3 – NÃO-LINEARIDADE (HIPERTEXTUALIDADE)
“(...) No entanto, apesar de a tecnologia da escrita enfatizar tais caminhos
semânticos, sabemos que a compreensão nunca manifestou-se desta forma.
Ao lermos um texto impresso, apesar de sua linearidade, produzimos uma
rede de imagens, nos dispersamos, interrompemos, voltamos” (BAIRON,
1995, p. 80).
Sérgio Bairon que também estudou Pierre Lévy, direciona a hipertextualidade para o lado
semiótico em que Charles Sanders Peirce e Ferdinand de Saussure estudam os signos
7
. Mesmo que
vários pensadores tratam a mídia tradicional como não-linear, Bairon discorda dizendo que quando
uma “coisa” nos remete a outra “coisa”, existe sim uma forma de hipertextualidade.
Ao se pensar em uma estrutura linear que era o modelo utilizado pelos meios de
comunicação mais antigos, como a tv, o rádio e o impresso em que a lexia é determinante de A para
B, o digital aparece fazendo com que esse modelo “caia por terra”. Conforme Lévy (1993), esse
novo formato vem nos dizer que na não-linearidade ou hipertextualidade não existe um centro único
e fixo. Para ele, afim de preservar as possibilidades de várias interpretações do hipertexto, propõem
caracterizá-lo através de seis princípios abstratos: princípio de metarmofose
8
, princípio de
heterogeneidade
9
, princípio de multiplicidade e de encaixe das escalas
10
, princípio de
exterioridade
11
, princípio de topologia
12
e princípio de mobilidade dos centros
13
.
Segundo Mielniczuk (2005) ao citar o trabalho
14
de Landow (1997) em seu artigo, aponta
que ele descreve sobre a hipertextualidade e discorre sobre as lexias apontando as seguintes
possibilidades:
• Ligações entre lexias
- Lexia para lexia unidirecional
- Lexia para lexia bidirecional
• Ligações entre trechos de textos dentro de lexias
7
Existem vários tipos de signos, mas não é o caso de discriminá-los neste texto.
8
A rede hipertextual está em constante construção e renegociação.
9
Os nós e as conexões de uma rede hipertextual são heterogêneos. Na memória serão encontradas imagens, sons,
palavras, diversas sensações, modelos, etc.
10
O hipertexto se organiza em um modo “fractal”, ou seja, qualquer nó ou conexão, quando analisado, pode revelar-se
como sendo composto por toda uma rede, e assim por diante, indefinidamente, ao longo da escala dos graus de
precisão.
11
A rede não possui unidade orgânica, nem motor interno. Seu crescimento e sua diminuição, sua composição e sua
recomposição permanente dependem de um exterior indeterminado: adição de novos elementos, conexões com
outras redes, excitação de elementos terminais, etc.
12
Nos hipertextos, tudo funciona por proximidade, por vizinhança. Neles, o curso dos acontecimentos é uma questão
de topologia, de caminhos.
13
A rede não tem centro, ou melhor, possui permanentemente diversos centros que são como pontas luminosas
perpetuamente móveis.
14
LANDOW, George. Hypertext 2: the convergence of contemporary critical theory and technology. Baltimore:
The Johns Hopkins, 1997.