
seja exclusivo da burocracia, prefiro designá-lo por modelo burocrático – um modelo
que estuda as organizações como organizações burocráticas” (Lima, 2001, p.21)
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.
Nesta face do modelo
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, o autor identifica que os objetivos da organização escolar são
consensuais, as normas são abstratas e as estruturas são formais, o que constitui uma
racionalidade instrumental/técnica da gestão escolar (Lima, 2001, p. 24). O modelo
burocrático é o preferido nos estudos sobre a gestão escolar, mas alerta o autor para o
fato de que utilizar a burocracia como roteiro para esta análise não é um procedimento
dos mais fáceis, pois, a despeito da burocratização da administração escolar, as escolas
não são organizações puramente burocráticas. Assim,
O estudo da escola como organização burocrática tende, (...), a transferir para a escola
dimensões características das organizações burocráticas, desde a rigidez (...), passando
pela delegação de autoridade, a departamentalização e a especialização (...), até aos
desempenhos mínimos aceitáveis, consagrados por regras universais e abstractas (...),
considerando muito menos, ou mesmo não considerando, a importância dos conflitos
organizacionais, a definição problemática dos objetivos, as dificuldades impostas por
uma tecnologia ambígua e as estruturas informais (Lima, 2001, p. 28).
E acrescenta que o modelo burocrático
concentra-se quase exclusivamente no estudo das “versões oficiais da realidade”,
ignorando que “as coisas não são o que parecem ser”. (...). Onde se espera encontrar a
racionalidade e o planeamento rigoroso, encontra-se, por vezes, uma realidade bem
diferente, embora frequentemente envolta pela retórica da racionalidade, isto é, pelo
emprego retrospectivo da racionalidade, ou pela racionalidade a posteriori, como forma
de legitimação, de procura de argumentos, depois da tomada de decisões (Lima, 2001,
pp. 28 e 29).
De outro lado, Lima apresenta a anarquia, cujas características são os objetivos
pouco claros, os processos insuficientemente compreendidos e a participação das
pessoas não é bem definida (Lima, 2001, p. 30). Nesta outra face do modelo, situações
cotidianamente vivenciadas pelas escolas parecem ser melhor perceptíveis, como a
ausência de intenção em certas ações da gestão escolar e que ocorrem simplesmente
pela tradição da repetição ou pela ação burocratizada, mas deslocada do seu real
objetivo que é melhorar as condições pedagógicas de funcionamento da escola. Na
anarquia, a escola é tida como um sistema debilmente articulado, ou seja, “como uma
organização em que muitos dos seus elementos são desligados, se encontram
poder. Em outros contextos, entretanto, ele a viu como um poder soberano em si com seus próprios
interesses pela preservação do sistema social” (Bengt Abrahamsson, 1993, p. 35).
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E a burocracia é o modelo mais racional, se weberianamente pensada (“A administração burocrática
significa, fundamentalmente, o exercício da dominação baseado no saber” (Weber, 1978, p. 27)).
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A burocracia é uma face do modelo, enquanto a anarquia é a outra face extrema. Apesar de não ser essa
a nomenclatura do autor, parece que se trata de um modelo no qual a organização e a gestão escolar pode