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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ
FACULDADE DE MEDICINA
DEPARTAMENTO DE FISIOLOGIA E FARMACOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FARMACOLOGIA
AVALIAÇÃO DOS PARÂMETROS HEMATOLÓGICOS E BIOQUÍMICOS DE
VOLUNTÁRIOS SADIOS DA UNIDADE DE FARMACOLOGIA CLÍNICA DA UFC
ISABELE BESERRA SANTOS GOMES
FORTALEZA
2005
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ii
UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ
FACULDADE DE MEDICINA
DEPARTAMENTO DE FISIOLOGIA E FARMACOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FARMACOLOGIA
AVALIAÇÃO DOS PARÂMETROS HEMATOLÓGICOS E BIOQUÍMICOS DE
VOLUNTÁRIOS SADIOS DA UNIDADE DE FARMACOLOGIA CLÍNICA DA UFC
Dissertação de Mestrado apresentada ao
Programa de Pós–Graduação em Farmacologia do
Departamento de Fisiologia e Farmacologia da
Faculdade de Medicina da Universidade Federal
do Ceará, como exigência parcial para obtenção
do título de Mestre em Farmacologia.
Orientadora: Profa. Dra. Maria Elisabete Amaral de Moraes
FORTALEZA
2005
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iii
Trabalho realizado na Unidade de Farmacologia Clínica
(UNIFAC) do Departamento de Fisiologia e Farmacologia da
Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará,
sob a orientação da Profa. Dra. Maria Elisabete Amaral de
Moraes.
iv
ISABELE BESERRA SANTOS GOMES
AVALIAÇÃO DOS PARÂMETROS HEMATOLÓGICOS E BIOQUÍMICOS DE
VOLUNTÁRIOS SADIOS DA UNIDADE DE FARMACOLOGIA CLÍNICA DA UFC
Aprovada em: 20 de junho de 2005
BANCA EXAMINADORA
______________________________________________________
Profa. Dra. Maria Elisabete Amaral de Moraes
Orientadora
___________________________________________________________
Profa. Dra. Gisela Costa Camarão
Universidade Federal do Ceará - UFC
______________________________________________________________
Profa. Dra. Nylane Maria Nunes de Alencar
Universidade Federal do Ceará - UFC
v
A Deus, verdadeiro e onipotente, que,
com sua luz, me conduziu de forma
serena e eficiente, permitindo-me
ultrapassar todos os obstáculos
encontrados e alcançar novas
possibilidades de conhecimentos.
vi
AGRADECIMENTOS
Muitos foram os que me apoiaram na realização desta caminhada acadêmica,
proporcionando-me condições necessárias para o desenvolvimento deste trabalho até sua
conclusão. A todos meus agradecimentos, em especial:
A Deus, pela minha existência e por ter me conduzido para o caminho da carreira
acadêmica, com a qual muito me identifico.
Aos meus pais Lauro Santos Filho e Iolanda Beserra da Costa Santos e às minhas
irmãs Ianne e Ivanna, pelo incentivo e apoio em todos os momentos.
Ao meu marido Flávio da Silva Vitorino Gomes, pelo carinho e pela força em
prol do meu aprimoramento profissional.
À Profa. Dra. Maria Elisabete Amaral de Moraes, pela acolhida na Unidade de
Farmacologia Clínica (UNIFAC) e ajuda na construção deste trabalho, bem como por ser um
exemplo de pessoa comprometida com o avanço da pesquisa.
Ao Prof. Dr. Manoel Odorico de Moraes pelo incentivo e por ter demonstrado
que, com dedicação e comprometimento, é possível fazer pesquisa de qualidade no Brasil,
basta dedicação.
Ao Prof. Dr. Fernando Antônio Frota Bezerra, pelo apoio e pelos ensinamentos
que foram de grande valia para meu crescimento acadêmico e pessoal.
Aos amigos da UNIFAC, em especial, Aline Soares, Ismênia Osório, Pacífica
Cavalcanti, Demétrius Fernandes, Janaína Pinho, Ismael Leite e Marne Vasconcellos, pela
amizade e por terem compartilhado comigo esta conquista.
Aos funcionários da Unidade de Farmacologia Clínica (UNIFAC), Fábia, Maria
Teresa, Flávia e Malu, pela ajuda e pela presteza no atendimento dos nossos pedidos.
vii
Aos bolsistas da UNIFAC Ariane, Daniele, Ana Paula e Geysa, pela ajuda em
momentos importantes.
A secretária da Pós-Graduação em Farmacologia do Departamento de Fisiologia
e Farmacologia, Sílvia e Áura, pela disposição em ajudar, sempre que necessário.
Aos professores do Curso de Pós-Graduação, pela forma competente e eficiente
com que repassaram seus conhecimentos.
Aos colegas de turma, pelos momentos de espontaneidade e também de trabalho,
estimulando um convívio sadio no decorrer desta caminhada.
Aos voluntários da Unidade de Farmacologia Clínica da Universidade Federal do
Ceará, que participaram de forma anônima, tornando possível a realização deste trabalho.
Ao CNPq, pela concessão da bolsa de pesquisa, facilitando a realização deste
curso.
Ao Instituto Claude Bernard pelo apoio financeiro.
A todos aqueles que, de forma direta ou indireta, contribuíram para a conclusão
desta pesquisa.
viii
RESUMO
Avaliação dos parâmetros hematológicos e bioquímicos de voluntários sadios da Unidade de
Farmacologia Clínica. Isabele Beserra Santos Gomes. Orientadora: Maria Elisabete Amaral de
Moraes. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Farmacologia. Departamento de
Fisiologia e Farmacologia da Universidade Federal do Ceará, 2005.
Os valores de referência de exames laboratoriais são definidos com base em critérios
estatísticos para uma amostra aleatória de indivíduos. Os parâmetros de referência publicados são
provenientes de uma variedade de amostras, incluindo doadores de sangue, participantes de exames
admissionais e voluntários normais que fazem exames de rotina para ensaios clínicos. Esta pesquisa é
do tipo documental com abordagem quantitativa. A amostra foi constituída por 1.947 exames
laboratoriais dos voluntários sadios, de ambos os sexos, com idade média de 25 anos, que
participaram de ensaios clínicos na UNIFAC, entre os anos de 1999 e 2003. Para a realização do
estudo, foram colhidos dos prontuários as seguintes informações: dados de identificação do
voluntário, além dos parâmetros hematológicos e bioquímicos. Foram investigados setenta e cinco
ensaios clínicos, tendo os resultados demonstrado diferença estatística entre os sexo, para a maioria
dos parâmetros analisados. As faixas de referência foram calculadas pelo método dos percentis,
sendo encontrado os seguintes valores para a análise hematológica para mulheres e homens,
respectivamente: eritrócitos - de 3,9 a 5,0 milhões/mm
3
e 4,4 a 5,7 milhões/mm
3
; hemoglobina - de
14,8 a 15,3 g/dL e 13,6 a 16,9 g/dL; leucócitos - de 4.400 a 10.500/ mm
3
e 4.200 a 10.100/mm
3
;
plaquetas – de 165.000 a 397.000/ mm
3
e 155600 a 354400/ mm
3
. Já para os parâmetros bioquímicos,
verificaram-se os seguintes valores para mulheres e homens, respectivamente: creatinina - de 0,5 a
0,9 mg/dL e 0,7 a 1,2 mg/dL; glicose - de 69 a 96 mg/dL e 71 a 100 mg/dL; colesterol - de 118 a 224
mg/dL e 112 a 219 mg/dL; triglicerídeos - de 38,0 a 171 mg/dL e 42 a 197 mg/dL. Os nossos achados
sugerem que os valores de referência dos parâmetros investigados, para a população metropolitana de
Fortaleza, sejam redefinidos como aqueles incluídos no intervalo entre os percentis 2,5
o
e 97
o
, os
quais correspondem a 95% da distribuição total dos valores de cada parâmetro.
Palavras-chave: parâmetros de referência, análise hematológica, análise bioquímica.
ix
ABSTRACT
Hematological and biochemical parameters evaluation of healthy volunteers of the Clinical
Pharmacology Unit of UFC. Isabele Beserra Santos Gomes. Supervisor: Prof. Dr. Maria Elisabete
Amaral de Moraes. Master Degree. Pharmacology Post-Graduate Program. Department of
Physiology and Pharmacology of the Federal University of Ceara, 2005.
The values of reference of laboratorial parameters are defined on the basis of statistical criteria for a
random sample of individuals. The published parameters of reference are proceeding from a variety
of samples, including blood donors, participants of job admission examinations and normal
voluntaries that are submitted to routine examinations for clinical assays. This research is of the
documentary type with quantitative approach. The sample was constituted by 1.947 laboratorial
parameters of healthy volunteers, of both genders, with average of 25 years, which had participated
of clinical assays in the Clinical Pharmacological Unit (UNIFAC – UFC), between the years of 1999
and 2003. For the accomplishment of the study, the following information had been obtained from
case report files: identification of the volunteer, besides the hematological and biochemical
parameters. Seventy five clinical assays have been investigated. The results demonstrated statistical
differences between the genders, for the majority of the analyzed parameters. The normal reference
intervals have been calculated by the method of percentiles, being found the following values for the
hematological analysis for women and men, respectively: erytrocytes – from 3.9 to 5.0 millions/mm
3
and from 4.4 to 5.7 millions/mm
3
; hemoglobin – from 14.8 to 15.3 g/dL, and from 13.6 to 16.9 g/dL;
leukocytes – between 4.400 and 10.500/mm
3
, and between 4.200 and 10.100//mm
3
; platelets – from
165.000 to 397.000/mm
3
, and from 155.600 to 354.400/mm
3
. For the biochemical parameters, there
were found the following values for women and men, respectively: creatinine – from 0.5 to 0.9
mg/dL, and from 0.7 to 1.2 mg/dL; glucose – between 69 and 96 mg/dL, and between 71 and 100
mg/dL; cholesterol – between 118 and 224 mg/dL, and between 112 and 219 mg/dL; triglycerides –
from 38 to 171 mg/dL, and from 42 to 197 mg/dL. Our findings suggest that the reference values of
investigated parameters, for the metropolitan population of Fortaleza, must be redefined as that
enclosed in the interval between the 2.5 and 97, which correspond to 95% of the total distribution of
the values of each parameter.
Keywords: reference parameters, hematological analysis, biochemical analysis.
x
LISTA DE FIGURAS
Figura 01 -
Distribuição normal de uma população. 41
Figura 02 -
Distribuição dos ensaios clínicos realizados na UNIFAC com
voluntários sadios, no período de 1999 a 2003.
57
Figura 03 -
Distribuição, quanto ao sexo, dos voluntários sadios que
participaram de ensaios clínicos na UNIFAC, no período de 1999
a 2003.
58
Figura 04 -
Principais profissões dos voluntários sadios do sexo masculino
que participaram de ensaios clínicos na UNIFAC, no período de
1999 a 2003.
60
Figura 05 -
Principais profissões dos voluntários sadios do sexo feminino que
participaram de ensaios clínicos na UNIFAC, no período de 1999
a 2003.
60
Figura 06 -
Comparação das faixas de referência encontradas para o
parâmetro eritrócitos, nos voluntários de ambos os sexos que
participaram de ensaios clínicos na UNIFAC, no período de 1999
a 2003.
66
Figura 07 -
Comparação das faixas de referência encontradas para o
parâmetro hemoglobina (Hb), nos voluntários de ambos os sexos
que participaram de ensaios clínicos na UNIFAC, no período de
1999 a 2003.
67
Figura 08 -
Comparação das faixas de referência encontradas para o
parâmetro hematócrito (Hct), nos voluntários de ambos os sexos
que participaram de ensaios clínicos na UNIFAC, no período de
1999 a 2003.
68
Figura 09 -
Comparação das faixas de referência encontradas para o
parâmetro volume corpuscular médio (VCM), nos voluntários de
ambos os sexos que participaram de ensaios clínicos na UNIFAC,
no período de 1999 a 2003.
69
xi
Figura 10 -
Comparação das faixas de referência encontradas para o
parâmetro hemoglobina corpuscular média (HCM), nos
voluntários de ambos os sexos que participaram de ensaios
clínicos na UNIFAC, no período de 1999 a 2003.
69
Figura 11 -
Comparação das faixas de referência encontradas para o
parâmetro concentração hemoglobínica corpuscular média
(CHCM), nos voluntários de ambos os sexos que participaram de
ensaios clínicos na UNIFAC, no período de 1999 a 2003.
70
Figura 12 -
Comparação das faixas de referência encontradas para o
parâmetro contagem global de leucócitos, nos voluntários de
ambos os sexos que participaram de ensaios clínicos na UNIFAC,
no período de 1999 a 2003.
73
Figura 13 -
Comparação das faixas de referência encontradas para o
parâmetro contagem relativa de neutrófilos, nos voluntários de
ambos os sexos que participaram de ensaios clínicos na UNIFAC,
no período de 1999 a 2003.
74
Figura 14 -
Comparação das faixas de referência encontradas para o
parâmetro contagem relativa de eosinófilos, nos voluntários de
ambos os sexos que participaram de ensaios clínicos na UNIFAC,
no período de 1999 a 2003.
75
Figura 15 -
Comparação das faixas de referência encontradas para o
parâmetro contagem relativa de monócitos, nos voluntários de
ambos os sexos que participaram de ensaios clínicos na UNIFAC,
no período de 1999 a 2003.
76
Figura 16 -
Comparação das faixas de referência encontradas para o
parâmetro contagem total de plaquetas, nos voluntários de ambos
os sexos que participaram de ensaios clínicos na UNIFAC, no
período de 1999 a 2003.
77
xii
LISTA DE TABELAS E QUADROS
Tabela 01 -
Fatores que compõem a variação biológica. 40
Tabela 02 -
Dados antropométricos dos voluntários sadios do sexo masculino
que participaram de ensaios clínicos na UNIFAC, no período de
1999 a 2003, estão representados a média ± desvio padrão (DP).
59
Tabela 03 -
Dados antropométricos dos voluntários sadios do sexo feminino
que participaram de ensaios clínicos na UNIFAC, no período de
1999 a 2003, estão representados a média ± desvio padrão (DP).
59
Tabela 04 -
Teste de Mann-Whitney para comparação das variáveis
hematológicas dos voluntários sadios que participaram de ensaios
clínicos na UNIFAC, no período de 1999 a 2003 por sexo.
62
Tabela 05 -
Teste de Kolmogorov-Smirnov para os parâmetros hematológicos
dos voluntários de ambos os sexos que participaram de ensaios
clínicos na UNIFAC, no período de 1999 a 2003.
63
Tabela 06 -
Faixas de referência dos parâmetros da série vermelha para os
voluntários de ambos os sexos que participaram de ensaios
clínicos na UNIFAC, no período de 1999 a 2003.
65
Tabela 07 -
Teste t de Student para comparação das médias dos parâmetros
hematológicos da série vermelha com as encontradas por Bastos e
cols., para cada sexo.
71
Tabela 08 -
Faixas de referência dos parâmetros da série branca para os
voluntários de ambos os sexos que participaram de ensaios
clínicos na UNIFAC, no período de 1999 a 2003.
72
Tabela 09 -
Teste de Kolmogorov-Smirnov para os parâmetros bioquímicos,
nos voluntários de ambos os sexos que participaram de ensaios
clínicos na UNIFAC, no período de 1999 a 2003.
78
Tabela 10 -
Teste de Mann-Whitney para comparação das variáveis
bioquímicas, nos voluntários sadios que participaram de ensaios
clínicos na UNIFAC, no período de 1999 a 2003, por sexo.
79
xiii
Tabela 11 -
Estatística descritiva e faixas de referência para as variáveis
bioquímicas, nos voluntários sadios que participaram de ensaios
clínicos na UNIFAC, no período de 1999 a 2003.
80
Quadro 01 -
Exames laboratoriais vinculados no processo de relação dos
voluntários sadios.
50
Quadro 02 -
Itens da história clínica e exame físico explicitamente
referenciados no Formulário de Relato de Caso.
51
xiv
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
infinito
o
C Grau Celsius
μL
microlitro
μm
micrômetro
cm centímetro
fL fentolitro
g grama
g/dL grama por decilitro
kg quilograma
kg/m
2
quilograma por metro quadrado
km quilômetro
L/L Litro/litro
mg miligrama
mg/dL miligrama por decilitro
ml mililitro
mmol milimolar
mmol/L milimolar por litro
mol/L molar por litro
mmHg milímetro de mercúrio
mm
3
milímetro cúbico
nm nanômetro
pg picograma
U/ml unidade por mililitro
v/v volume por volume
Anvisa Agência Nacional de Vigilância Sanitária
ATP Adenosina Trifosfato
CE Contagem de Eritrócitos
CHCM Concentração Hemoglobínica Corpuscular Média
CNS-MS Conselho Nacional de Saúde - Ministério da Saúde
xv
CONEP Comissão Nacional de Ética em Pesquisa
CRF Case Report Formulary (ou Ficha Clínica)
DP Desvio padrão
ECG Eletrocardiograma
EDTA Ethylenediaminetetraacetic Acid
FDA
Food and Drug Administration
GOD Glicose Oxidase
GPO Glicerol Fosfato-Oxidase
Hb Hemoglobina
HCM Hemoglobina Corpuscular Média
Hct Hematócrito
HDL Lipoproteína de Alta Densidade
HIV Vírus da Imunodeficiência Humana
IMC Índice de Massa Corporal
LDL Lipoproteína de Baixa Densidade
LPL Lipase Lipoprotéica
NCEP
National Cholesterol Education Program
pH Potencial Hidrogeniônico
POD Peroxidase
SGOT Glutamato-oxalacetato-transaminase
SGTP Glutamato piruvato-transaminase
UFC Universidade Federal do Ceará
UNIFAC Unidade de Farmacologia Clínica da UFC
VCM Volume Corpuscular Médio
β-HCG
Beta-Human Chorionic Gonadotropin
γ-GT
Gama-Glutamil Transferase
xvi
SUMÁRIO
RESUMO
viii
ABSTRACT
ix
Lista de figuras
x
Lista de tabelas e quadros
xii
Lista de abreviaturas e siglas
xiv
INTRODUÇÃO
19
1 Ensaios clínicos
20
2 Avaliação de parâmetros laboratoriais
23
2.1 Parâmetros hematológicos no contexto laboratorial 23
2.1.1 Eritrograma 24
2.1.1.1 Contagem de eritrócitos 25
2.1.1.2 Hemoglobina 26
2.1.1.3 Hematócrito 27
2.1.1.4 Índices hematimétricos 27
2.1.2 Leucograma 28
2.1.3 Contagem de plaquetas 30
2.2 Parâmetros bioquímicos no contexto laboratorial 30
2.2.1 Glicose 31
2.2.2 Colesterol 32
2.2.3 Triglicerídeos 33
2.2.4 Creatinina 34
2.2.5 Ácido úrico 35
2.2.6 Proteínas totais e frações 37
3 Fatores interferentes nos testes laboratoriais
38
4 Valores de normalidade dos parâmetros laboratoriais
40
5 Justificativa
43
6 Objetivos
44
MATERIAL E MÉTODOS
45
1 Tipo da pesquisa
46
2 Local da pesquisa
46
3 População/amostra
47
xvii
4 Aspectos éticos da pesquisa
47
5 Etapas operacionais da pesquisa
48
6 Coleta de dados
48
7 Critérios de seleção dos voluntários
50
8 Hemograma
53
9 Procedimento dos exames bioquímicos
54
10 Análise estatística
54
RESULTADOS E DISCUSSÃO
56
1 Perfil sócio-demográfica da população investigada
57
2 Parâmetros hematológicos
61
3 Parâmetros bioquímicos
78
4 Considerações finais
81
CONCLUSÃO
83
REFERÊNCIAS
85
ANEXOS
97
Anexo 01 – Declaração do Comitê de Ética em Pesquisa 98
Anexo 02 - Relação das profissões dos voluntários do sexo masculino que
participaram de ensaios clínicos
99
Anexo 03 – Relação das profissões dos voluntários do sexo feminino que
participaram de ensaios clínicos
102
Anexo 04 - Metodologia utilizada para realização dos exames bioquímicos 104
APÊNDICES
111
Apêndice A – Formulário para coleta dos dados demográficos dos voluntários
sadios da UNIFAC
112
Apêndice B – Formulário para coleta dos dados bioquímicos dos voluntários
sadios da UNIFAC
113
ApêndiceC – Formulário para coleta dos dados hematológicos dos voluntários
sadios da UNIFAC
114
19
INTRODUÇÃO
20
1 Ensaios clínicos
Os ensaios clínicos, seguindo princípios éticos e científicos de experimentação,
são os responsáveis pelas bases da avaliação de eficácia e segurança de fármacos ou
medicamentos. Os primeiros estudos de pesquisa clínica controlada foram iniciados por
Harry Gold, em 1930, médico da Cornell University – EUA – seguida por Amberson, Mc
Mahon e Pinner (1931), que introduziram os ensaios clínicos “simples cegos”, randomizados
e controlados. Posteriormente Harry Gold (1950) passou a adotar os ensaios “duplos cegos”.
Apesar disso, o termo Farmacologia Clínica, referindo-se à investigação de fármacos em
seres humanos, somente foi introduzido nos meios científicos em 1952 (FACKLAND;
FACKLAND, 1992).
A utilização dos ensaios clínicos foi a resultante lógica das necessidades médicas
de cobertura de hiatos terapêuticos, em permeio com os imperativos econômicos do
crescimento industrial e com o crescente rigor das repartições governamentais de vigilância
sanitária. Além de ser técnica de conhecimento obrigatório para os especialistas da área,
figura-se como indispensável componente da cultura médica atual, especialmente no que
concerne à crítica aos trabalhos terapêuticos que perfazem cerca de 20 a 30% das
publicações médicas (ROCHON et al., 1998).
Os ensaios clínicos representam a primeira e mais promissora via para os estudos
de novas formas terapêuticas. Esses estudos são os primeiros testes fora dos laboratórios
direcionados para a população. As observações clínicas tanto de pesquisa comparativa como
de investigação qualitativa sempre propiciam a informações importantes para a geração de
novas hipóteses sobre a melhor via a ser adotada na prática clínica. As pesquisas tanto
básicas quanto aplicadas produzem novas alternativas ou melhoram opções de tratamento já
existentes (FULLERTON; SADLER, 2004).
Toda pesquisa clínica baseia-se, em termos filosóficos e práticos, no uso de uma
amostra que representa uma população. Ao delinear um estudo, o primeiro passo é definir a
população-alvo, ou seja, as pessoas para as quais os resultados serão generalizados. A partir
daí define-se os critérios de inclusão e exclusão do estudo. Os critérios de inclusão definem
as características demográficas e clínicas dos sujeitos adequados à questão da pesquisa. E os
21
critérios de exclusão eliminam sujeitos cuja inclusão no ensaio clínico poderia ferir
princípios éticos ou ser inapropriada para o estudo (HULLEY et al., 2003).
A participação em determinados ensaios clínicos exige como pré-requisito básico
que o voluntário seja normal. Com relação ao termo “normal”, reconhece-se que poucas
pessoas são saudáveis em todos os aspectos, devendo, portanto, ser interpretado com cautela.
Significa voluntários livres de anormalidades que possam modificar ou complicar a
interpretação dos experimentos ou que tenham a possibilidade de aumentar a sensibilidade
da pessoa ao potencial tóxico da droga utilizada (FDA, 1997). Para comprovar a higidez, os
voluntários considerados sadios passam por uma etapa de triagem clínica, na qual são
submetidos a uma gama de avaliações clínicas e laboratoriais para afastar a possibilidade da
presença de alguma patologia clinicamente significante.
Segundo o órgão americano FDA (Food and Drug Administration), quanto à
finalidade, um ensaio clínico pode ser dividido em quatro fases: estudo de Fase I, II, III e IV.
Para ser submetido a um estudo Fase I, o medicamento deverá conter informações pré-
clínicas suficientes, demonstrando que o produto é seguro para ser utilizado em seres
humanos. Além disso, o protocolo clínico deverá ser bem delineado para que possa atingir
com sucesso os objetivos propostos (FRIEDMAN et al., 1996).
Os estudos de Fase I deverão ser realizados em voluntários sadios ou, em alguns
casos (câncer e AIDS), com pacientes. Nesta etapa, são estudados aspectos como
farmacocinética e farmacodinâmica do medicamento, tolerância ao medicamento, evidência
de ações farmacológicas, segurança dos esquemas posológicos, absorção, distribuição,
metabolismo e excreção. São utilizados, em torno de 20 a 100 voluntários (GRADY;
JOUBERT, 1997).
Os estudos de Fase II objetivam, num estágio inicial, avaliar a eficácia
terapêutica do medicamento e definir uma faixa posológica ideal em uma doença alvo. Bem
como, definir sua segurança e tolerabilidade nos pacientes participantes do ensaio clínico.
Pode ser denominado como um estudo piloto para estudar a atividade biológica específica,
controle ou profilaxia da doença. Geralmente, esse tipo de estudo tem a participação de 50 a
22
100 pacientes, mas podem chegar a 300 ou mais, dependendo do delineamento experimental
(HULLEY et al., 2003).
Definida uma faixa posológica ideal, temos os estudos de Fase III. Nesses faz-se
uma avaliação comparativa com outras terapêuticas já estabelecidas, envolvendo um grande
número de pacientes, que pode variar de poucas centenas a milhares. Por ser a última fase
antes da comercialização do medicamento, procura-se explorar o tipo e o perfil de reações
adversas que possa apresentar, assim como: interações clinicamente relevantes, grupos de
pacientes com risco para desenvolver efeitos secundários e fatores que possam alterar o seu
efeito farmacológico. Os dados resultantes dos estudos de Fase III possibilitam o registro do
medicamento para comercialização junto aos órgãos competentes (POCOCK, 1987).
Nos estudos de Fase IV, realizados no período pós-comercialização, as avaliações
de farmacovigilância realizadas em um grande número de pacientes adicionam informações
sobre a eficácia e segurança dos medicamentos testados. E ainda podem possibilitar
indicações terapêuticas adicionais. A população para esses estudos não é mais selecionada, é
pouco homogênea e inclui doentes raramente recrutados durante as fases I, II ou III, como,
pacientes que recebem associações terapêuticas e idosos (HULLEY et al., 2003).
A obtenção de resultados fidedignos e conclusivos nos estudos de Fases I, II e III,
está na dependência de um planejamento adequado dos ensaios clínicos, através de um
delineamento experimental correto (COHEN & POSNER, 2000). Portanto, é fundamental a
cautelosa elaboração do protocolo clínico da pesquisa, especificando os objetivos, definindo
a população de pacientes, selecionando o tratamento controle, enfim, elaborando todos os
passos do estudo (CRAMER, 1996).
23
2 Avaliação de parâmetros laboratoriais
Os exames feitos nos laboratórios clínicos têm como principal objetivo auxiliar
no diagnóstico e monitoramento dos pacientes com alguma doença. Com base nessa
hipótese, é importante saber como os valores de referência são obtidos para cada caso
analisado cujo nível está sendo determinado. Uma vez que os valores dos níveis de analitos
específicos foram determinados e considerados anormais, o pesquisador deve estar atento
para avaliar até que nível esses valores anormais são confiáveis no diagnóstico de estados de
doenças específicas (PINCUS, 1999). Acrescenta-se ainda a possibilidade de valores de
referência inapropriados poderem aumentar o risco de investigações desnecessária ou falha
na detecção de doença subclínica (TSANG et al., 1998).
A interpretação das mensurações em exames de laboratório depende de um
conhecimento prévio, por parte do profissional, do valor normal e do intervalo esperado para
esses valores. A determinação do intervalo referencial para um determinado parâmetro
analisado é feita, geralmente, realizando uma medição específica em um elevado número de
indivíduos normais freqüentemente agrupados por sexo e idade (WINKEL et al., 1972). Os
valores de referência são definidos usando-se critérios estatísticos para uma amostra
aleatória de indivíduos. Para assegurar que os valores representam aqueles encontrados em
pessoas saudáveis, indivíduos com doença aguda ou crônica são excluídos das análises. Os
parâmetros de referência publicados são provenientes de uma variedade de amostras,
incluindo voluntários saudáveis que fazem exames de rotina, doadores de sangue e
participantes de exames admissionais (TSANG et al., 1998).
2.1 Parâmetros hematológicos no contexto laboratorial
O sangue humano é um tecido vivo formado por uma porção celular que circula
em suspensão no meio líquido, o plasma. A porção celular, genericamente chamada de
elementos figurados do sangue, é composta por hemácias (células vermelhas, de tamanho
médio), leucócitos (células brancas, representando as células maiores) e plaquetas
(fragmentos celulares, também conhecidos como trombócitos) (LORENZI, 1999).
24
A hematologia compreende o estudo das células do sangue e da coagulação.
Abrange também as análises da concentração, estrutura e função das células no sangue, seus
precursores na medula óssea, constituintes químicos do plasma ou soro intimamente ligados
à estrutura e função das células sanguíneas, bem como a função das plaquetas e proteínas
envolvidas na coagulação sanguínea (MORRIS; DAVEY, 1999).
O hemograma avalia os elementos celulares do sangue, de forma quantitativa e
qualitativa. É o exame complementar mais requisitado nas consultas médicas, sendo parte de
todo check-up de saúde do homem. Essa preferência universal denota que o hemograma é
coadjuvante indispensável no diagnóstico e no controle evolutivo de várias patologias
(FAILACE, 2003). No hemograma, faz-se a contagem de todos os elementos do sangue,
incluindo uma avaliação do número, tamanho e aparência dos três elementos figurados do
sangue: eritrócitos, leucócitos e plaquetas (MANSON, 2004a).
Constitui importante exame de auxílio diagnóstico para doenças hematológicas e
sistêmicas. É rotineiramente indicado para a avaliação de anemias, neoplasias
hematológicas, reações infecciosas e inflamatórias, acompanhamento de terapias
medicamentosas, tais como quimioterapia e radioterapia, e ainda avaliação de distúrbios
plaquetários. Fornece dados para a classificação das anemias, de acordo com as alterações na
forma, tamanho, cor e estrutura das hemácias e conseqüente direcionamento diagnóstico e
terapêutico. Além disso, orienta na diferenciação entre infecções viróticas e bacterianas,
parasitoses, inflamações, intoxicações e neoplasias, através das contagens global e
diferencial dos leucócitos e sua avaliação morfológica. A partir da avaliação quantitativa e
morfológica das plaquetas, pode-se sugerir o diagnóstico de patologias congênitas e
adquiridas (HENRY, 1999).
2.1.1 Eritrograma
O eritrograma é a parte do hemograma que avalia o eritrônio, órgão difuso
constituído pela massa eritróide circulante e o tecido eritroblástico da medula óssea, que lhe
dá origem. A função de transporte de oxigênio do pulmão para os tecidos do eritrônio é
exercida pela massa hemoglobínica, devendo-se assinalar que a patologia do eritrônio é
essencialmente quantitativa. Assim, a insuficiência funcional do eritrônio, a anemia, é
25
definida como diminuição da hemoglobina sanguínea, que pode ou não estar acompanhada
de diminuição no número de eritrócitos.
O eritrograma é composto pelas seguintes partes: contagem de eritrócitos, valor
da hemoglobina, valor do hematócrito e os índices hematimétricos que são: volume
corpuscular médio (VCM), hemoglobina corpuscular média (HCM) e concentração
hemoglobínica corpuscular média (CHCM) (FAILACE, 2003). É útil no diagnóstico
diferencial das anemias, deficiência de ferro, esferocitose hereditária, talassemia, intoxicação
por chumbo, deficiência de folato, deficiência de vitamina B
12
, deficiência de vitamina B
6
,
anemia perniciosa e anemia na gravidez (HENRY, 1999).
2.1.1.1 Contagem de eritrócitos
A contagem de eritrócitos (CE) foi inicialmente realizada em câmara de
Neubauer e, nas décadas de 50 e 60, em contadores eletrônicos. Porém, a técnica não era
acurada nem reprodutível, havendo com isso uma maior valorização e um amplo emprego do
hematócrito. Em meados dos anos 70, e definitivamente a partir de 1980, a contagem de
eritrócitos passou a ser feita em contadores de múltiplos canais, com acurada diluição interna
do sangue. Isso tornou o resultado exato e confiável, assumindo sua posição no eritrograma.
Os valores de referência aceitos para adultos são: homens - CE = 5,3 ± 0,8
milhões/mm
3
; mulheres – CE = 4,7 ± 0,6 milhões/mm
3
, observando-se que esses valores
referem-se à raça branca. Esses valores foram originados de estudos com a população do
estado do Rio Grande do Sul. As populações negras têm números aproximadamente 5%
inferiores. Já os residentes em áreas muito acima do nível do mar, em razão do estímulo
eritropoetínico causado pela baixa tensão de oxigênio, têm elevação da ordem de 0,2 a 0,3
milhões/mm
3
por km de altitude (FAILACE, 2003).
O número de eritrócitos por milímetro cúbico fornece uma estimativa indireta do
conteúdo de hemoglobina no sangue (RAVEL, 1997). Os eritrócitos, formados na medula
óssea, transportam oxigênio para todas as partes do corpo e têm seu período de vida
estimado em cento e vinte dias. A contagem de eritrócitos é diminuída nos casos de anemia,
faltas de células de hemocitopoiese, síndrome da imunodeficiência adquirida, entre outros e
26
aumentada nos casos de hemoconcentração como, na desidratação, hipertensão arterial,
intoxicação por CO e feocromocitoma. O grande aumento no número de eritrócitos é um
indicativo de policitemia (aumento anormal na produção de eritrócitos pela medula óssea)
(SOARES et al., 2002; HAUSER, 2004; MANSON, 2004a).
2.1.1.2 Hemoglobina
A hemoglobina é o principal componente do eritrócito e constitui um terço do
volume do mesmo. É uma proteína conjugada que serve como veículo para o transporte do
oxigênio e gás carbônico no sangue. Quando totalmente saturada cada grama de
hemoglobina retém 1,34 ml de oxigênio. A massa de eritrócitos do adulto contém
aproximadamente 600g de hemoglobina, capazes de transportar 800 ml de oxigênio
(MORRIS; DAVEY, 1999).
A concentração de hemoglobina (Hb) é diminuída na anemia, para um nível
subnormal da concentração da mesma. É uma condição comum, constituindo-se
freqüentemente numa complicação de outras doenças. Essa concentração é aumentada na
policitemia, hipóxia e condições renais, onde há o excesso na produção de eritropoetina e
desidratação. O cigarro pode elevar os níveis de hemoglobina devido ao aumento da carboxi-
hemoglobina (MANSON, 2004a).
É importante que seja obtida uma estimativa correta do parâmetro hemoglobina,
sendo esse procedimento efetuado rotineiramente em praticamente todos os pacientes.
Atualmente, estudos vêm demonstrando que o valor da hemoglobina isolada é um parâmetro
de grande importância em testes rotineiros. Indicam também que a contagem total dos
elementos do sangue só deve ser requerida quando a anemia é detectada, por níveis baixos de
hemoglobina, ou quando sinais clínicos e a anamnese do paciente indicar a necessidade de
uma melhor investigação. O que mostra uma tendência ainda em estudo, não sendo um
procedimento padrão (LEWIS; OSEI-BIMPONG, 2003; LEWIS et al., 2004).
27
2.1.1.3 Hematócrito
O hematócrito (Hct) de uma amostra de sangue é a percentagem do volume total
de sangue ocupado pelos elementos figurados. É expresso como uma percentagem, ou uma
fração decimal, onde as unidades (L/L) ficam implícitas. O hematócrito venoso assemelha-se
com o hematócrito obtido pela punção cutânea, sendo ambos maiores que o hematócrito
corporal total (MORRIS; DAVEY, 1999). Com a contagem exata e medida do volume dos
eritrócitos, nos contadores atuais, a obtenção do valor do hematócrito, pelo método de
centrifugação, tornou-se menos utilizada. Os contadores eletrônicos calculam-no como um
parâmetro derivado, multiplicando o número de eritrócitos pelo seu volume médio (Hct =
CE x VCM). Os valores normais são 47 ± 7% para homens e 42 ± 6% para mulheres, que
foram descritos por Failace (2003) para a população gaúcha.
O valor do hematócrito está baixo em todas as anemias e pode também indicar
uma hemorragia interna antes de qualquer sintoma tornar-se aparente. Sua elevação, acima
dos valores normais, pode depender do aumento do número de hemácias (policitemia,
poliglobulia) ou da diminuição do volume plasmático (hemoconcentração), como ocorre nas
desidratações, no choque e nas queimaduras (MILLER, 1999; MANSON, 2004a).
2.1.1.4 Índices hematimétricos
A partir das determinações relativas da série vermelha, podem ser calculados os
índices hematimétricos: volume corpuscular médio (VCM), hemoglobina corpuscular média
(HCM) e concentração hemoglobínica corpuscular média (CHCM) (BAIN, 1997). As
fórmulas são as seguintes:
VCM (fL) = Hct (v/v) x 1000 ou Hct(%) x 10
CE (milhões/mm
3
) CE (milhões/mm
3
)
HCM (pg) = Hb (g/dL) x 10
CE (milhões/mm
3
)
28
CHCM (g/dL ou %) = Hb (g/dL) ou Hb (g/dL) x 100
Hct (v/v) Hct (%)
Os intervalos de referência (com um intervalo de confiança de 95%) para os
índices hematimétricos em adultos normais são os seguintes: VCM = 80 a 96 fL; HCM = 27
a 33 pg e CHCM = 33 a 36 g/dL. Numa pessoa sadia, a variação é pequena, não mais que ± 1
unidade em qualquer dos índices. São válidos os desvios do valor de referência para um
indivíduo, ou valores exteriores aos intervalos de referência para pessoas normais, sobretudo
na caracterização dos tipos morfológicos das anemias (WILLIAMS et al., 1995).
2.1.2 Leucograma
Os leucócitos formam a primeira linha de defesa do corpo contra microrganismos
invasores. Além de uma resposta inespecífica às infecções bacterianas ou virais, provocam
alterações no quadro leucocitário normal, podendo fornecer orientações diagnósticas para
certas doenças específicas, sejam benignas ou malignas. As alterações leucocitárias não-
neoplásicas podem ser quantitativas, qualitativas ou ambas; na hipótese de alteração
qualitativa, os leucócitos podem exibir maior grau de imaturidade, alterações morfológicas
de sua estrutura celular ou produção aumentada de leucócitos menos comuns (RAVEL,
1997; SOARES, 2003).
O leucograma é composto pela contagem global e contagem diferencial dos
leucócitos. Na contagem total (leucometria global), não é feita qualquer diferenciação entre
os seis tipos celulares normais (neutrófilos, bastonetes, linfócitos, monócitos, eosinófilos e
basófilos) (MORRIS; DAVEY, 1999).
Um aumento na contagem dos leucócitos ocorre, comumente, como resultado de
infecções, inflamação ou de qualquer injúria tissular no organismo. Entretanto, pacientes
com câncer, como leucemia, geralmente apresentam um grande aumento no número dessas
células. A redução na concentração de células brancas, leucopenia, é menos comum que o
aumento. Contudo, a leucocitose pode ser benigna, enquanto a leucopenia sempre indica que
um problema de saúde está presente. A contagem de leucócitos fora dos parâmetros de
29
referência significa um aumento ou diminuição em um ou mais dos subtipos celulares
(bastonetes, neutrófilos, eosinófilos, basófilos, linfócitos e monócitos) (MANSON, 2004a).
As contagens elevadas de leucócitos, na maioria dos casos, ocorrem como
resposta da medula óssea normal a inflamações ou infecções. Podendo ocorrer também
devido a estresse físico ou emocional. Existe uma forte correlação entre a contagem de
leucócitos e o hábito de fumar, de modo que os fumantes têm a média de contagem,
aproximadamente, 15% a 40% mais alta que os não-fumantes. Contagens intermediárias são
encontradas em recentes ex-fumantes (FREEDMAN et al., 1996).
A faixa de referência para os leucócitos do sangue periférico é de 5.000 a 11.000
leucócitos/mm
3
. A maior parte dos indivíduos apresenta contagens leucocitárias entre 5.000
a 10.000/ mm
3
, embora exista uma superposição significativa entre valores normais e
anormais dentro da faixa mais ampla, sobretudo entre 10.000 e 11.000/mm
3
. A contagem
média de leucócitos em afro-americanos pode ser pelo menos 500/mm
3
inferior à de
europeus, tendo alguns pesquisadores constatado diferenças de até 3.500/mm
3
(RAVEL,
1997; SOARES, 2003).
Essa diferença é aparentemente importante, pois pode resultar numa incidência de
resposta leucocitária à infecção e inflamação menores do que se presumia. Na contagem
diferencial dos leucócitos, são feitos esfregaços sanguíneos para a contagem de cada tipo
celular encontrado, os quais são expressos em percentagem por 100 leucócitos contados. Os
valores de referência para a contagem diferencial dos leucócitos são os seguintes: neutrófilos
(50-70%); bastonetes (0-5%); linfócitos (20-40%); monócitos (0-7%); eosinófilos (0-5%) e
basófilos (0-1%) (RAVEL, 1997).
O neutrófilo é o subtipo de leucócito mais numeroso no organismo. São células
aptas a capturar partículas estranhas (não-próprias) e bactérias que entraram no corpo e
digeri-las. Essas células são também conhecidas como fagócitos (HAUSER, 2004). O
aumento da contagem de neutrófilos (neutrofilia) é uma característica da maioria das
infecções bacterianas agudas, inflamações agudas (como artrite reumatóide), gravidez,
cirurgias, queimaduras, infarto do miocárdio e tumores sólidos (como câncer de pulmão).
Uma diminuição no número de neutrófilos (neutropenia) é característica de algumas
30
infecções virais (como caxumba, HIV, hepatite), anemia aplástica, leucemia aguda e alguns
cânceres avançados (particularmente tumores que se espalharam pela medula óssea)
(MANSON, 2004a).
O eosinófilo é o subtipo de leucócito ligado a reações inflamatórias. Um aumento
nessas células (eosinofilia) ocorre devido a condições alérgicas, reações alérgicas a drogas e
parasitemia. Os basófilos secretam substâncias químicas para promover reações
inflamatórias no corpo. Contagens fora dos limites de referência para esse subtipo celular são
raras. Porém, os basófilos podem estar aumentados na leucemia mielóide crônica (HAUSER,
2004; MANSON, 2004a).
2.1.3 Contagem de plaquetas
As plaquetas são discos delgados, com 2 a 4 µm de diâmetro e volume de 5 a 7 fL
(no sangue citrado). As plaquetas têm funções na homeostase, na manutenção da integridade
vascular e no processo de coagulação do sangue. Os valores de referência para as contagens
de plaquetas (plaquetometria) situam-se entre 150.000 a 450.000/ mm
3
(MORRIS; DAVEY,
1999). Com os recentes avanços na contagem automática de células sanguíneas, pode ser
feita uma rápida e acurada determinação das plaquetas.
As plaquetas vêm sendo estudadas há bastante tempo, mas apenas com ênfase na
trombose e hemostase. Entretanto, recentemente, têm-se esclarecido o papel destas em
doenças caracterizadas por injúria vascular, incluindo doenças coronárias, mal de Alzheimer,
doenças mieloproliferativas, diabetes, pré-eclâmpsia e doenças glomerulares. As plaquetas
ativadas vêm sendo identificadas na maioria dessas doenças. A terapia antiplaquetária tem
mostrado resultados em algumas dessas desordens, como doença vascular, diabetes,
isquemia cardíaca e doenças cerebrovasculares (GIACOMINI et al., 2001).
2.2 Parâmetros bioquímicos no contexto laboratorial
Os exames clínico-laboratoriais têm um papel fundamental para a qualidade e
eficácia do atendimento de saúde. Os testes laboratoriais são importantes na prática médica,
pois suas informações são essenciais para o diagnóstico dos pacientes. A informação
laboratorial é gerada quando é dado um significado para determinado resultado. Isto
31
geralmente ocorre quando se faz a comparação do dado laboratorial encontrado com um
parâmetro de referência/ limite de referência. Os laboratórios de análises clínicas são
responsáveis por assegurar que os resultados e interpretações sejam confiáveis. Além disso,
contribuem para a efetiva utilização de testes laboratoriais para a melhora dos cuidados com
os pacientes e com o serviço de atendimento à saúde (SCIACOVELLI et al., 2003).
2.2.1 Glicose
O organismo obtém glicose a partir dos hidratos de carbono fornecedores de
glicose. Trata-se do principal monossacarídeo presente no sangue e funciona como um
substrato fornecedor de energia indispensável para funcionamento celular. A degradação da
glicose ocorre através da glicólise. As determinações da glicose são usadas para o
diagnóstico e monitorização das doenças relacionadas ao metabolismo dos hidratos de
carbono, incluindo diabetes mellitus, hipoglicemia neonatal, hipoglicemia idiopática e
tumores das células das ilhotas do pâncreas (THOMAS, 1992; GREILING; GRESSNER,
1995).
As amostras plasmáticas ou séricas coletadas após um jejum de 12 a 14 horas
variam menos entre os indivíduos do que as coletadas em outros intervalos de tempo. Os
resultados da glicose plasmática podem ser classificados como hiperglicêmicos,
normoglicêmicos ou hipoglicêmicos. As duas definições são muito arbitrárias, pois não
existe uma posição definida do que é normal e anormal (THREATTE; HENRY, 1999).
Segundo a “American Diabetes Association” e a Organização Mundial de Saúde,
um dos critérios para o diagnóstico de diabetes mellitus é a glicose plasmática de jejum
encontrar-se superior a 140mg/dL em duas ou mais ocasiões. Os valores normais de glicose
de jejum para adultos encontram-se na faixa de 70 a 110 mg/dL (ALBERTI; ZIMMET,
1998; Report of the Expert Commitee on the Diagnosis and Classification of Diabetes
Mellitus, 2003).
A forte associação entre diabetes e hipertensão já é reconhecida. A incidência e
prevalência da hipertensão aumentam em pacientes com intolerância a glicose ou diabetes.
Mais de um terço dos pacientes com hipertensão têm diabetes tipo 2. A associação é tanta
que indivíduos hipertensos têm o dobro do risco de desenvolver diabetes tipo 2 que
32
indivíduos normotensos. A causa da associação entre hipertensão e hiperglicemia continua
em debate. Não está esclarecido se apenas a elevação da glicose no sangue ou outros fatores
associados à hiperglicemia, como resistência a insulina, dislipidemia e obesidade, são
responsáveis pelo desenvolvimento progressivo da hipertensão (INVITTI, 2003).
A hiperglicemia lesa as células endoteliais dos vasos sanguíneos por mecanismos
complexos, incluindo ativação da proteína quinase C, aumento da expressão de moléculas de
adesão, produção de substâncias proliferativas, proliferação de células endoteliais, síntese de
colágeno IV e fibronectina, bem como diminuição da produção do óxido nítrico (protetor
vascular), podendo ocasionar, dessa forma, uma hipertensão (LEFEBVRE; SCHEEN, 1998).
O aumento da glicemia pode também aumentar a pressão sanguínea induzindo a retenção de
sódio renal e pelo extravasamento de fluidos e sódio dos vasos (WEIDMANN et al., 1985).
2.2.2 Colesterol
O colesterol é um esteróide com um grupo hidroxilo secundário na posição C
3
. É
sintetizado em muitos tipos de tecidos, sobretudo no fígado e na parede intestinal. Cerca de
3/4 do colesterol são formados por síntese e 1/4 tem origem na dieta alimentar (TIETZ,
1995). O colesterol é responsável por quase todo o esterol plasmático. Existe como uma
mistura de formas não-esterificada (30% a 40%) e esterificada (60% a 70%). A proporção
entre as duas formas é muito constante para um mesmo indivíduo e entre os indivíduos. As
concentrações de colesterol total e suas frações são usualmente expressas em termos de
núcleo de esterol, sem distinguir as frações não-esterificada e esterificada (BACHORIK et
al., 1999).
Segundo recomendações do “National Cholesterol Education Program (NCEP)
Adult Treatment Panel” (1993) os limiares de cut-off de risco para a população norte-
americana é a seguinte: nível ideal de colesterol < 200 mg/dL; nível limite de colesterol
elevado 200-239 mg/dL; colesterol elevado > 240 mg/dL.
Nos indivíduos com níveis desejáveis de colesterol, o nível de HDL-colesterol
determina o acompanhamento adequado. O nível satisfatório para o HDL é inferior a
35mg/dL. Os níveis de LDL-colesterol são classificados com de “alto risco” quando
33
superiores a 160 mg/dL, como limítrofe quando encontram-se na faixa de 130 a 159 mg/dL e
como desejável quando inferiores a 100 mg/dL (BACHORIK et al., 1999).
2.2.3 Triglicerídeos
Os triglicerídeos são ésteres de glicerol, um triálcool, com três ácidos graxos de
cadeias compridas. Uma parte é ingerida nos alimentos e a outra é sintetizada no fígado. Os
alimentos fornecem gordura neutra que consiste primariamente em triglicerídeos e que são
hidrolisados pela lipase pancreática, com conseqüente formação de ácidos graxos livres e
monoglicerídeos. Os ácidos graxos livres e monoglicerídeos penetram nas células da mucosa
do intestino delgado. As frações lipídicas são recombinadas em triglicerídeos no interior das
células da mucosa e são incorporadas em quilomícrons. Os quilomícrons que suprem os
tecidos com ácidos graxos para armazenamento e suprimento energético (RAVEL, 1997).
Para fins clínicos, devem as hiperlipidemias ser consideradas como primárias ou
secundárias a outras doenças. As primárias incluem principalmente as anormalidades
provocadas por fatores alimentares ou ambientais, bem como as hiperlipoproteinemias
essenciais ou familiares. As hiperlipidemias secundárias são associadas frequentemente com
os seguintes estados: diabetes melittus, ingestão de álcool, pancreatites, hipotiroidismo,
síndrome nefrótica, hepatopatia obstrutiva entre outras condições patológicas (MILLER,
1999).
A determinação dos triglicerídeos é utilizada no diagnóstico e tratamento de
doentes com síndrome metabólica, nefrose, obstrução hepática, perturbações do metabolismo
dos lipídeos e várias outras doenças endócrinas (SIEDEL, 1993). O valor de referência para
um indivíduo adulto segundo o NCEP (1995) é < 200 mg/dL.
Os triglicérides têm-se mostrado como fator de risco independente para doenças
coronarianas. Já foram relatadas evidências de acúmulo de triglicerídeos na aterosclerose e
trombose, indicando a importância desses lipídeos na etiologia das doenças coronarianas
(NAKANISHI et al., 2002).
34
Uma recente metanálise de dezessete estudos prospectivos na Europa e nos
Estados Unidos mostrou que o ajuste na taxa da lipoproteína de alta densidade (HDL
colesterol) atenua a relação entre triglicerídeos e o risco de doenças coronarianas. Entretanto,
mesmo diminuído, esse risco ainda se mostrou estatisticamente significante para pacientes de
ambos os sexos (HOKANSON; AUSTIN, 1996).
2.2.4 Creatinina
Justus Liebig deu o nome de creatinina à substância que ele obteve em
laboratório a partir da conversão, por meio do calor, da creatina com ácidos minerais. No
corpo, a creatina e creatina fosfato por conversão espontânea e irreversível formam a
creatinina. Sendo a creatina fosfato fonte de fosfato de alta energia para a imediata
restauração do ATP durante a contração muscular. A formação de creatinina é constante, e
cerca de 2% de toda creatina corporal é convertida por dia (HARMOINEN, 2001).
Como provêm do metabolismo muscular, os níveis séricos de creatinina
dependem da massa muscular corporal: quanto maior a massa muscular, mais elevado o
nível de creatinina tanto no soro como na urina (RAVEL, 1997). A produção de creatinina
não é afetada por doenças, como sepse, trauma ou desidratação, mas pode se elevar pelo
aumento na ingestão diária de proteínas (HARMOINEN, 2001).
A creatinina não pode ser reutilizada, sendo, portanto, um produto final de
metabolismo. Ela é livremente filtrada pelos glomérulos, não havendo reabsorção tubular
significante. Uma pequena quantidade de creatinina é excretada por secreção tubular ativa,
que pode aumentar caso a concentração plasmática também aumente (BAUER et al., 1982).
Os níveis de creatinina dependem da taxa de produção e de eliminação no filtrado
glomerular. Quando em repouso, o corpo apresenta taxas de produção e de eliminação
equivalentes. Elas podem ser estimadas pela concentração urinária de creatinina e pela taxa
de eliminação de urina. Como a produção de creatinina é constante, a concentração
plasmática aumenta quando a excreção renal diminui (HARMOINEN, 2001).
A concentração sérica da creatinina é interpretada como uma medida para a
velocidade da filtração glomerular, e também é usada como índice de função renal na prática
35
clínica. Vários fatores podem influenciar a concentração sérica de creatinina como, por
exemplo, o metabolismo renal da creatinina, bem como, métodos de determinação. Contudo,
os efeitos do envelhecimento, gravidez, diabetes melittus, administração de medicamentos e
insuficiência renal devem ser corretamente interpretados quando usando a creatinina sérica
como índice da função renal. Com isso, as determinações de creatinina são executadas para
fazer o diagnóstico e a monitorização das doenças renais agudas e crônicas, bem como para a
monitorização da hemodiálise (WHELTON, 1994).
Os valores de referência para o soro ou plasma em adultos são os seguintes: para
homens 0,70 - 1,20 mg/dL e para mulheres 0,50 – 0,90 mg/dL (MAZZACHI et al., 2000).
2.2.5 Ácido úrico
O ácido úrico, maior produto do catabolismo das purinas no homem e nos
macacos antropóides, é formado a partir da enzima xantina oxidase. Um adulto de idade
média tem um conteúdo total de ácido úrico de 1,2 g, podendo ser considerado um pool
miscível com alto turnover. O ácido úrico desse depósito é derivado de três fontes: a) do
catabolismo das nucleoproteínas ingeridas; b) do catabolismo das nucleoproteínas
endógenas; c) da transformação direta dos nucleotídeos purínicos endógenos (WOO;
HENRY, 1999).
As concentrações séricas de ácido úrico elevam-se dependendo da produção
endógena, como também, da excreção renal. Ambos os mecanismos podem ser causa de
hiperuricemia na síndrome metabólica (LINDEBERG et al., 2004). As determinações de
ácido úrico são usadas no diagnóstico e tratamento de diversas perturbações renais e
metabólicas, incluindo insuficiência renal, gota, leucemia, psoríase, subnutrição ou outras
doenças que provocam fraqueza geral, doentes a receber fármacos citotóxicos, cetoacidose,
excesso de lactato, uso de diuréticos. A hiperuricemia também tem uma relação positiva com
a hiperlipidemia, obesidade, aterosclerose, diabetes melittus, hipertensão, exercício e
conduta orientada (GREILING; GRESSNER, 1995; WALLACH, 2000).
Dentre as numerosas patologias envolvendo o aumento dos níveis séricos de
ácido úrico, destacamos a gota, cuja hiperuricemia é uma característica marcante. A gota é
36
uma desordem das purinas ou da excreção do ácido úrico caracterizada por (a)
hiperuricemia; (b) depósito por todo o corpo exceto no sistema nervoso central, mas com
uma predisposição para as juntas e cartilagens periarticular, ossos, bursas e tecidos
subcutâneos; (c) ataques clínicos recorrentes da artrite que respondem tipicamente a
colchicina ou agentes antiinflamatórios não esteroidais e (d) nefropatia e freqüentemente
nefrolitíase. Os homens constituem mais de 90% de todos os casos. A gota é rara nas
mulheres antes da menopausa. E o pico de idade a ser acometida é na faixa dos cinqüenta
anos, sendo muito rara antes dos vinte anos (WOO; HENRY, 1999; FAUCI et al., 2001).
A hiperuricemia, durante anos, vem sendo associada à doença renal.
Aproximadamente 20% a 60% dos pacientes com gota têm uma disfunção renal de leve a
moderada. Antes do uso dos medicamentos para controle dos níveis de ácido úrico, 10% a
25% dos pacientes com gota desenvolviam doença renal grave. A lesão histológica chamada
de “nefropatia gotosa” consiste de glomeruloesclerose, fibrose interticial e arterioesclerose
renal, geralmente com uma deposição de cristais de urato. Esses achados histológicos vêm
sendo observados em autópsias de 79% a 99% dos pacientes com gota (KANG et al., 2002).
Apesar da associação da gota com a doença renal, existem controvérsias se o ácido úrico tem
um papel etiológico.
O papel do ácido úrico no desenvolvimento de doença cardiovascular ainda não
foi identificado. Contudo, alguns estudos epidemiológicos indicam que o ácido úrico sérico é
um fator de risco independente para doenças cardiovasculares, particularmente entre os
subgrupos de alto risco. Nas populações ocidentais, o ácido úrico sérico tende a estar elevado
em pessoas com problemas de obesidade, dislipidemia, hipertensão ou intolerância a glicose
(LINDEBERG et al., 2004).
A relação entre a elevação nos níveis séricos de ácido úrico e o aumento do risco
de doenças cardiovasculares podem ser primários ou secundários. Entretanto, existem
evidências sugerindo que esse aumento no ácido úrico é um efeito protetor, uma vez que este
atua como um antioxidante endógeno. Esse papel pode ser benéfico se, por exemplo, houver
modificações oxidativas no colesterol LDL, sendo importante no processo aterosclerótico
(WARING et al., 2001). Os valores normais para o ácido úrico em adultos é de 4,0 a 8,5
mg/dL para homens e 2,7 a 7,3 mg/dL para mulheres (WOO; HENRY, 1999).
37
2.2.6 Proteínas totais e frações
O exame das proteínas plasmáticas pode fornecer informações que refletem as
doenças em muitos sistemas orgânicos. A determinação mais freqüentemente realizada é a
das proteínas totais. Usualmente, é realizada no soro, o qual não possui fibrinogênio e sem
anticoagulante, que pode diluir discretamente as proteínas plasmáticas. A determinação das
proteínas totais fornece algumas informações ao médico quanto ao estado geral do paciente,
no que concerne à nutrição ou a uma doença orgânica severa. Entretanto, outros
fracionamentos, como a albumina, fornecerão informações clinicamente mais úteis
(McPHERSON, 1999).
A albumina constitui 55-65% das proteínas plasmáticas totais. Além de manter a
pressão plasmática oncótica, está também envolvida no transporte e armazenamento de uma
ampla variedade de ligantes. A albumina liga-se e solubiliza diversos compostos como, por
exemplo, bilirrubina, cálcio e ácidos gordos de cadeia longa.
A hiperalbuminemia tem pouco significado em termos de diagnóstico, salvo em
caso de desidratação. A hipoalbuminemia ocorre em muitas doenças, sendo causada por
diversos fatores: síntese comprometida devido à doença hepática ou em conseqüência de
captação protéica reduzida; catabolismo elevado provocado por lesões tissulares
(queimaduras graves) ou inflamação; má absorção de aminoácidos (doença de Crohn);
proteinúria em conseqüência de síndrome nefrótica; perda de proteínas através das fezes
(doença neoplásica). Devido à reduzida pressão osmótica do sangue, a água atravessa os
capilares sanguíneos e penetra no tecido (edema). A determinação da albumina permite a
monitorização da suplementação dietética num doente controlado e funciona também como
um teste excelente da função hepática (GRANT, 1987; MARSHALL, 1989).
O nível de albumina sérica indica como o fígado está produzindo proteínas,
podendo, portanto, ser considerado um teste de função hepática. Espera-se que os níveis de
albumina esteja dentro da faixa de normalidade, em casos de doenças hepáticas agudas,
como hepatite, por exemplo. Isto ocorre, tendo em vista que o tempo de meia-vida da
albumina é bastante elevado, assim, os níveis desta no sangue diminuem lentamente. Já no
caso de doenças hepáticas crônicas, como a cirrose, os níveis de albumina já se apresentam
abaixo do normal (MANSON, 2004b).
38
As taxas normais para a dosagem de proteínas são as seguintes: para proteínas
totais temos 6,5 a 7,7 g/dL; para albumina temos 3,9 a 4,6 e para globulina temos 2,3 – 3,5
g/dL (MILLER, 1999).
3 Fatores interferentes nos testes laboratoriais
Os principais fatores que influenciam na variação dos parâmetros biológicos
podem ser classificados em três grupos de variáveis: as pré-analíticas, as analíticas e as
biológicas. As variáveis pré-analíticas abrangem jejum e postura do paciente, anticoagulante
utilizado, tempo de transporte, centrifugação e estocagem das amostras (GIRELLI et al.,
2004).
Dentro das variáveis pré-analíticas o jejum prolongado tem sido associado à
elevação nas concentrações de bilirrubina sérica e triglicerídeos e diminuição nos valores de
glicose plasmática (principalmente em mulheres). A postura é outro fator interessante, uma
vez que com a modificação na posição para a coleta, há uma alteração no equilíbrio
hidrostático do corpo. Com isso, podem ocorrer alterações nos valores de albumina, proteína
total, enzimas, cálcio, bilirrubina, colesterol, triglicerídeos e drogas ligadas às proteínas. E
durante o transporte e centrifugação das amostras podem ocorrer erros na identificação das
amostras bem como no processamento das mesmas (STATLAND; WINKEL, 1999).
As variáveis analíticas incluem metrologia, instrumento, reagente, interferentes,
calibração e manutenção dos equipamentos. Para evitar erros analíticos, os laboratórios
clínicos adotam sistemas de controle de qualidade interno. Estes se baseiam em técnicas
poderosas para a monitorização, avaliação e aperfeiçoamento de qualidade das medidas
quantitativas laboratoriais. Tendo um aspecto importante na identificação, dentro de um
processo analítico, das etapas onde a probabilidade de erros é alta e no auxílio, a fim de
minimizar esta probabilidade (STATLAND; WESTGARD, 1999).
As variáveis biológicas envolvem resposta metabólica do indivíduo aos fluxos
hormonais, resposta a estímulos exógenos, como estresse, e as próprias características
endógenas de cada indivíduo. A padronização dos procedimentos pré-analíticos reduz,
39
consideravelmente, a variação para a maioria dos parâmetros clínicos. Além disso, os
avanços das técnicas automatizadas e a melhora na formulação dos reagentes permitiram
uma grande redução nos coeficientes de variação analítica, aumentando a confiabilidade dos
dados. Desta forma, as variações biológicas são as principais fontes de variação nas análises
laboratoriais (GIRELLI et al., 2004).
Kroll (2002), define a variação biológica como a “variação natural, de ocorrência
fisiológica, própria do indivíduo, independente das variáveis pré-analíticas”. A variabilidade
biológica reflete as flutuações ao acaso dos níveis dos analitos em torno de seus pontos
homeostáticos com distribuição gaussiana (MARSHALL; BANGERT, 1995; KROLL,
1999). Essa fonte de variação, também descrita como fisiológica, é resultante da resposta do
organismo aos diferentes estímulos fisiológicos, em especial, á ação hormonal.
Estudos têm demonstrado a interferência desses fatores em alguns parâmetros
laboratoriais, como um aumento dos níveis de fosfatase alcalina nas crianças em comparação
com os valores de adultos, níveis de ácido úrico mais altos em homens do que em mulheres,
valores mais elevados da creatina-fosfoquinase em homens afro-americanos do que em
homens europeus. A Tabela 01 mostra alguns fatores que atuam sobre a variabilidade
biológica (RAVEL, 1997).
40
Tabela 01 – Fatores que compõem a variação biológica
Idade Estresse
Sexo Exposição à luz
Menarca Permanência no leito
Puberdade Frio
Ciclo menstrual Jejum
Gravidez Deficiências nutricionais
Pós-parto Dieta vegetariana
Lactação Deficiências vitamínicas
Menopausa Xenobióticos
Consumo de álcool Pressão sanguínea
Consumo de café Polimorfismo
Tabagismo Fatores étnicos
Exercício físico Variações geográficas
Variação intra-individual Outros
Fonte: adaptado de Henny et al., 2000, Girelli et al., 2004.
4 Valores de normalidade dos parâmetros laboratoriais
Entre indivíduos normais, espera-se que os valores laboratoriais para os níveis de
um determinado analito, no seu soro ou em outro líquido corporal, exibam algumas
variações que refletem a variabilidade biológica da população. Caso as flutuações sejam
randomizadas, então esses valores seguirão a chamada distribuição normal ou gaussiana. A
distribuição de Gauss para um valor específico é dada pela seguinte fórmula:
P(x) = [1/σ 2π] e
–[(x - μ)2/2σ2]
Onde: P(x) probabilidade que o valor x seja observado, sendo a base do sistema
logaritmo natural (= 2,71828), π é 3,14159, σ é o desvio padrão e x é a média ou valor
médio e μ é o valor verdadeiro (PINCUS, 1999).
41
A distribuição normal desses parâmetros tem as seguintes características: a) a
variável aleatória pode assumir qualquer valor real; b) o gráfico da distribuição normal é
uma curva em forma de sino, simétrica em torno da média μ; c) a área total sob a curva vale
1, porque essa área corresponde à probabilidade da variável aleatória assumir qualquer valor
real; d) sendo a curva simétrica em torno da média, os valores maiores do que a média e os
valores menores do que a média ocorrem com igual probabilidade; e) a configuração da
curva é dada por dois parâmetros: a média μ e a variância σ
2
. Mudando a média, muda a
posição da distribuição e mudando a variância, muda também a dispersão da distribuição
(VIEIRA, 1991).
A Figura 01 é a representação gráfica da equação e mostra a típica curva em
forma de sino. Mostra ainda à média ou o valor médio, estando incluídos um, dois ou três
desvios padrão para ambos os lados da média. A curva normal é assintótica em relação ao
eixo horizontal. Suas caudas aproximam-se dele, mas não o tocam, o que significa que a
variável pode assumir qualquer valor entre - e + (DORIA FILHO, 1999).
Figura 01 – Distribuição esquemática de uma população considerada normal
A metade da largura da curva entre os valores máximos mostra um intervalo de
valor que representa um desvio padrão (DP) ou σ, a partir da média. Duas vezes o desvio
padrão a partir da média ou 2σ engloba uma área mais larga sob a curva gaussiana do que a
área correspondente a 1σ. Numa distribuição de valores randômica ou gaussiana, 68% dos
42
valores estarão incluídos dentro de ± 1DP acima e abaixo da média; 95% incluem-se dentro
de ± 2DP e 99,7% dentro de ±3DP. A maioria dos laboratórios de análises clínicas usa dois
desvios padrão como o limite da variação aceitável para um determinado valor de um
analisado. Tal procedimento pode aumentar o intervalo, aumentando a probabilidade de o
valor experimental se situar dentro dos limites esperados. Entretanto, significa também que
2,5% dos indivíduos clinicamente normais apresentarão valores acima e 2,5% expressarão
valores abaixo dessa faixa (HARRIS, 1981; RAVEL, 1997).
Caso se determine os níveis do analito no soro para um elevado número de
indivíduos num dado grupo, pode ocorrer que os valores não estejam freqüentemente de
acordo com uma verdadeira distribuição gaussiana. Significa que o valor médio e o valor
mediano não são idênticos, indicando, portanto, uma obliqüidade (distribuição assimétrica).
A causa de não se verificar a curva de Gauss pode residir nos fatores como diferenças nas
coletas das amostras, processamento e preparo do paciente (STATLAND; WINKEL, 1977).
Nessas circunstâncias, deve-se usar a estatística não-paramétrica, ou seja, usam-se cortes
arbitrários para definir o intervalo de referência. Com isso, pode-se tomar a variação inteira
encontrada para o grupo normal como intervalo de referência. Freqüentemente, os valores
que se situam entre o 2,5
o
e 97
o
percentual são escolhidos para definirem o intervalo de
referência (PINCUS, 1999; RAVEL 1997).
43
5 Justificativa
Vários fatores afetam os parâmetros hematológicos e bioquímicos, entre eles a
genética, dieta, sexo, idade e altitude. Esses fatores diferem dependendo da população e da
área geográfica estudada, podendo ocorrer diferenças significativas entre os parâmetros
usados nos diversos países do mundo. A maioria dos laboratórios que realizam exames
hematológicos e bioquímicos possui parâmetros de referência diferenciados para avaliação
dos seus resultados. Caso existisse uma padronização de parâmetros, isso facilitaria a
interpretação por parte do clínico, para efetivar o diagnóstico e o tratamento da população
atendida. Além disso, os valores usados rotineiramente no Brasil são adaptados de livros ou
trabalhos que geralmente têm como referência a população européia ou norte-americana, que
possuem características próprias e diferentes dos brasileiros.
Como farmacêutica-bioquímica, ao analisar os exames laboratoriais, percebemos
a não padronização das suas faixas de referência. Isso nos despertou a atenção para trabalhar
com o tema, no intuito de gerar dados viáveis como contribuição aos posteriores ensaios
clínicos. Essa problemática justifica a realização do presente trabalho, tendo em vista a
necessidade de propor à Unidade de Farmacologia Clínica (UNIFAC) do Departamento de
Fisiologia e Farmacologia, da Faculdade de Medicina da UFC valores de referência para os
parâmetros laboratoriais compatíveis com o perfil fisiológico da população metropolitana de
Fortaleza. Uma vez que, durante a análise dos exames para seleção dos voluntários sadios,
nos deparamos com pessoas julgadas clinicamente como saudáveis com pequenas
discrepâncias em seus exames laboratoriais, quando comparados às faixas normativas
fornecidas pelo o laboratório de análises clínicas. Acrescenta-se por fim, que os dados
atualmente utilizados são de avaliações internacionais, nas quais a população estudada tem
perfil étnico distinto.
44
6 OBJETIVOS
Objetivo geral
¾ Avaliar os parâmetros hematológicos e bioquímicos dos voluntários sadios
que participaram de ensaios clínicos realizados na Unidade de Farmacologia
Clínica (UNIFAC) do Departamento de Fisiologia e Farmacologia da
Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará (UFC) no
período de 1999 a 2003.
Objetivos específicos
¾ Comparar os resultados encontrados nos exames laboratoriais dos
voluntários sadios com os dados existentes na literatura para a população
da região metropolitana de Fortaleza;
¾ Propor parâmetros de referência para os exames hematológicos e
bioquímicos baseado nos registros dos valores encontrados.
45
MATERIAIS E MÉTODOS
46
1 Tipo de pesquisa
Esta pesquisa é do tipo documental com abordagem quantitativa. Conforme
Chizzotti (1991), a pesquisa documental é uma etapa importante para reunir os
conhecimentos produzidos e eleger instrumentos necessários a um problema relevante e
atual. Envolve uma consulta de documentos considerados confiáveis em arquivos de
informações que ainda não receberam tratamento analítico. Para Santos (1999), o material
original de qualquer natureza, seja pessoal ou comercial, permite a realização de pesquisa
científica e tem sido largamente utilizado nas investigações acadêmicas.
Na pesquisa, fez-se uma abordagem quantitativa envolvendo o controle
sistemático de dados numéricos, mediante condições de controle, utilizando-se de
procedimentos estatísticos, para subsidiar os resultados. Para tanto, tomou-se por base
critérios já existentes, adotados no laboratório, para estabelecer um protocolo de trabalho
apropriado, o qual os profissionais da área poderão utilizar em estudos posteriores.
2 Local da pesquisa
A pesquisa foi realizada na Unidade de Farmacologia Clínica (UNIFAC) do
Departamento de Fisiologia e Farmacologia da Faculdade de Medicina da Universidade
Federal do Ceará (UFC). Trata-se de uma unidade de pesquisa clínica que conta com a
participação de discentes de graduação e pós-graduação (mestrado e doutorado) e
professores pesquisadores. Nela são realizados, dentre outras atividades, estudos de
bioequivalência, biodisponibilidade, toxicologia clínica e eficácia terapêutica de
medicamentos. Por ser uma unidade de pesquisa, serve de referência para outros centros de
pesquisa. Funciona desde 1992, sendo pioneira no Brasil nesse tipo de prestação de serviço.
A Unidade de Farmacologia Clínica (UNIFAC) é credenciada e certificada pela
Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Dispõe de uma estrutura assistencial
própria que consiste de duas salas para consultório, um posto de enfermagem e seis
enfermarias, com um total de 24 leitos, destinados exclusivamente para ensaios clínicos e
fármaco-clínicos, além de toda infra-estrutura para internamento de voluntários. Está
equipada com uma unidade de procedimentos especiais, dotada de monitores de
47
eletrocardiografia, oxímetro de pulso, cardioversor/desfibrilador, ventilador artificial e
bombas de infusão. Possui ainda a medicação necessária para procedimentos de urgência,
inclusive ressuscitação cardiopulmonar, utilizados em casos de emergência.
3 População/amostra
A população do estudo foi constituída de 1.952 exames de voluntários sadios,
com faixa etária de 18 a 50 anos que participaram de ensaios clínicos na Unidade de
Farmacologia Clínica (UNIFAC), no período de 1999 a 2003. A amostra foi constituída por
1.947 exames, sendo 884 (45,5%) de voluntários do sexo feminino e 1.063 (54,6%) do sexo
masculino. Do total de exames pesquisados, foram desprezados 0,3% por não atenderem a
todos os requisitos da pesquisa como, por exemplo, encontrar-se sem identificação da
localização ou sem dados laboratoriais completos. Na amostra, foram incluídos os exames
dos voluntários que participaram dos estudos de bioequivalência, biodisponibilidade e
toxicologia clínica da UNIFAC, pois nestes a higidez dos voluntários é um pré-requisito
essencial.
4 Aspectos éticos da pesquisa
O projeto inicial foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade
Federal do Ceará, credenciado pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP) -
Conselho Nacional de Saúde/MS. O estudo foi iniciado após o Protocolo ser aprovado pelo
Comitê de Ética. O coordenador do estudo foi o responsável por obter esta aprovação. Vale
salientar que foram observados os aspectos éticos e legais da pesquisa envolvendo seres
humanos, preconizados pela Resolução n
o
196/96 do Conselho Nacional de Saúde (BRASIL.
MINISTÉRIO DA SAÚDE, 1996). Caso fossem acrescentadas emendas ao Protocolo, este
seria submetido a uma nova avaliação pelo Comitê de Ética. As emendas só poderiam ser
implementadas após a aprovação definitiva do protocolo, o que poderia resultar na
interrupção temporária do estudo.
Todos os estudos na UNIFAC são realizados preservando-se os aspectos éticos da
pesquisa. Tratando-se de ensaios clínicos, nos quais se inclui a participação de voluntários,
estes foram conduzidos de maneira clara, com risco mínimo, menor número de pessoas
48
possível, obtendo-se o maior número de informações, com metodologia rigorosamente
aprovada pelo Comitê de Ética (LOPES et al., 1999).
Observou-se o princípio ético da autonomia, principalmente no que diz respeito
ao Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Trata-se de elemento imprescindível para o
desenvolvimento de atividades de pesquisa com seres humanos, considerando sua
privacidade, dignidade e defendendo sua vulnerabilidade. Em observância a esses princípios,
todos os voluntários dos ensaios clínicos da UNIFAC assinaram um Termo de
Consentimento. Antes, porém, receberam uma explanação clara e acessível ao seu
entendimento, sobre a natureza e os objetivos do estudo, tendo-se enfatizado que teria
finalidade de pesquisa. Durante os ensaios clínicos, os voluntários foram informados que
estavam livres para se retirarem a qualquer momento do estudo, sem necessidade de
apontarem o motivo e sem que isto lhes causasse qualquer prejuízo no seu atendimento na
Unidade de Farmacologia Clínica.
Ainda no que diz respeito aos aspectos éticos, os resultados dos exames médicos
e testes laboratoriais registrados no Formulário de Relato de Caso de cada voluntário,
referente ao seu estado de saúde, foram mantidos em sigilo, sendo também preservado o
anonimato do voluntário.
5 Etapas operacionais da pesquisa
Após a aprovação do Protocolo pelo Comitê de Ética em Pesquisa da
Universidade Federal do Ceará (Anexo 01). Foi elaborado um instrumento para coleta
manual dos dados, a partir dos Formulários de Relato de Caso dos ensaios clínicos realizados
na UNIFAC, no período de 1999 a 2003 (Apêndice A, B e C). Por fim, os dados coletados
foram digitados e organizados em planilhas, para análise e discussão.
6 Coleta de dados
Os dados foram coletados a partir de uma análise retrospectiva dos exames
laboratoriais dos voluntários sadios arquivados na UNIFAC. Para a coleta dos dados, foram
utilizados os Formulários de Relato de Caso (ficha clínica). Neles estavam registradas e
49
arquivadas as informações dos voluntários pertinentes aos ensaios, como horário de
administração do medicamento, horário e registro dos sinais vitais, horário das refeições,
entre outros, juntamente com as avaliações médicas e laboratoriais. É importante salientar
que durante os ensaios clínicos os dados do estudo são registrados diretamente no
Formulário de Relato de Caso, gerando a fonte de dados brutos, como a seguir: (a) anamnese
clínica e exame físico; (b) dados antropométricos; (c) sinais vitais; (d) exames laboratoriais;
(e) uso de medicamentos anteriormente ou concomitantemente ao tratamento; (f)
administração dos produtos sob investigação e respectivos horários; (g) registro de eventos
adversos apresentados pelos voluntários.
Para a realização deste estudo, foram extraídas dos Formulários de Relato de
Caso as seguintes informações: a) dados de identificação do voluntário (sexo, idade, peso,
altura e ocupação); b) parâmetros hematológicos (contagem total de eritrócitos,
hemoglobina, hematócrito, volume corpuscular médio (VCM), hemoglobina corpuscular
média (HCM), concentração de hemoglobina corpuscular média (CHCM), contagem total e
diferencial de leucócitos e contagem de plaquetas); c) parâmetros bioquímicos (creatinina,
proteínas totais, albumina, glicose em jejum, colesterol total, triglicérides e ácido úrico).
Os parâmetros bioquímicos selecionados foram escolhidos levando-se em
consideração o fato de que as unidades de medida utilizadas serem sempre as mesmas,
independentemente da metodologia para a dosagem. Através desses dados, pôde-se avaliar a
atividade metabólica e renal dos voluntários.
Todas as coletas para os exames laboratoriais foram feitas segundo condições
padronizadas, ou seja, com o voluntário sentado, e em jejum no período de pelo menos doze
horas. O sangue foi retirado de uma veia cubital para um tubo contendo anticoagulante, o
qual varia de acordo com o exame a ser realizado. Todos os exames realizados ocorreram ao
nível do mar, não havendo interferência da altitude.
Todos os exames laboratoriais foram realizados no laboratório de análises
clínicas Louis Pasteur, localizado na região metropolitana de Fortaleza. Este laboratório é
50
credenciado pela ANVISA, apresentando padrões de controle de qualidade bastante
rigorosos, oferecendo resultados extremamente confiáveis.
7 Critérios de seleção dos voluntários saudáveis
A seleção dos participantes para os ensaios clínicos foi feita durante a etapa
inicial da experimentação clínica. Os voluntários foram selecionados diretamente da
população da região previamente cadastrada, sem exclusão de sexo. Porém, só participaram
de estudos aqueles considerados saudáveis, a juízo de profissionais legalmente habilitados,
com base na história médica, no exame físico e em exames laboratoriais. Para fins de
avaliação das condições de saúde de cada prticipante, durante o processo de seleção, os
voluntários realizaram os testes solicitados, os quais estão relacionados no quadro a seguir.
Quadro 01 - Exames laboratoriais vinculados ao processo de seleção dos voluntários
sadios
CATEGORIA EXAMES
Eletrocardiograma ECG padrão com doze derivações
Análise hematológica
Contagem de eritrócitos, hemoglobina, hematócrito, contagem total
e diferencial de leucócitos, contagem de plaquetas
Análise bioquímica
Uréia, creatinina, bilirrubina total, proteínas totais, albumina,
glicose em jejum, fosfatase alcalina, transaminases (TGO, TGP),
colesterol total, triglicérides, ácido úrico, γGT.
Urina Sumário de urina (urina tipo I)
Fezes Protoparasitológico
Sorologia
Análise sorológica para: hepatite B, hepatite C e HIV(1 e 2)
β−HCG para mulheres
Fonte: Dados contidos nos Formulários de Relato de Caso da UNIFAC.
Os resultados dos exames laboratoriais foram considerados “normais” quando se
situavam dentro dos valores de referência declarados pelo laboratório no qual os testes foram
realizados, de acordo com o método utilizado para cada dosagem. Para os resultados
numéricos, os valores até 10% acima dos parâmetros de referência foram considerados como
“normais”, a juízo dos médicos responsáveis.
51
No que se refere ao eletrocardiograma, este é útil no diagnóstico das arritmias,
das sobrecargas das câmaras cardíacas e das lesões isquêmicas do miocárdio. Em outras
condições, como nos processos inflamatórios e distúrbios eletrolíticos, esse exame é também
de grande valia (PORTO et al., 2001). O médico especialista informava se os achados
cardiológicos específicos foram julgados normais, anormais ou não clinicamente
significativos (n.s.). O especialista também informava se o voluntário era considerado apto a
participar do estudo, sendo o relatório do ECG anexado à documentação do estudo.
Registrava-se no Formulário de Relato de Caso dos voluntários sempre que um resultado de
exame era considerado “não clinicamente significativo”, a juízo dos pesquisadores. O exame
clínico, o qual foi explicitamente documentado no Formulário de Relato do Caso, englobava
a revisão dos itens apresentados no Quadro 02.
Quadro 02 - Itens da história clínica e exame físico explicitamente referenciados no
Formulário de Relato de Caso
CATEGORIA
EXAMES
História médica
Alergias; olhos, nariz e garganta; sistemas respiratório,
cardiovascular, gastrointestinal, genito-urinário, nervoso central,
hematopoético-linfático, endócrino; dermatológico, musculo-
esquelético; estabilidade emocional, história familiar, histórico
cirúrgico.
Exame físico
Olhos, ouvido, nariz, garganta, pescoço (incluindo tireóide),
coração, pulmões, abdômen (incluindo fígado e baço), pele,
linfonodos, urogenital, sistema nervoso, esqueleto e músculos.
Dados antropométricos
Pressão arterial (medida cinco minutos após descanso, na posição
sentada), pulso, altura, peso (roupas leves), índice de massa
corpórea, temperatura em
o
C.
Fonte: Dados contidos nos Formulários de Relato de Caso da UNIFAC
52
Nos dados antropométricos, a pressão arterial foi considerada normal dentro dos
seguintes limites: a) voluntários do sexo masculino: 100-140 mm Hg para a sistólica e 60-90
mm Hg para a diastólica; b) voluntários do sexo feminino: 90-140 mm Hg para a sistólica e
50-90 mm Hg para a diastólica. A pressão arterial normal usualmente é de 120-80 mm Hg
(SMELTZER; BARE, 2002). O exame do pulso também foi realizado, pois este reflete o
funcionamento do coração. A freqüência do pulso varia com a idade e em diversas outras
condições fisiológicas. Em pessoas adultas, considera-se normal a freqüência de 60 a 100
batimentos por minuto (PORTO et al., 2001).
O índice de massa corporal (IMC) foi considerado normal quando maior ou igual
a 19 e menor ou igual a 28 (esses limites são definidos no Report of the Dietary Guidelines
Advisory Committee on the Dietary Guidelines for Americans, 2000, U.S. Department of
Agriculture U.S. Department of Health and Human Services, Fifth Edition, 2000 p 6-8). Foi
registrada pelos investigadores, nos Formulários de Relato de Caso de cada voluntário,
qualquer anormalidade de história clínica e exame físico considerada não clinicamente
significante (n.s.), conforme a avaliação feita.
Os exames laboratoriais foram realizados até noventa dias antes da data da
primeira internação do voluntário. Após a aprovação dos investigados para a participação no
estudo, por ocasião da consulta médica, durante o processo de seleção. O voluntário iniciava
a etapa clínica num prazo máximo de trinta dias, contados entre a data da aprovação e a
primeira internação, respeitando-se, ainda, o prazo de validade dos exames complementares
solicitados. Expirado o prazo de três meses, o voluntário deveria ser reavaliado com base
nos mesmos critérios mencionados anteriormente. Independentemente da aprovação, os
voluntários do sexo feminino só poderiam participar da etapa clínica, caso não fosse
constatada gravidez. Tal condição deveria ser comprovada por um exame de β-HCG
realizado no máximo de trinta dias antes da primeira administração da medicação.
53
8 Hemograma
O hemograma é composto de três partes: o eritrograma, o leucograma e o
plaquetograma. Com o avanço da ciência, esses exames antes feitos de maneira manual, em
câmara de contagem ao microscópio, passaram a ser realizados em contadores de múltiplos
canais, com acurada diluição interna do sangue (FAILACE, 2003).
Em todas as linhas de contadores eletrônicos, a contagem é feita pelos
analisadores Coulter Counter que utilizam o princípio de impedância elétrica, desenvolvido
por essa empresa, a qual iniciou a comercialização do produto no início da década de 1960.
Nesses analisadores, ao passarem por uma abertura, através da qual flui uma corrente, as
células provocam alterações na resistência elétrica que são computadas como pulsos de
voltagem. Esses pulsos são proporcionais, em termos de altura, ao volume das células, que
são então contadas (BRITTIN; BRECHER, 1971).
Na maioria dos instrumentos, são aspirados diretamente entre 125 a 250 μL de
sangue integral. O sangue é mecanicamente diluído em uma solução condutora isotônica,
que preserva o tamanho das células e conduz a eletricidade. É empregada uma diluição
(cerca de 1:6250; 1,6 μL de sangue integral + 10 ml de solução condutora isotônica), para
efetuar as determinações de eritrócitos e plaquetas. Em outra diluição (cerca de 1:251; 42,9
μL de sangue integral + 6 ml de solução condutora isotônica + 1 ml de Lyse SIII diff), os
eritrócitos são lisados e a hemoglobina é convertida em cianeto de hemoglobina. Com base
nessa suspensão a hemoglobina é medida por meio colorimétrico a cerca de 530 nm, sendo
juntamente determinada a contagem global e diferencial de leucócitos (MORRIS; DAVEY,
1999).
Para a contagem de eritrócitos e plaquetas, após a diluição, o sangue move-se
para a abertura de um canal por onde as células passam com uma voltagem específica. A
cada célula que passa, ocorre uma alteração de voltagem, criando um pulso. A magnitude da
voltagem varia de acordo com o tamanho da célula. Dessa forma, as células são contadas de
acordo com seu tamanho. Partículas maiores que 36 fL são contadas como eritrócitos,
54
enquanto aquelas entre 2 e 20 fL de tamanho são contadas como plaquetas (HAUSER,
2004).
Na contagem dos leucócitos, dá-se a contagem global, na qual são englobados os
basófilos, eosinófilos e neutrófilos, chamados de granulócitos, como também os linfócitos e
monócitos, denominados de agranulócitos. Além disso, faz-se a contagem diferencial, na
qual cada um dos tipos de leucócitos é contabilizado separadamente. Para neutrófilos,
eosinófilos e basófilos o tamanho varia de 160 a 450 fL, sendo os dois primeiros
diferenciados pela dispersão de luz e forma da célula. Já os basófilos não dispersam a luz e
demonstram diferente condutividade, diferenciando-se dos demais granulócitos. Para os
monócitos o tamanho varia de 90 a 160 fL e para os linfócitos varia de 35 a 90 fL, medidos
pelo Coulter Counter (HAUSER, 2004).
9 Procedimento dos exames bioquímicos
Os exames bioquímicos foram realizados no Laboratório Louis Pasteur utilizando
a metodologia automatizada empregada no Equipamento Modular P 800 Hitache da Roche.
A metodologia detalhada encontra-se no Anexo 04.
10 Análise estatística dos dados
Para a organização e análise dos dados, foram elaborados gráficos e tabelas, onde
constam todas as variáveis encontradas. Também foram calculadas medidas de tendência
central e dispersão para as variáveis quantitativas do estudo.
Foi utilizado o teste não-paramétrico de Mann-Whitney para comparar as
medianas de cada variável, de acordo com o sexo. Posteriormente, foram construídos box-
blots de todas as variáveis, possibilitando, assim, uma melhor visualização da diferença dos
parâmetros entre homens e mulheres. O teste não-paramétrico de Kolmogorov-Smirnov foi
usado para verificar se as variáveis estudadas possuíam uma distribuição normal.
55
As faixas de referência, para cada variável, foram calculadas utilizando o método
dos percentis, por se tratar de um método que pode ser usado para variáveis com qualquer
distribuição. Para as variáveis estatisticamente distintas para homens e mulheres, foram
calculadas faixas de referência para cada sexo, com base no teste de Mann-Whitney. Para a
comparação entre nosso estudo e o realizado por Bastos e cols. (1983), único estudo
realizado do estado do Ceará, foi utilizado o teste paramétrico t de Student.
Para todos os testes o nível de significância utilizado foi α = 0,05 (5%). O poder-
eficiência do teste de Mann-Whitney está próximo de 95%. Os p-valores das variáveis
significativas estão indicados com um asterisco (*).
Os cálculos foram feitos utilizando o programa estatístico SPSS for Windows
(versão 8.0.0 SPSS Inc., 1997), Excel 2000.
56
RESULTADOS E DISCUSSÃO
57
1 Perfil sócio-demográfico da população investigada
A interpretação dos dados laboratoriais envolve um processo comparativo entre o
resultado de um único teste com o parâmetro de referência daquele teste. Os valores dos
limites de referência são, portanto, necessários para todos os exames. O cálculo de intervalos
confiáveis é uma tarefa muito importante dos laboratórios clínicos. E está provado que
apenas com a adoção de um parâmetro de referência apropriado podem-se obter resultados
clínicos eficazes (SCIACOVELLI et al., 2003).
Os ensaios clínicos analisados neste trabalho perfizeram um total de 75 estudos.
Destes 61 (81,3%) foram de bioequivalência, 13 (17,4%) de toxicologia clínica e 1 (1,3%) de
biodisponibilidade, conforme demonstrado na Figura 02. Todos envolvendo a participação
de 24 a 36 voluntários considerados sadios, conforme preconiza o Food and Drug
Administration (1997). O número de voluntários sadios deve sempre assegurar base
estatística suficiente para garantir a confiabilidade dos resultados do estudo (BRASIL.
2003b). O termo voluntário normal ou sadio deve ser interpretado como indivíduo adulto,
sem anormalidades clínico-laboratoriais capazes de prejudicar a interpretação do
experimento ou aumentar a sensibilidade do indivíduo ao potencial tóxico do fármaco em
estudo.
Bioequivalência
Toxicologia Clínica
Biodisponibilidade
Figura 02 – Distribuição dos ensaios clínicos realizados na UNIFAC com voluntários
sadios, no período de 1999 a 2003
Segundo Tsang e cols. (1998), a seleção dos sujeitos da pesquisa é o ponto central
para a elaboração de parâmetros de referência. Neste estudo, a amostra, para cada parâmetro
estudado, foi selecionada com base em critérios estatísticos, resultando em um relativo
1,3%
81,3%
17,4%
58
aumento no tamanho da amostra. Com isso, assegura-se a maximização da precisão das
estimativas e a minimização das perdas decorrentes das variações individuais como, por
exemplo, estilo de vida. As variações no manuseio das amostras e no âmbito laboratorial
foram minimizadas, uma vez que todos os exames foram feitos no mesmo laboratório
clínico.
A amostra constou de 1.947 exames laboratoriais realizados em voluntários
sadios, antes da ingestão dos medicamentos em estudo (exames pré-estudo). Desse total,
1.063 (54,6%) voluntários eram do sexo masculino e 884 (45,4%) do sexo feminino.
Observou-se uma maior participação de voluntários do sexo masculino, justificada pelo fato
de alguns estudos de bioequivalência exigirem a participação exclusiva de homens (Figura
03).
Feminino
45,4%
Masculino
54,6%
Figura 03Distribuição, quanto ao sexo, dos voluntários sadios que participaram de
ensaios clínicos na UNIFAC, no período, de 1999 a 2003
Com relação aos dados demográficos, todos os participantes do estudo residiam
na região metropolitana da cidade de Fortaleza, capital do Estado do Ceará, localizada na
região Nordeste do Brasil. Os voluntários possuíam características sócio-econômicas
bastante heterogêneas, uma vez que eram originários de várias camadas sociais. Foram
extraídos do Formulário de Relato de Caso os dados antropométricos (sexo, idade, peso,
altura, índice de massa corpórea) e os referentes à ocupação dos voluntários. Esses dados
variaram, de acordo com o sexo, conforme demonstram as Tabelas 02 e 03 e as Figuras 04 e
05.
59
Tabela 02 – Dados antropométricos dos voluntários sadios do sexo masculino que
participaram de ensaios clínicos na UNIFAC, no período de 1999 a 2003. Dados
apresentados como a média ± desvio padrão (DP)
Exames
analisados (n)
Idade
(anos)
Peso
(kg)
Altura
(cm)
IMC
(kg/m
2
)
1.063 25,0 ± 6,42 71,59 ± 10,64 171,88 ± 6,90 24,19 ± 3,16
IMC = Índice de massa corpórea.
A Tabela 02 mostra que os voluntários do sexo masculino foram, em sua maioria,
jovens, com idade média de 25 anos. Tinham estatura mediana, o que já era esperado devido
ao biótipo do nordestino, e peso situado dentro da faixa limite para a altura. O índice de
massa corpórea (baixo ou elevado) foi um dos critérios de exclusão dos voluntários.
Tabela 03 – Dados antropométricos dos voluntários sadios do sexo feminino que
participaram de ensaios clínicos na UNIFAC, no período de 1999 a 2003. Dados
apresentados como a média ± desvio padrão (DP)
Exames
analisados (n)
Idade
(anos)
Peso
(kg)
Altura
(cm)
IMC
(kg/m
2
)
884 25,29 ± 6,65 59,29 ± 8,49 160,52 ± 6,21 22,97 ± 3,10
IMC = Índice de massa corpórea.
A Tabela 03 apresenta todas as variáveis com valores menores quando
comparados aos valores expressos na tabela anterior, com exceção da idade, que também
apresentou predominância de jovens, com uma média de 25,29 anos. A altura e o peso das
mulheres são inferiores aos dos homens, devido às próprias características biológicas.
60
645
260
22 22 21
17 17 17
15 14 13
0
100
200
300
400
500
600
700
Estudante
O
u
tros
Aux. Administrativo
Porteiro
Autôn
o
mo
Comerc
ia
n
te
Pro
f
es
s
o
r
Contínuo
F
a
rmacêutico
V
igil
an
t
e
Aux
.
Se
r
v
o
s
g
e
ra
is
Figura 04 – Principais profissões dos voluntários sadios do sexo masculino que
participaram de ensaios clínicos na UNIFAC, no período de 1999 a 2003
583
126
39
22 21 21
17 16
14 13
12
0
100
200
300
400
500
600
700
E
stud
a
n
t
e
Outros
Do
n
a d
e
c
a
s
a
A
u
x.
A
dm
inistr
a
tiv
o
Farmacê
u
tic
a
A
u
x.
Enfe
r
mage
m
Funcioria
p
ública
Se
c
r
et
á
ria
Com
e
rciá
ri
a
Téc
n
ic
a
laborató
rio
Pr
o
fess
o
ra
Figura 05 – Principais profissões dos voluntários sadios do sexo feminino que
participaram de ensaios clínicos na UNIFAC, no período de 1999 a 2003
61
Como nos Formulários de Relato de Caso não existia uma forma de categorização
das profissões, foram descritas as dez mais encontradas na amostra para ambos os sexos
(Figuras 04 e 05). Destacou-se a grande maioria de estudantes, onde se incluem estudantes
de ensino médio e ensino superior, tanto do sexo masculino quanto feminino. Isso se justifica
pelo fato de que a Unidade de Farmacologia Clínica encontra-se localizada no Campus do
Porangabussu da UFC, onde temos a Faculdade de Medicina, Faculdade de Farmácia,
Odontologia e Enfermagem, e assim os estudantes têm fácil acesso às informações sobre os
ensaios clínicos realizados. A relação completa de todas as profissões dos voluntários do
estudo encontra-se nos Anexos 02 e 03.
2 Parâmetros hematológicos
O conhecimento dos parâmetros hematológicos pode servir como elemento de
avaliação das condições sócio-econômicas, climáticas e geográficas de uma região
(BASTOS et al., 1983). Para os parâmetros hematológicos foi feita uma análise global que
incluiu a série vermelha, a série branca e plaquetas. Da série vermelha foram analisados os
seguintes itens: eritrócitos, hemoglobina, hematócrito, volume corpuscular médio (VCM),
hemoglobina corpuscular média (HCM), concentração hemoglobínica corpuscular média
(CHCM); da série branca foram analisadas a contagem total e a contagem diferencial de
leucócitos e o número total de plaquetas.
Para averiguar se houve diferença entre os sexos, para as faixas de referência dos
parâmetros estudados foi feito o teste Mann-Whitney (p < 0,05), o qual comparou as
medianas dos resultados encontrados para cada parâmetros entre os sexos, conforme
demonstram os dados da tabela a seguir.
62
Tabela 04 – Teste de Mann-Whitney para comparação das variáveis hematológicas dos
voluntários sadios que participaram de ensaios clínicos na UNIFAC, no período de
1999 a 2003 por sexo
VARIÁVEL
MANN-
WHITNEY U
WILCOXON
W Z P-VALOR
Eritrócitos 56888,50 436644,50 -33,302 0,000*
Hemoglobina 32602,00 413230,00 -35,241 0,000*
Hematócrito 35226,00 415854,00 -35,001 0,000*
VCM 456485,00 1020938,00 -0,406 0,684
HCM 378095,50 756110,50 -6,839 0,000*
CHCM 296069,00 674084,00 -13,599 0,000*
Leucócitos 438737,00 1003190,00 -1,989 0,047*
N
o
relativo de neutrófilos 376169,00 940622,00 -7,001 0,000*
N
o
relativo de eosinófilos 335288,00 714173,00 -10,512 0,000*
N
o
relativo de monócitos 337829,00 716714,00 -10,325 0,000*
N
o
relativo de basófilos 451858,00 1016311,00 -0,985 0,325
N
o
relativo de linfócitos 442699,50 821584,50 -1,581 0,114
N
o
relativo de bastonetes 459556,00 838441,00 -1,347 0,178
Plaquetas 375616,00 941132,00 -7,184 0,000*
*(p < 0,05)
Como houve diferença estatística entre os sexos, as faixas de referência foram
distintas para cada sexo, com exceção do parâmetro volume corpuscular médio (VCM) da
série vermelha. E na contagem diferencial dos leucócitos, ocorreu também exceção na
contagem relativa dos bastonetes, basófilos e linfócitos da série branca, que não
demonstraram diferença estatística entre os sexos (p> 0,05), usando-se a mesma faixa de
referência para homens e mulheres.
Foi feito o teste de Kolmogorov-Smirnov para verificar se as variáveis possuíam
uma distribuição normal, ou seja, se a população estudada seguia uma curva de Gauss,
conforme demonstra a Tabela 05.
63
Tabela 05 – Teste de Kolmogorov-Smirnov para os parâmetros hematológicos dos
voluntários de ambos os sexos que participaram de ensaios clínicos na UNIFAC, no
período de 1999 a 2003
VARIÁVEIS SEXO
KOLMOGOROV-SMIRNOV Z P-VALOR
Feminino 2,950 0,000*
Eritrócitos
Masculino 2,432 0,000*
Feminino 1,369 0,047*
Hemoglobina
Masculino 1,156 0,138
Feminino 0,869 0,437
Hematócrito
Masculino 1,248 0,089
Feminino 2,109 0,000*
HCM
Masculino 1,964 0,001*
Feminino 1,584 0,013*
CHCM
Masculino 2,037 0,000*
Feminino
VCM
Masculino
1,758 0,004*
Feminino 2,333 0,000*
Leucócitos
Masculino 2,018 0,001*
Feminino 1,694 0,006*
Contagem relativa de neutrófilos
Masculino 1,347 0,053
Feminino 6,476 0,000*
Contagem relativa de eosinófilos
Masculino 5,372 0,000*
Feminino 4,688 0,000*
Contagem relativa de monócitos
Masculino 4,311 0,000*
Feminino
Contagem relativa de basófilos
Masculino
17,613 0,000*
Feminino
Contagem relativa de linfócitos
Masculino
2,412 0,000*
Feminino
Contagem relativa de bastonetes
Masculino
22,776 0,000*
Feminino 1,732 0,005*
Plaquetas
Masculino 1,543 0,017*
*(p< 0,05)
A tabela mostra que a maioria das variáveis não seguiu uma distribuição normal
(p < 0,05), com exceção da hemoglobina e contagem diferencial de neutrófilos, entre
indivíduos do sexo masculino e a variável hematócrito, para ambos os sexos, que seguiram a
curva de Gauss (p > 0,05). Isso demonstra os diferentes comportamentos das variáveis, de
acordo com o sexo.
64
A curva normal ou de Gauss é simétrica, os valores maiores e menores que a
média ocorrem com igual probabilidade e tem forma de sino. Quando a distribuição dos
dados se encaixa nesse perfil, a média representa bem a população; quando a distribuição é
assimétrica, a mediana é mais representativa (DORIA FILHO, 1999). Segundo os resultados
encontrados com o teste de Kolmogorov-Smirnov, temos que a população segue uma curva
assimétrica.
Com isso, os parâmetros de referência foram obtidos pelo método não-
paramétrico dos percentis. Este pode ser utilizado tanto para populações com distribuição
normal quanto para populações sem distribuição normal. Nesse método, foram calculados os
percentis 2,5
o
e 97,5
o
, representando 95% da população pesquisada.
Podem existir diferenças sistemáticas entre os estudos publicados sobre
parâmetros de referência podem surgir como resultado do uso de diferentes técnicas de
laboratório e diferentes amostragens. Muitos estudos prévios mostram a elaboração de
parâmetros de referência usando testes paramétricos. Porém, para uma população com
distribuição não gaussiana os métodos não-paramétricos são indicados (TSANG et al.,
1998).
O encontro de uma distribuição assimétrica e o emprego do método dos percentis
para obtenção de faixas de referência já foi relatado em outros estudos para avaliação dos
parâmetros hematológicos como em Tugume e cols. 1995; Tsang e cols, 1998; Schumacher e
cols. 2002; Menard e cols. 2003.
Os parâmetros de referência encontrados na análise da série vermelha, para ambos os
sexos, estão demonstrados na tabela a seguir.
65
Tabela 06 – Faixas de referência dos parâmetros da série vermelha para os voluntários
de ambos os sexos que participaram de ensaios clínicos na UNIFAC, no período de
1999 a 2003
VARIÁVEL SEXO MÉDIA MEDIANA DP
FAIXA DE
REFERÊNCIA
ENCONTRADA
FAIXA DE
REFERÊNCIA
LOUIS PASTEUR
Fem 4,4 4,4 0,3 3,9 – 5,0 4,1 – 5,3 Eritrócitos
(milhões/mm
3
)
Masc 5,1 5,1 0,3 4,4 – 5,7 4,5 – 6,1
Fem 13,1 13,1 0,9 11,5 – 14,8 11,5 – 16,4 Hemoglobina
(g/dL)
Masc 15,3 15,3 0,9 13,6 – 16,9 12,8 – 17,8
Fem 39,1 39,0 2,3 34,7 – 43,6 36,0 – 48,0 Hematócrito
(%)
Masc 45,1 45,0 2,4 40,2 – 49,7 40,0 – 54,0
Fem VCM
(fL)
Masc
88,0 88,2 3,9 79,3 – 95,3 80,0 – 98,0
Fem 29,4 29,6 1,7 25,4 – 32,2 HCM
(pg)
Masc 29,9 30,0 1,4 26,7 – 32,6
27,0 – 33,0
Fem 33,4 33,3 0,9 32,0 – 35,3 CHCM
(g/dL)
Masc 34,0 33,9 0,9 32,3 – 35,6
31,0 – 36,0
DP = Desvio padrão
Para todos os parâmetros analisados da série vermelha, os intervalos de referência
foram bem próximos, com uma pequena elevação no sexo masculino. Os valores de
eritrócitos, hemoglobina e hematócrito mostraram-se menores do que os descritos na
literatura, o que pode demonstrar uma característica da população estudada. Sendo de
fundamental importância para a seleção de voluntários saudáveis para os ensaios clínicos.
Um dos procedimentos mais importantes em qualquer avaliação hematológica é
um exame cuidadoso dos elementos figurados do sangue. Essa avaliação inclui a
quantificação da concentração de cada elemento celular e um exame microscópico
meticuloso da morfologia celular. A maioria dos distúrbios hematológicos pode ser definida
por anormalidades específicas nos resultados desses testes. O sangue também pode fornecer
informações diagnósticas relevantes de outros estados patológicos (KJELDSBERG, 1998).
As figuras a seguir demonstram as diferenças entre os sexos para os parâmetros
da série vermelha analisados. Nelas, estão demonstrados os valores máximo e mínimo
encontrados, assim como a mediana para cada variável e para cada sexo. Os pontos
localizados fora do box-plot representam indivíduos que tiveram o resultado dos exames fora
66
da faixa encontrada. Esse fato pode ocorrer, uma vez que o intervalo engloba 95% da
população.
Figura 06 – Comparação das faixas de referência encontradas para o parâmetro
eritrócitos, nos voluntários de ambos os sexos que participaram de ensaios clínicos na
UNIFAC, no período de 1999 a 2003
A quantidade média de hemácias por milímetro cúbico foi de 4,4 milhões para as
mulheres e de 5,1 milhões para os homens, considerando-se normal uma variação de até
cerca de meio milhão para cima e para baixo dessas cifras. As hemácias são os mais
numerosos elementos figurados do sangue; para cada leucócito existem cerca de 500
hemácias e 30 plaquetas (MILLER, 1999).
SEXO
Masculino
Feminino
ERITRÓCITOS (milhões/mm
3
)
6,5
6,0
5,5
5,0
4,5
4,0
3,5
67
Figura 07 – Comparação das faixas de referência encontradas para o parâmetro
hemoglobina, nos voluntários de ambos os sexos que participaram de ensaios clínicos
na UNIFAC, no período de 1999 a 2003.
A concentração normal de hemoglobina teve em média um valor de 13,1 g/dL
para as mulheres e de 15,3 g/dL para os homens. Cada hemácia contém em torno de 29 pg de
hemoglobina, representando esta por volta de 33% do peso total da hemácia. As hemácias
normais encontram-se saturadas de hemoglobina (MILLER, 1999).
A postura e a atividade muscular alteram a concentração dos elementos formados.
A hemoglobina, hematócrito e eritrócitos aumentam em vários pontos percentuais quando a
pessoa se levanta de uma posição deitada. A atividade muscular muito intensa provoca um
aumento; é provável que isso ocorra principalmente devido à perda de água plasmática
(MOLLISON, 1979).
Também ocorre uma variação cicardiana, que não está relacionada ao exercício
ou à variação analítica. A hemoglobina é mais elevada pela manhã, decresce durante o dia e
fica mais baixa a noite, com uma diferença média de 8 a 9% (DACIE & LEWIS, 1991).
Masculino
Feminino
HEMOGLOBINA (g/dL)
19
18
17
16
15
14
13
12
11
10
SEXO
68
Figura 08 – Comparação das faixas de referência encontradas para o parâmetro
hematócrito, nos voluntários de ambos os sexos que participaram de ensaios clínicos na
UNIFAC, no período de 1999 a 2003
O hematócrito expressa a proporção de elementos figurados numa amostra
sanguínea ocupada pelos eritrócitos. Em nossa amostra observamos que o valor médio do
hematócrito para os homens foi de 45,1% e para as mulheres foi de 39,1%. Uma vez que o
número de hemácias predomina largamente sobre os demais elementos figurados, o valor do
hematócrito depende, praticamente, do volume ocupado pelos eritrócitos, sendo, portanto de
fundamental importância no estudo das anemias e policitemias (MILLER, 1999).
O encontro de diferenças significativas entre os sexos, nos parâmetros
hematológicos da série vermelha, é conhecido e bem estabelecido. Os homens têm valores
mais altos para contagem de eritrócitos, hemoglobina e hematócrito que as mulheres. Isso
pode ser explicado, em parte, pela influência do hormônio andrógeno na produção
eritropoiética e seu efeito na medula óssea. No caso das mulheres, a redução desses valores
ocorre pela perda de sangue nas menstruações e pelo pequeno efeito supressor do estrogênio
sobre a produção de eritrócitos (MENARD et al., 2003; MORRIS & DAVEY, 1999).
Masculino
Feminino
55
50
45
40
35
30
HEMATÓCRITO (%)
SEXO
69
Figura 09 – Comparação das faixas de referência encontradas para o parâmetro
volume corpuscular médio (VCM), nos voluntários de ambos os sexos que participaram
de ensaios clínicos na UNIFAC, no período de 1999 a 2003
Figura 10 – Comparação das faixas de referência encontradas para o parâmetro
hemoglobina corpuscular média (HCM), nos voluntários de ambos os sexos que
participaram de ensaios clínicos na UNIFAC, no período de 1999 a 2003
SEXO
Masculino
Feminino
HCM (pg)
36
34
32
30
28
26
24
22
20
SEXO
Masculino
Feminino
VCM (fL)
105
100
95
90
85
80
75
70
65
70
Figura 11 – Comparação das faixas de referência encontradas para o parâmetro
concentração hemoglobínica corpuscular média (CHCM), nos voluntários de ambos os
sexos que participaram de ensaios clínicos na UNIFAC, no período de 1999 a 2003
Os índices hematimétricos, o volume corpuscular médio (VCM), a hemoglobina
corpuscular média (HCM) e a concentração hemoglobínica corpuscular média (CHCM), são
derivados dos valores de eritrócitos, hemoglobina e hematócrito. Em nosso estudo,
observamos que o valor médio de 88fL para o VCM foi o mesmo para homens e mulheres.
Já, para os demais índices, houve diferença entre os sexos, onde o HCM apresentou valor
médio de 29,4 pg para as voluntárias do sexo feminino e de 29,9 pg para os do sexo
masculino e o CHCM apresentou a média em torno de 33,4 g/dL para as mulheres e 34 g/dL
para os homens.
É necessário entender claramente a diferença entre HCM e CHCM. A primeira
mede o peso de hemoglobina na hemácia média e expressa o resultado em partes de um
grama (picograma). Contudo, o CHCM indica a concentração de hemoglobina no eritrócito
médio, ou seja, a razão do peso da hemoglobina em relação ao volume no qual está contida,
sendo o resultado expresso em g/dL. Embora o VCM seja uma medida extremamente útil na
investigação e classificação das anemias, o HCM e CHCM trazem poucas informações
clínicas adicionais (KJELDSBERG, 1998).
SEXO
Masculino
Feminino
CHCM (g/dL)
37
36
35
34
33
32
31
30
29
71
Os resultados encontrados para a série vermelha foram comparados com os do
estudo de Bastos e cols. (1983). Neste estudo, os autores definiram parâmetros de referência,
encontrados na população de Fortaleza, tendo como amostra doadores de sangue do
Hemocentro do Estado do Ceará (HEMOCE). Utilizando-se o teste t de Student, verificaram-
se diferenças significativas entre as médias encontradas nos estudos, conforme está
demonstrado na tabela abaixo.
Tabela 07 – Teste t de Student para comparação das médias dos parâmetros
hematológicos da série vermelha com as encontradas por Bastos e cols., para cada sexo
VARIÁVEL SEXO
MÉDIA DE
BASTOS e
cols.
MÉDIA
DESTE
ESTUDO
TESTE t
P-
VALOR
Feminino 4,5 4,4 -7,946 0,000*
Eritrócitos (milhões/mm
3
)
Masculino 5,1 5,1 -0,547 0,584
Feminino 12,7 13,1 12,175 0,000*
Hemoglobina (g/dL)
Masculino 14,4 15,3 34,378 0,000*
Feminino 40,0 39,1 -11,793 0,000*
Hematrócito (%)
Masculino 45,4 45,1 -4,686 0,000*
Feminino 89,2 87,9 -8,796 0,000*
VCM (fL)
Masculino 89,5 88,0 -13,243 0,000*
Feminino 28,1 29,4 21,456 0,000*
HCM (pg)
Masculino 28,2 29,9 38,673 0,000*
Feminino 31,3 33,4 66,643 0,000*
CHCM (g/dL)
Masculino 31,4 34,0 95,112 0,000*
*(p< 0,05)
Como se pode observar na tabela, apenas a variável eritrócitos, do sexo
masculino, não apresentou diferença estatística entre os estudos comparados. Esta diferença
pode ser devido ao tamanho da amostra, uma vez que para o estudo de Bastos e cols. (1983)
a amostra foi de 260 doadores de sangue, sendo bem inferior ao nosso estudo que constou
com uma amostra de 1.947 exames de voluntários sadios.
Segundo Karazawa e Jamra (1989), a crescente industrialização, com
conseqüente poluição ambiental, especialmente do ar, da água e dos alimentos de cultivo
hortigranjeiro, pode estar reduzindo o nível de saúde da população, medida por parâmetros
hematológicos. A modificação dos hábitos alimentares da população é outro ponto relevante.
72
Como se sabe, a oferta de alimentos enlatados cresceu enormemente e a facilidade com que
são preparados e usados aumentou o de uso de corantes, conservantes e outros produtos
potencialmente tóxicos. Daí a necessidade da determinação de novos parâmetros de
normalidade para a população atual, onde os hábitos de vida e alimentares modificaram-se
consideravelmente.
Na série branca, foram feitas à contagem total de leucócitos e a contagem
diferencial relativa dos leucócitos, os resultados estão demonstrados na tabela abaixo.
Tabela 08 – Faixas de referência dos parâmetros da série branca para os voluntários de
ambos os sexos que participaram de ensaios clínicos na UNIFAC, no período de 1999 a
2003
VARIÁVEL SEXO MÉDIA MEDIANA DP
FAIXA DE
REFERÊNCIA
ENCONTRADA
FAIXA DE
REFERÊNCIA
LOUIS PASTEUR
Fem 6806 6600 1561,7 4400 – 10500 N
o
de
leucócitos
(leuc/mm
3
)
Masc 6629 6500 1413,5 4200 – 10042
4500 – 10500
Fem N
o
de
bastonetes
(%)
Masc
1 1 0,1 0 – 1 1 – 7
Fem 56,4 57 8,2 38 71 N
o
de
neutrófilos
(%)
Masc 53,9 54 8,2 37 70
45 – 70
Fem 3,5 3 2,5 1– 10 N
o
de
eosinófilos
(%)
Masc 4,6 4 2,9 1 – 12
1 – 6
Fem N
o
de
basófilos
(%)
Masc
0,6 1 0,5 0 – 1 0 – 3
Fem N
o
de
linfócitos
(%)
Masc
32,4 32 7,3 19 48 20 50
Fem 7,3 7 1,7 5 – 11 N
o
de
monócitos
(%)
Masc 8,2 8 1,8 5 – 12
2 – 10
DP = Desvio padrão
73
De acordo com a tabela, a média para as variáveis situou-se bastante próxima à
mediana. Na contagem diferencial de leucócitos, o intervalo de referência, para os
bastonetes, basófilos e linfócitos, foi o mesmo para ambos os sexos. Esse dado já havia sido
confirmado no teste de Mann-Whitney.
Destacamos ainda na Tabela 08 os valores da contagem total de leucócitos e da
contagem diferencial de neutrófilos os quais se mostraram inferiores aos preconizados pela
literatura. Este fato demonstra as características étnicas da população estudada, sendo um
dado relevante do perfil hematológico desta população.
Nas figuras a seguir, estão demonstrados os parâmetros da série branca, contagem
global de leucócitos, contagem de neutrófilos, eosinófilos e monócitos. Os dados
apresentados mostraram diferenças entre os sexos, para o intervalo de referência.
Figura 12 – Comparação das faixas de referência encontradas para o parâmetro
contagem global de leucócitos, nos voluntários de ambos os sexos que participaram de
ensaios clínicos na UNIFAC, no período de 1999 a 2003
Na contagem global de leucócitos obtivemos o seguinte intervalo de referência,
para os voluntários do sexo feminino, 4.400 a 10.500 leucócitos/mm
3
, sendo a média em
torno de 6.806 leucócitos/mm
3
. Já, para os voluntários do sexo masculino, tivemos uma faixa
de referência de 4.200 – 10.042 leucócitos/mm
3
, com valor médio de 6.629 leucócitos/mm
3
.
SEXO
Masculino
Feminino
LEUCÓCITOS / mm
3
13000
11000
9000
7000
5000
3000
74
A contagem diferencial de leucócitos continua sendo um dos procedimentos
laboratoriais mais amplamente usados. A contagem diferencial tem valor na detecção e
gerenciamento de distúrbios hematológicos, infecções agudas e alergias e no monitoramento
de métodos de tratamento associados com efeitos hematológicos (KJELDSBERG, 1998).
Figura 13 – Comparação das faixas de referência encontradas para o parâmetro
contagem relativa de neutrófilos, nos voluntários de ambos os sexos que participaram
de ensaios clínicos na UNIFAC, no período de 1999 a 2003
Na contagem diferencial de neutrófilos observamos que os valores encontrados
para os voluntários do sexo feminino foram maiores que para o sexo masculino. E ainda
destacamos que as faixas de referência encontradas para ambos os sexos foram inferiores a
faixa preconizada na literatura. Sendo uma peculiaridade da população da região estudada.
De acordo com resultados prévios, verificou-se que homens negros têm a média
de contagem de neutrófilos 25% menor que os brancos. Entretanto, a diferença na contagem
de outras sub-populações de leucócitos não foi tão pronunciada. Quando comparados aos
brancos, os negros apresentaram 20% menos monócitos e 10% mais linfócitos, em média
(FREEDMAN et al., 1997).
SEXO
MasculinoFeminino
CONTAGEM DE NEUTRÓFILOS (%)
90
80
70
60
50
40
30
20
75
SEXO
MasculinoFeminino
CONTAGEM DE EOSINÓFILOS (%)
27
20
13
6
-1
Figura 14 – Comparação das faixas de referência encontradas para o parâmetro
contagem relativa de eosinófilos, nos voluntários de ambos os sexos que participaram
de ensaios clínicos na UNIFAC, no período de 1999 a 2003
Os valores de eosinófilos apresentaram-se mais altos que o habitual, o que pode
ter acontecido em decorrência da inclusão de voluntários com problemas alérgicos crônicos
nos ensaios clínicos, contudo, seus exames laboratoriais não mostraram variações
clinicamente significantes.
Alguns investigadores relataram uma variação diurna na contagem de eosinófilos,
com valores elevados a noite e mais baixos pela manhã. Estresse emocional pode estar
associado com um decréscimo na concentração total de eosinófilos, ao passo que a prática de
exercícios produz um aumento transitório (ATHENS, 1998).
Parece haver mudanças moderadas durante o ciclo menstrual. Os neutrófilos e
monócitos decrescem e os eosinófilos tendem a aumentar durante a menstruação. Foi
relatado que os basófilos decrescem durante a ovulação (MORRIS & DAVEY, 1999).
76
Figura 15 – Comparação das faixas de referência encontradas para o parâmetro
contagem relativa de monócitos, nos voluntários de ambos os sexos que participaram
de ensaios clínicos na UNIFAC, no período de 1999 a 2003
Como o Brasil é um país onde a miscigenação de raças é uma característica
marcante, a influência das características étnicas da população negra está presente em nosso
meio. Essa diferença resulta de características intrínsecas, tais como o tempo de
sobrevivência dos leucócitos ou o seu tamanho no sangue periférico. Também os fatores
ambientais têm apresentado grande importância (FREEDMAN et al., 1997).
Com relação à contagem total de plaquetas, registraram-se os seguintes
resultados: para o sexo feminino, verificou-se uma faixa de referência de 165000 –
397000/µL; para o sexo masculino, a faixa foi de 155600 – 354400/µL. A diferença entre os
sexos pode ser observada na Figura 16.
SEXO
MasculinoFeminino
CONTAGEM DE MONÓCITOS (%)
18
16
14
12
10
8
6
4
2
77
Figura 16 – Comparação das faixas de referência encontradas para o parâmetro
contagem total de plaquetas, nos voluntários de ambos os sexos que participaram de
ensaios clínicos na UNIFAC, no período de 1999 a 2003
Os valores encontrados, para a concentração de plaquetas em mulheres, foram
mais elevados do que o observado para os homens. Onde tivemos, para as mulheres, uma
mediana de 253.0000 plaquetas/mm
3
e para os homens 237.000 plaquetas/mm
3
. Uma
diferença de 6,32% a mais para as mulheres.
Um leve aumento nos números de plaquetas no momento da ovulação, seguido de
uma queda progressiva durante os 14 dias antes da menstruação, bem como, um rápido
aumento logo depois do início do sangramento foram documentados (BITHELL, 1998).
Estudos mostram que as mulheres apresentam uma contagem de leucócitos totais,
neutrófilos e plaquetas maior que os homens. Essa diferença é observada em todos os grupos
étnicos e aparenta ser de origem biológica, mas a causa ainda é desconhecida. Já foi
demonstrado que a diferença na contagem de leucócitos para as mulheres não pode ser
atribuída ao uso de contraceptivos orais ou ao hábito de fumar. Uma explicação baseada na
genética é mais provável (BAIN, 1996).
SEXO
MasculinoFeminino
PLAQUETAS / mm
3
550000
440000
330000
220000
110000
78
3 Parâmetros bioquímicos
Com relação aos dados bioquímicos, foram analisados os seguintes parâmetros:
glicose, colesterol, triglicérides, ácido úrico, proteínas totais e albumina e creatinina. Todos
os parâmetros, para ambos os sexos, demonstraram um comportamento não gaussiano
segundo o teste Kolmogorov-Smirnov (p< 0,05). A exceção ocorreu no colesterol que, para
os voluntários do sexo feminino, apresentou uma distribuição normal (p >0,05). Os valores
do teste de Kolmogorov-Smirnov estão demonstrados na tabela abaixo.
Tabela 09 – Teste de Kolmogorov-Smirnov para os parâmetros bioquímicos dos
voluntários de ambos os sexos que participaram de ensaios clínicos na UNIFAC, no
período de 1999 a 2003
SEXO
Feminino Masculino
VARIÁVEIS
Kolmogorov-
Smirnov Z
p-valor
Kolmogorov-
Smirnov Z
p-valor
Creatinina 6,191 0,000* 5,355 0,000*
Ácido úrico 1,489 0,024* 1,413 0,037*
Proteínas totais 1,580 0,014* 1,625 0,010*
Albumina 1,899 0,001* 1,903 0,001*
Glicose 1,407 0,038* 1,438 0,032*
Triglicerídeos 2,820 0,000* 2,829 0,000*
Colesterol 1,025 0,244 1,551 0,016*
*(p < 0,05)
Todas as variáveis bioquímicas estudadas variaram com relação ao sexo segundo
o teste de Mann-Whitney (p< 0,05). Desta forma, as faixas de referências foram separadas
por sexo. Os valores do teste Mann-Whitney estão na tabela 10.
79
Tabela 10 – Teste de Mann-Whitney para comparação das variáveis bioquímicas, nos
voluntários sadios que participaram de ensaios clínicos na UNIFAC, no período de
1999 a 2003 por sexo
Variável Mann-Whitney U Wilcoxon W Z p-valor
Creatinina 69871,00 459274,00 -32,848 0,000*
Ácido úrico 84264,00 473667,00 -31,167 0,000*
Proteínas totais 374890,50 763411,50 -7,557 0,000*
Albumina 258988,00 643114,00 -16,755 0,000*
Glicose 343243,50 732646,50 -10,191 0,000*
Triglicérides 353011,00 741532,00 -9,325 0,000*
Colesterol 410018,00 975534,00 -4,766 0,000*
*(p < 0,05)
Os intervalos de referência para os parâmetros bioquímicos, creatinina, ácido
úrico, proteínas totais e frações, glicose, triglicérides e colesterol, estão separados por sexo
na Tabela 11.
80
Tabela 11 – Estatística descritiva e faixas de referência para as variáveis bioquímicas,
nos voluntários sadios que participaram de ensaios clínicos na UNIFAC, no período de
1999 a 2003
VARIÁVEL SEXO MÉDIA MEDIANA DP
FAIXA DE
REFERÊNCIA
ENCONTRADA
FAIXA DE
REFERÊNCIA
LOUIS PASTEUR
Fem. 0,7 0,7 0,1 0,5 - 0,9 0,5 – 0,9 Creatinina
(mg/dL)
Masc. 0,9 0,9 0,1 0,7 - 1,2 0,7 – 1,2
Fem. 3,8 3,8 0,8 2,4 - 5,5 2,7 – 7,3 Ácido úrico
(mg/dL)
Masc. 5,6 5,5 1,0 3,7 - 7,8 4,0 – 8,5
Fem. 7,3 7,3 0,4 6,5 - 8,1 Proteínas totais
(g/dL) Masc. 7,4 7,4 0,4 6,7 - 8,2
6,6 – 8,7
Fem. 4,0 4,0 0,3 3,4 - 4,5 Albumina
(g/dL)
Masc. 4,2 4,2 0,3 3,6 - 4,8
3,4 – 4,8
Fem. 82,2 82,0 6,9 69,0 - 96,0 Glicose
(mg/dL) Masc. 85,5 85,0 7,4 71,0- 100,4
70,0 – 105,0
Fem. 84,0 77,0 33,7 38,1 -171,0 Triglicérides
(mg/dL)
Masc. 101,2 93,0 41,5 42,0 - 196,0
< 200,0
Fem. 168,1 167,0 28,2 118,0 - 224,0 Colesterol
(mg/dL)
Masc. 161,9 159,0 28,1 112,0 - 219,0
< 200,0
DP = Desvio padrão
Em vários níveis, as investigações bioquímicas estão envolvidas em todos os
ramos da medicina clínica. Os resultados dos exames bioquímicos podem ser usados no
diagnóstico e monitoramento do tratamento de inúmeras patologias. Os testes bioquímicos
podem também ser valiosos na busca de uma doença ou na avaliação do prognóstico a partir
do momento em que o diagnóstico tenha sido feito (GAW et al., 2001).
Na Tabela 11, os valores de ácido úrico encontrados foram inferiores aos
preconizados pela literatura. Esta variação pode ser devido aos hábitos alimentares da
população estudada. Para os parâmetros proteínas totais, albumina, glicose, triglicérides e
colesterol observamos uma diferença das faixas de referência entre os sexos. O que não
ocorre com as faixas de referência utilizadas pelo Laboratório Louis Pasteur. Destacamos
ainda os parâmetros triglicerídeos e colesterol pelo fato de não encontrarmos limite inferior
para a faixa de referência preconizada pelo Laboratório Louis Pasteur. Sendo importante,
pois para o parâmetro triglicerídeos encontramos uma faixa de referência bastante extensa.
81
4 Considerações finais
Os voluntários sadios que participaram de ensaios clínicos na UNIFAC têm como
características serem jovens, com idade média de 25 anos, terem estatura mediana (em média
171,88cm para os homens e 160,52cm para as mulheres), serem estudantes e morarem na
região metropolitana de Fortaleza. A maioria participou de ensaios de bioequivalência e
foram do sexo masculino.
Os valores descritos neste estudo, para os parâmetros hematológicos e
bioquímicos, foram derivados de uma amostra significativa de pessoas saudáveis, escolhidas
após uma rigorosa análise para que pudessem participar dos ensaios clínicos. A manipulação
dos dados foi feita de acordo com critérios estatísticos apropriados, o que gerou dados
confiáveis.
Os resultados encontrados são apropriados para a avaliação dos exames
laboratoriais da população de Fortaleza, comparando-se os achados dos exames com os
parâmetros de referência propostos. Os intervalos de referência de outras populações podem
não ser adequados para o uso, devido às características orgânicas já descritas.
Na maioria das avaliações laboratoriais, a combinação de pequenas variações
fisiológicas e de erros analíticos é suficiente para trazer problemas na interpretação de
determinações simples quando os valores forem limites.
É de fundamental importância que os clínicos usem os valores de referência do
laboratório que está realizando os testes e que este os determine a partir de seus
procedimentos e população atendida. Há muitos erros de interpretação resultantes do uso de
índices incorretos para a população estudada. A má interpretação dos exames laboratoriais
devido esse erro, assim como, a ênfase exagerada dada ao significado de valores limites já
devem ter prejudicado alguns pacientes.
É hoje, conhecido na literatura médica que os exames laboratoriais são as
ferramentas mais importantes para que os clínicos possam fazer o diagnóstico e o tratamento
82
de patologias. Para isso, exige-se que tais exames sejam interpretados de maneira concisa e
segura garantindo, dessa forma, ao paciente uma melhor monitoração de seu estado de saúde.
Espera-se que este trabalho abra novos caminhos e novas perspectivas no campo
da farmacologia clínica, propiciando um leque de opções e contribuições, para ser aplicado
na prática de laboratório, no ensino e na pesquisa. Ademais, espera-se também que sirva para
uma reflexão pela equipe da unidade.
83
CONCLUSÃO
84
Os nossos achados sugerem que os valores de referência dos parâmetros
investigados sejam redefinidos como aqueles incluídos no intervalo entre os percentis 2,5
o
e
97
o
, os quais correspondem a aproximadamente 95% da distribuição total dos valores de
cada parâmetro. Deve-se ressaltar que tais valores referem-se à população de adultos do
Estado do Ceará, sendo de grande importância no desenvolvimento de futuros estudos
epidemiológicos.
85
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97
ANEXOS
98
Anexo 01 – Declaração do Comitê de Ética em Pesquisa
99
Anexo 02 – Relação das profissões dos voluntários do sexo masculino que participaram
de ensaios clínicos
PROFISSÕES N
O
DE VOLUNTÁRIOS
Estudante 645
Auxiliar administrativo 22
Porteiro 22
Autônomo 21
Comerciante 17
Professor 17
Contínuo 17
Desempregado 16
Farmacêutico 15
Vigilante 14
Auxiliar de serviços gerais 13
Técnico de laboratório 12
Técnico de informática 11
Supervisor de segurança 11
Policial militar 09
Vendedor 09
Funcionário público 09
Motorista 07
Armazenista 07
Almoxarife 07
Digitador 07
Marceneiro 06
Técnico de refrigeração 06
Músico 06
Chaveiro 06
Recepcionista 06
Representante comercial 05
Atendente operacional 05
Mecânico 05
Pintor 05
Advogado 04
Operador de xérox 04
Agente de trânsito 04
Médico 04
Eletricista 04
Operador de caixa 04
Servente 03
100
Anexo 02 – Relação das profissões dos voluntários do sexo masculino que participaram
de ensaios clínicos (cont.)
PROFISSÕES N
O
DE VOLUNTÁRIOS
Metalúrgico 03
Auxiliar de necropsia 03
Maqueiro 03
Microempresário 03
Cozinheiro 03
Bombeiro 03
Piloto 02
Promotor de vendas 02
Jornaleiro 02
Fisioterapeuta 02
Químico 02
Missionário 02
Administrador 02
Dentista 02
Auxiliar de enfermagem 02
Pedreiro 02
Publicitário 02
Jornalista 01
Técnico em segurança 01
Fiscal de alunos 01
Lavador de carros 01
Pedagogo 01
Confeiteiro 01
Designer 01
Auxiliar de farmácia 01
Auxiliar de expedição 01
Gerente de compras 01
Motoboy 01
Auxiliar de jateador 01
Cronometrista 01
Fiscal de loja 01
Encanador 01
Auxiliar de vidraçaria 01
Frentista 01
Consultor 01
Estoquista 01
Técnico em contabilidade 01
Fotógrafo 01
101
Anexo 02 – Relação das profissões dos voluntários do sexo masculino que participaram
de ensaios clínicos (cont.)
PROFISSÕES N
O
DE VOLUNTÁRIOS
Auxiliar de controle 01
Agrônomo 01
Diretor de escola 01
Serigrafista 01
Auxiliar de telecomunicações 01
Garçom 01
Dedetizador 01
Bibliotecário 01
Geólogo 01
Auxiliar de nutrição 01
Não apresentaram profissão 06
TOTAL DE PROFISSÕES 84
102
Anexo 03 – Relação das profissões dos voluntários do sexo feminino que participaram
de ensaios clínicos
PROFISSÕES N
O
DE VOLUNTÁRIOS
Estudante 583
Dona de casa 39
Auxiliar administrativa 22
Farmacêutica 21
Auxiliar de enfermagem 21
Funcionária pública 17
Secretária 16
Comerciária 14
Técnica de laboratório 13
Professora 12
Auxiliar de serviços gerais 09
Vendedora 08
Atendente 08
Manicure 08
Recepcionista 07
Zeladora 07
Costureira 07
Atendente de telemarketing 07
Desempregada 06
Técnica de enfermagem 05
Enfermeira 04
Gerente de vendas 04
Contadora 04
Operadora de caixa 03
Garçonete 02
Gerente de compras 02
Dentista 02
Autônoma 02
Administradora 02
Cabelereira 02
Agente de saúde 02
Digitadora 02
Representante de medicamentos 01
Balconista 01
Microempresária 01
Técnica em segurança 01
Engenheira eletricista 01
103
Anexo 03 – Relação das profissões dos voluntários do sexo feminino que participaram
de ensaios clínicos (cont.)
PROFISSÕES N
O
DE VOLUNTÁRIOS
Auxiliar de contabilidade 01
Médica 01
Revisora 01
Educadora social 01
Cantineira 01
Pedagoga 01
Fonoaudióloga 01
Portuária 01
Aeroviárea 01
Serigrafista 01
Nutricionista 01
Artesã 01
Consultora 01
Fisioterapeuta 01
Não apresentaram profissão 04
TOTAL DE PROFISSÕES 50
104
Anexo 04 – Metodologia utilizada para realização dos exames bioquímicos
1 Albumina
¾ Método
Teste para determinação quantitativa in vitro de albumina em soro e plasma de
humano.
¾ Função
A determinação de albumina permite a monitorização da suplementação dietética
em um doente controlado. Funciona também como excelente teste da função hepática
(GRANT et a.l, 1987; MARSHALL, 1989).
¾ Princípio do teste
A dosagem sérica de albumina é realizada através de ensaio colorimétrico de
ponto final (DOUMAS et al., 1971); adição de tampão citrato 95 mmol/L, pH = 4,1, verde
de bromocresol 0,66 mmol/L e conservante – substrato.
Albumina + BCG complexo albumina BCG
Com um valor de pH = 4,1, a albumina apresenta um caráter suficientemente
catiônico para se conseguir fixar um complexo azul-esverdeado. A intensidade cromática do
corante azul-esverdeado é diretamente proporcional à concentração de albumina, podendo
ser determinada fotometricamente.
2 Proteínas totais
¾ Método
Teste colorimétrico para determinação de quantitativa in vitro de proteínas totais
em soro, plasma e urina de humano.
p
H = 4
,
1
105
¾ Função
As determinações das proteínas totais são utilizadas no diagnóstico e tratamento
de uma série de doenças que envolvem o fígado, os rins ou a medula óssea, bem como outras
perturbações metabólicas ou nutricionais (BROBECK, 1973).
¾ Princípio do teste
A dosagem sérica das proteínas totais é realizada através de teste colorimétrico
(WEICHSELBAUM, 1946); amostra e adição de hidróxido de sódio 400mmol/L, tartarato
de sódio/potássio 89 mmol/L (reagente para branco); adição de hidróxido de sódio 400
mmol/L, tartarto de sódio/potássio 89 mmol/L, iodeto de potássio 61 mmol/L sulfato de
cobre 24,3 mmol/L (reagente biureto).
Proteína + Cu
2+
Complexo Cu-proteína
Em solução alcalina, o cobre bivalente reage com as ligações do peptídeo
protéico e forma o complexo de biureto com o característico tom púrpura. O tartarato sódico-
potássico impede a precipitação do hidróxido de sódio, enquanto o iodeto impede a auto-
redução do cobre. A intensidade cromática é diretamente proporcional à concentração de
proteínas que pode ser determinada fotometricamente.
3 Creatinina
¾ Método
Teste cinético in vitro, com utilização de amostra e compensação para a
determinação quantitativa in vitro da creatinina em soro, plasma e urina de humano.
¾ Função
As determinações de creatinina são executadas para fazer o diagnóstico e a
monitorização das doenças renais agudas e crônicas, bem como para a monitorização da
hemodiálise e rejeição de transplantes (GUDER et al., 1995; WHELTON et al., 1994;
THOMAS, 1992).
Solu
ç
ão
alcalina
106
¾ Princípio do teste
A dosagem sérica de creatinina é realizada através de ensaio colorimétrico
cinético (FOSTER-SWANSON et al., 1994; SEELING et al., 1969); amostra e adição de
hidróxido de sódio 0,20 mol/L; adição de ácido pícrico 25 mmol/L.
Creatinina + ácido pícrico complexo creatinina-ácido pícrico
Em solução alcalina, a creatinina forma um complexo amarelo-laranja com
picrato. A intensidade da cor é diretamente proporcional à concentração de creatinina e pode
ser medida fotometricamente.
4 Glicose
¾ Método
Teste enzimático para determinação quantitativa in vitro de glicose em soro e
plasma de humano.
¾ Função
As determinações de glicose são usadas para o diagnóstico e monitorização das
doenças metabólicas dos hidratos de carbono, incluindo diabetes mellitus, hipoglicemia
neonatal, hipoglicemia idiopática e tumores das células das ilhotas de Langerhans
(GREILING & GRESSNER, 1995; THOMAS, 1992).
¾ Princípio do teste
A dosagem sérica de glicose foi realizada através de teste colorimétrico
enzimático (TRINDER, 1969); amostra e adição de tampão fosfato 200 mmol/L, pH = 7,5;
glicose oxidase (GOD), 11 U/ml peroxidase (POD) 0,02 U/ml, 4-aminofenazona 0,77
mmol/L e fenol 11 mmol/L.
Glicose + O
2
+ H
2
O gluconolactona + H
2
O
2
GOD
Solu
ç
ão
alcalina
107
2 H
2
O
2
+ 4-aminofenazona + fenol 4-(p-benzoquinona-monoimino)- fenazona + 4 H
2
O
Na presença de oxigênio atmosférico, a glicose é oxidada pela glicose-oxidase
(GOD) em gluconolactona. Na presença de peroxidase (POD), o peróxido de hidrogênio
resultante oxida a 4-aminofenazona e fenol em 4-(p-benzoquinona-monoimino)-fenazona. A
intensidade cromática do corante vermelho é diretamente proporcional à concentração de
glicose sendo determinada fotometricamente.
5 Colesterol total
¾ Método
Teste enzimático in vitro para determinação quantitativa direta de colesterol em
soro e plasma de humano.
¾ Função
As determinações de colesterol são utilizadas para despistagem do risco
aterogênico e no diagnóstico e tratamento de doenças que envolvem níveis elevados de
colesterol (GREILING & GRESSNER, 1995).
¾ Princípio do teste
A dosagem sérica de colesterol é realizada através de teste colorimétrico
enzimático (National Institute of Health, 1992); amostra e adição de piperazina-1,4-bis (2-
ácido etanosulfônico) 75 mmol/L, pH = 6,8 (tampão PIPES), Mg
2+
10 mmol/L, colato sódico
0,2 mmolL, 4-aminofenazona 0,15 mmol/L, fenol 4,2 mmol/L, éter poliglicólico de
álcool gordo 1%, colesterol-esterase (Pseudomonas sp.) 0,5 U/ml, colesterol-oxidase (E.
coli) 0,15 U/ml, peroxidase (rábano) 0,25 U/ml, estabilizantes, conservante.
Ésteres de colesterol + O
2
colesterol + RCOOH
POD
Colesterol
esterase
108
O colesterol é determinado de modo enzimático, utilizando-se colesterol-esterase
e colesterol-oxidase. Os ésteres de colesterol são clivados através da ação da colesterol-
esterase e produzem colesterol livre e ácidos graxos.
Colesterol + O
2
4-
colestenona + H
2
O
2
Com a ajuda da colesterol-oxidase, o colesterol é transformado em
4
-
colestenona e peróxido de hidrogênio pela ação do oxigênio.
2 H
2
O
2
+ 4-aminofenazona + fenol 4-(p-benzoquinona-monoimino)-fenazona
O peróxido de hidrogênio produzido origina uma coloração vermelha através da
reação com a 4-aminofenazona e o fenol, sob a ação catalítica da peroxidase. A intensidade
da cor é diretamente proporcional à concentração de colesterol, podendo ser determinada
fotometricamente.
6 Triglicerídeos
¾ Método
Teste enzimático para determinação quantitativa in vitro de triglicerídeos em soro
e plasma de humano.
¾ Função
A determinação de triglicerídeos é utilizada no diagnóstico e tratamento de
doenças como diabetes mellitus, nefrose, obstrução hepática, perturbações do metabolismo
dos lipídeos e várias outras doenças endócrinas (GREILING & GRESSNER, 1995; SIEDEL
et al., 1993).
¾ Princípio do teste
A dosagem sérica de triglicerídeos é realizada através de teste colorimétrico
enzimático (SIEDEL et al., 1993); amostra e adição de piperazina-N,N’-bis(2-ácido
etanosulfônico) 50 mmol/L, pH = 6,8 (tampão PIPES), Mg
2+
40 mmol/L, colato sódico 0,20
Colesterol
oxidase
Peroxidase
109
mmol/L, ATP 1,4 mmol/L, 4-aminofenazona 0,13 mmol/L, 4-clorofenol 4,7 mmol/L,
hexacianoferrato (II) de potássio 1μmol/L, éter poliglicólico de álcool gordo 0,65%, lipase
lipoprotéica - LPL (Pseudomonas sp.) 5,0 U/ml, gliceroquinase - GK (Bacillus
stearothermophilus) 0,19 U/ml, glicerol fosfato-oxidase - GPO (E.coli) 2,5 U/ml,
peroxidase (rábano) 0,10 U/ml, conservante.
Triglicerídeos + 3 H
2
O glicerol + 3 RCOOH
Glicerol + ATP glicerol-3-fosfato + ADP
Glicerol-3-fosfato + O
2
fosfato de dihidroxiacetona + H
2
O
2
H
2
O
2
+ 4-aminofenazona + 4-clorofenol 4-(p-benzoqinona-monoimino)-
fenazona + 2 H
2
O + HCl
Esse ensaio baseia-se no trabalho de Wahlefeld & Bermeyer (1972). Neste
método, utiliza-se uma lípase lipoprotéica de microorganismos para a hidrólise rápida e
completa de triglicerídeos em glicerol, com oxidação subseqüente para fosfato de
dihidroxiacetona e peróxido de hidrogênio. O peróxido de hidrogênio gerado reage, então,
com 4-aminofenazona e 4-clorofenol, sob a ação catalítica da peroxidase e produz uma
coloração vermelha (reação de viragem, segundo Trinder, 1969).
7 Ácido úrico
¾ Método
Teste enzimático para determinação quantitativa in vitro de ácido úrico em soro,
plasma e urina de humano.
LPL
GK
Mg
2+
GPO
Peroxidase
110
¾ Função
As determinações de ácido úrico são usadas no diagnóstico e tratamento de
diversas perturbações renais e metabólicas, incluindo insuficiência renal, gota, leucemia,
psoríase, subnutrição ou outras doenças que provocam fraqueza geral, e também em doentes
que receberão fármacos citotóxicos (GRELILING & GRESSNER, 1995; KELLER, 1991).
¾ Princípio do teste
A dosagem sérica de ácido úrico é realizada através de teste colorimétrico
enzimático (TOWN et al., 1985); amostra e adição de tampão fosfato 0,05mol/L, pH = 7,8
uricase 1U/ml e N-etil-N-(2-hidroxi-3-sulfopropil)-3-metilanilina 7mmol/L (TOOS); adição
de tampão fosfato 0,1 mol/L, peorxidase 1U/ml e 4-aminofenazona 3mmol/L.
Ácido úrico + 2 H
2
O + H
+
Alantoína + CO
2
+ H
2
O
2
A uricase desdobra o ácido úrico em alantoína e peróxido de hidrogênio.
2 H
2
O
2
+ H
+
+TOOS + 4-aminofenazona corante diimino-quinona + 4 H
2
O
Nessa reação, o peróxido de hidrogênio reage na presença de peroxidase, TOOS e
4- aminofenazona e forma um corante imino-quinona. A intensidade da cor vermelha
formada é proporcional à concentração de ácido úrico, sendo determinada fotometricamente.
Uricase
Peroxidase
111
APÊNDICES
112
Apêndice A – Formulário para coleta dos dados demográficos dos voluntários sadios da UNIFAC
Vol. Localização Sexo Peso
(kg)
Altura
(cm)
IMC
(kg/cm
2
)
Idade
(anos)
Profissão Instrução
01 vol.01 Megestrol M 75,5 175 25,0 24 Técnico de informática 2
o
grau completo
02 vol.02 Elixir F 61,0 161 23,5 37 Auxiliar de laboratório 2
o
grau completo
03 vol.03 Megestrol M 72,5 163 27,3 45 Auxiliar administrativo 2
o
grau completo
04 vol.04 Elixir F 83,0 169 28,9 36 Representante de medicamentos 3
o
grau completo
05 vol.05 Megestrol M 65,0 170 22,5 37 Comerciante 3
o
grau incompleto
06 vol.06 Elixir F 55,0 155 22,9 32 Secretária 3
o
grau completo
07 vol.07 Megestrol M 62,5 164 23,1 33 Autônomo 1
o
grau incompleto
08 vol.08 Elixir F 53,0 165 19,5 24 Farmacêutica 3
o
grau completo
09 vol.09 Megestrol M 81,0 182 24,5 20 Estudante 2
o
grau incompleto
10 vol.10 Elixir F 43,5 151 19,0 23 Auxiliar de laboratório 2
o
grau completo
11
vol.11 Megestrol M 59,0 158 23,7 31 Técnico de informática 2
o
grau completo
12 vol.12 Elixir F 66,0 160 25,7 20 Estudante 2
o
grau incompleto
13
vol. 13 Megestrol M 86,0 180 26,5 20 Estudante 3
o
grau incompleto
14 vol.14 Elixir F 71,5 175 23,3 30 Estudante 3
o
grau completo
15
vol.15 Megestrol M 70,0 172 23,7 18 Estudante 2
o
grau incompleto
16 vol.01 Nimodipino F 50,0 150 22,2 36 Dona de casa 2
o
grau completo
17
vol.17 Megestrol M 87,5 188 24,6 25 Advogado 3
o
grau completo
18 vol.03 Nimodipino F 50,5 149 22,7 39 Dona de casa Ausência de dados
19 vol.19 Megestrol M 74,5 169 26,1 29 Motorista Ausência de dados
20 vol.09 Nimodipino F 66,0 170 22,8 28 Estudante 3
o
grau incompleto
113
Apêndice B – Formulário para coleta dos parâmetros bioquímicos dos voluntários sadios da UNIFAC
Vol. Creatinina
(mg/dL)
Ácido úrico
(mg/dL)
Proteínas totais
(mg/dL)
Albumina
(mg/dL)
Glicose
(mg/dL)
Triglicerídeos
(mg/dL)
Colesterol
(mg/dL)
01 1,1 5,1 6,48 4,46 87 63 161
02 0,8 3,8 7,66 4,41 79 62 224
03 0,9 4,8 7,52 4,66 93 139 208
04 0,6 5,6 7,10 4,11 87 108 192
05 1,0 4,9 7,63 4,57 71 80 140
06 0,7 4,0 6,90 3,91 78 96 150
07 0,8 5,4 6,96 4,53 91 160 160
08 0,7 4,1 7,45 4,34 88 63 172
09 1,0 7,8 8,09 4,79 94 136 199
10 0,7 3,4 6,96 4,06 77 107 168
11 0,9 3,7 7,05 4,32 86 108 178
12 0,7 4,4 7,99 4,70 98 74 225
13 1,0 5,6 7,63 4,96 89 152 157
14 0,7 3,0 6,90 3,90 91 35 142
15 1,0 5,5 8,08 4,70 77 85 135
16 0,4 4,3 7,80 4,36 76 70 170
17 1,0 5,8 7,36 4,64 77 120 124
18 0,7 4,5 7,06 4,25 69 75 168
19 0,9 5,7 6,85 4,22 82 71 145
20 0,7 3,2 7,03 3,85 71 140 177
114
Apêndice C – Formulário para coleta dos parâmetros hematológicos dos voluntários sadios da UNIFAC
Vol. Eritrócitos
(milhões/mm
3
)
Hemoglobina
(g/dL)
Hematócrito
(%)
VCM
(fL)
HCM
(pg)
CHCM
(g/dL)
Leucócitos
(leucócitos/mm
3
)
Plaquetas
(plaquetas/mm
3
)
01 4,7 13,9 41,3 87,5 29,4 33,6 5.100 214.000
02 3,6 11,7 35,0 95,6 31,9 33,4 5.800 278.000
03 4,7 14,5 42,1 88,4 30,4 34,4 7.400 302.000
04 4,0 12,4 36,7 91,2 30,8 33,7 5.700 356.000
05 4,9 15,3 45,9 93,6 31,2 33,3 8.200 210.000
06 4,5 12,7 39,2 86,7 28,0 32,3 9.800 318.000
07 5,3 16,5 47,9 90,0 31,0 34,4 6.000 246.000
08 4,2 13,1 38,7 90,6 30,6 33,8 5.900 241.000
09 5,1 15,2 45,9 88,9 29,4 33,1 7.800 352.000
10 3,9 12,2 35,4 89,3 30,8 34,4 5.800 274.000
11 4,8 14,1 43,5 90,2 29,2 32,4 6.900 226.000
12 4,5 13,8 41,1 89,5 30,0 33,5 6.800 267.000
13 5,4 15,8 43,1 84,7 29,0 34,2 7.700 248.000
14 4,6 12,6 39,0 83,1 26,8 32,3 7.100 276.000
15 4,9 14,4 42,8 86,2 29,0 33,6 5.600 333.000
16 4,1 12,4 36,9 89,3 30,0 33,6 6.000 235.000
17
5,0 15,0 44,4 87,9 29,7 33,7 5.800 245.000
18
4,0 12,4 37,6 93,0 30,6 32,9 5.200 302.000
19
5,1 15,2 42,7 83,2 29,6 35,5 4.100 243.000
20
4,5 12,9 39,1 86,5 28,5 32,9 7.400 277.000
115
Apêndice C – Formulário para coleta dos parâmetros hematológicos dos voluntários sadios da UNIFAC (cont.)
Neutrófilos Bastonetes Eosinófilos Basófilos Linfócitos Monócitos Vol
Relativo
(%)
Absoluto
(céls/mm
3
)
Relativo
(%)
Absoluto
(céls/mm
3
)
Relativo
(%)
Absoluto
(céls/mm
3
)
Relativo
(%)
Absoluto
(céls/mm
3
)
Relativo
(%)
Absoluto
(céls/mm
3
)
Relativo
(%)
Absoluto
(céls/mm
3
)
01 61 3.111 01 55 03 153 00 00 26 1.326 10 510
02 49 2.842 01 58 01 58 00 00 41 2.378 09 522
03 54 3.996 01 74 03 222 00 00 35 2.590 08 592
04 62 3.534 01 57 06 342 01 57 26 1.482 05 285
05 43 3.526 01 82 21 1.722 01 82 24 1.968 11 902
06 64 6.272 01 98 01 98 00 00 27 2.646 08 784
07 56 3.360 01 60 14 840 01 60 22 1.320 07 420
08 62 3.658 01 59 03 177 01 59 24 1.416 10 560
09 48 3.744 01 78 13 1.014 01 78 31 2.418 07 546
10 49 2.842 01 58 05 290 00 00 39 2.262 07 406
11 53 3.657 01 69 10 690 01 69 31 2.139 05 345
12 59 4.012 01 68 03 204 00 00 30 2.040 08 544
13 49 3.773 01 77 03 231 01 77 38 2.926 09 693
14 51 3.621 01 71 02 142 01 71 39 2.769 07 497
15 60 3.360 01 56 02 112 01 56 29 1.624 08 448
16 56 3.360 01 60 47 240 01 60 31 1.860 08 480
17 48 2.784 01 58 05 290 01 58 37 2.146 09 522
18 56 2.912 01 52 04 208 01 52 29 1.508 10 520
19 25 1.025 01 41 05 205 00 00 60 2.460 10 410
20 52 3.848 01 74 04 296 00 00 36 2.624 08 592
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