 Aspectos históricos
O transplante de órgãos foi objeto de muitas tentativas, ao longo de alguns séculos,
sem contudo nenhuma possibilidade de êxito, face ao desconhecimento dos fenômenos
biológicos envolvidos na interação do receptor com o enxerto
(16)
.
Há relatos antigos abordando este tema na literatura, desde a medicina aiurvédica na
Índia, e na Grécia, porém, foi durante a Segunda Guerra Mundial que ficou definida as
principais bases biológicas do transplante, denominadas “leis do transplante”. Nesse período,
Peter Medawar e Thomas Gibson realizaram experimentos com transplante de pele, em
indivíduos com queimaduras decorrentes da guerra, e descreveram o processo de rejeição e de
não-rejeição, quando utilizado enxerto de outro indivíduo e do mesmo indivíduo,
respectivamente
(16)
.
________________________________________________________________________
20
Em 1890, foi realizado o primeiro autotransplante de tecido ósseo, pelo escocês
Macewen
(17)
. Apenas em 1905, deu-se início aos primeiros transplantes de órgãos e tecidos
com caráter experimental, tendo como mentor o francês Dr. Aléxis Carrel, que em 1912
recebeu o Prêmio Nobel pelo trabalho realizado
(18)
. Em 1954, foi descrito o primeiro
transplante renal bem sucedido, entre gêmeos univitelinos, realizado por Joseph Murray
(17)
.
Em 1963, ocorreu a primeira tentativa de transplante de fígado em humanos, nos
Estados Unidos, em Denver, por Thomas Starzl. A paciente era uma criança de três anos, com
atresia de vias biliares, que faleceu durante a cirurgia, por alterações na coagulação sanguínea.
A segunda tentativa ocorreu meses depois, realizada pelo mesmo cirurgião. Desta vez, em um
homem, que morreu, vinte dias após a cirurgia, por tromboembolismo
(19)
.
De 1963 a 1967, foram realizadas várias tentativas em diferentes países, sendo que
neste último ano se obteve o primeiro resultado favorável de transplante hepático, em uma
menina de dois anos, com colangiocarcioma. A paciente faleceu treze meses depois, porém,
em decorrência das metástases da doença original
(19)
. Ainda em 1967, foram apresentados os
quatro primeiros sobreviventes de transplante de fígado, com o objetivo de obter o apoio da
população para incentivar a doação de órgãos
(19)
.
Também neste ano, foi descrito o primeiro transplante cardíaco, por Barnard e seus
colaboradores, no Groote Schuur Hospital, na cidade do Cabo - África do Sul, em um
paciente com falência ventricular esquerda. Um ano após os primeiros transplantes (cardíacos
e hepáticos) no exterior, ocorreu o primeiro transplante cardíaco efetivo no Brasil, realizado
pelo professor Zerbini, mais precisamente em 26 de março de 1968
(18)
.
Em 1971, foi realizado o primeiro transplante renal intervivos não-consanguíneos no
Brasil, no Hospital Sírio Libanês em São Paulo
(20)
.
Vale ressalta também a importância e o histórico das drogas imunossupressoras no
processo de evolução dos transplantes. Ao longo de três décadas (1955 a 1985) foram
introduzidas novas drogas imunossupressoras: corticóides, azatioprina, globulina
antilinfocitária, ciclosporina e OKT3, com o intuito de reduzir os índices de rejeição,
aumentando, assim, a sobrevida dos transplantados. Nos transplantes cardíacos a utilização da
ciclosporina aumentou em 75% a 80% a sobrevida dos pacientes
(18)
.
Também em 1985, foi realizado o primeiro transplante de fígado bem sucedido da
América Latina, no Hospital das Clínicas de São Paulo, em uma mulher de vinte anos,
portadora de um tumor primário de fígado. Esta paciente faleceu treze meses depois, em
decorrência da recidiva da doença original
(19)
.
________________________________________________________________________
21
O segundo grupo a realizar transplante de fígado com sucesso, no país, foi o do
Instituto da Criança, em 1989, do Hospital das Clínicas de São Paulo. A partir daí, outros
Estados passaram a realizar o procedimento
(19)
.
A evolução da ciência proporcionou à população avanços significativos no campo da
saúde. No entanto, aspectos políticos e sociais que envolvem os transplantes podem estar
dificultando o acesso de um maior número de indivíduos aos benefícios técnico-científicos
alcançados.
1.4 Aspectos legais e éticos
O Brasil é um país privilegiado, no que diz respeito à legislação para transplantes de
órgãos, por dispor de leis abrangentes que oferecem segurança tanto aos transplantadores
como aos usuários. Até 1997 não havia, no Brasil, uma política de governo voltada para os
transplantes. Hoje, já se pode afirmar que existe um acesso amplo e democrático, que
independe do nível socioeconômico-cultural dos pacientes que necessitam desses
procedimentos
(16)
.
O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece cobertura integral para os procedimentos
relacionados ao transplante, que incluem o acompanhamento pós-cirúrgico, inclusive com o
fornecimento dos imunossupressores e medicações de suporte, por período indeterminado.
Nos EUA, por exemplo, a previdência e os planos de saúde dão cobertura parcial (apenas para
os imunossupressores) e ainda por um tempo limitado, após o transplante
(16)
.
No entanto, ainda existem algumas dificuldades a serem contornadas, como o tempo
de permanência na fila de espera para o transplante. Provavelmente, esse fato pode ser devido
à deficiência nas notificações às centrais de transplante e ao não aproveitamento de uma parte
dos órgãos doados
(16)
. Tais fatos podem estar relacionados à falha dos profissionais de saúde
em identificar potenciais doadores e na abordagem para solicitação da doação
(20)
, além da
falta de esclarecimento da população sobre o assunto, motivos religiosos, e da insegurança da
população quanto à eficácia dos serviços públicos
(21)
.
O momento da doação é de fundamental importância, constitui uma etapa complexa,
pois envolve sentimentos, aspectos éticos e legais, sendo necessário, portanto, uma equipe de
profissionais treinada e familiarizada com o assunto em questão
(20)
.
________________________________________________________________________
22
Com a redução do número de doadores viáveis, falecidos, aumenta consideravelmente
o número de doadores vivos, para tentar suprir a demanda reprimida
(20-21)
.
Porém, este fato não faz parte apenas da realidade brasileira, pois países
reconhecidamente dotados de maiores recursos técnicos e financeiros também ainda não
conseguiram reduzir, ainda, a fila de espera
(16)
.
“Os sistemas de transplantes são, atualmente, vítimas de seu próprio sucesso”
(22)
. À
medida que as listas de espera se alongam, em contraste com a disponibilidade de órgãos, que
permanece estável, ocorre um elevado número de mortes nestas filas de espera. Para tentar
reverter essa situação, a comunidade de transplante está revendo os critérios de aceitabilidade
de doadores, desenvolvendo novas estratégias para obtenção de órgãos, passando a aceitar
casos de captação após a parada circulatória, doadores marginais (doadores que estão fora dos
critérios ótimos para doação) e a chamada doação intervivos
(22)
.
A respeito da legislação brasileira, a primeira lei elaborada com a finalidade de
regulamentar as atividades de transplantação de órgãos foi a Lei nº 5.479, publicada em
agosto de 1968. Até o início da década de 80, os transplantes permaneceram com um caráter
acadêmico, ou seja, restritos às pesquisas clínicas. Apenas com o surgimento de novas
terapêuticas imunossupressoras, foi que o transplante, pôde ser considerado uma real opção
para os pacientes com insuficiência renal crônica. Fora das universidades e com o apoio
governamental, foram iniciadas as ações de implantação, planejamento e regulamentação dos
transplantes, devido à cobrança da sociedade para que todos tivessem os mesmos direitos de
usufruir desse benefício. Com o aumento da demanda, foram necessárias algumas mudanças,
dentre elas a modernização da lei de 1968, que não incluía, por exemplo, o conceito de morte
encefálica
(16)
.
Em 1987, foi criado o Sistema Integrado para Assistência Médica de Alta
Complexidade, a fim de planejar e regulamentar a diálise e os transplantes, sendo denominado
em 1990, Sistema Integrado de Procedimentos de Alta Complexidade (SIPAC), abrangendo
outros tipos de transplantes, além do renal. Houve também a incorporação da associação de
pacientes e de outros profissionais. Este Sistema foi extinto em 1992, ano em que foi
modificada a lei dos transplantes (Lei n° 8.489). Essa lei apenas foi regulamentada em 1993,
através do Decreto n ° 879, de 22 de julho, que tornou obrigatória a notificação, em caráter de
emergência, de todos os casos de morte encefálica
(16)
.
Desde então, qualquer serviço público ou privado que diagnostique pacientes em
morte encefálica deve notificar as Centrais de Notificação, Capacitação e Distribuição de
Órgãos (CNCDO), para que sejam incluídos como potenciais doadores de órgãos. Além disso,
________________________________________________________________________
23
para que se possa utilizar um órgão para transplante, os familiares devem concordar com a
doação
(19)
.
Depois de estabelecido o diagnóstico de morte encefálica os profissionais estão
liberados para atuar diante dos familiares ou doadores legais e procederem à solicitação dos
órgãos, seguida da assinatura, no termo de doação, do responsável e de duas testemunhas (não
participantes da equipe transplantadora ou de captação neurológica)
(20)
.
Em 1997, através da Resolução nº 1.480, do Conselho Federal de Medicina, pacientes
pediátricos foram contemplados nos critérios de morte encefálica. Neste mesmo ano, foi
sancionada a Lei nº 9.434, que instituiu a doação presumida de órgãos no país, pela emissão
de carteiras de identidade civil. Através dessa lei, ficou definido que todas as pessoas
deveriam citar, na carteira de identidade e na carteira nacional de habilitação, o desejo de doar
ou não os órgãos, em caso de morte
(16)
.
A referida lei causou grande impacto na população, o que suscitou uma mobilização
da classe médica, de pacientes e entidades representativas, que levou à promulgação da Lei n°
10.211, que acabou com a doação presumida
(16)
.
Em 1997, instituiu-se o Sistema Nacional de Transplantes (SNT) para desenvolver o
“processo de captação e distribuição de tecidos, órgãos e partes retiradas do corpo humano
para finalidades terapêuticas”
(16)
. Meses após, implantou-se o Sistema Estadual de
Transplantes, responsável pela criação de cadastros técnicos para os candidatos a receber
órgãos de cadáver, pela regionalização dos cadastros de rim e fígado, pela centralização e
distribuição dos órgãos captados, adotando os critérios determinado pela legislação, incluindo
a compatibilidade Antígeno Linfocitário Humano (HLA) para os transplantes renais e também
pela criação de organizações de procura de órgãos para descentralizar a procura e o preparo de
doadores
(16)
.
Os anos de 1997 e 1998 foram de grande movimentação na área dos transplantes, pois
houve uma maior participação da sociedade, destacando-se a Associação Brasileira de
Transplante de Órgãos
(1)
.
Em 1998, foram instituídas algumas Portarias Ministeriais, referentes à gestão dos
transplantes; a portaria de nº 3.407, aprovou o regulamento técnico sobre as atividades de
transplantes e a Coordenação Nacional de Transplantes. A portaria nº 3.410 estabeleceu as
tabelas para pagamento da busca e preparo do doador, das cirurgias de implante dos órgãos
removidos e do seguimento ambulatorial pós-transplante, correspondendo a um dos mais
importantes passos na história dos transplantes, pois, no Brasil, até então só havia cobertura
para os transplantes com doadores vivos
(1)
.
________________________________________________________________________
24
Após o estabelecimento de uma política de transplante no país, aumentou ainda mais o
número de transplantes renais e hepáticos, sendo que em 2005 foram realizados 3.362
transplantes renais, tornando o país o terceiro do mundo neste procedimento (atrás apenas dos
EUA e da China). Quanto ao transplante hepático, passou de 1,4 por milhão de população
(pmp) em 1997, para 5,6 pmp em 2005, totalizando 956 transplantes. O transplante de
pâncreas também apresentou um incremento importante, a partir de 2000. Em 2006, o Brasil
ocupava o 5° lugar, na América do Sul, na realização de transplantes, com 6,0 pmp, atrás do
Uruguai, com 25,2 pmp, Argentina, com 11,68 pmp, Chile, com 10,1 pmp, e Colômbia, com
9,9 pmp
(21)
.
A bioética está muito ligada à questão dos transplantes. Seu campo de atuação e
reflexão dá enfase às pesquisas de caráter psicossociológico, bem como as relacionadas à
medicina intensiva. Nesta última, entre outras, destacam-se as questões decorrentes da
medicina substitutiva, como é o caso dos transplantes. Neste sentido, foram evidenciados
conflitos éticos como, por exemplo, a definição de morte encefálica
(9)
.
A necessidade de definir morte cerebral surgiu com o desenvolvimento de unidades de
terapia intensiva e de respiradores capazes de sustentar os organismos, com esse diagnóstico,
por horas e até dias, assim como o desenvolvimento das técnicas de transplante. Por não haver
uma unanimidade quanto a essa definição, surgem especulações que dificultam um consenso
político. O pluralismo vem sendo defendido a fim de permitir as variações de definições
baseadas nas preferências individuais e grupais como solucionador desse impasse
(9)
.
Entretanto, ressalta-se que esta ocorrência de definições variadas pode vir a suscitar
graves problemas, pois, mesmo em sociedades pluralistas, há necessidade de se definir a
morte. Os problemas suscitados pela definição da morte são complexos, pois estão
relacionados a vários fatores, entre eles, crenças, posições científicas e filosóficas
(9)
.
A importância desse tema está relacionada a um dos mais complexos aspectos éticos
inerentes aos transplantes de órgãos. Muitos pacientes relatam suas dúvidas sobre a incerteza
quanto à morte do doador do órgão que ele recebeu, o que gera ansiedade, medo e
insegurança em relação a fazer ou não o transplante. O fato do paciente saber que tem um
órgão que não lhe pertence e que uma pessoa teve que morrer para que ele pudesse viver
parece aumentar a carência afetiva
(9-23)
.
________________________________________________________________________
25
Segundo o artigo 4° da Resolução n° 1.480/97, do Conselho Federal de Medicina:
Os critérios definidores da morte encefálica são: Coma aperceptivo com ausência
de atividade motora supra-espinal e apnéia. A morte encefálica somente pode ser
atestada por profissional da área médica, após os devidos exames clínicos,
conforme o artigo 2° da mesma Resolução
(
24
)
.
Portanto, é fundamental o esclarecimento da população sobre o significado de morte
encefálica, apresentando, de forma acessível, todos os critérios diagnósticos, com rigor
científico, para não suscitar dúvidas.
Outra discussão pertinente, no campo da bioética, diz respeito aos princípios de
autonomia, beneficência, não maleficência e justiça. Estes princípios devem ser considerados
como a base da ética profissional na área da saúde
(25)
. Devido à relação mais estreita com o
tema, optou-se em contextualizar apenas o primeiro princípio.
Autonomia é “o princípio que diz respeito ao dever do profissional de dar toda
informação necessária e ao direito do paciente de receber uma informação clara adaptada à
sua compreensão, para que possa decidir sobre sua situação”
(25-26)
.
O direito ao livre e informado consentimento compreende: “O direito de dar
consentimento, de participar do tratamento sem coerção, sem ser enganado e com
competência; assim como o de retirar-se do tratamento a qualquer momento”
(9-26)
.
Diante dessa perspectiva, um aspecto importante a ser considerado é o emocional,
como cerne da questão do consentimento esclarecido. O indivíduo, por possuir uma natureza
racional e emocional, poderá sofrer influências externas e até mesmo motivações
inconscientes para a tomada de decisões
(9)
.
Portanto, são válidos os seguintes questionamentos: será que no momento em que o
paciente solicita que seja removido o enxerto (por complicações clínicas ou cirúrgicas) e
expressa o desejo em retornar para a “máquina de hemodiálise”, corresponde a um momento
de fragilidade? A dor, a utilização dos imunossupressores, o tempo prolongado de
internamento, a frustração de suas perspectivas, a preocupação com a família que está em
casa, o medo de uma complicação maior que o leve à morte? Quem poderá saber, com
certeza, se o pedido para remoção do órgão não corresponde a um pedido de socorro?
A conclusão que se pode tirar diante dessa problemática seria que se deve respeitar a
decisão do indivíduo, porém oferecendo toda a informação sobre as implicações dos seus atos,
garantindo sua liberdade e dignidade
(9)
.
________________________________________________________________________
26
Outro aspecto ético que deve ser considerado no contexto dos transplantes de órgãos e
tecidos se refere ao comércio de órgãos. A possibilidade de comércio de órgãos de doador
vivo, sem nenhum grau de parentesco com o receptor, é uma questão pertinente à Bioética e
ao Direito. A lei nº 9.434, de 4 de fevereiro de 1997, permitia a doação, em vida, por pessoas
não-parentes, desde que fosse juridicamente capaz e não comprometesse a saúde do doador;
no entanto, mesmo prevista expressamente, a doação gratuita ainda poderia dar margem à
venda de órgãos
(27)
.
Então, em 23 de março de 2001 foi editada a Lei nº 10.211, que cita:
É permitido à pessoa juridicamente capaz dispor gratuitamente de tecidos, órgãos e
partes do corpo vivo para fins terapêuticos ou transplantes em cônjuges ou parentes
consangüíneos até o quarto grau, [...], ou em qualquer outra pessoa, mediante
autorização judicial [...]
(
27
)
.
A intenção de compra e venda pode ser mascarada por alegações altruistas de ajuda ao
próximo, levando em conta a condição de vulnerabilidade do doador, bem como a do
receptor, devido à iminência da morte
(27)
.
1.5 Qualidade de vida e aspectos emocionais
A Qualidade de Vida é definida como: “a percepção do indivíduo de sua posição na
vida, no contexto da cultura e sistema de valores nos quais ele vive e em relação aos seus
objetivos, expectativas, padrões e preocupações”
(13)
.
A Qualidade de Vida abrange domínios de funcionamento, como condições
psicológicas e bem-estar, interações sociais, condições ou fatores econômicos e/ou
vocacionais e condições religiosas e/ou espirituais
(13)
. A avaliação da Qualidade de Vida é
realizada através da percepção que o indivíduo tem em relação a cada uma destas áreas
(13-28)
.
No que diz respeito ao portador de insuficiência renal crônica (IRC), a utilização de
recursos tecnológicos com finalidade terapêutica pode não ser suficiente para melhorar a sua
qualidade de vida
(29)
. O paciente torna-se dependente do tratamento dialítico, o que causa uma
elevação dos níveis de ansiedade, entre outras alterações psicológicas, acarretando queda na
produtividade e na renda familiar, redução das atividades sociais e das oportunidades de
________________________________________________________________________
27
emprego, limitação da expectativa de vida e perda da auto-estima
(15-30)
; sequelas físicas ou
mentais são frequentemente evidenciadas
(29)
.
O transplante surge, então, como a “chave” para resolução de todos os problemas do
renal crônico, uma alternativa para a melhoria na qualidade de vida dessa clientela
(15-31)
. É
uma decisão tecnicamente complexa e psicologicamente difícil
(15-32)
.
Aos profissionais de saúde cabe a avaliação do estado geral do doente, dos riscos que
podem ocorrer e das melhorias possíveis para ele, já que o mesmo está diante de uma decisão
maior, que diz respeito à sua identidade pessoal, sua vida e sua morte
(32)
.
Porém, a espera prolongada pelo transplante poderá acarretar outras complicações para
o paciente, tornando-o de alto risco e, consequentemente, aumentar o número de óbitos. Os
pacientes apresentam grande ansiedade e carência afetiva, relacionadas à sua difícil trajetória.
São também acometidos pelo medo, relacionado à incerteza da evolução da doença, à
possibilidade de rejeição, à necessidade da medicação para o resto da vida, ao período incerto
de espera para a realização do transplante, à impossibilidade de realização do procedimento
cirúrgico e ao retardo da alta, pelo surgimento de complicações
(11-23)
.
A perspectiva de melhora da qualidade de vida através do transplante pode vir a ser
frustrada diante dos problemas ocorridos após a cirurgia, como rejeição do enxerto, ou efeitos
adversos causados pelos imunossupressores
(15-33)
.
No entanto, para muitos pacientes portadores de insuficiência renal crônica, o
transplante ainda corresponde à melhor opção, pois oferece a melhor oportunidade de
sobrevida e de reabilitação, com menor custo social que a diálise
(1-31-34)
. Como exemplo,
pode-se mencionar a maioria dos urêmicos crônicos, pacientes com insuficiência renal crônica
terminal
(14-34-35)
, enfermos com cardiopatia, hepatopatia ou pneumopatia terminal, sendo o
transplante, para estes últimos ainda de maior valor, por ser a única opção terapêutica capaz
de prevenir a morte, em poucos meses, oferecendo a expectativa de uma nova vida
(1-34)
.
O longo período sob tratamento dialítico acarreta alguns problemas como, por
exemplo, complicações ósseas (osteodistrofias pelo hiperparatireoidismo secundário),
cardiovasculares (hipertrofia ventricular esquerda, calcificação vascular) cerebrais
(arteriosclerose avançada), sendo a chance de morte, entre pacientes em hemodiálise, 20 vezes
maior do que na população em geral
(28-35)
.
Mesmo diante de tantas complicações relacionadas à hemodiálise, é válido ressaltar
que o transplante renal não deve ser considerado como a salvação para todos os problemas do
paciente renal crônico; ele deve ser considerado como mais uma opção de tratamento,
podendo apresentar complicações, como qualquer outra intervenção. No entanto,
________________________________________________________________________
28
compreender aspectos associados à qualidade de vida e estratégias de enfrentamento
utilizadas por pacientes submetidos a transplante renal pode auxiliar no desenvolvimento de
programas preventivos e de intervenção adequados às necessidades destes pacientes
(13-15)
.
Em uma pesquisa sobre aspectos psicológicos e psiquiátricos do transplante de
medula óssea (TMO) foi mencionado que:
A intensidade e a complexidade envolvidas no TMO, em seus vários níveis,
produzem profundos efeitos psicológicos no paciente, na família e na sua equipe
profissional e enfatizam que ignorar esta realidade e reduzir os problemas do TMO
a seus aspectos puramente técnicos podem trazer conseqüências catastróficas para o
paciente e seus familiares e ameaçar a sobrevivência da equipe
(
4)
.
Para reduzir alterações como as descritas acima, é fundamental o atendimento
psicológico no pré-operatório
(10-11-36)
. Essa preparação auxilia na identificação de pacientes de
alto risco, que necessitam de acompanhamento psicológico rigoroso, e até mesmo na restrição
ou contraindicação do transplante como tratamento
(36)
.
A síndrome depressiva é frequente em quase todas as doenças crônicas, sendo
responsável pela má adesão aos tratamentos propostos, má qualidade de vida e maior
morbimortalidade entre os pacientes
(37)
.
Esse distúrbio consiste na complicação psíquica mais comum nos pacientes em diálise,
significando uma resposta a uma perda real, ameaçada ou imaginada. As manifestações
psicológicas observadas nestes pacientes são: humor depressivo persistente, auto imagem
prejudicada e sentimentos pessimistas. As queixas fisiológicas incluem distúrbio do sono,
alterações de apetite e de peso, ressecamento da mucosa oral, constipação e diminuição do
interesse sexual
(38-39)
. Ressalta-se ainda que os sintomas de depressão devem ser analisados
com muita atenção, pois podem ser confundidos com sintomas de uremia
(39)
.
A depressão acomete pacientes tanto no pré quanto no pós-transplante. Em geral,
existem quatro principais tipos de depressão: Distúrbio de Ajustamento com Humor
Deprimido, Distúrbios Depressivos, Distúrbios Bipolares e Distúrbios de Humor Devido à
Doença ou Droga
(40)
. Ressalta-se o primeiro e o último, devido à maior identificação com as
características apresentadas por pacientes crônicos e transplantados.
No Distúrbio de Ajustamento com Humor Deprimido a depressão pode estar
relacionada a um estressor. O paciente pode referir a morte de um ente querido, um divórcio,
um revés financeiro ou a perda de um papel estabelecido na sociedade, que o fazia sentir-se
necessário em alguma atividade, e essa perda resulta num sentimento de culpa. O distúrbio
ocorre dentro de três meses, a partir do fato ocorrido, e leva a alterações na atividade social.
________________________________________________________________________
29
Os sintomas variam de leve tristeza, ansiedade, irritabilidade, preocupação, falta de
concentração, desencorajamento e queixas somáticas. O Distúrbio do Humor Devido à
Doença ou Droga acomete, principalmente, pacientes com doenças crônicas. Os estados como
artrite reumatoide, esclerose múltipla, doença cardíaca crônica, assim como outras, podem
levar a distúrbios depressivos
(40)
.
No que diz respeito às complicações da depressão, quanto mais demorada, mais
arraigada ela se torna. O suicídio é mencionado como a complicação mais significante. Os
pacientes com câncer, doenças respiratórias, síndrome da imunodeficiência adquirida, e os
mantidos em hemodiálise apresentam maiores taxas de suicídio
(40)
. Quanto ao transplantado
renal, a depressão está inversamente relacionada com o tempo de sobrevida do enxerto,
porém, pode vir a ser a consequência da perda do enxerto, e não a sua causa
(5)
.
No Brasil, a prevalência de depressão é de 5% a 25% em pacientes transplantados
renais. As consequências da depressão repercutem significativamente na qualidade de vida,
nas taxas de suicídio, na adesão aos tratamentos e na mortalidade
(30)
.
1.6 Considerações finais
Dois principais aspectos devem ser enfatizados, com relação aos transplantes: a
significante evolução tecnológica e de políticas públicas voltadas para os transplantes de
órgãos e tecidos, no Brasil, bem como, as evidências de uma pequena valorização dos
aspectos emocionais e sociais, com benéficas repercussões psíquicas e na qualidade de vida
dos pacientes.
Por outro lado, a literatura descreve que ainda há um despreparo dos profissionais de
saúde no diagnóstico de morte encefálica e identificação de um possível doador, assim como,
na notificação dos casos às centrais de transplante e na abordagem, junto aos familiares, no
momento da solicitação da doação e cita, como consequência, um aumento do número de
óbitos nas listas de espera.
É prioritário contar com equipes multiprofissionais treinadas, plenamente capacitadas
a colaborar, em suas áreas específicas, no processo de doação de órgãos e no preparo do
paciente para o transplante.
________________________________________________________________________
30
Referências
1 Garcia VD, Abbud-Filho M, Campos HH, Pestana JOM. Política de transplantes no Brasil In:
Garcia VD, Abbud Filho M, Neumann J, Pestana JOM. Transplante de órgãos e tecidos. São
Paulo: Segmento Farma Editora; 2006. p. 43-9.
2 Pietrovsk V, Dall'Agnol CM. Situações significativas no espaço-contexto da hemodiálise: o
que dizem os usuários de um serviço? Rev bras enferm. 2006; 59(5):630-5.
3 Brandão de Carvalho Lira AL, Cavalcante Guedes MV, Oliveira Lopes MV. Adolescente
renal crónico: alteraciones físicas, sociales y emocionales pos-trasplante. Rev Soc Esp Enferm
Nefrol. 2005;8(4):12-6.
4 Contel JOB, Sponholz Jr A, Torrano-Massetti LM, Almeida AC, Oliveira EA, Jesus JS, et al.
Aspectos psicológicos e psiquiátricos do transplante de medula óssea. Medicina, Ribeirão
Preto. 2000;33(3):294-311.
5 Akman B, Ozdemir FN, Sezer S, Micozkadioglu H, Haberal M. Depression levels before and
after renal transplantation. Transplant proc. 2004;36(1):111-3.
6 Zimmermann PR, Carvalho JO, Mari JJ. Impacto da depressão e outros fatores psicossociais
no prognóstico de pacientes renais crônicos. Rev psiquiatr Rio Gd Sul. 2004; 26(3):312-8.
7 Amâncio JS, Borges MP, Oliveira A, Magalhães EF, Oliveira LHS, Bernardes RC. Avaliação
da qualidade de vida e das queixas do paciente renal crônico submetido à hemodiálise. In:
Anais de trabalhos completos do XI Encontro Latino Americano de Iniciação Científica, VII
Encontro Latino Americano de Pós-Graduação – Universidade do Vale do Paraíba, I Encontro
de Iniciação Científica do Ensino Médio; 2007; São José dos Campos. São José dos Campos:
Universidade do Vale do Paraíba; 2007. p. 2011-4.
8 Virzi A, Signorelli MS, Veroux M, Giammarresi G, Maugeri S, Nicoletti A, et al.
Depression and quality of life in living related renal transplantation. Transplant
proc. 2007;39(6):1791-3.
9 Torres WC. A bioética e a psicologia da saúde: reflexões sobre questões de vida e morte.
Psicol reflex crit. 2003;16(3):475- 82.
________________________________________________________________________
31
10 Castro EK. O paciente renal crônico e o transplante de órgãos no Brasil: aspectos
psicossociais. Rev SBPH.. 2005;8(1):1-14.
11 Martins PD, Sankarankutty AK, Silva OC, Gorayeb R. Sofrimento psíquico em pacientes
listados para o transplante hepático. Acta cir bras. 2006;21 Suppl 1: 40-3
12 Pereira E, Menegatti C, Percegona L, Aita CA, Riella MC. Aspectos psicológicos de
pacientes diabéticos candidatos ao transplante de ilhotas pancreáticas. Arq bras psicol
[periódico na Internet]. 2007 Ago 22 [acesso em 2008 Set 22]. Disponível em:
http://seer.psicologia.ufrj.br/seer/lab19/ojs/viewarticle.php?id=23.
13 Ravagnani LMB, Domingos NAM, Miyazaki MCOS. Qualidade de vida e estratégias de
enfrentamento em pacientes submetidos a transplante renal. Estud psicol. (Natal). 2007;12
(2):177-84.
14 Pereira LC, Chang J, Fadil-Romão MA, Abensur H, Araújo MRT, Noronha IL, et al.
Qualidade de vida relacionada à saúde em paciente transplantado renal. J bras nefrol.
2003;25(1):10-6.
15 Mendes AC, Shiratori K. As percepções dos pacientes de transplante renal. Nursing (São
Paulo). 2002;5(44):15-22.
16 Manfro RC, Noronha IL, Silva Filho AP, editores. Manual de transplante renal. 1ª ed. São
Paulo: Manole; 2004.
17 Barcellos FC. Intenção de doar órgãos em uma população adulta [dissertação na Internet].
Pelotas: Universidade Federal de Pelotas, Faculdade de Medicina; 2003 [2008 Out 24].
Disponível em: http://www.abto.org.br/profissionais
18 Silva PR. Transplante cardíaco e cardiopulmonar: 100 anos de história e 40 de existência.
Rev Bras Cir Cardiovasc. 2008;23(1):145-52.
19 Mies S. Transplante de fígado. AMB rev. Assoc. Med. Bras. 1998;44(2):127-34.
20 Cavalcanti FCB, Paula FJ. Abordagem de familiares na doação de órgãos de cadáveres In:
Cruz J, Barros RT, organizadores. Atualidades em nefrologia. São Paulo: Sarvier;1996. v. 4,
p. 276-9.
________________________________________________________________________
32
21 Rosa TN. Bioética e confidencialidade do doador cadáver em transplantes renais dissertação
na Internet]. Brasília: Universidade Federal de Brasília, Faculdade de Ciências da Saúde;
2007 [2008 Set 23]. Disponível em:
http://bdtd.bce.unb.br/tedesimplificado/tde_arquivos/6/TDE-2008-04-11T152850Z-
2525/Publico/Dissertacao_Telma%20Rosa.pdf
22 D'Império F. Morte encefálica, cuidados ao doador de órgãos e transplante de pulmão. Rev.
bras. ter. intensiva [periódico na Internet]. 2007 Jan-Mar [acesso em 2008 Nov
30]; 19(1):[cerca de 10 p.]. Disponível em:
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-
507X2007000100010&lng=en. doi: 10.1590/S0103-507X2007000100010
23 Massarollo MC, Kurcgant P. O vivencial dos enfermeiros no programa de transplante de
fígado de um hospital público. Rev latinoam enferm. 2000;8(4):66-72.
24 Queiroz, VS. Reflexões acerca da equiparação da anencefalia à morte encefálica como
justificativa para a interrupção da gestação de fetos anencefálicos . Jus Navigandi, 3 ago.
2005 9(760).
25 Junges JR. Bioética: hermenêutica e casuística. São Paulo: Loyola; 2006.
26 Fabbro, L. Limitações jurídicas à autonomia do paciente. Rev. Bioét [periódico na Internet].
1999 [acesso em 2007 Ago 23]; 7(1):[cerca de 5 p.]. Disponível em:
http://www.cremeb.cfm.org.br/revista/ind1v7.htm
27 Passarinho LEV, Gonçalves MP, Garrafa V. Estudo bioético dos transplantes renais com
doadores vivos não-parentes no Brasil: a ineficácia da legislação no impedimento do
comércio de órgãos. AMB rev. Assoc. Med. Bras [periódico na Internet]. 2003 [acesso em
2008 Nov 30]; 49(4):[cerca de 8 p.]. Disponível em:
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-
42302003000400028&lng=en. doi: 10.1590/S0104-42302003000400028.
28 Amato MS, Amato Neto V, Uip DE. Avaliação da qualidade de vida de pacientes com
doença de Chagas submetidos a transplante de coração. Rev Soc Bras Med
Trop. 1997;30(2):159-60.
29 Zanei SS. Análise dos instrumentos de avaliação de qualidade de vida WHOQOL-BREF e
SF-36: confiabilidade, validade e concordância entre pacientes de unidades de terapia
intensiva e seus familiares [tese]. São Paulo: Universidade de São Paulo; 2006.
________________________________________________________________________
33
30 Almeida AM, Meleiro AMAS. Depressão e insuficiência renal crônica. J bras nefrol. 2000;
22(1):192-200.
31 Cunha CB, Leon ACB, Schramm JMA, Carvalho MS, Paulo Junior RBS, Chain R. Tempo
até o transplante e sobrevida em pacientes com insuficiência renal crônica no Estado do Rio
de Janeiro, Brasil, 1998-2002. Cad saúde pública. 2007;23(24);805-13.
32 Steiner P, Vieira MCR. A doação de órgãos: a lei, o mercado e as famílias. Tempo Soc
[periódico na Internet]. 2004 Nov [acesso em 2008 Nov 30]; 16(2):[cerca de 22 p.].
Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-
20702004000200005&lng=en&nrm=iso doi: 10.1590/S0103-20702004000200005.
33 Bittencourt ZZLC, Alves Filho G, Mazzali M, Santos NR. Qualidade de vida em
transplantados renais: importância do enxerto funcionante. Rev saúde pública. 2004;
38(5):732-4.
34 Garcia VD. Por uma política de transplantes no Brasil, Office Editora e Publicidade Ltda,
São Paulo (2000).
35 Santos PR, Pontes LR Sansigolo K. Mudança do nível de qualidade de vida em portadores
de insuficiência renal crônica terminal durante seguimento de 12 meses. AMB rev. Assoc.
Med. Bras [periódico na Internet]. 2007 Ago [acesso em 2008 Nov 29]; 53(4):[cerca de 5
p.]. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-
42302007000400018&lng=pt. doi: 10.1590/S0104-42302007000400018
36 Silva, RMG. A importância dos aspectos psicológicos na indicação do transplante renal e
suas implicações bioéticas [dissertação]. Joinville (SC): Universidade da Região de
Joinville; 2003.
37 Teng CT, Humes EC, Demetrio FN. Depressao e comorbidade clinicas. Rev psiquiatr clín
(São Paulo). 2005;32(3):149-59.
38 Kimmel PL, Peterson RA, Weihs KL, Simmens SJ, Alleyne S, Cruz I, et al. Multiple
measurements of depression predict mortality in a longitudinal study of chronic
hemodialysis outpatients. Kidney Int. 2000;57(5):2093–8.
39 Daugirdas JT, Blake PG, Ing TS, editores. Manual de diálise. 3ª ed. Rio de Janeiro: Medsi,
2003.
________________________________________________________________________
34
40 Tierney LM Jr, McPhee SJ, Papadakis MA. Lange diagnóstico e tratamento. São Paulo:
Atheneu; 1998.
________________________________________________________________________
35
2. ARTIGO ORIGINAL
________________________________________________________________________
36
Depressão e qualidade de vida em pacientes no pré e pós-transplante renal
Depression and quality of life in patients with pre and post kidney transplantation
Patrícia Madruga Rêgo Barros, Mestranda, em Ciências da Saúde pela UFPE, especialista
em nefrologia na área de enfermagem e enfermeira do Hospital das Clínicas, Recife-PE,
Brasil.
Luciane Soares de Lima, Doutora em Ciências Pneumológicas pela UNIFESP/EPM e Profª.
Adjunta do Departamento de Enfermagem da UFPE.
*Estudo realizado no Ambulatório de Transplante Renal do Hospital das Clínicas da
Universidade Federal de Pernambuco, Recife, Brasil.
Endereço para correspondência:
Patrícia Madruga Rêgo Barros
Rua Capitão Ponciano, 63 CEP 50780-40 – Recife, PE, - Brasil
e-mail: patricia-madruga@hotmail.com
________________________________________________________________________
37
Resumo
Objetivo: Analisar a ocorrência de depressão e a qualidade de vida em pacientes renais no pré
e pós-transplante acompanhados no Ambulatório de Transplante Renal do Hospital das
Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco (HC-UFPE). Método: Estudo descritivo
exploratório com abordagem quantitativa de corte transversal, realizado entre julho e
dezembro de 2007. Foram aplicados três instrumentos para coleta de dados: um questionário
para caracterização da amostra, o inventário Beck de depressão (BDI) e o questionário SF-36,
para avaliação da qualidade de vida. A amostra foi composta por dois grupos, sendo um de
pacientes no pré-transplante renal (59 pacientes) e o outro de transplantados renais (63
pacientes), totalizando 122 pacientes. Os critérios de inclusão foram: ter mais de 18 anos e
encontrar-se entre 6 meses e 2 anos de transplante. O critério de exclusão foi apresentar
diagnóstico prévio de doença psiquiátrica. Resultados: A média de idade dos pacientes no
pré-transplante foi de 47 anos, sendo 57,6% do sexo masculino, e a dos transplantados foi de
39 anos, sendo 55,6% do sexo masculino. O tempo médio de diálise, no primeiro grupo, foi
de 3 anos e 3 meses e no segundo grupo foi de 6 anos e 8 meses. O tempo médio de
transplante correspondeu a 1 ano e 3 meses. A maioria dos pacientes, em ambos os grupos,
não apresentava depressão, correspondendo a 88,9% dos transplantados e 79.6% de pacientes
no pré-transplante. Entre os que apresentavam algum grau de depressão não houve diferença
significativa entre estar no pré-transplante ou já ter se submetido ao transplante (p = 0,470). O
tempo de transplante renal e de tratamento dialítico também não mostrou relação com os
níveis de depressão encontrados (p = 0,547 e p = 0,089) respectivamente. A qualidade de vida
mostrou-se superior nos pacientes transplantados em relação aos que aguardavam o
procedimento. Os domínios do questionário SF-36 que determinaram a melhor qualidade de
vida nos pacientes transplantados foram capacidade funcional (p = 0,001), dor (p = 0,027),
estado geral de saúde (p = 0,049) e vitalidade (p = 0,000). Conclusão: Esse estudo mostrou
uma baixa ocorrência de depressão nos pacientes tanto no pré, como no pós-transplante renal.
A qualidade de vida mostrou-se superior no grupo de transplantados.
Palavras-chave: Depressão, qualidade de vida, transplante de órgãos, doença crônica.
________________________________________________________________________
38
Abstract
Purpose: To analyze the occurrence of depression and quality of life in patients in the pre and
post renal transplant followed in the Clinic of Renal Transplantation at Hospital of the
University of Pernambuco (HC-UFPE). Method: Between July and December 2007 were
used three instruments for data collection, a questionnaire for characterization of the sample,
the Beck Depression Inventory (BDI) and SF-36 questionnaire for assessing the quality of
life. The sample was composed of two groups of patients with a row of pre-transplant kidney
(59 patients) and the other of kidney transplant (63 patients); totaling 122 patients. The
inclusion criteria were: being more than 18 years and finding themselves between 6 months
and two years of transplantation. The exclusion criterion was to present a previous diagnosis
of disease psychiatric. Results: The mean age of patients in the queue was 47 years, with
57.6% of males and the transplant was 39 years, with 55.6% of males. The average time of
dialysis, in the first group, was 3 years and 3 months and the second group was 6 years and 8
months. The average time of transplant corresponded to 1 year and 3 months. Most patients in
both groups (queue and post transplant) did not have depression, among those who had
some level of depression there was no significant difference between being in the queue or
having been subjected to transplantation (p = 0,470). The time of transplant and kidney
dialysis treatment also showed no relationship with the levels of depression found (p = 0,547
and p = 0,089). The quality of life was superior in renal transplant patients in relation to
that awaiting the procedure. The areas of the questionnaire SF-36 that determined the best
quality of life in transplant patients were functional capacity (p = 0,001), pain (p = 0,027),
general state of health (p = 0,049) and vitality (p = 0,000). Conclusion: This study showed
low occurrence of depression in the patients kidney after-transplantation. The quality of life
was better in the group transplanted.
Keywords: Depression, quality of life, organ transplantation, chronic disease.
________________________________________________________________________
39
2.1 Introdução
A insuficiência renal crônica (IRC) pode ser conceituada como uma perda lenta e
progressiva da função renal, tendo como resultado anormalidades do meio interno, como
azotemia, anemia, acidose metabólica, hiperfosfatemia, hipercalcemia, hiponatremia. A
elevação dos níveis séricos, principalmente de ureia, e clearance de creatinina inferior a 10
ml/min caracterizam a síndrome urêmica, cujos sinais e sintomas envolvem particularmente o
trato gastrintestinal, nervoso e cardiopulmonar. Os pacientes podem apresentar fraqueza,
náusea, vômitos, anorexia, sangramento gastrintestinal, parestesias, hipertensão arterial,
irritabilidade, ansiedade, depressão, entre outros
(1)
.
Por se tratar de uma doença progressiva, seu desenvolvimento não se dá por igual para
todos os indivíduos, variando de acordo com suas causas subjacentes, com a taxa de excreção
proteica na urina e o grau de hipertensão de cada paciente
(2)
.
A IRC encontra-se dividida em estágios, de acordo com a função renal do paciente.
Inicialmente não há lesão renal ou alteração da função dos rins. Paulatinamente os rins vão
reduzindo seu ritmo de filtração, ocorrem alterações séricas de ureia e creatinina e surgem
sinais e sintomas associados à causa básica, por fim, os rins perdem o controle do meio
interno, sendo necessária uma terapia renal substitutiva (TRS)
(3)
.
A terapia renal substitutiva visa à manutenção do paciente em condições adequadas do
ponto de vista metabólico e clínico, assim como à adaptação ao tratamento. No entanto, no
que diz respeito à diálise, não se consegue total reabilitação, ao contrário dos transplantes que,
com sucesso, reabilitam subjetiva e objetivamente, e com excelente custo/benefício
(4)
.
Os avanços da tecnologia na área de diálise contribuíram substancialmente para o
aumento da sobrevida dos pacientes com IRC
(5-6)
. Entretanto, a permanência por tempo
indeterminado em tratamento dialítico pode interferir na qualidade de vida dos mesmos
(5)
.
Estudos comprovam uma melhor qualidade de vida após o transplante
(7-8)
, devido à
possibilidade de retorno às atividades habituais, porém, o transplante poderá estar relacionado
com escores não satisfatórios, entre aqueles que apresentaram rejeição aguda, ou efeitos
adversos pelo uso dos imunossupressores
(7)
.
Atualmente, a qualidade de vida é definida de acordo com a área de aplicação,
englobando duas tendências: a primeira apresenta um conceito genérico, que enfatiza aspectos
relacionados ao grau de satisfação encontrado na vida familiar, afetiva, social e ambiental,
correlacionando com o padrão que a sociedade considera como conforto e bem-estar. A
________________________________________________________________________
40
segunda tendência está relacionada à saúde, e considera a influência das doenças e dos
respectivos tratamentos na qualidade de vida dos pacientes
(9)
.
A qualidade de vida relacionada à saúde está condicionada às experiências de cada
paciente, ou seja, como os efeitos da doença e seu tratamento repercutem na vida diária e na
satisfação de cada indivíduo
(9-10-11)
.
A preocupação com os aspectos psicossociais é fundamental para o sucesso do
tratamento
(12-13)
, pois estes interferem diretamente na percepção e avaliação da doença, na
adesão ao tratamento e na qualidade de vida dos pacientes com IRC
(13)
.
A depressão é considerada a complicação psíquica mais comum nos pacientes em
diálise. Entre as manifestações psicológicas que mais ocorrem nessa clientela, encontram-se:
humor depressivo persistente, autoimagem prejudicada e sentimentos de pessimismo. Entre as
queixas fisiológicas, são relatadas: alterações do apetite e do peso, distúrbios do sono e
redução do interesse sexual
(14)
. Os candidatos a transplante renal apresentam frequentes
alterações psíquicas e a depressão corresponde a uma dessas alterações
(15)
.
O transplantado pode vir a apresentar perda de interesse por quase todas as atividades,
além de redução do apetite, perturbações do sono, diminuição da energia, sentimento de culpa
ou desvalia e prejuízo do pensamento. Frequentemente, pode haver pensamentos sobre morte,
ideia suicida ou tentativa de suicídio, sendo mais comuns nos casos de rejeição do órgão e
retorno à diálise
(15-16)
.
Diante do exposto, está caracterizada a importância dos aspectos emocionais e da
qualidade de vida no acompanhamento dos pacientes com IRC que aguardam por um órgão
na fila pré-transplante, bem como os que já se submeteram ao procedimento.
O objetivo do estudo foi analisar a ocorrência de depressão e a qualidade de vida em
pacientes renais no pré e pós-transplante acompanhados no Ambulatório de Transplante Renal
do Hospital das Clínicas (HC) da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).
2.2 Pacientes e métodos
Trata-se de um estudo descritivo, exploratório com abordagem quantitativa de corte
transversal, realizado no ambulatório de Transplante Renal do Hospital das Clínicas da UFPE,
que atende exclusivamente pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS).
________________________________________________________________________
41
A amostra foi constituída por 122 pacientes. Entre os pacientes transplantados
atendidos no ambulatório 82 eram elegíveis, sendo que 12 evoluíram para óbito, 4 não
compareceram às consultas agendadas durante o período de coleta de dados, um (1) recusou-
se a participar e 2 abandonaram o programa, constituindo-se então um grupo de 63 pacientes.
Quanto aos pacientes no pré-transplante, constituiram um grupo de 59 pacientes, sendo
selecionados por conveniência, considerando o período de coleta de dados e estudos que
avaliaram a ocorrência de depressão e ou qualidade de vida de pacientes com IRC
(16-20-29)
.
Foram utilizados como critérios de inclusão na amostra: idade acima de 18 anos e encontrar-
se entre 6 meses e 2 anos de transplante. O critério de exclusão foi: pacientes com distúrbios
psiquiátricos diagnosticados pela equipe médica. Os dados foram coletados no período de
julho a dezembro de 2007. Foram utilizados três instrumentos de coleta de dados (todos
aplicados pela autora, em uma única entrevista): um formulário para caracterização da
amostra, o Beck Depression Inventory (BDI), versão revisada de 1979
(17-18)
e o Medical
Outcomes Study 36-item Short- Form Health Survey (SF-36), instrumento validado no Brasil,
em 1997
(19)
.
O formulário utilizado para caracterização da amostra consta de dados de
identificação, demográficos, e referentes à doença e ao tratamento.
O Inventário de Depressão de Beck (BDI) é provavelmente a medida de auto-
avaliação de depressão mais amplamente usada, tanto em pesquisa como em clínica, tendo
sido traduzido para vários idiomas e validado em diferentes países. A confiabilidade e a
validade são boas, podendo ser utilizado em amostras clínicas e na população em geral
(18)
.
A avaliação global do BDI é feita através da soma dos números ao lado das perguntas
– conferidos aos itens selecionados pelo paciente. O escore para a escala de Beck é definido
como: Sem depressão = <15; Depressão leve = 15-20; Depressão de leve a moderada = 20-30
e depressão grave = 30-63
(18)
.
A escala original consiste de 21 itens, incluindo sintomas e atitudes, cuja intensidade
varia de 0 a 3. Os itens referem-se a tristeza, pessimismo, sensação de culpa, sensação de
punição, autodepreciação, autoacusação, ideias suicidas, crises de choro, irritabilidade,
retração social, indecisão, distorção da imagem corporal, inibição para o trabalho, distúrbio do
sono, fadiga, perda do apetite, perda de peso, preocupação somática e diminuição de libido
(18)
.
O questionário SF-36 é um instrumento genérico de avaliação da qualidade de vida,
composto por 36 itens, agrupados em oito componentes: capacidade funcional, limitação por
aspectos físicos, dor, estado geral de saúde, vitalidade, aspectos sociais, aspectos emocionais e
saúde mental
(5)
. Constitui um dos mais utilizados instrumentos para avaliação da qualidade de
________________________________________________________________________
42
vida, aplicável a diversos tipos de doenças, avaliando, portanto, a qualidade de vida
relacionada à saúde
(9)
.
Para avaliação dos resultados foi feito o cálculo dos escores, cada resposta
correspondeu a uma pontuação específica. Posteriormente, esse valor foi transformado em
cotas de oito domínios, que variam de 0 (zero) a 100 (cem), em que o 0 (zero) é considerado o
pior valor e 100 (cem) o melhor para cada domínio
(19)
.
Foram utilizados os softwares SPSs 13.0 para Windows, e Excel 2003 para digitação
dos dados e todos os testes foram aplicados com 95% de confiabilidade.
Foi utilizado teste de normalidade de Kolmogorou-Smirnov para variáveis
quantitativas. Verificada a existência de associação através do Teste Exato de Fisher e Teste
Qui-quadrado para as variáveis categóricas, Teste de Média; Teste T student (distribuição
normal) e Mann-Whitney (não normal); também foi utilizado o Teste de Média (com mais de
dois grupos); Anova (distribuição normal) e Kruskal Wallis (não normal), para a análise
estatística dos dados.
Todos os pacientes assinaram previamente o termo de consentimento livre e
esclarecido. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa do Centro de Ciências da
Saúde da Universidade Federal de Pernambuco, sob o CAAE-0049.0.172.000-07.
2.3 Resultados
Na tabela 1 se verifica que: dos 59 pacientes no pré-transplante, 34 (57,6%) eram do
sexo masculino, 32 (54,2%) moravam na Região Metropolitana do Recife, a maior parte do
grupo, 17 (28,8%) era de aposentados e apenas 3 (5,1%) relataram não possuir nenhuma
ocupação no momento da entrevista, 30 (50,8%) tinham o ensino fundamental completo, 5
(8,5%) fizeram ensino superior com pós-graduação e apenas 3 (5,1%) eram analfabetos.
Dos 63 pacientes transplantados, 35 (55,6%) eram do sexo masculino, 32 (50,8%)
moravam na Região Metropolitana do Recife, a maior parte dos pacientes, 27 (42,8%) eram
beneficiários e apenas 2 (3,2%) relataram não possuir nenhuma ocupação no momento da
entrevista, 34 (53,9%) cursaram o ensino fundamental completo, 1 (1,6%) tinha ensino
superior com pós-graduação e apenas 1 (1,6%) era analfabeto.
As características sóciodemográficas foram semelhantes entre os grupos,
demonstrando homogeneidade na amostra estudada.
________________________________________________________________________
43
Tabela 1: Pacientes renais no pré e pós-transplante segundo características
sóciodemográficas acompanhados no ambulatório
do Hospital das Clínicas. Recife, 2007.
Grupos
Variáveis Pós-transplante Pré-transplante p-valor
n % n %
Sexo
Masculino 35 55,6 34 57,6 0,962 *
Feminino 28 44,4 25 42,4
Residência
RMR 32 50,8 32 54,2 0,842 *
Outros 31 49,2 27 45,8
Ocupação
Exerce atividade profissional 18 28,6 13 22,0 0,123 **
Do lar 6 9,5 5 8,5
Aposentado 7 11,1 17 28,8
Beneficiário 27 42,8 16 27,1
Estudante 3 4,8 5 8,5
Sem ocupação 2 3,2 3 5,1
Escolaridade
Analfabeto 1 1,6 3 5,1 0,294 **
Fundamental incompleto 3 4,8 4 6,8
Fundamental completo 34 53,9 30 50,8
Médio completo 24 38,1 17 28,8
Superior com Pós-Graduação 1 1,6 5 8,5
(*) Teste Qui-Quadrado
(**) Teste Exato de Fisher
Na tabela 2 se verifica que: a idade média entre os pacientes no pré-transplante foi de
47 ± 12,38 anos, a renda, estimada em mediana, foi de R$ 380,00 e o tempo médio de diálise
foi de 39,63 meses, o equivalente a 3 anos e 3 meses.
Entre os transplantados, a idade média foi de 39 ± 10,39 anos, a renda também foi de
R$ 380,00 e o tempo médio de diálise foi de 82,05 meses, o equivalente a 6 anos e 10 meses.
________________________________________________________________________
44
O tempo médio de transplante foi de 1 ano e 3 meses. Este dado não foi apresentado
na tabela, por se referir apenas a um dos grupos estudados; no entanto, foi abordado na
discussão.
O tempo médio de diálise também foi abordado na discussão, devido à relevância para
o estudo.
Tabela2: Pacientes renais no pré e pós-transplante segundo idade,
renda e tempo de diálise, acompanhados no ambulatório do
Hospital das Clínicas. Recife, 2007
Variáveis
Grupos
p-valor
Pós-transplante Pré-transplante
Média DP Média DP
Idade
39,3 ±10,39 47,1 ±12,38 0,000 *
Mediana Q1 ; Q3 Mediana Q1 ; Q3
Renda
380,00 380,00 ;
900,00
380,00 380,00 ;
700,00
0,328 **
Média DP Média DP
Tempo de Diálise
6,8 ±4,51 3,3 ±2,79 0,000 **
(*) Teste t Student
(**) Teste de Mann-Whitney
Na tabela 3 se observa que: 47 (79,6%) pacientes no pré-transplante não apresentavam
depressão, 7 (11,9%) apresentavam depressão de moderada a grave, 4 (6,8%) depressão leve e
1 (1,7%) apresentava depressão grave.
Entre os transplantados: 56 (88,9%) não apresentavam depressão, 4 (6,3%)
apresentavam depressão de moderada a grave, 3 (4,8%) depressão leve e nenhum paciente
apresentou depressão grave.
________________________________________________________________________
45
Tabela 3: Pacientes renais no pré e pós-transplante segundo níveis de depressão,
acompanhados no ambulatório do Hospital das Clínicas.
Recife, 2007
Níveis de Depressão
Grupos
p-valor *
Pós-transplante Pré-transplante
n % n %
Sem Depressão 56 88,9 47 79,6
0,470
Depressão Leve 3 4,8 4 6,8
Depressão Moderada
a grave
4 6,3 7 11,9
Depressão Grave 0 0,0 1 1,7
Total 63 100,0 59 100,0
(*) Teste Exato de Fisher
Na tabela 4 se verifica que: 38 (86,4%) dos transplantados, que se encontravam entre 1
e 2 anos de transplante, não apresentaram depressão, 4 (9,1%) apresentaram depressão de
moderada a grave e 2 (4,5%) apresentaram depressão leve. Entre os transplantados com
período menor ou igual a 1 ano de transplante, 18 (94,7%) não apresentaram depressão e
apenas 1 (5,3%) apresentou depressão leve.
Tabela 4: Pacientes renais no pré e pós-transplante segundo níveis de depressão,
conforme o tempo de transplante, acompanhados no ambulatório do
Hospital das Clínicas. Recife, 2007
Níveis de Depressão
Tempo de Transplante
p-valor *
1 ano > 1 ano e 2 anos
n % n %
Sem Depressão 18 94,7 38 86,4
0,547
Depressão Leve 1 5,3 2 4,5
Depressão Moderada
a grave
0 0,0 4 9,1
Total 19 100,0 44 100,0
(*) Teste Exato de Fisher
________________________________________________________________________
46
Na tabela 5 se observa que: nos pacientes com menos de 4 anos de diálise, 49 (83%)
não apresentaram depressão, 6 (10,2%) apresentaram depressão leve, 3 (5,1%) depressão de
moderada a grave e 1 (1,7%) depressão grave.
Nos pacientes com tempo de diálise entre 4 e 8 anos, 30 (90,9%) não apresentaram
depressão, 2 (6,1%) apresentaram depressão de moderada a grave, apenas 1 (3%) apresentou
depressão leve e nenhum paciente apresentou depressão grave.
Entre os pacientes com tempo igual ou maior que 8 anos de diálise, 24 (80%) não
apresentaram depressão, 6 (20%) apresentaram depressão de moderada a grave e nenhum
paciente, da amostra, apresentou depressão leve ou grave.
Tabela 5: Pacientes renais no pré e pós-transplante segundo níveis de depressão,
conforme o tempo de diálise, acompanhados no ambulatório do
Hospital das Clínicas. Recife, 2007
Níveis de Depressão
Tempo de Diálise
p-valor*
< 4 anos 4 |- 8 8
n % n % n %
Sem Depressão 49 83,0 30 90,9 24 80,0
0,089
Depressão Leve 6 10,2 1 3,0 0 0,0
Depressão Moderada
a Grave
3 5,1 2 6,1 6 20,0
Depressão Grave 1 1,7 0 0,0 0 0,0
Total 59 100,0 33 100,0 30 100,0
(*) Teste Exato de Fisher
Na tabela 6 se verifica que: nos pacientes do pré-transplante os aspectos sociais,
limitação por aspectos emocionais e a saúde mental apresentaram as maiores médias,
correspondendo, respectivamente, a 90,0 (± 23,53 dp), 77,4 (± 41,73 dp) e 76,6 (± 19,76 dp),
seguidos dos domínios: dor, com 69,3 (± 30,20 dp), limitação por aspectos físicos, com 68,6
(± 45,15 dp), vitalidade, com 67,0 (± 22,95), capacidade funcional, representando 66,1 (±
31,43 dp) e, por último, estado geral de saúde, com 63,7 (± 24,48).
Entre os transplantados, destacam-se os seguintes domínios: limitação por aspectos
emocionais, com 87,8 (± 32,41 dp), capacidade funcional, com 82,6 (± 22,38 dp) e aspectos
sociais, com 82,1 (± 30,18 dp), seguidos de: vitalidade, com 80,4 (± 21,8 dp), dor, 78,8 (±
________________________________________________________________________
47
31,65 dp), saúde mental 74,1 (± 21,45 dp) e, por último, estado geral de saúde, com 71,1 (±
28,47 dp).
Tabela 6: Pacientes renais no pré e pós-transplante segundo escores médios dos
domínios do questionário SF-36, acompanhados no ambulatório do
Hospital das Clínicas. Recife, 2007
Domínios do SF-36
Grupos
p-valor
Pós-transplante Pré-transplante
Média ± DP Média ± DP
Capacidade Funcional 82,6 ± 22,38 66,1 ± 31,43 0,001 *
Limitação por Aspectos
físicos
77,0 ± 41,71 68,6 ± 45,15 0,335 *
Dor 78,8 ± 31,65 69,3 ± 30,20 0,027 *
Estado Geral de Saúde 71,1 ± 28,47 63,7 ± 24,48 0,049 *
Vitalidade 80,4 ± 21,58 67,0 ± 22,95 0,000 *
Aspectos Sociais 82,1 ± 30,18 90,0 ± 23,53 0,099 *
Limitação por Aspectos
Emocionais
87,8 ± 32,41 77,4 ± 41,73 0,111 *
Saúde Mental 74,1 ± 21,45 76,6 ± 19,76 0,502 **
(*) Teste de Mann-Whitney
(**) Teste t Student
Na tabela 7 se observa que: para o grupo com tempo menor ou igual a 1 ano, o maior
percentil correspondeu à limitação por aspectos emocionais, com 91,2 (± 26,86 dp), seguido
de: dor, com 86,0 (± 25,4 dp), capacidade funcional, 83,0 (± 17,58 dp), vitalidade, 80,79 (±
18,13 dp), limitação por aspectos físicos, 76,3 (± 41,23 dp), aspectos sociais, 75,7 (± 31,86
dp), saúde mental, 74,5 (± 16,72 dp) e, por último, estado geral de saúde, com 66,1 (± 30,54
dp).
Para o grupo com tempo maior ou igual a 1 ano de transplante foram observados, em
ordem decrescente, os seguintes domínios: limitação por aspectos emocionais, 86,4 (± 34,71
dp), aspectos sociais, 84,9 (± 29,36 dp), capacidade funcional, 82,5 (± 24,34 dp), vitalidade,
80,2 (± 42,39 dp), dor, 75,8 (± 33,8 dp), saúde mental, 73,9 (± 23,38 dp) e, por último, estado
geral de saúde, com 73,3 (± 27,61 dp).
________________________________________________________________________
48
Tabela 7: Pacientes renais no pré e pós-transplante segundo escores médios dos
domínios do questionário SF-36, conforme o tempo de transplante,
acompanhados no ambulatório do Hospital das Clínicas.
Recife, 2007
Domínios do SF-36
Tempo de Transplante
p-valor
1 ano >1ano e 2 anos
Média ± DP Média ± DP
Capacidade Funcional 83,0 ± 17,58 82,5 ± 24,34 0,433 *
Limitação por Aspectos
Físicos
76,3 ± 41,23 77,3 ± 42,39 0,594 *
Dor 86,0 ± 25,40 75,8 ± 33,80 0,263 *
Estado Geral de Saúde 66,1 ± 30,54 73,3 ± 27,61 0,442 *
Vitalidade 80,79 ± 18,13 80,2 ± 23,10 0,733 *
Aspectos Sociais 75,7 ± 31,86 84,9 ± 29,36 0,187 *
Limitação por Aspectos
Emocionais
91,2 ± 26,86 86,4 ± 34,71 0,678 *
Saúde Mental 74,5 ± 16,72 73,9 ± 23,38 0,918 **
(*) Teste de Mann-Whitney
(**) Teste t Student
Na tabela 8 se verifica que: no grupo com tempo de diálise menor que 4 anos, as
maiores médias se sucederam de forma decrescente: aspectos sociais, 85,6 (± 28,13 dp),
limitação por aspectos emocionais, 78 (± 41,8 dp), dor, 77,6 (± 29,72 dp), limitação por
aspectos físicos, 74,6 (± 42,67 dp), saúde mental, 72,8 (± 29,73 dp), vitalidade, 71,69 (± 21,67
dp), e estado geral de saúde, 65,8 (± 25,75 dp).
No grupo com tempo de diálise entre 4 e 8 anos, a maior média foi em limitações por
aspectos emocionais, com 91,9 (± 26,39 dp), seguido dos aspectos sociais, 87,9 (± 26,61 dp),
saúde mental, 81,6 (± 16,18 dp), vitalidade, 78,9 (± 20,98 dp), capacidade funcional, 78,9 (±
25,53 dp), limitação por aspectos físicos, 75 (± 43,3 dp), dor, 74,2 (± 29,5 dp) e, por último,
estado geral de saúde, 71,4 (± 27,68).
No grupo com tempo igual ou maior que 8 anos de diálise foi observado, em ordem
decrescente: aspectos sociais, 84,58 (± 27,4 dp), limitação por aspectos emocionais, 82,2 (±
37,89 dp), capacidade funcional, 73,7 (± 28,62 dp), vitalidade, 72,7 (± 27,82 dp), dor, 67,5 (±
________________________________________________________________________
49
35,56 dp), limitação por aspectos físicos, 67,5 (± 46,03 dp) e, por último, estado geral de
saúde, 66,6 (± 28,16 dp).
Tabela 8: Pacientes renais no pré e pós-transplante segundo escores médios dos
domínios do questionário SF-36, conforme o tempo de diálise,
acompanhados no ambulatório do Hospital das Clínicas.
Recife, 2007
Domínios do
SF-36
Tempo de Diálise
p-valor
< 4 anos 4 |- 8 8
Média ± DP Média ± DP Média ± DP
Capacidade
Funcional 72,8 ± 29,73
78,8 ± 25,53
73,7 ± 28,62 0,680 *
Limitação por
Aspectos Físicos
74,6 ± 42,67 75,0 ± 43,30 67,5 ± 46,03 0,642 *
Dor 77,6 ± 29,72 74,2 ± 29,50 67,5 ± 35,56 0,376 *
Estado Geral de
Saúde
65,8 ± 25,75 71,4 ± 27,68 66,6 ± 28,16 0,444 *
Vitalidade 71,69 ± 21,67 78,9 ± 20,98 72,7 ± 27,82 0,210 *
Aspectos Sociais 85,6 ± 28,13 87,9 ± 26,61 84,58 ± 27,40 0,638 *
Limitação por
Aspectos
Emocionais
78,0 ± 41,80 91,9 ± 26,39 82,2 ± 37,89 0,256 *
Saúde Mental 74,4 ± 19,57 81,6 ± 16,18 70,3 ± 25,38 0,082 **
(*) Kruskal-Wallis
(**) Anova
________________________________________________________________________
50
2.4 Discussão
O estudo mostrou, no que diz respeito à depressão, que não houve diferença estatística
significante entre os pacientes do pré-transplante e os transplantados renais. Porém, há uma
tendência para mais casos de depressão entre pacientes no pré-transplante (tabela 3), em
conformidade com resultados obtidos em outro estudo
(16)
. No entanto, ressalta-se que a
depressão pode ser um problema potencial no pós-transplante, devido a algumas possíveis
implicações, como a falta de adesão ao tratamento e a perda do enxerto
(16-20-21)
, bem como
alterações corporais, sentimento de culpa com relação ao doador e efeito dos
imunossupressores
(22)
.
Também foi constatada uma elevada percentagem de pacientes, de ambos os grupos,
que não apresentavam depressão (tabela 3). Os estudos realizados nessa área mostram
resultados diferentes dos dados encontrados, demonstrando a presença deste distúrbio
principalmente entre os pacientes da lista pré-transplante
(23)
e entre os transplantados que
retornaram para a hemodiálise, devido à rejeição do enxerto
(13-20-21)
.
Essa diferença nos resultados pode estar relacionada ao fato de não se ter trabalhado
com pacientes com rejeição, o que esperadamente resultaria em um aumento dos casos de
depressão entre os sujeitos. Também se especula quanto à repercussão do tempo de espera do
paciente pelo transplante, ainda em tratamento dialítico, conforme referido pelos autores
(24-25-
26)
.
No entanto, nos pacientes em que a depressão foi evidenciada o grupo do pré-
transplante renal foi o que apresentou os maiores índices deste distúrbio, em todos os níveis
(Tabela 3), assim como referem outros autores
(20-23-24)
.
As causas para um maior índice de depressão entre os pacientes com IRC podem estar
relacionadas com o estilo de vida adquirido ao iniciarem o tratamento dialítico. A restrição
dietética e hídrica, a perda da autonomia, a queda da renda mensal, a redução do interesse
sexual e o medo da morte são identificados como fatores causadores de distúrbio depressivo
nessa população
(13-27)
. Outras causas frequentemente relacionadas com a depressão, nos
pacientes em tratamento hemodialítico, são: queixas de mal-estar, câimbras, quedas bruscas
de pressão arterial, presença de fístula artério-venosa e o preconceito para inserção no
mercado de trabalho
(28)
, além da má adesão ao tratamento
(29)
.
Os problemas vivenciados pelos pacientes com doença renal crônica repercutem
negativamente em sua qualidade de vida
(5-11-23-30-31)
, como observado na tabela 6, em que
________________________________________________________________________
51
praticamente todos os domínios relativos à qualidade de vida foram menores em comparação
com os transplantados renais, como descrito por outros autores
(23-32)
.
Outro motivo que ocasionar depressão em pacientes com IRC que estão na lista de
espera por um transplante consiste possivelmente na forma de enfrentamento à nova situação.
O estresse vivenciado por esses pacientes, ao se depararem com a possibilidade do
transplante, poderia desencadear um distúrbio depressivo
(24-25-26)
.
Para alguns pacientes a lista de espera por um transplante, é considerada um símbolo
de esperança, de reorganização psíquica e social. Para outros, pode ser entendida como a
última alternativa
(33)
.
É válido ressaltar que a depressão poderá ocorrer também no pós-transplante renal,
como evidenciado em algumas pesquisas
(21-30-34-35-36)
e como observado em alguns pacientes
deste estudo (tabela 3), bem como em estudos com outros tipos de transplante, como é o caso
do transplante hepático
(33)
, podendo este fato ser explicado pelas complicações clínicas e ou
cirúrgicas
(22)
, pela não adesão ao tratamento
(13-36)
, pelas alterações corporais
(22-35)
, pelo uso de
imunossupressores
(16-21-22-37)
, ou talvez pela confluência de todos esses fatores, além de
interferir negativamente na QV desses pacientes
(30-36)
. Tanto a depressão pode expressar o
efeito de um ou mais fatores relacionados, quanto pode ser a causa de outros problemas. A
depressão não tratada poderá ocasionar a rejeição do enxerto, devido à não adesão ao
tratamento
(13)
, bem como ser um fator de risco para o suicídio
(38-39)
. Da mesma forma, a
rejeição pode ser considerada um fator de risco para a depressão e para o suicídio
(13-21)
.
Com relação ao tempo de transplante e sua possível relação com os níveis de depressão,
observou-se que o maior quantitativo de pacientes transplantados sem depressão correspondia
ao período maior que um ano e menor ou igual a dois anos do procedimento. Este resultado
pode estar relacionado a uma maior adaptação às mudanças no estilo de vida, após um ano de
transplante, conforme referido pelos autores
(40)
. O paciente adquire mais independência
(12)
,
devido à frequência reduzida de visitas ao hospital, apresenta maior autonomia para resolver
seus problemas de ordem pessoal e desenvolver suas atividades cotidianas
(35)
.
Outro motivo seria a redução das doses dos imunossupressores, o que normalmente
ocorre com o passar do tempo, de acordo com o protocolo de cada droga, podendo estar
relacionada à redução dos efeitos dessas medicações, como é o caso dos sintomas
depressivos
(37)
.
No entanto, entre os transplantados que apresentaram depressão, a maior parte estava
concentrada nesse mesmo período, como referido em estudo semelhante
(36)
. Este justifica a
ocorrência de depressão, após um ano, devido ao impacto financeiro relacionado à dificuldade
________________________________________________________________________
52
de reinserção no mercado de trabalho, ao estado físico do paciente e ao tratamento a que é
submetido, com influência sobre a vida familiar e atividades sociais, às alterações digestivas
(constipação) e às preocupações, como: medo de infecção e de rejeição do enxerto.
Uma incidência cumulativa de casos de depressão, no decorrer de três anos pós-
transplante, porém, apenas justifica a ocorrência deste distúrbio no primeiro ano,
relacionando-o a fatores como: reajuste na vida cotidiana, medo de rejeição e de infecção, e o
uso de imunossupressores, bem como de seus efeitos adversos
(21)
.
Neste trabalho, foi evidenciado que o quantitativo maior de pacientes sem depressão
encontrava-se no período inferior a quatro anos de diálise (Tabela 5), o que difere dos achados
de alguns trabalhos
(13-35-38-39-41)
.
Esse fato pode ser ocasionado talvez, pelo sentimento de esperança dos pacientes de
que, em pouco tempo, poderão se livrar dessa situação, alguns pela esperança depositada em
um possível transplante
(22-35-42)
, outros por não compreenderem o que significa ser portador de
uma doença renal crônica e suas implicações, achando, assim, que poderá haver cura e que o
tratamento tem caráter temporário
(24)
.
Porém, embora o maior número de pacientes sem depressão encontrasse no período
inferior a quatro anos de diálise, paradoxalmente a maioria, entre os que apresentaram o
distúrbio, também se encontrava nesse mesmo período, o que está em acordo com estudos
anteriormente citados
(13-35-38-39-41
).
Infere-se que o fato decorre da forma de enfrentamento de cada pessoa às variadas
situações. Cada indivíduo reage de uma determinada maneira, quando surpreendido pela
notícia de que é portador de uma doença crônica e de que necessitará de tratamento para o
resto da vida
(24-27-43)
.
Esse fato poderá ser potencializado caso surja a possibilidade de um transplante: o
indivíduo, muitas vezes, nem assimilou a doença e o tratamento a que será submetido, e
coloca-se então diante dele a perspectiva de uma cirurgia em que ele terá que receber um
órgão de outra pessoa, viva ou morta
(44)
.
No entanto, estratificando-se os níveis de depressão da tabela 5, será possível identificar
que, no período inferior a quatro anos, ocorreram mais casos de depressão leve, enquanto a
maior parte dos casos de depressão moderada a grave encontrava-se no período maior ou
igual a 8 anos. Infere-se que isso se deve ao tempo prolongado de espera na fila pré-
transplante, o que poderia acarretar o aparecimento de comorbidades
(45)
e até a morte do
paciente, bem como aumentar a incerteza sobre a realização do transplante, por
incompatibilidade do doador
(20)
.
________________________________________________________________________
53
Na tabela 6 observa-se que o grupo de transplantados renais apresentou melhor
qualidade de vida, com diferença estatística significante, em praticamente todos os domínios,
em relação ao grupo da fila pré-transplante, o que está em acordo com os resultados de
algumas pesquisas
(23-31-32-46)
, excetuando-se os componentes aspectos sociais e saúde mental,
com percentis discretamente maiores entre os pacientes da fila, pré-transplante.
Infere-se que a melhor qualidade de vida, entre os transplantados, se deve ao grau de
independência que o transplante proporciona, quando bem sucedido, além de uma menor
restrição alimentar, ausência de restrição hídrica e maior bem-estar físico, como também
mencionado em alguns trabalhos
(35-40)
.
Entre os domínios que mais se destacaram nesta pesquisa, quando comparado os dois
grupos, estão vitalidade (p = 0,000), capacidade funcional (p = 0,001), dor (p = 0,027) e
estado geral de saúde (p = 0,049). Em um dado estudo
29
, não foram evidenciadas diferenças
estatisticamente significantes com relação à qualidade de vida, quando comparados grupos em
tratamento hemodialítico, em diálise peritoneal e transplantados renais. Porém, foi verificado
que o componente vitalidade apresentou maior escore no grupo de transplantados renais,
assim como encontrado neste estudo.
Outra pesquisa também não mostrou diferença estatística significante entre os escores
de QV quando comparados pacientes do pré e do pós-transplante renal, no entanto,
mencionou que a média dos escores apontou para uma diferença positiva na avaliação da
qualidade de vida após o transplante
(35)
.
Um terceiro estudo mostrou uma percepção subjetiva em relação à QV, correlacionada
negativamente com a presença de depressão e falta de apoio social
(47)
.
No entanto, apesar do presente estudo e grande parte das pesquisas já mencionadas
apresentarem resultados mais satisfatórios com relação à QV entre os transplantados renais, é
válido ressaltar o potencial comprometimento desta no período posterior ao transplante, tendo
em vista algumas preocupações peculiares desse período, como, por exemplo, mudanças na
imagem corporal, insegurança com um possível retorno às atividades profissionais, medo da
rejeição do enxerto e retorno à diálise, como corroboram alguns autores
(7-22-32-35)
.
No que diz respeito ao domínio aspecto social, o maior escore foi relacionado a um
pequeno número de pacientes da fila pré-transplante, que apresentavam características sociais
destoantes dos demais, como, por exemplo, renda superior, melhores condições de moradia,
maior nível intelectual e acesso a tratamento de saúde particular ou conveniado, o que elevou
a média dos escores nesse componente.
________________________________________________________________________
54
Quanto ao domínio saúde mental, também se observa uma diferença entre os pacientes
da fila em relação aos transplantados. O fato deste domínio ter sido maior nesse grupo não
representou significância estatística e destoa um pouco dos dados apresentados na tabela 3,
que apresenta um maior número de casos de depressão nessa população, bem como de uma
pesquisa realizada com pacientes em tratamento dialítico, em que na presença de depressão,
verificou-se comprometimento da QV, principalmente nos domínios saúde mental e física
(30)
.
Um estudo sobre preditores de qualidade de vida em pacientes com doença crônica em
hemodiálise constatou menores escores em relação aos componentes físico e mental,
relacionando esses resultados à presença de comorbidades como Diabetes Mellitus (DM) e
Depressão, uso de CDL como acesso vascular, ausência de ocupação regular e menor nível
educacional, o que influenciou negativamente a QV desse grupo
(23)
. Nesta pesquisa
encontraram-se dados semelhantes com relação ao domínio limitações por aspectos físicos e
divergentes com relação ao domínio saúde mental, no entanto, os resultados não apresentaram
significância estatística.
Nas tabelas 7 e 8 observa-se que não houve significância estatística, no que diz
respeito aos escores médios para avaliação da QV, em relação ao tempo de transplante,
conforme outro estudo
(47)
, e ao tempo de diálise.
Quanto ao transplante, como citado anteriormente, estudo realizado com 166
transplantados, sendo 47% de fígado, 42,8% de rim e 10,2% de coração, avaliou a relação
entre os níveis de ansiedade, de depressão e QV e o período de tempo pós-transplante. Foram
evidenciados maiores níveis de ansiedade e depressão um ano após o transplante, com
negativa repercussão na QV dos pacientes
(36)
. Os autores justificaram os resultados como
resultantes de preocupações: possibilidade de rejeição, infecções e com o futuro bem estar
físico, social e financeiro
(21-25)
.
No entanto, as preocupações referidas pelos pacientes são percebidas em todos os
períodos do pós-transplante e até mesmo antes de ocorrer o transplante, pois se tratam de
preocupações pertinentes, tendo em vista a real possibilidade de ocorrência das alterações
mencionadas, conforme citado em pesquisa
(35)
, o que reforça os resultados deste estudo.
Quanto à hemodiálise, pesquisa
(29-48)
, demonstram que pacientes com menor tempo de
tratamento dialítico apresentaram maiores escores para QV, o mesmo ocorrendo com
pacientes que não tiveram tratamento dialítico antes do transplante. No entanto, com relação a
pacientes transplantados que se submeteram a diálise antes da cirurgia, não foram percebidos,
neste estudo, efeitos significativos na QV.
________________________________________________________________________
55
2.5 Considerações Finais:
O estudo evidenciou que a maioria dos domínios avaliados para qualidade de vida foi
significativamente melhor entre os transplantados em relação aos pacientes da fila pré-
transplante. Também foi verificado que a maior parte dos pacientes, tanto da fila quanto do
pós-transplante, não apresentou depressão. O tempo de diálise e de transplante parece não
interferir na percepção dos pacientes sobre sua condição emocional e qualidade de vida.
No entanto, ressalta-se a importância da valorização dos aspectos emocionais e
psicossociais, devido às alterações que poderão surgir, tanto no pré, quanto no pós-transplante
renal.
Acredita-se que a realização de outras pesquisas nessa área é de fundamental
importância para melhor conhecimento do manejo do tratamento e do cuidado com os
pacientes crônicos, sendo sugerido um acompanhamento psicológico sistemático, em todas as
etapas do transplante, por parte, de equipe multiprofissional.
________________________________________________________________________
56
Referências
1 Riella MC. Princípios de nefrologia e distúrbios hidroeletrolíticos. Ed. Guanabara
Koogan 1996; 3(36): 475 / (48): 639-641.
2 Smeltzer SC, Bare BG. Tratado de Enfermagem Médico Cirúrgica. Ed. Guanabara 2002;
9: 1100.
3 Romão Jr JE, Doença Renal Crônica: Definição, Epidemiologia e Classificação. Jornal
Brasileiro de Nefrologia 2004; V. XXVI(3).
4 D’Ávila 1996 In, Riella. Op. Cit.
5 Castro M, Caiuby AVS, Draibe SA, Canziani MEF. Qualidade de vida de pacientes com
insuficiência renal crônica em hemodiálise avaliada através do instrumento genérico SF-
36. Rev Assoc Med Bras 2003; 49:245-9.
6 Zimmermann, P. R.; Carvalho, J. O. & Mari, J. J. Impacto da depressão e outros fatores
psicossociais no prognóstico de pacientes renais crônicos. Revista de Psiquiatria do Rio
Grande do Sul 2004; 26(3):312-318.
7 Bittencourt ZZLC, Alves Filho G, Mazzali M, Santos NR. Qualidade de vida em
transplantados renais: importância do enxerto funcionante. Rev. Saúde Pública 2004;
38(5): 732-734.
8 Pereira WA, Galazzi JF, Lima AS, Andrade MAC. Transplante de Fígado. In: Pereira
WA, organizador. Manual de transplantes de órgãos e tecidos. Ed. Medsi 2000; 2:203-37.
9 Butolo-Vido M.Quintella-Fernandes R. Quality of life: considerations about concept and
instruments of measure. Online Brazilian Journal of Nursing [serial on the Internet]. 2007
March 13; 6(2).
10 McIntyre T, Barroso R, Lourenço M. Impacto da depressão na qualidade de vida dos
doentes. Saúde mental 2002, 4(5).
________________________________________________________________________
57
11 Valderrabano F, Jofre R, Lopez-Gomez JM. Quality of life in end-stage renal disease
patients. Am J Kidney Dis 2001; 38(3):443-64.
12 Castro EK. O paciente renal crônico e o transplante de órgãos no Brasil: aspectos
psicossociais. Rev. SBPH. jun. 2005; 8(1):1-14.
13 Almeida AM, Meleiro AMAS. Depressão e insuficiência renal crônica. J Bras Nefrol.
2000; 22:192-200.
14 Daugirdas JT. Manual de diálise. Ed.Medsi 2003; 3.
15 Manfro, R.C. et al. Manual de Transplante Renal. Ed Manole 2004; 1.
16 Karaminia R, Tavallaii SA, Lorgard-Dezfuli-Nejad M, Lankarani M.M, Mirzaie HH,
Einollahi B, and Firoozan A. Anxiety and Depression: A Comparison Between Renal
Transplant Recipients and Hemodialysis Patients. Transplantation Proceedings 2007; 39:
1082–1084.
17 Beck, AT, Steer RA, Garbin MG. Psychometric properties of the Beck Depression
Inventory: twenty-five years of evaluation. Clin. Psychol. Rev. 1988; 8(1):77–100.
18 Gorestein C, Andrade H. Inventário de depressão de Beck: propriedades psicométricas da
versão em português. Rev Psiquiatr Clin 1998; 25:245-50.
19 Ciconelli RM. Tradução para o português e validação do questionário de avaliação de
qualidade de vida “Medical outcomes study 36-item short form health survey (SF-36)”
[tese]. Universidade Federal de São Paulo 1999.
20 Akman, B, Ozdemir FN, Sezer S, Micozkadioglu H, Haberal M. Depression levels before
and after renal transplantation. Transplant Proc 2004; 36:111-3.
21 Dobbels F, Skeans MA, Snyder JJ, Tuomari AV, Maclean JR, and Kasiske BL.
Depressive Disorder in Renal Transplantation: An Analysis of Medicare Claims.
American Journal of Kidney Diseases 2008; 51(5):819-828.
22 Abrunheiro LMM, Perdigoto R, Sendas S. Avaliação e Acompanhamento Psicológico
Pré e Pós-Transplante Hepático. Psic., Saúde & Doenças. Nov. 2005; 6(2):139-143.
________________________________________________________________________
58
23 Barbosa LMM, Júnior MPA, Bastos KA. Preditores de Qualidade de Vida em Pacientes
com Doença Renal Crônica em Hemodiálise. J Bras Nefrol 2007; 29(4).
24 Velloso, Rosana Laura Martins. Efeitos da hemodiálise no campo subjetivo dos pacientes
renais crônicos. Cogito 2001; 3:73-82.
25 Sasso KD, Galvão CM, Silva Jr OC, França AVC. Transplante de fígado: resultados de
aprendizagem de pacientes que aguardam a cirurgia. Rev. Latino-Am. Enfermagem
2005 Ago; 13(4):481-488.
26 Massarollo MC, Kurcgant P. O vivencial dos enfermeiros no programa de transplante de
fígado de um hospital público. Rev Latino-am Enfermagem 2000; 8(4):66-72.
27 Higa K et al. Quality of life of patients with chronic renal insufficiency undergoing
dyalisis treatment. Acta paul. enferm. 2008; 21.
28 Lara EA, Sarquis LMM. O paciente renal crônico e sua relação com o trabalho. Cogitare
Enf. 2004; 9(2):99-106.
29 Sayin A, Mutluay R, and Sindel S. Quality of Life in Hemodialysis, Peritoneal Dialysis,
and Transplantation Patients. Transplantation Proceedings 2007; 39:3047–3053.
30 Noohi S, Khaghani-Zadeh M, Javadipour M, Assari S, Najafi M, Ebrahiminia M, and
Pourfarziani V. Anxiety and Depression Are Correlated With Higher Morbidity After
Kidney Transplantation. Transplantation Proceedings 2007; 39:1074–1078.
31 Pereira LC, Chang J, Fadil-Romão MA, Abensur H, Araújo MRT, Noronha IL, et al.
Qualidade de vida relacionada à saúde em paciente transplantado renal. J Bras Nefrol
2003; 25:10-6.
32 Overbeck, M. Bartels, O. Decker, J. Harms, J. Hauss, and J. Fangmann. Changes in
Quality of Life After Renal Transplantation. Transplantation Proceedings 2005; 37:1618-
1621.
33 Duarte PM, Sankarankutty AK, Silva OC, Gorayeb R, et al. Sofrimento psíquico em
pacientes listados para o transplante hepático. Act Cir. Bras. 2006; 21(1).
________________________________________________________________________
59
34 Arapaslan B, Soykan A, Soykan C, and Kumbasar H. Cross-Sectional Assessment of
Psychiatric Disorders in Renal Transplantation Patients in Turkey: A Preliminary Study.
Transplantation Proceedings 2004; 36:1419-1421.
35 Ravagnani LMB, Domingos NAM, Miyazaki MCOS, Qualidade de vida e estratégias de
enfrentamento em pacientes submetidos a transplante renal. Estudos de Psicologia. 2007;
12 (2):177-184.
36 Pérez-San-Gregorio MA, Martín-Rodríguez A, Díaz-Domínguez R, Pérez-Bernal J. The
Influence of Posttransplant Anxiety on the Long-Term Health of Patients. Transplantation
Proceedings 2006; 38:2406-2408.
37 Rosenberger J, Geckova AM, Dijk JP, Roland R, Heuvel WJA, Groothof JWG Factors
modifying stress from adverse effects of immunosuppressive medication in kidney
transplant recipients. Clinical Transplantation 2004; 19(1):70-76.
38 Moura Junior JA, Souza CAM, Oliveira IR, Miranda RO, Teles C, Moura Neto JA. Risco
de suicídio em pacientes em hemodiálise: evolução e mortalidade em três anos. J. bras.
psiquiatr. 2008; 57(1):44-51.
39 Kurella M, Kimmel PL, † Belinda S. Young and Glenn M. Chertow. Suicide in the
United States End-Stage Renal Disease Program. J Am Soc Nephrol 2005; 16:774–781.
40 Brandão de Carvalho Lira Ana Luisa, Cavalcante Guedes Maria Vilaní, Oliveira Lopes
Marcos Venícios de. Adolescente renal crónico: alteraciones físicas, sociales y
emocionales pos-trasplante. Rev Soc Esp Enferm Nefrol. 2005; 8(4): 12-16.
41 Almeida AM, A importância da saúde mental na qualidade de vida e sobrevida do
portador de insuficiência renal crônica. J Bras Nefrol. 2003; 250:209-14.
42 Pietrovsk V, Dall'Agnol CM. Situações significativas no espaço-contexto da hemodiálise:
o que dizem os usuários de um serviço?. Rev. bras. enferm. [serial on the Internet]. 2006
Oct; 59(5):630-635.
43 Amato MS, Amato NV, Uip DE. Avaliação da qualidade de vida de pacientes com
doença de Chagas submetidos a transplante de coração. Rev. Soc. Bras. Med.
Trop. 1997; 30(2): 159-160.
________________________________________________________________________
60
44 Mendes AC, Shiratori K. As percepções dos pacientes de transplante renal. Rev Nursing.
2002; 5 (44): 45-51.
45 Morsch C, Gonçalves L F, Barros E. Índice de gravidade da doença renal, indicadores
assistenciais e mortalidade em pacientes em hemodiálise. Rev. Assoc. Med. Bras. 2005
Oct; 51(5):296-300.
46 Virzi A, GiammarresiSignorelli MS, Veroux MG, Maugeri S, Nicoletti A, Veroux P.
Depression and Quality of Life in Living Related Renal Transplantation. Transplantation
Proceedings 2007; 39 (6):1791-1793.
47 Shah VS, Ananth A, Sohal GK, Bertges-Yost W, Eshelman A, Parasuraman RK, and
Venkat KK. Quality of Life and Psychosocial Factors in Renal Transplant Recipients.
Transplant Proc. 2006; 38:1283-1285.
48 Cattai GBP, Rocha FA, Nardo Junior N., Pimentel GGA. Qualidade de vida em acientes
com insuficiência renal crônica – SF-36. Cienc Cuid Saude 2007; 6(2):460-467.
___________________________________________________________________
61
APÊNDICES
A- Termo de consentimento livre e esclarecido
B- Formulário para caracterização da amostra
62
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
(TCLE)
PROJETO
DEPRESSÃO E QUALIDADE DE VIDA EM PACIENTES NO PRÉ E PÓS-
TRANSPLANTE RENAL
Nome do autor: Patrícia Madruga Rêgo Barros
Nome do Orientador: Luciane Soares de Lima
Endereço: Rua Capitão Ponciano 63, Barro – Recife – PE – CEP: 50780-040
Telefone para contato: (81) 3251.1936
e-mail: patricia-madruga@hotmail.com
O objetivo do estudo é analisar a depressão e a qualidade de vida em pacientes no
pré e pós-operatório de transplante renal.
O estudo será realizado no ambulatório de transplante renal do Hospital das
Clínicas Recife - Pernambuco.
Os dados serão coletados através de um formulário constituído de perguntas
fechadas e de inventários específicos para análise da qualidade de vida e depressão.
Estes dados serão utilizados para elaboração de dissertação de mestrado.
A pesquisa não incorrerá em ônus para você que também não receberá pagamento
pela sua participação.
As informações obtidas através do estudo terão caráter sigiloso, bem como será
respeitada a privacidade de seus participantes. Elas poderão ser divulgadas em eventos ou
publicações científicas, porém preservando a identidade de seus participantes.
A aplicação do instrumento de coleta de dados poderá ocasionar constrangimento
aos pacientes, constituindo risco mínimo para a amostra, porém estes, a qualquer momento,
poderão desistir da participação do estudo sem prejuízo para sua assistência. Os resultados
da pesquisa poderão ajudar na melhoria da qualidade da assistência prestada ao público
alvo, evitando ou reduzindo agravos à saúde.
Eu li e compreendi as informações acima descritas e concordo livremente em
participar do estudo em questão.
Recife____de___________de___________.
____________________________ ___________________________
Entrevistado Entrevistador
____________________________ ____________________________
Testemunha Testemunha
63
FORMULÁRIO PARA COLETA DE DADOS
Data da coleta
____/____/____ Registro: _________
DADOS DE IDENTIFICAÇÃO
I. Número do prontuário: _______________________
II. Idade: __________________
III. Sexo: 1 Masculino 2 Feminino
IV. Profissão: __________________
V. Ocupação: __________________
VI. Escolaridade:
1
Analfabeto
2
Alfabetizado
3
1º grau ou fundamental
4
2º graus ou médio
5
3º grau ou superior
6
Pós-graduação.
VII. Reside: 1 Região metropolitana do Recife (município): ______________
2 Outros
VIII. Renda mensal: __________________________________
IX. Condições de moradia:
1
Possui água encanada e saneamento básico completo
2
Possui energia elétrica
3
Casa em alvenaria
4
Casa de taipa
X. Tempo de diálise: _____________________________
XI. Tipo de tratamento dialítico no momento:
1
CAPD Tempo:_______________
2
HEMODIÁLISE Tempo:_________
3
DPI Tempo:_____________________
4 DPA Tempo:____________________
5 Não aplicável
XII. Doença de base:
1
INDETERMINADA
2
GNC
3
HAS
4
DM
5
NEFRITE INTERSTICIAL
6
RINS POLICÍSTICOS
7
LES
8
UROPATIA + PNC
9
OUTRAS
XIII. Tipo de Transplante:
1
Doador vivo relacionado
2
Doador vivo não relacionado
3
Doador cadáver
XIV. Tempo de transplante: _____________________
___________________________________________________________________
64
ANEXOS
A- Aprovação do Comitê de ética em pesquisa
B- Questionário de Qualidade de Vida SF-36
C- Inventário de Depressão de Beck (BDI)
___________________________________________________________________
65
66
SF-36 PESQUISA EM SAÚDE ESCORE_______
Nome______________________________________________ RG ______________
Endereço ________________________________________ TEL______________
Data__ /__ /__ Examinador __________________________
INSTRUÇÕES: Esta pesquisa questiona você sobre sua saúde. Estas informações nos manterão
informados de como você se sente e quão bem você é capaz de fazer atividades de vida diária. Responda
cada questão marcando a resposta como indicado. Caso você esteja inseguro em como responder, por
favor, tente responder o melhor que puder.
1. Em geral, você diria que sua saúde é:
(circule uma)
Excelente................................................................................................ 1
Muito boa............................................................................................... 2
Boa......................................................................................................... 3
Ruim....................................................................................................... 4
Muito ruim.............................................................................................. 5
2. Comparada a um ano atrás, como você classificaria sua saúde em geral, agora?
(circule uma)
Muito melhor agora do que a um ano atrás............................................ 1
Um pouco melhor agora do que a um ano atrás..................................... 2
Quase a mesma coisa do que a um ano atrás......................................... 3
Um pouco pior agora do que a um ano atrás......................................... 4
Muito pior agora do que a um ano atrás............................................... 5
67
3. Os seguintes itens são sobre atividades que você poderia fazer atualmente durante um dia comum.
Devido à sua saúde, você tem dificuldades para fazer essas atividades? Neste caso, quanto?
(circule um número em cada linha)
Atividades
Sim.
Dificulta muito
Sim.
Dificulta pouco
Não.
Não dificulta de
modo algum
A) Atividades vigorosas, que exigem muito
esforço, tais como correr, levantar objetos
pesados, participar de esportes árduos
1
2
3
B) Atividades moderadas, tais como mover
uma mesa, passar aspirador de pó, jogar
bola, varrer casa
1
2
3
C)Levantar ou carregar mantimentos
1
2
3
D) Subir rios lances de escada
1
2
3
E) Subir um lance de escadas
1
2
3
F) Curvar-se, ajoelhar-se ou dobrar-se
1
2
3
G) Andar mais de 1 Km
1
2
3
H) Andar vários quarteirões
1
2
3
I) Andar um quarteirão
1
2
3
J) Tomar banho ou vestir-se
1
2
3
68
4. Durante as útimas 4 semanas, você teve algum dos seguinte problemas com o seu trabalho ou com alguma
atividade diária regular, como consequência de sua saúde física?
(circule um número em cada linha)
Sim Não
A) Você diminuiu a quantidade de tempo que
dedicava ao seu trabalho ou a outras
atividades?
1
2
B) Realizou menos tarefas do que gostaria?
1
2
C) Esteve limitado no seu tipo de trabalho ou
em outras atividades?
1
2
D) Teve dificuldade para fazer seu trabalho ou
outras atividades (p.ex.: necessitou de um
esforço extra)?
1
2
5. Durante as últimas 4 semanas, você teve algum dos seguintes problemas com o seu trabalho ou com outra
atividade regular diária, como consequência de algum problema emocional (como sentir-se deprimido ou
ansioso)?
(circule um número em cada linha)
Sim Não
A) Você diminuiu a quantidade de tempo que
se dedicava ao seu trabalho ou a outras
atividades?
1
2
B) Realizou menos tarefas do que gostaria?
1
2
C) Não trabalhou ou não fez qualquer das
atividades com tanto cuidado como geralmente
faz?
1
2
69
6. Durante as últimas 4 semanas, de que maneira sua saúde física ou problemas emocionais interferem nas suas
atividades sociais normais, em relação à família, vizinhos, amigos ou em grupo?
(circule uma)
De forma nenhuma................................................................... 1
Ligeiramente............................................................................ 2
Moderamente........................................................................... 3
Bastante................................................................................... 4
Extremamente.......................................................................... 5
7. Quanta dor no corpo você teve durante as últimas 4 semanas ?
(circule uma)
Nenhuma................................................................................... 1
Muito leve................................................................................. 2
Leve........................................................................................... 3
Moderada.................................................................................. 4
Grave......................................................................................... 5
Muito grave............................................................................... 6
8. durante as últimas 4 semanas, quanto a dor interferiu com o seu trabalho normal (incluindo tanto trabalho fora
ou dentro de casa)?
(circule uma)
De maneira alguma.................................................................... 1
Um pouco.................................................................................. 2
Moderadamente......................................................................... 3
Bastante..................................................................................... 4
Extremamente............................................................................ 5
70
9. Estas questões são sobre como você se sente e como tudo tem acontecido com você durante as últimas 4
semanas. Para cada questão, por favor dê uma resposta que mais se aproxime da maneira como você se sente.
(circule um número para cada linha)
Todo o
tempo
A maior
parte do
tempo
Uma
boa
parte do
tempo
Alguma
parte do
tempo
Uma
pequena
parte do
tempo
Nunca
A) Quanto tempo você tem se sentido
cheio de vigor, cheio de vontade,
cheio de força?
1
2
3
4
5
6
B) Quanto tempo você tem se sentido
uma pessoa muito nervosa?
1
2
3
4
5
6
C) Quanto tempo você tem se sentido
tão deprimido que nada pode
animá-lo?
1
2
3
4
5
6
D) Quanto tempo você tem se sentido
calmo ou tranquilo?
1
2
3
4
5
6
E) Quanto tempo você tem se sentido
com muita energia?
1
2
3
4
5
6
F) Quanto tempo você tem se sentido
desanimado e abatido?
1
2
3
4
5
6
G) Quanto tempo você tem se sentido
esgotado?
1
2
3
4
5
6
H) Quanto tempo você tem se sentido
uma pessoa feliz?
1
2
3
4
5
6
I) Quanto tempo você tem se sentido
cansado?
1
2
3
4
5
6
71
10. Durante as últimas 4 semanas, quanto do seu tempo a sua saúde física ou problemas emocionais interferiram em
suas atividades sociais (como visitar amigos, parente, etc...)?
(circule uma)
Todo o tempo............................................................................. 1
A maior parte do tempo.............................................................. 2
Alguma parte do tempo.............................................................. 3
Uma pequena parte do tempo..................................................... 4
Nenhuma parte do tempo........................................................... 5
11. O quanto verdadeiro ou falso é cada uma das afirmações para você?
Definitiva-
mente
verdadeiro
A maioria das
vezes verdadeiro
Não
sei
A maioria
das vezes
falsa
Definitivamente
falsas
A) Eu costumo adoecer um
pouco mais facilmente que
as outras pessoas
1
2
3
4
5
B) Eu sou tão saudável quanto
qualquer pessoa que eu
conheço
1
2
3
4
5
C) Eu acho que a minha saúde
vai piorar
1
2
3
4
5
D) Minha saúde é excelente
1
2
3
4
5
72
ORIENTAÇÕES PARA PONTUAÇÃO DO SF-36
Questão Pontuação
01
1=>5.0 2=>4.4 3=>3.4 4=>2.0 5 =>1.0
03
Soma normal
04
Soma Normal
05
Soma Normal
06
1=>5 2=>4 3=>3 4=>2 5=>1
07
1=>6.0 2=>5.4 3=>4.2 4=>3.1 5=>2.2 6=>1.0
08
Se 8=>1 e 7=>1 =======Î6 1=>6.0
Se 8=>1 e 7=>2 a 6 =====Î5 2=>4.75
Se 8=>2 e 7=>2 a 6 =====Î4 3=>3.75 Se a questão 07 não
Se 8=>3 e 7=>2 a 6 =====Î3 4=>2.,25 for respondida
Se 8=>4 e 7=>2 a 6 =====Î2 5=>1.0
Se 8=>5 e 7=>2 a 6 =====Î1
09
A, D, E, H = valores contrários (1=6, 2=5, 3=4, 4=3, 5=2, 6=1)
Vitalidade = A + E + G + I
Saúde Mental = B + C + D + F + H
10
Soma Normal
11
Soma de:
A + C (valores normais)
B + D (valores contrários: 1=5, 2=4, 3=3, 4=2, 5=1)
73
Item Questão Limites Score Range
(variação)
Capacidade Funcional
3
10, 30
20
Aspecto Físico
4
4, 8
4
Dor
7 + 8
2, 12
10
Estado Geral de Saúde
1 + 11
5, 25
20
Vitalidade
9 A, E, G, I
4, 24
20
Aspectos Sociais
6 + 10
2, 10
8
Aspecto Emocional
5
3, 6
3
Saúde Mental
9 B, C, D, F, H
5, 30
25
Row Scale:
Ex: Item = [Valor obtido - Valor mais baixo
] x 100
Variação
Ex: Capacidade Funcional = 21
Valor mais baixo = 10
Variação = 20
21 -10
x 100 = 55
20
Dados Perdidos:
Se responder a mais de 50% = substituir pela média
0 = pior escore 100 = melhor escore
CICONELLI, R.M.- Tradução para o Português e Validação do Questionário Genérico de Avaliação da Qualidade
de Vida "Medical Outcomes Study 36- Item Short- Form Health Survey (SF-36)". Tese de Doutorado, Universidade
Federal de São Paulo, 143 págs, 1997.
74
Inventário de Depressão de Beck (BDI)
Este questionário consiste em 21 grupos de afirmações. Depois de ler cuidadosamente
cada grupo, faça um círculo em torno do número (0, 1, 2 ou 3) diante da afirmação, em
cada grupo, que descreve melhor a maneira como você tem se sentido nesta semana,
incluindo hoje. Se várias afirmações num grupo parecerem se aplicar igualmente bem,
faça um círculo em cada uma. Tome o cuidado de ler todas as afirmações, em cada
grupo, antes de fazer a sua escolha.
1. 0 Não me sinto triste.
1 Eu me sinto triste.
2 Estou sempre triste e não consigo sair disso.
3 Estou tão triste ou infeliz que não consigo suportar.
2. 0 Não estou especialmente desanimado quanto ao futuro.
1 Eu me sinto desanimado quanto ao futuro.
2 Acho que nada tenho a esperar.
3 Acho o futuro sem esperança e tenho a impressão de que as coisas não podem melhorar.
3. 0 Não me sinto um fracasso.
1 Acho que fracassei mais do que uma pessoa comum.
2 Quando olho para trás, na minha vida, tudo o que posso ver é um monte de fracassos.
3 Acho que, como pessoa, sou um completo fracasso.
4. 0 Tenho tanto prazer em tudo como antes.
1 Não sinto mais prazer nas coisas como antes.
2 Não encontro um prazer real em mais nada.
3 Estou insatisfeito ou aborrecido com tudo.
5. 0 Não me sinto especialmente culpado.
1 Eu me sinto culpado às vezes.
2 Eu me sinto culpado na maior parte do tempo.
3 Eu me sinto sempre culpado.
6. 0 Não acho que esteja sendo punido.
1 Acho que posso ser punido.
2 Creio que vou ser punido.
3 Acho que estou sendo punido.
7. 0 Não me sinto decepcionado comigo mesmo.
1 Estou decepcionado comigo mesmo.
2 Estou enojado de mim.
3 Eu me odeio.
8. 0 Não me sinto de qualquer modo pior que os outros.
1 Sou crítico em relação a mim devido a minhas fraquezas ou meus erros.
2 Eu me culpo sempre por minhas falhas.
3 Eu me culpo por tudo de mal que acontece.
75
9. 0 Não tenho quaisquer idéias de me matar.
1 Tenho idéias de me matar, mas não as executaria.
2 Gostaria de me matar.
3 Eu me mataria se tivesse oportunidade.
10. 0 Não choro mais que o habitual.
1 Choro mais agora do que costumava.
2 Agora, choro o tempo todo.
3 Costumava ser capaz de chorar, mas agora não consigo mesmo que o queira.
11. 0 Não sou mais irritado agora do que já fui.
1 Fico molestado ou irritado mais facilmente do que costumava.
2 Atualmente me sinto irritado o tempo todo.
3 Absolutamente não me irrito com as coisas que costumavam irritar-me.
12. 0 Não perdi o interesse nas outras pessoas.
1 Interesso-me menos do que costumava pelas outras pessoas.
2 Perdi a maior parte do meu interesse nas outras pessoas.
3 Perdi todo o meu interesse nas outras pessoas.
13. 0 Tomo decisões mais ou menos tão bem como em outra época.
1 Adio minhas decisões mais do que costumava.
2 Tenho maior dificuldade em tomar decisões do que antes.
3 Não consigo mais tomar decisões.
14. 0 Não sinto que minha aparência seja pior do que costumava ser.
1 Preocupo-me por estar parecendo velho ou sem atrativos.
2 Sinto que há mudanças permanentes em minha aparência que me fazem parecer sem
atrativos.
3 Considero-me feio.
15. 0 Posso trabalhar mais ou menos tão bem quanto antes.
1 Preciso de um esforço extra para começar qualquer coisa.
2 Tenho de me esforçar muito até fazer qualquer coisa.
3 Não consigo fazer nenhum trabalho.
16. 0 Durmo tão bem quanto de hábito.
1 Não durmo tão bem quanto costumava.
2 Acordo uma ou duas horas mais cedo do que de hábito e tenho dificuldade para voltar a
dormir.
3 Acordo várias horas mais cedo do que costumava e tenho dificuldade para voltar a
dormir.
17. 0 Não fico mais cansado que de hábito.
1 Fico cansado com mais facilidade do que costumava.
2 Sinto-me cansado ao fazer quase qualquer coisa.
3 Estou cansado demais para fazer qualquer coisa.
18. 0 Meu apetite não está pior do que de hábito.
1 Meu apetite não é tão bom quanto costumava ser.
76
2 Meu apetite está muito pior agora.
3 Não tenho mais nenhum apetite.
19. 0 Não perdi muito peso, se é que perdi algum ultimamente.
1 Perdi mais de 2,5 Kg.
2 Perdi mais de 5,0 Kg.
3 Perdi mais de 7,5 Kg.
Estou deliberadamente tentando perder peso, comendo menos: SIM ( ) NÃO ( )
20. 0 Não me preocupo mais que o de hábito com minha saúde.
1 Preocupo-me com problemas físicos como dores e aflições ou perturbações no estômago
ou prisão de ventre.
2 Estou muito preocupado com problemas físicos e é difícil pensar em outra coisa que não
isso.
3 Estou tão preocupado com meus problemas físicos que não consigo pensar em outra
coisa.
21. 0 Não tenho observado qualquer mudança recente em meu interesse sexual.
1 Estou menos interessado por sexo que costumava.
2 Estou bem menos interessado em sexo atualmente.
3 Perdi completamente o interesse por sexo.
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo